Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 21
Capítulo 20




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Os dias foram passando rapidamente que eu mal percebi que se passaram três anos desde que eu vim treinar com a tia Serenity, eu realmente aprendi muito aqui e não me arrependo deter saído da “Cidade dos Sonhos” para vir morar aqui, em alguns aspectos, essa cidade chega o mais perto de sonho do que a nossa cidade central. A vida simples, em meio à natureza, com pessoas simples e tranquilas, tirando o fato de ter lobos do tamanho de cavalos andando tranquilamente nas ruas como se fossem cachorrinhos normais, e o que mais me deixa abismada é o fato de que todos os moradores daqui andam no meio deles como se isso fosse normal, mas no meu mundo isso não é normal, nunca vai ser. Vê se pode uma coisa dessas? Eu custei pra me acostumar com Lunna, o lobo branco de estimação de Skye, agora pedir que eu me acostume com uma matilha inteira de sabe-se lá com quantos membros, aí já é pedir demais. Mas fora isso, aqui é bem normal e fácil de levar.

Eu não sei que é mais cansativo: as aulas de luta, ataque e defesa ou as aulas de magia. O primeiro me esgota fisicamente, o segundo mentalmente e dependendo do treino eu não sei qual é pior.

Há alguns meses atrás eu aprendi três maneiras para tentar driblar as visões de Skye:

Não pensar, só atacar.

Pensar em uma coisa e quando chegar perto dela mudar totalmente a estratégia sem dar tempo para que ela possa prever o movimento.

Pensar em mais de um ataque de uma vez, sem se fixar em nenhum.

O primeiro, não é muito eficiente e a maioria das vezes eu termino no chão soltando todos os tipos de pragas que eu consigo me lembrar pra cima de Skye. O segundo... Bom, digamos que com treino eu posso aperfeiçoa-lo, ele ainda não é perfeito, mas já consegui acertar Skye algumas vezes usando essa tática. E por ultimo, mas não menos importante: o terceiro, aquele que me dá diversas oportunidades e desde que eu aprendi a usar essa tática corretamente eu pude descontar em Skye alguns socos. Não que eu não apanhe mais, só que diminuiu, e muito e se continuarmos treinando assim em breve eu vou conseguir desviar dos golpes dela e lhe dar mais alguns. Agora é ela quem esta trabalhando para tentar adivinhar da onde e como vai vir o meu golpe. Eu disse que mina vingança ia ser maligna, não disse? Não? Pois eu disse agora. E eu estou amando isso. Tia Serenity me disse pra não deixar isso me subir à cabeça porque uma hora eu poderia me distrair e acabar me machucando feio e ela não iria se responsabilizar por isso, eu levei isso a serio e desde então eu tenho prestado atenção antes de agir... nem tanto assim porque se não Skye descobre o que eu irei fazer em seguida e digamos que eu estou feliz em poder voltar pra casa no fim da noite andando, com dores, mas andando, e ela com alguns machucados que eu consegui provocar nela.

As aulas de magia costumam ser mais cansativas mentalmente do que os meus treinos diários com Skye. Por um lado, eles estão sendo muito bons porque tia Serenity sabe incontáveis feitiços que a Ordem não sabe ou que eles não usam por acharem que são ineficientes, mas como a tia disse: “Nenhum feitiço é inútil na hora do aperto”. E sinceramente, eu acredito nela. Eu aprendi a controlar melhor os elementos e como usa-los a meu favor, e manipula-los para se misturarem a certos tipos de armas que eu tiver a mão. Agora, eu me sinto bem mais segura em usar a minha foice, que há tempos eu havia escolhido lá na Ordem, mas não a usei com medo de machucar alguém porque eu não soube maneja-la direito, embora, agora eu também tenha pegado certo gosto por outros tipos de armas como: uma besta, uma espada e na maioria das vezes o próprio corpo a corpo, e no fim das contas esse sempre vai ser um dos melhores jeitos para se derrotar uma pessoa, principalmente se você souber pressionar certo ponto no pescoço do individuo, fazendo-o desmaiar. Pratico.

Além das aulas de magia havia alguns rituais que tia Serenity nos ensinou para ficarmos mais conectadas com a natureza, porque é dela que nós tiramos a força para poder usar nossa magia. Alguns eram muito estranhos por serem os mais antigos, mas esses também eram os mais eficientes, e depois que ficamos sabendo disso, Skye e eu não reclamamos mais. Outros eram bem interessantes de se fazer, e eu gostei de aprender e praticar esse lado da cultura wicca que eu não sabia que existia, foi uma nova experiência me conectar com a natureza e tudo ao seu redor, e às vezes a magia vinda do próprio solo pode ser mais letal do que a espada mais afiada.

