Eu nunca imaginei que Serenity pudesse fiar tão brava do modo que ela ficou, embora eu ache que não precisa desse estresse todo, tudo bem, um prédio explodiu e nós poderíamos ter impedido isso, mas olhe pelo lado bom: pelo menos ninguém morreu... Não que essa desculpa esteja funcionando com a minha tia, mas não custa tentar né? Não. É tempo perdido, ela nunca vai nos escutar e com certeza Skye e eu estamos fodidas.

Tá. Talvez não seja pra tanto, mas eu sinto que quando chegarmos à Ordem definitivamente ela vai dobrar os nossos exercícios e até o fim da semana eu vou estar quase que literalmente morta de cansaço.

Nós três havíamos chegado à Capital por volta das três horas da tarde, e depois de alugamos um carro e colocarmos as nossas malas dentro dele,e Seth em sua gaiola de transporte ao qual ele se encontrava dormindo tranquilamente, Skye e eu achamos que iríamos direto pra Ordem, mas tia Serenity tinha assuntos a resolver e deixou a ambas sentadas em um café – muito confortável e aconchegante por sinal – durante de horas enquanto ela tinha uma reunião com sabe-se lá quem em um hotel do outro lado da rua. Não que eu esteja desconfiando da minha tia, depois de nos deixar horas a fio naquele café enquanto conversava com alguém em um hotel, quer dizer, é super normal uma reunião assim demorar horas, ainda mais em um hotel, não que eu esteja sugerido algo...

Mas voltando a minha linda e triste história, Skye e eu ficamos naquele café, cansadas da viagem e cansadas de esperar até que eu caí no sono em cima da mesa e tive um sonho muito doido e muito esquisito – ao qual eu ainda estou tentando entender o seu significado –, mas que não vem ao caso agora, porque algumas horas depois que estávamos no café e eu tirei meu “cochilo”, Skye me acordou, porque de acordo com ela eu estava dormindo a tanto tempo que ela achou que eu estava em coma, pra logo depois a mesma ter uma visão, dar uma de doida e sair correndo porta a fora do café, deixando que eu pagasse a conta sozinha, e isso é um absurdo! Vê se pode uma coisa dessas? Claro que não! E pra melhorar a minha situação mais ainda, um prédio explodiu – ao qual eu e Skye levamos a culpa disso –  nós entramos em uma perseguição atrás dos responsáveis que explodiram o prédio – viu? Não foi de inteira culpa nossa! – e ainda conseguimos pegar os três e ainda por cima sozinhas, e mesmo com Anthony e sua parceira estando fazendo patrulha perto da gente – que por sinal eles não fizeram absolutamente nada – e nós ganhamos alguma coisa com isso? Nada. Absolutamente nada. Revoltante isso.

Eu fico feliz de não termos levado nada na mão pra o café, porque se não teríamos perdido seja lá o que fosse na hora da correria toda, embora isso não fosse tão relevante assim.

Alguns Vigilantes chegaram pouco tempo depois, trazendo aquele caminhão forte que normalmente leva os presos, para levar os três que havíamos capturado. Esses carros costumam ter uma aparência normal por fora, mas eles são revestidos por magia e com um pouco de tecnologia também para conseguir conter qualquer coisa que seja presa lá, digamos que demorou anos até ser totalmente aperfeiçoado e eu desconfio que ainda deve ter alguns problemas afinal nada nesse mundo é perfeito. Esses três seriam levados para a prisão da Ordem lá mesmo iriam ser interrogados para sabermos o porquê de eles terem explodido o prédio, se pegaram alguma coisa, quem são eles e o mais importante: quem os enviou e por que.

Anthony e Zoe se despediram e saíram andando, pois ainda iriam ficar de vigia até que o turno deles acabasse, já eu e Skye fomos escoltadas pela minha tia até o carro de onde seguimos até a Ordem, logo atrás do carro com os meliantes. O caminho até a Ordem foi silencioso, e se ele não fosse tão curto eu teria acabado dormindo no carro, mas meu estupor logo foi embora quando eu notei que havíamos chegado na Ordem.

