Era Uma Vez... #paralisada escrita por Luhluzinha


Capítulo 18
Capitulo 17– Xeque Mate


Notas iniciais do capítulo

Oi gentemmmm! Volteiiii! Mais um capitulo pra vocês. Obrigada meninas pelos comentários(ainda tenho que responder vcs!), acho que até voltei rapido não eh? kkkkkk..
Aproveitem o capitulo! :)



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Capitulo 17– Xeque Mate

Eram aqueles minutos. Aqueles poucos minutos que Isabella se sentia normal como se nada daquela loucura estivesse acontecendo. Respirou o vento frio que chacoalhou seus cabelos e fez a sua pele arrepiar.

Ela mal piscava para não perder a sensação de que nada havia mudado.

Em cima de Grey Speed, a égua que o Duque havia comprado para ela e por isso se deu a liberdade de pôr o nome, ela ajustava os olhos para assistir o nascer do sol.

Aquela escuridão bordada com uma fina linha no horizonte de cor alaranjada que com vida própria ia se expandindo lentamente. Se espreguiçando debilmente sobre a terra. Aparentemente tímida, mas que começava acordar os pássaros para cantarem e quando se menos esperava, uma bola de fogo começava a surgir, explodindo em um alaranjado dourado, pulsando como um coração e subindo gloriosamente. Então as cores começavam a tomar vida de novo. O céu ficando azul, as copas das arvores exibindo a silhueta de seu outono e se iniciando uma corrida de luz sobre a relva.

Isabella sorriu. Grey Speed se agitou. E então decidiram cavalgar contra o tempo ou probabilidades ao encontro dessa luz tão familiar e reconfortante.

Ela era livre. Por estes instantes nada a poderia a ferir, nada tinha a temer, nada poderia para-la. Ela é feliz. A morte de seus pais não a machucava mais porque ela não se lembrava. Suas culpas e remorsos eram inexistentes. Ali estava apenas a criança inocente que ainda não recebeu suas marcas.

São apenas minutos. Mas são os minutos que a mantêm viva. Ofegante Grey diminuiu o ritmo. O sol já nasceu e reina por todo o céu. Isabella é novamente adulta e suas culpas, medos e remorsos voltam para os seus ombros.

Ao longe escutou outro cavaleiro. Avistou o Duque em cima de Cometa cavalgando a toda velocidade. Ele não a viu, mas ela desconfiava para onde ele ia. A esta altura ela sabia que aquela estrada levava para uma única fazenda. Lá morava um senhor, sua esposa e 5 filhos. Isabella já havia tratado as escondidas do cavalo velho deles, o bom Dominic.

Sua curiosidade é maior que sua prudência e decidiu sem muito pensar, segui-lo.

Ao alcançar o local, a sensação de que há algo errado a dominou. Essa fazenda é a mais afastada e infértil do Ducado. A família não estava conseguindo produzir o suficiente para comerem e pagarem o arrendamento. Ainda montada ela se aproximou de Cometa que estava amarrado em um poste ao lado do celeiro, onde finalmente escutou vozes.

Edward estava de costas para ela. O Senhor Fliztman tinha uma postura amedrontada. Ele pareceu apreensivo em explicar. Fazia alguns sinais e então seus olhos o traíram. Ele avistou Isabella. Ela não sabia, mas ele a enxergava como um anjo, principalmente naquela manhã. Não por sua intromissão, mas realmente por sua aparência. Isabella estava brilhante como se o sol tivesse esquecido seus raios sobre ela. O cabelo arrumado em uma trança com alguns fios soltos na frente por causa do vento. A boca e as bochechas coradas pelo esforço de cavalgar. O vestido perolado com um corpete delicado com bordados em azul safira que a Popy tanto insistiu que ela usasse hoje, na partida da família do Conde.

Edward percebeu a distração do fazendeiro e se virou. Foi golpeado pela visão. O modo como ela montava não o constrangia mais, na verdade começava seduzi-lo. Os olhos dela estavam vivos demais, ela estava viva demais; o que fez com que o sangue corresse mais rápido em suas veias.

— Senhorita Swan, o que faz aqui? – ele perguntou antes que ficasse sem a voz. Ele não sabia porque vê-la se tornou tão impactante. Talvez pelo álcool ingerido da noite anterior que o fez ter pensamentos sórdidos quanto a ela. Por terem dançado tão íntimos e sem farpas. Ou pela presença dela que ficou infimamente impossível de ignorar.

