Era Uma Vez... #paralisada escrita por Luhluzinha


Capítulo 10
Capitulo 9 – A fúria de um homem bom


Notas iniciais do capítulo

Oie!!! Estou tão feliz com as recomendações Danielle MG e Katy Chin, vocês fizeram do meu dia uma imensa alegria! Obrigada mesmo, esse retorno em forma de carinho, é muito especial. Eu me sinto tao honrada em saber que dedicaram 5 minutos do tempo de vocês para recomendarem algo feito por mim. Não tenho palavras para agradecer, a não ser dedicar esse capitulo a vocês!
Aproveitem! :*



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Capitulo 9 – A fúria de um homem bom

Estavam no prédio que Isabella julgou a princípio ser a delegacia, e realmente era, um tanto precária e desumana, mas era.

– Sinto muito Duque, pelo engano, se eu soubesse que tratava de sua convidada...

– Não é a mim que necessita pedir desculpas. – Ele disse ríspido e em pé do outro lado da sala.

O fazendeiro, que era um dos arrendadores das propriedades do duque e que se chamava Senhor Turner, se virou para Isabella.

– Me perdoe Senhorita, eu fui tão injusto, deveria tê-la escutado.

– Sim deveria. – Disse Isabella petulante.

– Sim, sim – ele continuou – eu realmente deveria, por isso sou devedor eterno de suas desculpas.

Isabella queria rolar os olhos, mas deu um sorrisinho cínico.

– Não é necessário.

O fato era, ela não estava mais se sentindo acuada, isso não admitiria nem para salvar a própria vida, mas era que o Duque a deixava segura e ela finalmente podia se sentir furiosa com tudo o que havia acontecido.

– Poderia me acompanhar, Senhor Turner? – o Duque pediu se retirando da sala, e Isabella quando se viu sozinha com o delegado perguntou:

– Eu posso ao menos saber quem foi que gritou forca? Só para saber mesmo.

O delegado limpou a garganta um tanto constrangido.

– Sinto muito, mas não sei quem disse isso Senhorita Swan.

– Certo – disse desconfiada – certo, mas se soubesse me contaria?

O delegado parecia suar frio, pegou o lenço e enxugou a testa e bigode.

– É claro, mas é claro.

Isabella não se deu por satisfeita, mas ver o delegado torturado, foi o suficiente.. Se levantou e caminhou para a janela, o Duque dispensava o fazendeiro e retornava.

Demorou alguns segundos até que chegasse e pedisse alguns minutos a sós com ela, o delegado saiu imediatamente.

– Senhorita Swan, o que veio fazer sozinha na vila? – Questionou sem rodeios, ele parecia finalmente irritado.

– Pensei que era a sua convidada e não sua prisioneira. – Soltou sua frustração em cima dele.

– Não minha, mas poderia ter sido uma esta manhã. Te falta algo chamado juízo.

– Então esse é o preço do seu ato heroico? – Questionou indignada – Me ofender livremente? Ah tenha paciência.

– Esta deturpando o que eu disse. – rebateu um tanto sério.

– Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida! – disse finalmente deixando a frustração fluir - De onde eu venho, as pessoas são menos extremistas. E quando faço meu trabalho, eu recebo “Poxa vida, muito obrigada!” e não “Enforquem ela, é uma ladra!” – sua voz tinha subido dois tons – Eu sou uma profissional, as pessoas me respeitam. Já lidei com gente de todos os tipos, homens mulheres, de qualquer nível educacional, cresci em uma fazenda cercada de peões, e posso te garantir nunca fui tão discriminada por ser mulher. Sequer me deixaram falar. Eu estou com tanta raiva, tanta raiva, que seria perigoso eu sair distribuindo socos. Então, por favor, não venha tentar me dar lição de moral ou dizer que, por eu ser mulher, não deveria ter saído sozinha. Por hoje já me senti impotente o suficiente para uma vida inteira.

Isabella terminou seu discurso um tanto ofegante e corada. Finalmente tinha desentalado o que ela estava guardando. O Duque permaneceu calado a observando.

Desde quanto tinha colocado os olhos nela, tudo o que via eram defeitos, mas pela primeira vez ele podia ver algo se sobressaindo.