Eu abri a janela do carro para ter uma melhor visão do lugar – já que eu estava no banco de trás do carro – e Skye parecendo pensar o mesmo que eu fez o mesmo, provavelmente, quem visse de fora deve achar que tem dois cachorros no carro colocando o rosto pra fora pra sentir a brisa e eu não duvido que parecemos mesmo com um cachorro, afinal, tia Serenity não vai nem um pouco devagar e com o carro em movimento – em alta, mais alta velocidade mesmo – e o vento batendo em nossos rostos estava bagunçando os nossos cabelos, provavelmente, não, com certeza nos deixando com a aparência de um cachorro de rua que não é cuidado devidamente e seus pelos estão todos atrapalhados e embaraçados, o que não é muito diferente da nossa situação agora, mas vamos deixar isso pra lá. O foco agora é a Ordem e como ela não mudou em absolutamente nada.

Desde o primeiro dia que eu vi a Ordem eu fiquei fascinada por toda a estrutura, por assim dizer, era realmente muito bonita, com um toque sombrio que deixava tudo tão charmoso e maravilhoso que me deixava encantada. Por fora, a Sede da Ordem era um grande castelo que é maior ainda por dentro por causa de um feitiço de expansão ou algo do gênero. Pode se dizer que toda a arquitetura do castelo pelo lado de fora, retrada um período na Terra, a época em que a arquitetura gótica se tornou famosa e mesmo depois e séculos que os antigos humanos tenham deixado a Terra, ainda há muitas características da mesma aqui, como a castelo, que foi construído por um arquiteto humano que amava a “era gótica” da história, por assim dizer, que prevaleceu na Idade Media, e eu realmente admirava o cara que planejou tudo isso – desde os portões até o ultimo centímetro da construção – e... tá, até mesmo eu fiquei entediada ao me ouvir pensar e falar mentalmente comigo mesma sobre isso. Acho que isso soou estranho...mas tá né, não sou normal mesmo, quem liga?

Adentramos os portões da Ordem e depois de alguns minutos tia Serenity estacionou o carro em frente à porta principal. Nós três descemos e cada uma pegou a sua mala, ainda bem que Skye anda porque senão eu teria que carregar ela e ela não é nem um pouco leve, mas enfim, nós pegamos as nossas coisas,eu soltei Seth – que estava esse tempo todo dentro do carro em uma caixa pra transportar animais – e o mesmo subiu no meu ombro e eu fui atrás de Skye e tia Serenity que já estavam a caminho de entrar na Ordem.

As portas se abriram automaticamente depois que a tia Serenity colocou sua mão no leitor de digitais, mostrando assim que ela faz parte da Ordem e que tem permissão para entrar no prédio, me lembrei da primeira vez que cheguei aqui, quem abriu a porta foi Elric e eu quase não me lembro de o ver colocando a mão no leitor de digitais, porque eu estava ocupada demais observando o local e abismada com o tamanho dele.

Nós entramos e o lugar estava como sempre: uma correria de diversos Guardiões, correndo de um lado pro outro, carregando objetos estranhos ou até mesmo comuns demais, outros não andavam com nada, todo mundo estava tão ocupado em seu pequeno mundinho que nem reparou quando entramos, de certa forma é bom, assim conseguimos passar despercebidas por todos e não chamamos atenção desnecessária.

Skye e eu seguimos pro segundo andar, que é onde ficam os dormitórios, eu estava indo para o meu quarto, o mesmo do que de três anos atrás e observando os ouros quartos perto do meu pra ver se estavam livres pra Skye ocupa-lo a partir de agora, por sorte nós achamos um disponível apenas três portas depois da minha. Nós nos despedimos e combinamos de descermos juntas pra ir jantar daqui à uma hora, eu peguei a chave do meu quarto – ao qual eu havia guardado esse tempo todo – e abri a porta, logo entrando no mesmo e fechando a porta atrás de mim.

Seth desceu do meu ombro e foi se acomodar na cama, como ele sempre fazia quando eu o trazia para o meu quarto. O quarto continuava o mesmo, nem parecia que eu passei três anos fora, pois as coisas que eu havia deixado aqui ainda estavam no mesmo lugar que eu as deixei, Elric deve ter cumprido com a sua palavra e ter limpado o meu quarto de vez em quando pra não estragar nada e continuar intacto e como se alguém ainda tivesse morando aqui, e ele fez um bom trabalho eu tenho que admitir. Aqui na Ordem, cada um cuida do que é seu, e bom, se você quer que seu quarto fique arrumado você mesmo deve arruma-lo, é claro que tinha pessoas contratadas para cuidar de toda Ordem, um montão delas, mas elas não são obrigadas a fazer o que é nosso dever, não é mesmo? E depois eu tenho que agradecer meu irmão por ter cuidado do meu quarto por todo esse tempo, o que me leva a questionar se ele já sabe que eu voltei. Dou de ombros, depois eu vou atrás dele e mato a saudade, agora eu vou tomar um bom banho e colocar uma roupa mais confortável pra descansar.