Isabella engoliu seco. Estava dentro do celeiro montada em Gray. Observou a sua volta e viu Dominic deitado. Buscou o movimento de sua respiração e não encontrou.

— O que houve? – Desceu habilmente da égua e marchou para a baia. Ignorando a pergunta do Duque ou qualquer saudação.

— Não adianta minha senhora. – o Senhor Fliztman interviu – Ele está morto. Morreu esta madrugada. Dom era muito velho.

Isabella fitou o homem. Imediatamente soube o que aquilo significava. A família não tinha mais o animal para arar a terra. Para transportar sua colheita. Para garantir a sobrevivência.

Mesmo assim ela entrou na baia, as moscas voaram e voltam para o corpo. Dominic era muito velho e seu serviço muito pesado. Se afastou, não tinha mais nada a fazer. Os dois homens estavam a observando tentando entender como ela pensava. Como encaixa-la naquela cena.

— Sinto muito Senhor Fliztman. – se virou para ele – Foi repentino?

— Sim senhora. – o homem passou as mãos pela cabeça – meu menino mais velho que o encontrou um pouco antes do nascer do sol.

Isabella olhou para o Duque. Ele estava a fitando com uma expressão indecifrável. Isso a deixava preocupada. Isabella havia descoberto que não gostava quando o Duque a encarava sem qualquer expressão. Ela ficava totalmente ignorante sobre qual reação esperar.

— O que você vai fazer? – questionou diretamente para o Duque, um pouco rouca e cuidou para que seu tom não fosse invasivo.

Edward suspirou e descruzou os braços.

— Senhor Fliztman, precisamos discutir nossos negócios – se voltou para ela novamente – a sós!

Isabella sentiu um ultraje percorrer o seu corpo. Ele estava a expulsando? E antes que ela abrisse a boca.

— A senhorita deveria voltar para Chatsworth. Aliás, não deveria estar tão longe de lá, ainda mais sozinha.

— Posso mandar meu menino acompanhar a sua noiva mi Lorde.

— Ela não é minha noiva. – ele disse rude e Isabella se encolheu com a insinuação e com a resposta rápida e pronta dele – E se veio sozinha tem a capacidade de retornar igualmente.

O senhor Fliztman se arriscou a olhar Isabella que tinha uma expressão lívida. O duque saiu do celeiro esperando que o fazendeiro o seguisse e que Isabella tomasse seu rumo. O homem começou a acompanhar os passos de seu lorde.

— Espere! – disse Isabella, Fliztman se virou para ela e Edward parou já alguns passos para fora da porta – Senhor Fliztman, onde esta sua esposa?

— Na casa, minha senhora.

— Se importaria se eu falasse com ela?

— Claro que não, minha senhora.

— Senhorita Swan – o Duque interrompeu – É necessário que retorne a Chatsworth.

— Eu irei. – disse agora arrogante – Mas quando eu quiser.

Segurou a rédea de Gray e saiu do celeiro de cabeça erguida. Montou na égua sem rodeios, deu uma ultima olhada no Duque que agora finalmente tinha uma expressão irritada, e munida de toda a sua prepotência cavalgou em direção a casa de pedra e madeira que ficava do outro lado do campo.

O Duque rosnou. De todas as coisas sobre Isabella que o enlouquecia, era aquela atitude de nariz empinado. Ela o desestabilizava e questionava sua autoridade na frente de quem quer que fosse. Mulheres como Isabella deveriam estarem presas em uma jaula!

— Mi lorde, perdão pelo equívoco.

Se virou furioso para o Fliztman.

— Me parece que o senhor e sua família a conhece.

— Sim! – assentiu – Sim! Ela ajudou a mim e a minha esposa quando voltávamos do vilarejo, Dom não conseguia caminhar e ela logo identificou que era a ferradura. Veio até a fazenda acompanhada com o cavalariço Ben Bennet e trataram de Dom. As crianças a adora, Mi Lorde.

Edward sentiu suas narinas inflarem. Quando isso tinha acontecido para que ele sequer desconfiasse que Isabella Swan andava por ai com seu cavalariço fazendo serviços totalmente inapropriados para uma mulher?

