Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 22
Capítulo 21




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/638259/chapter/22

Eu estou em uma clareira, é o lugar mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. É um lugar amplo, e como eu disse antes, muito bonito, que se estendia até onde a minha visão alcançava, realmente enorme e deslumbrante. Havia pequenas flores roxas e rosas espalhadas pelo chão, embora eu não saiba direito qual tipo de flor que era, havia uma arvore ou outra ali, mas a maior parte era somente grama, baixinha e bem cuidada, era como se alguém cuidasse daquele lugar como se fosse o quintal de sua casa e talvez o fosse mesmo.

Eu não sei onde estou, mas isso também tão pouco me importa, porque eu estou sentindo uma enorme paz e tranquilidade nesse lugar e não hesitei em me jogar naquela grama fofinha e ficar ali deitada, atoa, somente recebendo o sol quentinho que batia na minha pele. Com certeza, esse lugar é maravilhoso e eu não me importo nem um pouco de poder ficar aqui pra sempre e esquecer todos os problemas que me esperavam quando eu voltasse pra casa.

Fechei os olhos aproveitando o sol, me sentindo totalmente relaxada e feliz, como se eu conhecesse esse lugar há tempos e só tivesse voltado para um lugar que já era o meu refugio, quando de repente eu escutei um barulho ao longe, como se algo veloz estivesse se aproximando de mim, rapidamente me levantei parcialmente me apoiando nos cotovelos olhando em volta, e ao longe eu pude ver uma coisa preta e enorme vindo à minha direção, de inicio eu me assustei, mas quando ele foi chegando mais perto eu logo pude perceber que era um cavalo, muito parecido com Zeus, preto dos pés a cabeça, embora ele claramente fosse de uma raça diferente ao qual eu desconheço, mas continua sendo muito bonito.

Ele veio trotando pra perto de mim, e quando chegou perto começou a me rodear, relinchando e balançando o focinho como se quisesse brincar, e eu logo atendi ao seu pedido e me levantei, indo atrás dele quando o mesmo começou a correr, não muito rápido, mas somente há alguns passos na minha frente e toda vez que eu chegava pero o suficiente para toca-lo ele disparava na frente novamente e ficava a uns metros de mim, batendo uma das suas patas no chão como se me chamasse para ir logo atrás dele, um desafio.

Não sei quanto tempo fiquei correndo atrás daquele cavalo, mas pra mim, pareceram intermináveis horas, rindo atoa quando não conseguia pegá-lo e ele acabava fazendo alguma gracinha se desviando e após muito tempo correndo atrás dele eu consegui pegá-lo, bom, eu acho que ele deve ter me deixado pegá-lo, porque eu não acredito que seria tão fácil assim, já que antes eu não havia conseguido encostar nem um dedo em sua pelagem, mas agora, tocando seu pelo eu pude perceber que era muito macio e sedoso, e ele parecia gostar da minha caricia, porque eu tenho quase a impressão de que ele fechou os olhos brevemente quando eu toquei na sua crina.

Sorri, realmente feliz, porque são pequenos momentos que para os outros parecem insignificantes que são os melhores e que com certeza marcam o nosso coração, e não deixa nossas mentes esquecerem.

Calmamente ele começou a andar, me puxando com ele, mostrando que queria que eu o seguisse fazendo um gesto com a sua grande cabeça quando eu parei. Engraçado um cavalo fazer um gesto assim, até parece que ele entende as coisas, mas mesmo assim eu o segui, dando de ombros, o que de mal poderia acontecer?

Nós caminhamos por um longo tempo, e quando digo longo é porque é longo mesmo, me pareceram horas, até que eu cansei e me sentei. O cavalo negro se voltou pra mim, ele já estava há alguns passos longe, e quando viu que eu não sairia daquele lugar, ele dobrou as suas patas dianteiras e depois as traseiras e se sentou atrás de mim para que assim pudesse me apoiar nele, e assim ficamos durante longos minutos assim, enquanto eu descansava, e quando eu descansei um pouco eu subi nas costas do cavalo que se levantou prontamente do chão, continuando o nosso caminho, seja lá pra onde ele esteja me levando, eu simplesmente aproveitei o passeio, me lembrando de quando meu pai levava toda a família para o campo e passávamos horas andando a cavalo pela fazenda, sem nenhum motivo aparente e nem um lugar em mente pra ir.