Caráter. A senhorita Swan tinha caráter. Ela estava mortalmente ofendida e o ultraje a dominava apenas por ter sido confundida com uma ladra. Ou era caráter ou ela era ótima em teatro e interpretação, o que ele acreditava não ser o caso. E é claro que não iria para a forca, alguém tinha dito aquilo com dolo. Se aproximou lentamente, ela ainda o fitava furiosa.

Talvez ele estivesse errado sobre ela. Não queria admitir isso, que estava errado, mas a olhando podia ver que um ser humano mau não se sentiria tão afligido.

– Acho que não entendeu o meu ponto, - falou finalmente - não importa de onde vem, importa onde está. Não tenho a intenção de diminui-la ou ofende-la, Senhorita Swan. Creio eu que essa foi uma lição importante, para que saiba que nem todos procurarão descobrir quem tu és. Nem todos serão Alice. Algumas pessoas te olharão e dirão o que pensa através do que aparenta.

– Assim como você fez! – Ela constatou acusativa sem se intimidar com a aproximação.

– Exato. – Ele assentiu – Eu concluí o que vi. E como também pode ver, eu não sou o único. Quando peço para que não ande sozinha, não é porque quero controlar seus passos, mas aqui, onde você está, as coisas são diferentes. Sua imagem, sua atitude, valem muito mais que sua palavra.

Isabella lutou ardentemente, lutou sim. Lutou com unhas e dentes, mas não teve outra saída. Cedeu. Ele tinha razão. E aquilo era a coisa mais difícil que tinha feito na vida, dar razão a um homem, principalmente um que já tinha a chamado de prostituta.

Sua raiva se abrandou um pouco, e então notou quão perto estava o Duque, um passo de distância.

– Agora me diga – ele continuou sem perceber a mudança de espirito dela – O que veio fazer na vila? E não ouse mentir.

– Vim me informar sobre diligencias. Pretendo ir embora o quanto antes. – omitiu o fato que empenhorou o bracelete.

– Pretendia ir embora hoje sem se despedir de Alice?

Isabella fechou os olhos e abaixou a cabeça. Sim. Ela tinha pretendido isso, em boa parte do caminho era exatamente o que ela tinha pretendido, subir no primeiro trem e adeus. Mas foi surpreendida pelo fato de ainda não existirem trens. Suspirou.

– Olha, não gosto de despedidas, não sou expert com essas coisas. Alice foi muito boa comigo, mas eu, embora seja imprópria a maior parte do tempo - repetiu as palavras de Popy, não reteve o rolar de olhos - sei o meu lugar. Sua casa não é para mim okay? Eu quero continuar respeitando – suspirou novamente e desviou os olhos para a janela – mas... – não sabia se poderia dizer por isso parou.

Seu jeito de falar já não surpreendia mais o Duque.

– Mas o que Senhorita Swan? – ele estava começando a intimida-la, a forma de como ele se dedicava a conversa a fazia sentir vontade de correr, inclusive porque agora a raiva estava passando e ele tinha olhos perigosos.

– Não vai querer saber o que penso dos seus convidados, até porque são seus e eu não tenho nada a ver com isso, e além do mais, eu também sou uma convidada. Mas é que não suporto tanta companhia ao mesmo tempo, não nasci para isso. E se a Condessa alfinetar mais uma vez, eu juro que não respondo por mim. Qual é o problema dela afinal? Me perturbar virou um esporte?

Pronto. Tinha dito, agora esperava a patada final.

Entretanto, contrariando Isabella, Edward sorriu.

– Não foi tão gentil com ela no primeiro encontro.

– E nem ela comigo. – não demorou a dizer e cruzou os braços.

Edward achou aquele comportamento adorável. Nunca a tinha visto na defensiva.

– Mas fora a Condessa, não tem recebido o tratamento devido? Alguém faltou com respeito?

– Se diz alguém se referindo ao Capitão, pode ficar tranquilo, ele me faz sentir que estou em um dos livros que li.

Edward de repente se sentiu incomodado e voltou para seu modo imparcial. Emmett e seu efeito nas mulheres era tudo o que não queria ouvir no momento.

– Pois bem, creio então que não necessita pressa.