Uma das melhores e mais letais armas que pode existir é o nosso próprio corpo, isso é claro se soubermos como usa-lo, quem vai supor que uma garota pequena como eu – porque eu infelizmente sou baixinha – Saber como deixar alguém inconsciente em questão de segundos? Quase ninguém, e esse é o ponto. Não importa em qual época ou em qual planeta vivemos, a nossa sociedade sempre vai ser machista, quer nós queremos admitir ou não, e esse é o pior erro deles, porque eles nunca desconfiariam de mim. E isso é uma vantagem, e como estamos próximos de uma guerra – pelo menos é o que eu sinto – vence o lado que for mais esperto e não é de hoje que todo mundo sabe que as mulheres são mais inteligentes que certos homens, embora nenhum deles vá admitir isso.

Mas os treinos não se resumiam só a isso, ás vezes em dias de chuva e/ou ventania, e que nenhuma de nós três queria sair de casa no frio, nós ficávamos lá dentro mesmo de pijama e tia Serenity nos ensinava um monte de truques em computadores, como hackear, como descobrir certas informações de tal pessoa ou determinado local, e muitas outras coias – coisas que ela aprendeu somente há alguns anos atrás, porque ela precisou usar em uma missão. Esses dias ou noites eram muito divertidos, e nos divertíamos muito hackeando certas câmeras de seguranças e assistindo umas pessoas que fazem certas coisas sem nenhum medo de serem pegas... o que acaba acontecendo depois, por meio de denuncias, será porque?

Foram pequenos momentos como esses, em que nós três nos reunimos sem ter nenhuma arma apontada para o meu pescoço ou algo parecido, que fizeram esse tempo aqui ser inesquecível, tia Serenity acabou se tornando uma tia pra mim e não somente mais um titulo a ser chamado e Skye se tornou realmente uma irmã pra mim – mais chata que o normal, mas tudo bem, da pra aguentar.

—Você esta com a guarda baixa – eu disse depois que nossas espadas se chocaram novamente, formando um “x”, nossos olhares se encontrando por cima das espadas.

—Impressão sua – ela respondeu com um sorriso de canto e empurrou a sua espada contra a minha com força, me fazendo recuar alguns passos.

—Será? Já fiz dois cortes em você sem nem me esforçar, estou achando que você não esta prestando atenção no nosso treino.

E eu havia feito dois cortes mesmo, um na sua perna esquerda e o outro no seu braço direito, e sinceramente eu estava me sentindo um pouco culpada agora, vendo esses machucados que na estavam nada bonitos. Skye desviou o seu olhar do meu e deu uma olhando seu corpo, avaliando a extensão dos machucados. Ela abaixou a sua espada, uma clara mensagem que ela realmente não queria continuar com o nosso treino, suspirei e deixei meu corpo cair no chão. Eu estou muito cansada e dolorida, e isso não é nenhuma atividade ultimamente.

Tia Serenity havia viajado há algumas semanas e havia deixado o treinamento por nossa conta, e acabou que Skye e eu só seguimos a mesma rotina que tínhamos quando tia Serenity estava em casa, só que dessa vez sem a supervisão da mesma, e isso incluía levantar cedo – o que eu ainda acho um saco – e depois de tomar nosso café da manhã seguimos direto para o Galpão de treinos e ficamos quase o dia todo lá, e só paramos quando precisamos ir ao banheiro ou para comer alguma coisa. Em casa, Skye e eu dividimos as tarefas, uma semana eu cozinho e ela arruma casa e na outra nós invertemos. Já fizemos isso outras vezes e conseguimos sobreviver, e até agora não botamos fogo em nada, então posso dizer que estamos bem, por enquanto.

—Em que você está pensando? – questionei depois de um momento de silencio entre nós duas, ela havia me imitado e sentado no chão também, nossas espadas largadas no chão ao nosso lado – Ou melhor: que você viu que esta te deixando assim?

—Eu não sei dizer...

—Como assim não sabe?

—Simplesmente não sei – ela suspirou e se deixou cair no chão, colocando um de seus braços em cima dos seus olhos, os tampando – As minhas visões ultimamente estão muito embaçadas e difusas. Ás vezes, eu não consigo se quer prever os seus movimentos quando estamos treinando, mesmo quando eles estão tão óbvios. E isso esta me preocupando.

Um silencio sepulcral se instalou entre a gente, enquanto eu processava o que ela havia me dito e ela parecia refletir sobre algo.

—E... Quando isso começou?

—Há alguns dias atrás, pouco tempo depois que mamãe saiu em missão.

—E você consegue distinguir algo?

—São somente borrões. Em algumas dessas visões eu tenho a impressão de ver você e um homem que eu desconheço, outras vezes eu tenho a impressão de ver... – ela pareceu hesitar, decidindo se falava ou não, por fim ela deu um suspiro e continuou – De ver o meu pai.