Não demorando muito tempo pra chegar, o que eu logo percebi porque ele parou de andar e ficou parado durante um longo tempo até que eu finalmente desci de seu dorso e observei em volta.

Estávamos no topo de uma colina, olhando pra trás eu podia ver o longo caminho que havíamos percorrido e olhando para frente, pra onde o cavalo parecia me apontar, eu vi um longo reino e um castelo enorme, surpreendentemente gigantesco e deslumbrante e muito, mas muito brilhante – e eu me pergunto o que há nele, para ele estar brilhando tanto assim, mesmo de longe. Parecia um filme, com todas aquelas pessoas lá embaixo, correndo freneticamente de um lado pro outro cuidando de suas vidas, e mesmo daqui de cima eu pude ver que tinha alegria ali, todos pareciam estar felizes com a sua vida e aproveitando ela ao Maximo, e não parecem estar trabalhando somente por obrigação, e isso era maravilhoso, eu não me lembro de ver uma civilização tão bonita e prospera assim em toda a minha vida, porque embora todos procurem um emprego quando chegam a hora, geralmente é mais por obrigação e não porque gosta, procurando sempre o emprego que vai render mais dinheiro e futuramente.

Uma sensação de familiaridade me preencheu e meu coração apareceu bater mais rápido de alegria, mas eu resolvi ignorar deixar isso de lado por enquanto e ver aonde o cavalo negro queria me levar.

Lentamente e com toda a calma do mundo, nós dois descemos a colina com um vento forte e ao mesmo tempo refrescante batendo em nossos corpos e foi somente nessa hora que eu olhei pro meu corpo e reparei que eu estava de vestido, o que achei super estranho porque é extremamente raro eu usar um vestido simplesmente porque eu não gosto muito, embora eu tenha estado com um esse tempo todo e tenha me sentido confortável, tão confortável ao ponto de perceber somente agora que estava usando um, mas isso agora é totalmente irrelevante, porque eu estou mais curiosa em saber onde eu estou do que qual a roupa eu estou vestindo, e por isso eu continuei o meu caminho ao lado do cavalo negro que eu não fazia ideia de onde tinha vindo e nem porque tinha me levado até ali, embora eu tivesse a sensação que eu vou descobrir algo nesse lugar.

Quando chegamos ao que me pareceu ser o mercado, eu fiquei encantada com a variedade de coisas, de pessoas, música e diversas outras coisas, e eu não sabia pra onde olhar e acabei ficando girando nos calcanhares observando tudo e todos, totalmente fascinada.

Uma musica muito animada era tocada de algum lugar daquele mercado, embora ela fosse alta e eu não pude perceber quem a estava tocando, mas isso só me impeliu a continuar andando pra tentar achar quem estava tocando. No caminho, eu andei no meio de diversas barracas que vendiam diversas coisas, desde roupas a alimentos exóticos, mas estranhos ao mesmo tempo.

As pessoas pareciam não me ver, mas abriam caminho para o cavalo negro que ainda me guiava pra algum lugar e por isso foi mais fácil transitar no meio de toda aquela confusão, e o que facilitou para eu sumir no meio deles quando eu avistei uma praça e vi que tinha um monte de gente envolta da mesma parecendo observar alguma coisa, e foi isso que me atraiu até lá.

A música estava sendo tocada por um pequeno grupo de cinco pessoas, sendo que uma toca uma espécie de tambor – eu acho -, outra pessoa tocava um violino, outra uma flauta, um alude e uma harpa. A musica era bem animada e havia diversas pessoas dançando, pulando e rodando ao som da mesma, algumas outras pessoas paravam e deixavam umas moedas caírem dentro do chapéu de um dos músicos que estava no chão, provavelmente com esse propósito, eu me peguei batendo palmas junto com outras pessoas que estavam bem animadas com a musica daquele grupo.

Eu fiquei ali, parada, extasiada com a música que eles tocavam, sendo contagiada pela alegria de todos durante um momento que pareceu infinito, mas uma hora ou outra eles teriam que parar, e mesmo sabendo disso eu não pude não deixar de ficar triste quando eles pararam, agradeceram a todos e foram embora levando quase toda a alegria que eles haviam ajudado a construir naquele momento.