Não quis se passar de tolo, mas se forçou; ela o forçou a isso.

— Quando foi isto, Senhor Fliztman? – sua voz saiu controlada e sombria.

— No dia da feira.

Isso era na primeira semana em que Isabella apareceu para infernizar a sua vida. Respirou fundo. Fechou os olhos contando até dez.

— Senhor Fliztman, sabe que tem 4 meses sem pagamento do lote. Eu tenho sido compreensivo com sua família. Mas agora que não tem nem como semear, o que pensa em fazer? – foi direto ao assunto, Isabella ouviria tudo o que merecia, depois.

— Mi Lorde, tenho uma plantação de milho para colher. Será uma safra boa, mas não para pagar toda a dívida.

— Não posso manter a situação. Os outros arrendatários me julgarão injusto com eles. – Edward caminhou ate uma arvore e arrancou um ramo, aquilo era muito difícil de se fazer, ele não tinha nascido para ser um Duque como todos imaginavam – Entende o que quero dizer?

O homem assentiu. O problema era que se Edward não controlasse a situação, os outros começariam pensar que poderiam deixar de paga-lo também, mas o fato era, havia um ducado inteiro para manter. Do que ele recebia, uma parte era investido nas estruturas das propriedades, e embora o senhor Fliztman o pagasse sempre muito pouco, ele investia muito mais para manter conforto para a família do pobre homem. A outra parte era para a própria Chatsworth e sua lista interminável de funcionários. Manter Chatsworth funcionando, aquecida custava um preço exorbitante, mas era necessário já que ela gerava muitos empregos para a população local e era o lugar que Alice chamava de lar.

Ele tinha compromissos financeiros, se seus arrendatários começassem a falhar, tudo muito rapidamente sairia dos eixos.

— Quanto tempo tenho, Mi Lorde, para sair da fazenda?

Edward respirou fundo. Ele odiava fazer aquilo. Odiava.

— Uma semana.

Do outro lado do campo de relva estava Isabella rodeada por duas meninas loirinhas que seguravam na saia de seu vestido como se ela fosse a própria rainha.

— Tem ideia do que ela gostaria de falar com sua esposa? – imediatamente se arrependeu da pergunta.

— Não, Mi Lorde.

Edward trincou o maxilar.

— Gostaria de ver a plantação de milho. – disse. O homem assentiu e indicou o caminho.

Isabella sorriu para as gêmeas. A senhora Fliztman ralhou com elas para soltassem seu vestido que iriam sujar, mas Isabella pouco de importava com isso.

— Sinto muito – disse se sentando na cadeira de jardim, a senhora Fliztman sentou a sua frente – Eu gostaria de ter tido a oportunidade de fazer alguma coisa.

— Ah minha senhora, não, já fez tanto. Nós já esperávamos por isso, mas não agora. Caleb iria começar a arar a terra hoje. – suspirou.

— Me diga, o que farão agora?

— O Duque será obrigado a despejar-nos. Estamos em divida de meses e agora nem a esperança de pagá-lo.

— E para onde irão? – perguntou apreensiva. Se tinha algo que Isabella sabia, era a sensação de ser uma sem teto e não ter um lugar para onde ir. Desde que havia chegado, tinha essa sombra do despejo pairando sob sua cabeça.

— Não sabemos.

— O que pensa sobre porcos? – perguntou de repente. Uma ideia fraca se formando.

— Porcos? – questionou confusa – Não muito cheiroso para criar.

Isabella riu.

— Mas se isso fizesse com que mantivessem a fazenda?

— Eu os colocaria dentro de minha própria casa.

Isabella sorriu. Ela já sabia o que fazer, só precisava convencer o Duque... um mero detalhe muito importante.

Montada em Gray ela desamarrou Cometa e o arrastou junto dela. O Duque estava perto, e logo ela o achou analisando as novas espigas que brotavam. Seus olhos se encontraram, uma pergunta se formou no arquear de sobrancelha dele ao notar ela segurando a rédea de Cometa.

— Poderíamos conversar?

— Eu estou ocupado, senhorita Swan. Não é podes ver?

Isabella sorriu de lado e suspirou.

— Te poupará trabalho.

Eles se fitaram por mais alguns segundos.