***

O banho foi extremamente relaxante, depois de horas viajando, perseguições e explosões, nada melhor que um bom banho pra relaxar.

No momento que eu tinha acabado de me vestir e secar meu cabelo ouvi alguém na porta, abri ela e me deparei com Skye já de banho tomado do lado de fora.

—Vamos? – perguntou ele entrando no meu quarto.

—Só vou calçar meu tênis e podemos ir.

—Então anda logo porque eu to morrendo de fome.

Revirei meus olhos enquanto pegava meu tênis e me sentava na cama para calça-los.

—E quando é que você não está com fome?

—Quando eu to dormindo – disse ela simplesmente pegando Seth no colo e fazendo carinho nele.

Ri – Talvez seja verdade.

Terminei de calçar meu tênis e nós saímos porta a fora pra irmos jantar- deixando Seth no quarto descansando, porque ele parecia ser o que mais estava cansado, mesmo sem ter feito nada – quando eu estava fechando a porta do meu quarto eu escuto outra porta ser aberta e quando eu me viro pra olhar Ally e Alex saem de um dos quartos. Primeiro eles ficaram totalmente parados, depois eu só vi um borrão amarelo – por causa dos cabelos loiros de Ally – correndo pra cima de mim e depois disso nós duas estávamos no chão.

—Você voltou! – Ally exclamou feliz.

Eu ri de novo e a encarei.

—É eu voltei, mas você vai me matar se não sair de cima de mim agora!

Ally rapidamente saiu e quando eu me levantei ela me abraçou novamente murmurando um “estava com saudades”, Alex também me abraçou – depois que conseguiu tirar a irmã de cima de mim – bem apertado e demorou um tempo pra me soltar até que Skye pigarreou, chamando a nossa atenção pra ela que nos encarava de um olhar questionador.

—Ah sim! Skye esse são os gêmeos Alex e Ally – apontei pra eles enquanto os apresentava – Gente, essa é a Skye uma mala sem alça que eu tenho que carregar por aí.

Skye soltou uma risada sarcástica.

—Claro, até porque você não vive sem mim, honey.

—Acho que está me confundindo com você, darling – devolvi no mesmo tom de voz que ela havia usado.

Skye me revirou os olhos e cumprimentou os meus amigos, nós ficamos conversando no corredor por algum tempo até que todos decidimos descer e ir pro refeitório jantar, antes que toda a comida acabasse. Os gêmeos e Skye pareceram se dar bem nesse curto espaço de tempo, embora ela e Ally tenham personalidades totalmente opostas e isso me surpreendeu um pouco, mas não tanto quanto o comentário de Skye quando estávamos terminando de descer as escadas pro segunda andar.

Anthony e Zoe haviam acabado de entrar pela porta da frente na Ordem, eles pareciam estar molhados embora não tenha chovido, o que me faz querer sabe do porque e como eles acabaram molhados desse jeito. Anthony parecia frustrado com logo e pisava duro indo na direção da escada – onde nós estávamos, por sinal – tentando ignorar Zoe que seguia ele parecendo tentar se desculpar com ele por algo e ele parecia estar ignorando-a com afinco, até que teve uma hora que ela segurou no braço dele o puxou pra perto, o forçando a parar sua “marcha” e ela parecia estar esfregando os seus peitos no braço dele, e o pior de tudo não foi o descaramento dela e sim o olhar no rosto dele com tal ação, que parecia totalmente abismado e até mesmo com um pouco de medo dela, eu estava me segurando pra não rir pra não chamar atenção deles e acabar com essa cena, mas infelizmente Skye não parecia pensar o mesmo que eu e caiu na gargalhada chamando a atenção dos dois para nós quatro que estavam perto o suficiente para ouvir a pergunta de Skye.

—Você é viado? – ela indagou pra Anthony.