Suspirei e virei nos calcanhares, procurando aquele cavalo negro que estava me guiando antes. Por um ínfimo momento eu achei que não iria encontra-lo  e que ficaria perdida naquela cidade que eu não conheço sozinha, mas eu o encontrei, quase no mesmo momento em que comecei a procura-lo. Ele estava parado, do outro lado da praça me encarando, e quando ele percebeu que eu havia o encontrado ele relinchou, me chamando e rapidamente eu fui até ele.

Nós continuamos andando por meio a multidão, até que chegamos o castelo, e ele era ainda mais surpreendente de perto do que de longe. Ele era cercado por longos muros, que tinha roseiras por quase todo ele, algumas rosas estavam floridas e diversas cores de rosas se estendiam sobre o mesmo, era uma cena linda e se ver, embora eu soubesse que eles plantaram roseiras sobre o muro, como um modo de impedir que inimigos escalem os muros e invadam o castelo, mas não deixava de ser uma visão maravilhosa.

É claro que não poderia faltar um rio em volta do mesmo, e um portão, que quando aberto – que era o caso agora – formava uma ponte entre o castelo e o reino.

Até aqui, todos pareciam felizes com os seus trabalhos e agitados, correndo de um lado pro outro carregando coisas diferentes e em sua pressa eles nem me notaram e nem ao enorme cavalo ao meu lado. Quando passamos pelos portões, eu joguei a minha cabeça pra trás para ter uma melhor visão do castelo, que continha diversas torres, cada uma em seu topo havia uma vidraça desenhada, cada uma com uma vidraça diferente, como se contassem uma história, e mesmo comigo estando muito longe para conseguir decifrar o que cada uma continha, eu consegui perceber que eram maravilhosas e eu definitivamente tiro o meu chapéu para o artista.

Além das torres com suas incríveis vidraças coloridas, havia estatuas de anjos e outros seres que eu não consegui identificar, sobre cada uma das torres, cada uma delas parecia estar com instrumento musical, além de que todo o castelo continha desenhos em espirais ou arabescos em dourado, e eu fiquei me perguntando se era ouro de verde ou somente tinta dourada, mas eu não duvido nada que seja ouro que eles usaram pra fazer esses desenhos maravilhosos.

Agora eu consigo entender porque o castelo brilhava de longe, o ouro nas paredes, e as vidraças mais o sol contribuía para que o mesmo brilhasse fortemente, e tivesse uma coisa especial e diferente que eu nunca tinha visto em lugar nenhum, nem em fotografias, filmes ou livros. O Castelo Dourado era único.

Eu fiquei tão deslumbrada com o castelo que quando eu me virei para olhar pro cavalo negro que tinha me acompanhado até ali, eu percebi que o mesmo não estava do meu lado, o mesmo havia sumido!

Comecei a andar pelo terreno no castelo em busca dele, mas não adiantava em nada se eu não podia perguntar a alguém se eles tinham visto o cavalo, porque era como se eu não existisse e isso estava me deixando frustrada, mas aí, eu encontrei um lindo jardim na parte de trás do castelo e foi como se eu esquecesse que eu estava procurando um animal filho de uma mãe, que me trouxe até aqui e depois me abandona.

Comecei a andar pelo jardim, observando as diversas plantas que havia ali, desde pés de frutas, a delicadas flores, era tudo muito lindo, e eu não consegui tirar a sensação do peito de que eu já estive ali antes, essa sensação ficando cada vez mais forte enquanto eu adentrava mais o jardim.

De repente eu ouvi risos, riso de crianças, e alguma coisa me fez ir até onde eles estavam, e quando eu os encontrei acabei abrindo um sorriso involuntário no rosto ao observar duas crianças de mais ou menos oito ou nove anos, brincarem de pega-pega no jardim. As duas crianças pareciam amigas, ou até mesmo irmãos, porque ambos continham lindos e inusitados cabelos brancos como a neve.

 A menina possuía cabelos longos e lisos até a cintura, que se balançavam enquanto a mesma corria, e quando ela se virou por um momento, com um lindo sorriso no rosto, eu pude ver que ela continha olhos azuis como o céu. E quando o menino se virou pra mim, eu fiquei encantada com o seu doce sorriso, e teria ficado maravilhada com os seus olhos se eles não me parecem tão familiares, e pela primeira vez, desde que eu apareci nesse lugar, alguém me notou e foi ele que me encarou com os seus olhos heterocromáticos, um azul como o céu e outro dourado como o ouro e...