— Podemos conversar quando eu voltar.

Isabella suspirou novamente.

— Edwar... – parou pela expressão que ele fez. Limpou a garganta um tanto constrangida, ela escutava tanto Alice e Margot falarem dele como Edward que mentalmente as vezes ela também o chamava assim, mas não tinha o direito e a liberdade segundo as regras da sociedade – Quer dizer, Duque, serão os cinco minutos mais bem gastos de sua vida.

— Eu não contaria com isso. Tive muitos cinco minutos bem gastos.

— Esses serão históricos.

Isabella notou algo no olhar dele. O que quer que fosse ela não soube interpretar, mas o que ele pensou o fez aceitar sua proposta e montar em Cometa. Isabella se despediu do senhor Fliztman com um aceno.

Isabella fez Gray Speed correr, arrastando consigo um Duque irritado, que logo quando pararam descobriu o que o incomodava.

— Há quando tempo sai pela propriedade com o cavalariço Ben Bennet fazendo serviços braçais?

Isabella notou que ele realmente estava incomodado com isso.

— Meus trabalhos braçais se baseiam mais frequentemente ao seu estabulo, Duque! – disse divertida – Os Fliztman foram os únicos que ajudei.

— Trabalha no meu estabulo? – Perguntou incrédulo.

— Sim, mas não peço um salário, na verdade acredito que um salario não pagaria tudo o que Alice, Margot, Popy me oferecem as suas custas. Um exemplo é este vestido – sorriu quando os olhos dele se voltaram para seu corpo marcado pelo corpete, rapidamente ele se recompôs. – custa muito mais que um salário de um cavalariço.

— Senhorita Swan, não é minha convidada para trabalhar.

— E o que eu deveria fazer então – disse perdendo a paciência com aquele assunto – Bordar? Pintar? Praticar voltas no salão para saber como sensualizar a minha silhueta e ao mesmo tempo parecer inocente? – ele piscou sério quase não acreditando no que ouvia – Não faço por obrigação, faço porque é o que amo fazer. E ensino Ben Bennet o que posso. Quando eu for embora, terá o melhor cavalariço de toda Europa.

— Não a quero nos estábulos o tempo todo. Isso é uma ordem.

— Irá me amarrar para que possa cumpri-la? – questionou sarcástica.

Edward negou com a cabeça. Maldita fosse. Era impossível entrarem em um acordo.

— Não vou protege-la mais de imprevistos Senhorita Swan, alguns momentos penso que deveria ter deixado que a levassem ao cárcere para tomar a sério o que lhe digo.

— Deveria confiar mais em mim quando digo que a isso sei me cuidar. O que houve no Vilarejo me pegou de surpresa.

— Assim espero. Preciso retornar a Chatsworth. – ele começou a ir embora.

— Eu ainda não disse o que queria. – ele se virou para ela. – Não pode despejar a família Fliztman.

— Santo Cristo, não vou discutir meus negócios com você! – rosnou.

— Mas...

— Não! Não senhorita Swan, existe um limite. – ele parecia furioso agora – Não vou permitir que dê suas próprias opiniões em um assunto particular como este.

— Eles não tem para onde ir! – insistiu.

— Eu sei! – ele bateu de volta.

— E não se importa? – perguntou desesperada.

— É claro que me importo! – bradou – Que monstro acha que sou? Mas eu sei como lido com meus negócios.

— Voce poderia criar porcos! – ele olhou para ela como se fosse enforca-la – Criava porcos na fazenda. Ela é a menor e a mais afastada. E eles em vez de seus arrendatários se tornam seus funcionários.

— Não entende absolutamente de Ducado.

— Não muito, mas não vejo nada demais em um Duque produzir alguma coisa. Tem todas essas terras, nada mais justo de usa-las como bem entender. Por favor – a égua se aproximou mais diminuindo a distancia – Isso seria revolucionário, e eles não teriam que se aventurar com as crianças por esse mundo a fora.

Ele a fitou por alguns instantes. Queria nesse momento chacoalha-la. Como podia ser tão estupida em continuar seu pensamento enquanto ele dizia para parar? Ela não tinha a permissão de se intrometer neste assunto. Era apenas uma mulher. Mulheres não tinham cabeça para esses tipos de negócios.

