Thomas vinha em minha direção e parecia furioso. Tentei imaginar o porquê de ele estar com raiva ao ver seu olha fulminante em cima de mim. Elric pareceu perceber o perigo eminente dirigido a mim, sem nenhum motivo aparente, ele se levantou e se posicionou na minha frente como se fosse me defender. Bufei em descrença, eu mesma podia me defender.

—O que você quer Gregory? – ele perguntou na defensiva.

—Eu só vim conversar com ela – disse o mesmo – Não se mete.

—Claro que vou me meter! É a minha irmã!

—Ah que saco! Querem calar a boca vocês dois?! – pedi me levantando e empurrando meu irmão para o outro lado e encarando Thomas – E você, porque não tenta ser um pouco mais civilizado e converse como uma pessoa normal.

Ele piscou surpreso com a minha resposta, me encarando durante um momento, até que de repente ele explodiu em risadas.

—O que significa isso? – perguntei indignada.

—Ele tinha razão, você é dura na queda – disse ele se controlando pra não rir mais.

—Quem tinha razão?

—Dylan.

Encarei–o surpresa  – Você conhece o Dylan?

—Claro. Ele é meu primo – respondeu ele sorrindo.

Eu... Não... Acredito nisso. E foi nesse momento que eu percebi que eles tinham certa semelhança no sorriso e os mesmos olhos pretos e profundos, que sempre te prendem quando se olha durante muito tempo. Mas como eu iria adivinhar? Olhos iguais ou parecidos são muito comuns, não é como se todo mundo tivesse os olhos diferentes uns dos outros, a semelhança entre as pessoas sem grau de parentesco nenhum é muito comum.

—Eu soube que havia acontecido um pequeno problema durante o treinamento e fui conversar com ele – esclareceu Thomas – Ele me explicou o que tinha acontecido, e que foi você. É claro que eu me lembrei de você, da luta com o Tony e quis vir falar com você. Ele me disse que você provavelmente iria achar esquisito eu vir falar com você, e iria vir me enfrentar, eu quis averiguar isso, e ele tinha razão. Ao que parece você não foge deu uma luta

Estreitei meus olhos.

—Nunca me subestime, querido.

Ele riu concordando com um aceno.

—Nunca.

Elric pareceu relaxar visivelmente, pude perceber ao ver seus ombros se abaixarem, e suas feições relaxarem.

—Então, pra que tudo isso?  – Elric perguntou.

Thomas riu sem graça, e coçou a cabeça, num gesto que demonstrava nervosismo.

—Desculpe por isso. Eu só queria ver como vocês dois reagiriam a um ataque surpresa – explicou ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

—Isso não foi um ataque surpresa – afirmei – Foi um surto de uma pessoa desequilibrada.

Elric e eu rimos, e até mesmo Thomas riu da minha frase, quebrando o clima chato que estava entre a gente.

—Bom, será que você poderia visitar o Dylan na enfermaria? – pediu Thomas meio receoso – Ele nunca me diria que quer ver você, mas eu sei que ele quer, então eu to pedindo.

Pisquei surpresa – Claro que sim. Afinal fui eu mesma que o mandei pra lá, nada mais justo do que visita–lo.

Thomas pareceu feliz com a minha resposta e logo veio pra perto de mim, me puxando provavelmente na direção da enfermaria, meu irmão nos seguiu, provavelmente querendo me manter segura. Bufei, parece que todo mundo acha que eu não posso me defender sozinha. Olhe o que eu fiz com Dylan e vai ver que eu posso muito bem me defender sem precisar da ajuda de ninguém.

Percebi que era bem fácil andar pelos corredores da Ordem, eu achava que ia ser mais difícil, mas andando pelos corredores pude ver ao ser levada para a enfermaria.

Chegando lá, pedi que me levassem logo para onde Dylan estava, pois eu não aguento e nem gosto de ficar olhando as pessoas doentes ou machucadas, sempre que eu olho durante muito tempo parece que sou eu que está ali na maca, sofrendo ao invés da própria pessoa.

Dylan estava em uma das macas mais a frente, ele estava estirado na cama, com as pernas levantadas e um saco de gelo na sua região íntima. Quando me viu ele fez cara de dor e fechou as pernas, se encolhendo pra longe de mim. Eu ri e me sentei ao seu lado na cama, colocando uma mão no seu braço.

—Fique bem longe de mim! Quero poder ter filhos um dia!

—E você vai ter se não se meter no meu caminho novamente – avisei brincando – E não ser um completo idiota comigo novamente – completei minha frase rindo diabolicamente.

—Não tem como ele deixar de ser idiota – Thomas afirmou com convicção, arrancando risadas minhas e de Elric, e um olhar fulminante de seu primo.

—Obrigada pela parte que me toca.

—Ao seu dispor – Thomas fez uma mensura exagerada para Dylan, e fingindo tirar o chapéu e com uma das mãos nas costas ele disse – Sinto muito em lhes deixar, mas creio que em meu dever não posso faltar – Ele pegou uma de minhas mãos e depositou um beijo nela – Com licença, madame.

—Que... porcaria foi essa? – Dylan perguntou abismado – Você nunca é gentil! Nem com a sua própria cama!

—Para certas pessoas vale à pena mudar – Thomas piscou, se retirando em seguida deixando todos nós de queixos caídos. É, realmente, existe doido pra tudo nesse mundo.

—Tuuudo bem – voltei meu olhar para Dylan – Então... você esta bem?

—Melhor do que nunca. Estaria melhor se estive sentindo meu pênis.

—Idiota.

—Bom, sinto muito em interromper vocês dois, mas nós temos que ir,Tori – disse Elric,fazendo um gesto com a cabeça para ir atrás d ele.

—Aonde vamos?

Ele se virou e me lançou um sorriso muito estranho que eu não soube identificar o que ele estava planejando.

—Você já passou pela primeira fase, para se tornar uma Protetora, agora você e seus amigos vão enfrentar uma coisa maior e mais difícil e muito mais legal.

—Que seria...? – odeio quando as pessoas fazem suspense.

—A Arena Escura.