—Ei! Acorda! Anda logo, Victoria! – alguém chamava o meu nome impacientemente enquanto me sacudia, eu resmunguei alguma coisa ilegível e enterrei o meu rosto nos braços novamente, querendo voltar pro meu sonho – Finalmente! Achei que tinha entrado me coma.

Suspirei e retirei o meu rosto dos meus braços olhando para o ser irritante que havia me acordado. Skye estava encostada na parede de braços cruzados, me encarando com o cenho franzido. Eu a ignorei por um momento e observei o lugar a minha volta tentado me livrar do estupor que eu ainda estava por causa do sono.

Ah! Eu ainda estava naquele café, sentada em uma mesa nos fundos junto com Skye, nós duas estávamos esperando tia Serenity voltar da sua reunião secreta com sabe se lá quem, e nos deixou esperando aqui, nesse café aconchegante, mas que não tem absolutamente nada pra fazer, e depois de horas dentro daquele avião de volta para a Capital, eu estava muito Canadá e por isso não me sinto culpada por ter colocado os braços sobre a mesa e tirado um cochilo, mas Skye parecia estar com raiva de algo, talvez pelo fato de sua mãe estar demorando, ou por estar entediada e não ter nada pra fazer, ou por eu ter deitado e dormido e não ter deixado um espaço na mesa pra ela ter feito o mesmo. Talvez todas essas coisas juntas, vai saber. Essa garota costuma ser mais doida que eu às vezes.

O fato é, que esse cochilo que eu tirei não ajudou em nada, porque eu ainda estou cansada e tive outro daqueles sonhos esquisitos, e Skye me acordou antes que eu pudesse descobrir onde eu estava e o que estava acontecendo, portanto, agora tinha duas pessoas mal-humoradas naquela mesa.

—Ela ainda não voltou? –perguntei me espreguiçando, esticando os braços acima da minha cabeça.

—Não – ela bufou – Ela podia ter deixado à gente em um lugar mais confortável pelo menos.

—Também acho. Assim eu poderia dormir mais.

—Tá reclamando do que? Você dormiu por duas horas.

—Serio? – perguntei surpresa. Nem parecia que foi tanto tempo assim.

Ela concordou com a cabeça, mas antes que eu pudesse fazer qualquer comentário uma garçonete chegou na nossa mesa com uma badeja e colocou uma xícara na minha frente e outra na frente de Skye, e uma cesta com biscoitos no centro da mesa. Olhei para minha xícara e constei que era café com leite, meio a meio do jeito que eu gosto, agradeci a Skye com um gesto e sorvi um gole da bebida, que automaticamente aqueceu o meu interior. Delicioso.

Ambas, comemos e bebemos em silencio, e quando estávamos quase terminando, Skye abaixou a sua xícara e focou o eu olhar no nada, claramente tendo uma visão, eu também abaixei a minha e a esperei “voltar” e me dizer o que havia visto.

Quando seus olhos se focaram novamente, ela murmurou alguma coisa e se levantou abruptamente da cadeira e sair porta a fora como um furacão, rapidamente eu me levantei pronta pra ir atrás dela, mas fui barrada na porta por uma das garçonetes me lembrando que eu não havia pagado a conta, resmungando por aquela mulher estar me atrasando eu tirei algumas notas do bolso e as entreguei pra moça, talvez mais que o suficiente pra pagar o nosso pequeno lanche, mas tanto faz, agora eu preciso encontrar uma louca que pode estar em qualquer lugar agora.

Olhei para os lados a procura dela e senti alguns pingos de chuva cair sobre o meu rosto. Olhei para o céu e pude perceber que logo começaria a chover, devido as grossas nuvens que estavam no céu, então colocando o meu capuz comecei a andar em busca de Skye, e nem precisei andar muito, porque de repente três seres estranhos passaram correndo por mim quase me derrubando e quando eu ia abrir minha boca pra mandar eles terem cuidado por onde andam, Skye passou do meu lado corendo e quase me derrubando também.

—Mas o que...?