— Nunca mais senhorita Swan, faça isso. – sua voz saiu sombria – Nunca mais. Não misture suas intenções. Sei que são boas, que se preocupa com a familia, mas meus negócios são meus. Faz- se necessário que eu cumpra minha parte com todos e que todos cumpram a sua para comigo.

Edward observou a expressão de frustração. Ela não estava contente com o resultado de seus esforços, os quais ele não admitiria nunca admirar, mas não podia aceitar aquele comportamento.

— Quanto tempo? Quanto tempo deu a eles?

— Uma semana.

Isabella suspirou e assentiu.

— Talvez não foram os cinco minutos que esperávamos. – disse.

— Não, não foi. – ele suspirou – Senhorita Swan, qual é o nosso problema? Porque sempre estamos em conflito?

Sorriu.

— Essa é uma boa pergunta, Duque.

Isabella atiçou Gray para seguir o caminho em direção a Chatsworth. Edward veio logo atrás, mas em nenhum momento voltaram a se falar. Isabella entrou pela cozinha. Os funcionários estavam tão acostumados com ela andando por ali que não se surpreendiam mais. Subiu até seu quarto e agarrou as seis moedas de ouro. Colocou uma de volta na gaveta e carregou as outras cinco consigo. Voltou para Gray e então para a sua missão.

Eles eram uma família, algo que ela havia perdido. Adorava as crianças e admirar como eles se davam tão bem. Os Fliztman não poderiam perder o seu lar. E lar era quase um eufemismo para Isabella já que ela não tinha mais certeza se pertencia a algum.

 

 

Popy não disse nada. Mas sua expressão de desgosto falava por si. Isabella estava descabelada e suada depois de ir por uma segunda vez a fazenda dos Fliztman. Enquanto Popy refazia sua trança, Isabella não conseguia tirar de sua cabeça a surpresa, espanto e gratidão. O senhor Fliztman disse que seria um empréstimo, mas Isabella pouco se importava se veria o dinheiro de volta. Se aquele bracelete estava comprando a oportunidade de uma família manter o teto sob sua cabeça, seria o dinheiro mais bem pago de sua existência, além do mais, ela tinha outras joias para empenhorar caso precisasse.

— Bella? – Olhou para Popy através do espelho. – Esta bem?

— Sim – murmurou desgastada pela viagem – terminou?

— Tem um tempo que estou te chamando. – riu – Posso usar as margaridinhas que trouxe?

Isabella olhou as pequenas margaridas que Cecilia, a filha mais velha dos Fliztman, a presenteou. Assentiu. Popy separou algumas e começou a enfeitar a trança. Logo em seguida borrifou uma colônia.

— Esta na hora de descer. O Conde Denali já irá partir.

Isabella arrastou seu corpo para o andar debaixo acompanhada de Popy, Robert estava no hall. Popy desapareceu tão rapidamente sob a presença de Robert que Isabella nem teve tempo de saber para que lado sua silhueta pequena e esguia tomou.

—Senhorita Swan, esta romântica esta manhã? – Perguntou Robert.

— Não eu, já a Popy quer espalhar flores para todos os lados. Aonde estão os outros?

— Eu não tenho a mínima ideia! – sorriu – Gostaria de um passeio no jardim enquanto esperamos?

— Estou convidado também? – Questionou o Capitão com aquele sorriso sapeca. Isabella se sentiu aliviada em vê-lo de volta bem ali naquele rosto.

— Quem mais além do Capitão McCartney se ofereceria desse jeito? – Robert debochou do amigo – Vamos, o dia esta valendo a pena.

Os três saíram pela porta da frente em direção ao labirinto.

Aurora observou seu irmão da janela de seu quarto. Ela não aceitava como ele poderia ter também se encantado pela sem modos. Bufou irritada. Se voltou para o espelho e ajeitou os cachos, os brincos de perolas, a cintura do vestido rosé.

Suspirou. Ao tocar a própria cintura ela sentiu seu corpo se lembrar de como foi ser tocada por Willien bem ali. Rosnou irritada. Que diabos estava acontecendo com ela afinal? Porque se sentia tão alvoroçada e até mesmo ofegante pelo simples fato de se recordar?

Willien era apenas Willien, totalmente desagradável ao seu bom gosto.