– O que? – Disse um tanto debochada - Você estava prestes a me expulsar... de novo. – Constatou Isabella voltando também para o seu estado normal, tinha se aberto demais para o Duque.

– Te garanto senhorita Swan que isso não irá acontecer. – Ele se afastou abruptamente – Precisamos voltar – caminhou até a escrivaninha e pegou seu chapéu.

– Eu estou a pé.

– Isso não é problema.

Eu não vou montada no mesmo cavalo em que você. – Sua frase saiu um tanto ofensiva e desesperada.

O Duque suspirou e colocou o chapéu.

– Não há razão para se preocupar, eu comprei a égua do Senhor Turner.

Edward saiu da sala. Isabella ficou parada olhando sua silhueta se afastar. Não soube dizer como se sentiu com a informação. Era um misto de sentimentos desconhecidos. Ele havia comprado o animal. Tinha tantas coisas que isso poderia significar, mas ela não encontrava nenhuma tradução para o que borbulhava dentro dela. Lentamente se obrigou a segui-lo. Lá fora ele a esperava com a égua acinzentada e seu cavalo malhado.

Estendeu a mão para que ela apoiasse para subir no animal.

– Eu não saberia subir nunca com a sua ajuda.

– Se eu fosse você – disse um tanto impaciente – Eu tentaria. Temos expectadores demais.

Isabella voltou a olhar para a mão estendida. Ela precisava preservar a sua imagem, assim preservaria a do Duque e a da Alice.

Segurou a mão dele, em seguida ele a apoiou pela cintura. Foi um contato rápido, mas como Isabella tinha seus sentimentos confusos, sentiu uma eletricidade por todo o corpo.

Então ele montou no cavalo malhado, e ela notou as pessoas desviando os olhares para ele. Concluiu o obvio; o Duque era como o rei por ali, ele mandava e desmandava, fazia e desfazia, sua palavra como lei, seu olhar como açoite, cair em suas graças era o paraíso.

E algo dentro dela dizia que estava indo para exatamente para o céu, o paraíso.

Aurora tinha despertado cedo e ao descer as escadas pôde escutar a voz irritada do Duque.

Ela não fez isso.

– Creio que o fez, mi Lorde. A senhorita Swan foi a cavalo para o vilarejo.

Céus. – Um breve momento de silencio, Aurora encostou melhor seu ouvido na porta – Irei acompanha-la.

Escutou passos pesados e apressados. Correu e se escondeu na antessala. Logo mais pode ver o Duque montado em seu cavalo e partindo atrás da selvagem.

Sua manhã azedou como limão.

Por mais que tentasse mostrar a todos como ela era impossível de conviver, mais parecia que todos se encantavam com a fugitiva da tribo.

Caminhou calmamente para a mesa do café da manhã, Albert a serviu, ela permaneceu em silencio, maquinando seu próximo passo. Foi então que percebeu que tinha feito tudo errado, ela precisava mudar a opinião de apenas uma única pessoa.

Alice entrou no salão, sempre radiante e vigorosa, sorriu para a amiga.

– Bom dia! – Saudou.

– Bom dia Aurora, onde estão todos?

– Não vi ninguém.

– Albert? – Alice já sentada se virou para o mordomo que servia sua xicara com chá.

O mordomo limpou a garganta.

– A senhorita Swan e o Duque saíram para um passeio a cavalo, os outros devem estar se preparando para descer.

Aurora trincou os dentes, Alice sorriu.

Okay. – Aurora se contorceu do outro lado, a maldita expressão da forasteira – Isso sim é uma surpresa, Edward e Bella em um passeio.

Aurora suspirou pesadamente.

– Algo errado? – Perguntou Alice notando o espirito nublado que a jovem moça angelical retinha.

– Talvez. – Suspirou novamente – Talvez sim ou talvez seja tramas da minha cabeça. – Começou por seu plano em ação.

– O que te incomoda? – Insistiu Alice.

Era tudo o que Aurora precisava.

– Albert, poderia averiguar para mim se teria sumo de pêssego?

O mordomo fez uma reverencia e se retirou, sorrindo Aurora acompanhou a sua retirada e então se voltou para Alice.