Tá, agora eu não me aguentei e acabei rindo também, virando meu rosto por lado para tentar esconder minha diversão, Ally e Alex acabaram fazendo o mesmo, se acabando de rir.

—O que? – ele perguntou surpreso, parecendo estar sem reação diante a pergunta de Skye, também não é de se surpreender, olha a pergunta que a menina faz e ela mal conhece ele!

—Ah você sabe! Você... corta pro outro lado? – ela perguntou de outra forma, tentando fazê-lo entender.

—Que tipo de pergunta é essa? – ele estava quase gritando, faltava bem pouco pra isso acontecer de fato.

—Uma pergunta normal, ué! – respondeu ela tranquila, parecendo não entender do porque dele estar nervoso com ela.

Eu tentei parar de rir e ainda sem muito sucesso eu me virei pra Skye e disse:

—Skye, não é uma pergunta muito normal, você sabe.

Ela deu de ombros parecendo não se importar, e talvez não se importe mesmo, vai saber, não duvido nada.

Anthony parecia estar morrendo de raiva – não tiro sua razão- e ele estava começando a ficar vermelho, talvez por vergonha ou raiva, ou os dois difícil saber, mas ele pareceu controlar muito bem isso e perguntar em uma voz baixa e fria como o gelo:

—E porque razão você achou que isso poderia ser verdade?

Zoe pareceu ficar com medo da voz de Anthony e acabou soltando o seu braço e dando um passo pra trás, Skye e eu a acompanhamos com o olhar – notasse que Ally e Alex ainda estão rindo – antes dela dar a resposta com um sorriso.

—Porque... Tem uma linda garota, loira e peituda atrás de você praticamente implorando a sua atenção e você parece não dar a mínima pra isso –Skye começou a explicar – E embora garotas sem cérebro e sem conteúdo como ela atraiam muita atenção para si mesmas somente por ter um bom corpo, você parece não estar interessado, pelo contrário, parece estar é enjoado dela – explicou ela, antes de se virar pra Zoe – Sem ofensas, garota.

—Mas ofendeu – ela respondeu empinando o nariz.

—Ai já não posso fazer nada se a carapuça serviu.

Zoe ficou vermelha diante da resposta de Skye e sem falar mais nada ela girou nos calcanhares e sumiu pelos corredores. Já eu, estava rindo e muito da situação, embora eu sentisse certa curiosidade com a resposta dele.

—Bom, já que a Barbie siliconada foi embora, você pode nos responder agora, Tony, querido – Skye pediu, e se eu não a conhecesse eu até podia acreditar na cara de inocente que ela fez, mas como esse não é o caso... – Você gosta de homens, mulheres ou os dois? Se cortar pro outro lado posso sugerir uns amigos meus que...

—Alguém pode, por favor, fazer ela calar a boca? – Anthony pediu exasperado, passando a mão no seu cabelo molhado o deixando arrepiado e mais bagunçado do que o normal.

—Eu hein, pra que o estresse?

—Relaxa, Anthony, ela é assim mesmo, depois você se acostuma – tentei tranquiliza-lo e pra ajuda-lo um pouco, porque eu já estava ficando com dó do coitado, eu peguei Skye pela mão e a puxei para terminarmos de descer as escadas e ir jantar – Você não estava reclamando de estar com fome, Skye?

Skye se distraiu com a menção da palavra “comida” e me seguiu de bom grado, os gêmeos logo nos seguiram – ainda morrendo de rir – e antes de viramos o corredor pra irmos para o refeitório eu dei uma ultima espiada pra trás e encontrei Anthony nos olhando, ainda um pouco chocado, mas que sorriu em agradecimento quando viu que eu estava olhando pra ele, sorri em resposta e me virei pra frente de novo ates que batesse em algo.

—Você não tem jeito, Skye – comentei enquanto andávamos.

—Eu estava curiosa – ela se defendeu – Era só ele responder, ora. Mas eu ainda vou descobrir, relaxa.

—Não duvido. Só não posso garantir que vou ficar relaxada quanto a isso, vindo de você, eu espero qualquer coisa.

—Espero que tenha sido um elogio.

Dei de ombros.

—Entenda como quiser.