Empinou o nariz e saiu do quarto. Cruzou o corredor em direção ao hall. E ante de alcançar as escadas a Condessa surgiu a sua frente de maneira graciosa como se tivesse acabado de encurralar uma presa.

Ambas trocaram olhares. Aurora um tanto desconfiada e Tânia satisfeita por atingir seu objetivo.

— Acredito que precisamos conversar.

— Sobre? – questionou Aurora sem titubear.

Tânia indicou uma porta.

— O que temos a falar deve ser dito entre quatro paredes e portas fechadas.

Finalmente Aurora se sentiu ameaçada. Engoliu seco. Entretanto não resistiu e acompanhou a Condessa para dentro do cômodo.

Era a sala que pertenceu a Duquesa de Devonshire. As paredes ainda tinham a antiga decoração de florais. O conforto requintadíssimo da mãe de Edward permanecia na elegância dos móveis, lustre e castiçais. O grande espelho sob a lareira emoldurado de rosas de cobre. A pequena biblioteca particular. A escrivaninha de mogno entalada de lótus. Observou o ambiente antes de finalmente observar a Condessa.

Tania parecia não estar afetada pelo ambiente. Por isso Aurora tratou de se recompor.

— O que deseja Condessa?

— Eu serei breve e direta, senhorita James. – deu um passo em sua direção – O que sabe sobre mim e o Duque?

Aurora fraquejou.

— O que quer dizer?

— Eu disse que desejo ser breve e direta. Por favor, não dissimule e não se faça de ignorante. Observei seus passos e atitudes desde o instante que cheguei. Suas intenções de se tornar a Duquesa não foram discretas como provavelmente tem imaginado. E muito menos sua beleza doce esconde de mim a manipuladora e víbora que é. – se aproximou um pouco mais – Por isso, vou repetir a pergunta. O que sabe sabre mim e o Duque?

Aurora ofegou. Sentiu seu rosto corar de ira. Seus olhos brilharam de uma bruta chama de irritação.

— Que são amantes. – Acusou sem medo. Se era isso que a Condessa queria, era o que teria.

A Condessa sorriu. Aquele sorriso causou um arrepio perigoso pela coluna de Aurora.

— Como eu imaginava, não sabe absolutamente nada. - deslizou sua mão sob o estofado de veludo vermelho – Sabe o porque escolhi esta sala? – não esperou que ela respondesse, era uma pergunta retrograda – Porque eu sei o quanto gostaria que esta sala fosse sua. O quanto deseja ser Lady Aurora James Cullen, Duquesa de Devonshire. E gostaria muito de te mostrar que esta sala pertencerá apenas uma mulher com a mesma classe de Lady Esme Lancastre Cullen. Que morta por mais de uma década, ainda ter seus rastros marcados nas paredes de Chatsworth. Porque ainda é a Duquesa e para a sua decepção, será por um bom tempo. – suspirou com uma sorriso de pena – Edward não se casará com a irmã de Robert. Não se casará com você. Jamais faria isso.

— Não pode garantir isso. – rosnou como um cão feroz – Não sabe nada sobre mim.

— Ah, doce engano seu. Eu sei muito mais do que imagina e já garanti que não seja você a escolhida. Seus tios criaram uma cobra e seu irmão é tolo demais para notar. – Aurora sentiu seu olho esquerdo tremer – Eu e Edward nos conhecer muito mais tempo do que você imagina. Fique longe Senhorita James, ou eu serei obrigada a te dar uma lição que nunca mais irá se esquecer.

— Não sou que eu tenho que temer, Condessa. – se pronunciou altiva – Acho que esta se esquecendo o que sei sobre você. Não fui a única que a viu naquele baile.

— Claro que não. Eu passei a noite inteira ao lado de meu marido, e o único momento que sai, a senhorita Swan estava me ajudando com o vestido. – sorriu dissimulada – Ao contrario da senhorita que desapareceu por diversas vezes. Estava com o Senhor Willien? Em algum lugar escuro talvez? Dançando muito intimamente? Garanto que Robert a faria se casar com o pobre jovem Willien se soubesse que a delicada irmã sente coisas que não deveria, e este sim não teria objeções a dizer não. – ampilou o sorriso - Este seria o seu casamento dos sonhos não é? Morar no subúrbio de Londres com 300 libras por ano? Ou menos, não me recordo se um Jornalista polemico ganha tudo isso.