Balancei minha cabeça, me livrando de qualquer suposição que estava se formando nela e corri atrás da loira desmiolada, quando eu estava quase a alcançando uma explosão muito alta me fez cambalear um pouco e parar. Olhei pra trás e um prédio, naquela mesma rua que estávamos antes, na cafeteria havia explodido, mal percebi quando Skye chegou ao meu lado, eu estava petrificada olhando pro fogo consumir o prédio e a fumaça subir pro céu, só fui perceber quando a mesma me deu um empurrão que quase me fez cair.

Qual é!? Todo mundo quer me jogar no chão agora é!

—Eu falei pra ir desarmar aquela bomba daquele prédio, e agora ele explodiu! Você é surda ou o que?

—O que? – perguntei surpresa, do que ela estava falando? Quando ela disse isso, que eu não ouvi?

 Ela suspirou e se virou, começando a andar.

—Esquece. Depois nos resolvemos isso. Agora nos temos que pegar os culpados.

Skye começou a correr e eu logo fui atrás dela, será que era aqueles três seres encapuzados que passaram por mim antes, porque se for, eu vou ensinar a eles boas maneiras quando os pegar.

—Ali! – Skye gritou apontando um pouco mais pra nossa frente, parece que eles não são tão rápidos assim, vai ser fácil pegá-los.

Mesmo que eles não fossem muito rápidos, eles ainda tinham uma distância considerável da gente, e eu tinha que fazer algo contra isso o mais rápido possível, mas Skye foi mais rápida do que eu e tirou uma arma do coldre que estava na sua cintura, e ainda correndo ela mirou em um e atirou, acertando em cheio na sua perna, fazendo com que ele aprece de correr e quase caísse no chão. Os outros dois pararam de correr e voltaram para ajudar o amigo baleado, mas eu rapidamente acelerei a minha corrida e aproveitando o embalo me joguei sobre um deles, o jogando no chão, ele lutou para se soltar, mas eu rapidamente o dominei com uma chave de braço e ele ficou quietinho.

Havia sobrando dois, o com a perna machucada e o outro, que quando me viu derrubando o seu amigo, logo soltou o machucado e ia começar a correr, se não fosse por Skye, chegando e o derrubando quase da mesma forma que eu, mas em vez de fazer uma chave de braço no carinha, ela simplesmente apontou a arama que ainda estava na sua mão pra cabeça dele, o que o fez ficar quieto na hora.

Só sobrou o que estava com a perna machucada, mas ele não iria tão longe, então eu nem preciso me preocupar muito com ele, eu simplesmente vou deixar ele tentar se afastar de nós duas. 

Skye acabou guardando a arma e decidiu ficar somente sentada em cima dele, não me surpreende que ele não tente sair, do jeito que ela é gorda ele custaria a sair de baixo dela, ela só não pode saber que eu estou pensando uma coisa dessas dela, porque se não seria eu a ser esmagada por ela. Eu também estava sentada confortavelmente de frente pra ela, depois que soltei o cara da chave de braço,– embora eu não soubesse quem ou o que ele era – eu só estava esperando minha irmãzinha explodir, e se eu a conhecer bem, não deve demorar...

—A culpa daquele lugar ter explodido é sua! – ela gritou pra mim, só faltou apontar o dedo pra minha cara, pra terminar de me acusar.

—Minha culpa? Porque minha culpa? – eu indaguei surpresa, apesar de ter uma leve suspeita de que sei o que ela estava falando.

—Porque eu lhe disse que era pra ir até o porão e desarmar aquela bomba – respondeu ela, como se fosse obvio, talvez o fosse...

—Mentira! Pura calunia! Você só murmurou alguma coisa ilegível e saiu em disparada porta a fora – me defendi – E como eu não entendi o que você disse, a primeira coisa que eu fiz foi vir atrás de você. Vai que você deu à louca e queria se jogar de uma ponte?

—Que ponte?! – ela perguntou já exaltada, mas com um pouco de ironia na voz.

Os carinhas que havíamos derrubado, estavam bem quietos talvez com medo de que nós atiremos neles, vai saber, até mesmo

—Vai saber, do jeito que você anda meio doida esses dias – respondi dando de ombros, não duvido de nada nesse mundo.

—Ei! Doida é a sua mãe!

—Epa! Não coloca minha mãe no meio não –  avisei apontando o dedo pra ela – Se tem algum problema comigo, vem aqui resolver.

Ela se levantou pronta pra responder ao desafio que eu havia lançado, mas de repente ela parou e olhou pra algum ponto atas de mim.