Nós chegamos facilmente no refeitório e por graças divinas ele não estava muito cheio, por isso foi fácil conseguir pegar a nossa comida e arranjar uma mesa pra sentarmos. Skye eu sentamos de costas pra entrada e os gêmeos sentaram na nossa frente, e enquanto comíamos conversávamos sobre banalidades e sobre o que havia acontecido nesses três anos que eu estive fora, e sobre o ocorrido de alguns minutos atrás, ambos estavam achando muito engraçado o jeito que Skye havia falado com Anthony e como ela disse isso tão naturalmente, pois de acordo com Ally, muitas pessoas tem medo dele e daquele semblante fechado, então não são muitas pessoas que o enfrentam assim e pediram que quando ela descobrisse a resposta para a pergunta que contasse imediatamente pra eles, e é claro que ela não recusou.

Quando estávamos quase terminando de comer sinto alguém se aproximar pelas minhas costas e parar logo atrás de mim, não me virei, esperando que quem quer que fosse se pronunciasse, ainda aproveitando a minha sobremesa, que no momento era bem mais interessante que qualquer outra pessoa.

—Vocês nem me esperaram hoje – reclamou uma voz masculina que eu logo reconheci, prendi a respiração ao ver que ele não tinha percebi que era eu quem estava logo ali, na sua frente.

Minha sobremesa ficou tão sem graça de repente...

—Desculpa, Ell, mas nós encontramos com elas e acabamos vindo andando e conversando, nos distraímos – Ally respondeu com um doce sorriso se desculpando.

Escutei meu irmão bufar e provavelmente ele teria revirado os olhos do jeito que eu o conheço e isso é a sua cara, mas como eu não estava o vendo, não tinha como eu afirmar.

—E quem são vocês? – dessa vez ele fez a pergunta pra nós duas, Skye se virou com um sorriso, mas não antes de me lançar um olhar cúmplice demonstrando que ela havia o reconhecido pelo nome.

—Prazer Skayler Simon, mas pode me chamar de Skye – ela disse se levantando e estendendo a mão para cumprimenta-lo.

—Elric Moore – ele respondeu meio hesitante e eu percebi pelo canto do olho que ele havia demorado um pouco pra aceitar a mão dela em cumprimento. Curioso.

—Eu sei – ela respondeu e pelo seu tom de voz eu sabia que ela estava sorrindo e eu não precisava me virar para confirmar isso.

Bufei me levantando também – E o que você não sabe, Skye?

Ela deu de ombros – Tem muitas coisas que eu ainda não sei.

Revirei os olhos. Claro, pensei comigo mesmo, mas um dia ela vai descobrir como sempre, por causa de seu poder de clarividência.

Respirei fundo e me virei para encara-lo.

—Oi, Ell – eu disse em voz baixa. Aqui estou eu, de frente pro meu irmão mais velho, depois de três anos sem ver ele – apenas nos comunicamos por telefone algumas vezes – e a primeira coisa que eu falo é um simples oi. Legal isso Moore. Parabéns!

Eu o observei enquanto ele parecia estar em choque ainda não acreditando que eu estava ali, ele havia mudado um pouco nesse tempo que não nos vimos, com certeza ele estava mais forte, pois ele havia ganhado mais músculos que eram visíveis mesmo sobre a blusa de manga comprida cinza, e bem mais bonito também. Meu irmão havia deixado à barba crescer e seu cabelo estava com um topete um pouco maior que o normal e um pouco arrepiado, mas isso não o deixava menos bonito, muito pelo contrário, o deixava bem mais bonito do que antes na minha opinião. Sorri feliz, ao ver como ele havia mudado e como o tempo passou.

—Senti sua falta, maninha – ele disse no meu ouvido enquanto me abraçava.

—Ownn que lindo, me da até vontade de chorar – Skye disse passando a mão nos olhos como se estivesse limpando resquícios de lagrimas que nunca existiram.

Ele pareceu acordar do seu transe e veio até mim rapidamente me pegando pela cintura, me abraçando fortemente, me tirando do chão facilmente por ser mais alto e mais forte que eu. Suspirei de felicidade e enterrei meu rosto na curva do seu pescoço sentindo o seu perfume amadeirado que sempre foi um cheiro característico dele e que eu sempre amei, me sentindo em casa novamente e completamente feliz depois de tanto tempo. Agora sim, não falta nada pra eu ser feliz completamente, pelo menos, é o que eu acho.

—Também senti sua falta.