– Sabe como sou, somos amigas desde a infância. – Abaixou a cabeça – Me sinto envergonhada de pensar algo tão mal de uma convidada sua, mas a Senhorita Swan não me inspira confiança. – Voltou seu olhar para Alice que a observava atentamente.

– Pensei que gostasse dela. – Disse Alice um tanto surpresa.

– Eu gosto. – Aurora se apressou a dizer – Seu comportamento é cativante, nada que já tenha visto antes. – Sorriu tristemente – Mas sinto que há algo errado. É como se as peças não se encaixassem. Como ela poderia perder a memória e ainda saber tantas coisas? Não tem ferimento algum na cabeça. Não tem modos algum. Como não ouviu falar de nenhuma família tradicional? É inteligente demais para ser tão alienada.

– O que está querendo dizer? – Alice questionou um tanto abalada com as palavras de Aurora.

– Que talvez encontra-la na estrada não foi uma mera coincidência. Ela planejou isso porque tem alguma intenção.

– Impossível. – Alice refutou veementemente – Impossível!

– O que sabe realmente sobre a senhorita Swan? – Pressionou sabendo que sua estratégia estava funcionando – O que sabe sobre ela que te garanta que é apenas uma jovem indefesa? – Negou com a cabeça - Alice, a senhorita Swan não é uma flor, ela é um espinho.

– Isso é absurdo Aurora, como pode pensar isso? Ela, ela... ela tem sido excelente!

– Qualquer um pode ser excelente Alice. Ou não acha estranho que tenha tantas qualidades? Principalmente, de repente, Edward que não a queria por aqui, está agora neste momento fazendo um passeio a cavalo com ela.

Alice se emudeceu. Não conseguia assimilar o que Aurora dizia. Mas não podia jogar fora tudo o que tinha ouvido, porque de alguma maneira, como havia sido colocado diante dela os fatos, fazia algum sentido. Isabella seria uma golpista? Estaria atrás de seu irmão e de um casamento milionário?

Não. Bella não poderia ser isso. Mas e se fosse?

– Deixe isso entre nós Aurora. – Falou friamente – E não se preocupe mais sobre o assunto. – deu o tema por terminado.

A loirinha de olhos claríssimos assentiu, e voltou a atenção para o seu café da manhã completamente satisfeita. Ela tinha implantado a dúvida no coração de Alice, e agora era apenas esperar o primeiro deslize, passo em falso de Isabella, e então ela cairia na cova que havia sido cavada.

Se havia algo perigoso, era Alice quando se sentia traída ou enganada. Isabella Swan provaria do pior veneno. Das 3 coisas que se deveria temer, mar em tormenta e noite sem lua; a fúria de um homem bom, era a maior delas.

Albert porém, que não havia se retirado, escutou tudo confirmando as suas suspeitas. Aurora havia escutado a sua conversa com o Duque. E agora, teria que observar a senhorita James de perto, a jovem havia crescido e se tornado uma víbora manipuladora.

Foi para cozinha e fez o pedido do sumo de pêssego. Então caminhou para seu escritório. Ele escreveria um telegrama para a governanta Margot.


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Notas finais do capítulo

Espero que realmente estejam gostando da historia. Sei que muitas vezes eu atraso, e não tenho tanto tempo para me dedicar a ela como gostaria; que isso que vocês leem é uma ideia crua e pouco elaborada, mas que no momento é o meu melhor e a unica maneira que eu encontrei de não deixar morrer essa parte de mim. Amo escrever. E aqui é meu mundo particular, meu refúgio para os dias maus, recanto para apaziguar minhas inquietudes; onde posso ser o que quiser, ir para qualquer lugar do universo ou até mesmo criar um universo próprio. Onde meus personagens são meu amigos e até mesmo reflexos de mim e de pessoas que conheço ou pessoas que eu gostaria que existissem ou a pessoa que eu gostaria de ser. Muito obrigada por fazerem do meu lugar especial; muito mais que maravilhoso!
P.S: Estou emotiva.
P.S²: Algumas vezes precisamos dizer as pessoas que amamos elas. Elas podem até desconfiarem disso, mas não existe nada mais maravilhoso quando se escuta a sua importância.
P.S³: Amo vocês!