—É você! – ela disse do nada apontando um dedo pra quem quer que tivesse atrás de mim, nem me virei pra ver quem era, se fossem inimigos já teriam nos atacado, se fosse tia Serenity também já teria nos atacado, provavelmente com raiva de termos explodido um prédio, embora não fosse nossa culpa, pelo menos não totalmente..

—O que? Eu o que? – uma voz rouca e masculina indagou surpreso, e essa voz me é familiar... da onde eu a conheço?

Pelo canto de olho eu vi Skye retirar o seu capuz e retirar os seus cabelos do meso, antes de dar um passo à frente na direção do homem que estava atrás de mim e lhe estender a mão, eu voltei meus olhos para o cara que Skye havia derrubado e o mesmo fez menção de se levantar, mas quando viu meu olhar pra ele, ele logo se aquietou no chão novamente.

—É um prazer conhecer você, Anthony Makalister.

Ai Meu Deus! É ele! De toas as pessoas possíveis no mundo para estarem aqui, tinha que ser logo ele? Provavelmente ele deve guardar rancor de mim, porque eu fui embora sem me despedir, logo depois de ficarmos tão próximo, tão amigos...

—Prazer... Mas eu creio que não a conheço. – ele disse, aceitando a mão estendida dela.

Skye riu, e eu também acabei rindo, é claro que ele não a conhecia, nunca tinha se visto antes, mas Skye já o viu em suas visões, como eu disse uma vez: ela vê tudo e todos que ela conhece ou vai conhecer, todos aqueles que tem de alguma forma uma ligação com ela, agora só me resta saber quando ela viu ele, e o que era essa visão

—E não conhece mesmo, mas vai conhecer, teremos tempo pra isso. Sou Skye Simon. – ela se apresentou.

—Você por acaso é alguma parente de Serenity Simon? – ele indagou depois que ambos se cumprimentaram e soltaram as mãos. Skye bufou indignada.

—Eu vou parar de dizer meu sobrenome – ela murmurou pra si mesma.

Não pude conter uma risada, é claro que ela esta chateada, por mal termos chegando na Capital e as pessoas daqui já a julgarem por ser filha de Serenity, ela queria ser reconhecida por ela mesma, e não por ser filha de uma Guardiã famosa, de certa forma eu consigo entende-la.

Me levantei, tirando uma arma do coldre e apontar paras os caras que havíamos derrubado como um aviso de que se eles movessem um músculo eu atiraria sem dó nem piedade, eles pareceram entender bem.

—Não sei se isso vai adiantar muita coisa. Vocês duas são quase uma a copia da outra – comentei me virando e retirando o capuz, balançando meus cabelos para que eles se vissem livre do manto, e encarando ele diretamente, com um pequeno sorriso nos lábios – Olá, Tony.

—Você! – Zoe confirmou o obvio, falando pela primeira vez desde que esse dialogo havia começado e me fazendo perceber pela primeira vez que ela estava ali, embora eu não soubesse porque e nem pra que, visto que ela é uma completa inútil.

—É claro que sou eu, quem mais seria? O papai Noel? – perguntei retoricamente, soprando pra fora do seu rosto uma mexa do meu cabelo que havia caído em meu rosto. Como Zoe não respondeu nada, provavelmente tentando achar uma resposta pra minha pergunta, eu me virei pra Anthony de novo e sorri ao ver seu rosto chocado – O que foi gente?  Parece que vocês viram um fantasma.

Talvez eles tivessem, embora essa analogia não fosse totalmente correta, porque eu não era a mesma de antes, eu havia mudado em diversos aspectos, e somente tem uma pequena parcela em mim do que eu era antes, um fantasma por assim dizer, mas agora que eu voltei às coisas vão ser bem diferentes. Não vou deixar que façam o que quiserem, agora é um novo jogo e eu criei as regras, e todos vão jogar de acordo com elas. Não me importo se não quiserem jogar, só não reclamem depois se você for eliminado.

Agora não é simplesmente um desejo de vingança que me move, agora que aprendi a focar meus ideais em outra coisa não vai ter nada nem ninguém que possa me impedir. Só desejo a todos uma boa sorte, porque com certeza vão precisar, porque tudo está prestes a mudar e somente os que seguirem as minhas regras vão sobreviver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vigilantes do Anoitecer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.