Aurora trincou os dentes enquanto Tânia ainda tinha aquele sorriso insuportável estampado em seu rosto.

— E ainda diz que sou eu a manipuladora? – questionou sem desviar os olhos.

— Sim. Ainda digo, mas não tanto quanto eu.- suspirou satisfeita – Ah, não sabe jogar meu jogo. – riu - Já estive em seu lugar um dia, sonhei Senhorita James em ser a esposa de Edward, a Duquesa. E não digo para se afastar porque fracassei e tenho medo que alcance o êxito. Não. – riu novamente – Digo para que não envergonhe a si mesma, porque para ele, não passa de uma criança, uma irmãzinha frágil e indefesa, e nem tente, porque não mudará a sua opinião. Me assegurarei disso.

Aurora sentia o furor em suas veias. A Condessa era ousada em arremessar aquelas palavras em sua direção, ela não tinha nada a perder se realmente resolvesse criar um escanda-lo.

— Me admira sua coragem em me dizer estas injurias. – cuspiu as palavras.

— Não é coragem. – afirmou sem se afetar – O fato é que não colocaria Edward em um escândalo, - adivinhou seus pensamentos a fazendo recuar - sua devoção não a permite, e muito menos arriscaria sua amizade com Lady Alice. Isto é saber jogar, senhorita James, coisa que terá que aprender um dia. – caminhou para a porta – Mas te consolarei. Eu e o Duque somos apenas amigos, bons amigos. Cuidamos um do outro a nossa própria maneira. Se tivesse que se preocupar com alguém, esta não seria eu. Mas como não tem mais o porque se preocupar...

A Condessa sorriu e saiu. Deixou Aurora rodeada de dúvidas, silencio e fúria. Ela adoraria agarrar aquele castiçal e espatifar o espelho que refletia a sua imagem. A figura de uma bela, fraca e muito jovem mulher. Lagrimas veio aos seus olhos, mas não deixou que elas caíssem. Quem a Condessa julgava ser? Importante demais para destruir seus planos? Perigosa o suficiente para faze-la parar?

Tinha sido estupida. O problema não era a desmemoriada, caipira e sem modos da Senhorita Swan, sempre havia sido a Condessa. Gastou a sua munição com a pessoa errada. Ela tinha que desacreditar aquela mulher e não a tola da Swan. Deixou o ciúmes falar mais alto.

E agora tinha as mãos amarradas. Tinha sido pega no último instante. Acreditou que a Condessa casada não era um empecilho. Eventualmente Edward se cansaria daquele passa tempo, ambos se cansariam na verdade. Entretanto a questão era mais profunda, o que um sabia do outro? Há quanto tempo se conheciam? Qual seria a historia que o passado deles escondia? Até onde ela poderia interferir nas escolhas dele?

Quem era Tânia Denali? Quem ela havia sido? Porque sempre parecia saber muito mais sobre todos do que realmente aparentava? E porque todas essas questões passaram despercebidas?

Ficaria sem suas respostas, a Condessa estava partindo levando todas elas. Havia recebido um golpe e não poderia rebater tão cedo.

Olhou novamente a sala da Duquesa, assimilando os detalhes. Seu pulso fechou com imensa força. Ela seria a nova soberana. Ela seria a Duquesa de Devonshire. Ela entraria junto de Edward para a linha de sucessão do trono.

E não seria uma Condessa vindo de lugar nenhum que a faria desistir. Era apenas uma partida de um jogo que acabava de começar. A Condessa poderia considerar ser um Xeque Mate, mas Aurora pensava muito diferente, a vantagem era que Tânia tinha se movido primeiro, mas não teria como prever o que estava por vir.

Naquele momento alcançou a escrivaninha, pegou um papel de carta e a pena. Iria promover o segundo movimento.


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Notas finais do capítulo

E para aquelas que esperam um beijo entre o Duque e Isabella, sinto muito meninas, não vai acontecer tão cedo! kkkkkk não quero decepcionar vocês e tals, mas o plano diz que ...
*SPOILER*








Quer saber o que plano diz? hahaha Comentaa aii criatura de Deus! kkkkk
E bem, será que temos uma guerra declarada entre Aurora e a Condessa?

Bjoooos Xuxu´s! ♥