—Ahh.

Idiota, penso. Ela fala do pai e você só fala isso. Muito sensível Moore.

Há alguns meses atrás eu descobri quem era, ou melhor, é o pai de Skye. Nada poderia me deixar mais surpresa ao saber que o pai dela pertence à Câmara dos Lordes, e eu só juntei dois com dois e descobri que o pai dela pertence à Casa Gemini, a casa dos videntes e é por isso que Skye consegue prever o futuro, mas ao que parece, o pai dela não sabe da existência dela porque Serenity não quis contar, eu achei isso muito estranho e perguntei para ela do porque dela não ter contado, e a sua resposta foi bem fria:

—Porque no dia que eu ia contar pra ele sobre a gravidez ele terminou comigo porque disse que não poderia ficar se envolvendo com uma Guardiã, porque isso faria mal pra reputação dele, e como se não bastasse ele disse que estava noivo de uma outra mulher da sua Casa. Acho que se eu contasse sobre a gravidez, ou ele iria rejeitar o meu bebê ou iria tira-lo de mim, e nenhuma das opções me pareceu muito agradável época isso. Então eu sumi do mapa, e só voltei depois de alguns anos quando Skye estava maior, e eu nunca o vi outra vez e nem quero, e ele também não sabe sobre Skye e nenhuma de nós duas queremos ele por perto.

Somente isso bastou para encerrar o assunto e nem eu quis perguntar algo relacionado a isso, porque eu vi como ambas ficaram abaladas quando eu toquei no assunto mais cedo, porque estávamos falando sobre família e eu acabei tomando coragem e perguntei, se eu soubesse que o clima ia ficar mais frio d que nos polos da Terra eu não teria perguntado.

Skye me falou um dia, que não tem vontade de conhecer o pai dela, embora eu ache que no fundo ela deve ter algumas perguntas pra ele, embora ela nunca vá dizer isso em voz alta, e agora, ela esta tendo visões com o pai que ela não quer conhecer, e que provavelmente vai ao futuro, porque ela me disse que ela só tem visões com pessoas que estão relacionadas com ela de algum modo ou vão se relacionar, e eu posso ver que ela esta preocupada com isso.

—Isso é uma droga – ela disse depois de um momento em silêncio.

—O que?

Ela suspirou e pegou um impulso para se sentar e me olhar nos olhos.

—Alguma coisa grande esta vindo, eu só não sei o que é e nem o que vai acontecer, por causa dessas malditas visões que estão embaçadas.

—Que tipo de coisa?

—Eu acho...

Skye foi interrompida quando começamos a ouvir um grande barulho vindo do lado de fora, nós nos levantamos rapidamente e corremos pra fora do Galpão de Treinamento para vermos o que era e quando saímos fomos tomadas por uma forte rajada de vento que estava quase empurrando nós duas para trás, mas nós firmamos os pés no chão e cobrimos o rosto para proteger da poeira que a ventania estava levantando. O barulho era ensurdecedor, mas aos poucos ele foi diminuindo até parar gradativamente, e graças aos céus que também parou de ventar e pudemos ver o que havia causado tudo aquilo.

Parecia um enorme pássaro de metal, e eu tive a impressão de já ter visto uma coisa aquelas até que eu lembrei que eu vi aquilo na Ordem, é uma nave usada em missões, se eu não me engano o nome desse tipo de nave é Falcão XV, por ser a nave mais rápida de todos os tempos, da mesma forma que o falcão, uma ave típica da Terra e é o pássaro mais veloz de todos. É claro que existem outros animais bem rápidos típicos de Andrômeda, mas o Falcão I era um protótipo de nave de guerra da Terra, muito antes deles sequer imaginarem que teriam que sair do seu planeta natal porque ele estava sendo totalmente destruído, e ao longo dos séculos, diversos cientistas e engenheiros estudaram esse projeto durante anos e só foram aperfeiçoando ele cada vez mais, hoje, temos uma nave capaz de se tornar invisível enquanto sobrevoa os lugares, e sua velocidade poderia ser comparada a velocidade da luz... Talvez um pouco mais de vagar, porque se isso de fato acontecesse, abriria diversos buracos de minhoca em Andrômeda e isso não seria nada bom, sabe-se lá o que vai sair daqueles buracos.

A poeira abaixou e as turbinas foram desligadas, deixando somente um eco do barulho de antes, até parar completamente. Eu acho que fiquei surda. Serio. Meus ouvidos estão zunindo, parecendo com vez que eu fui a uma festa na escola e eu fiquei perto dos alto-falantes que estavam tocando uma musica muito alta, na hora eu não senti nada de estranho, mas quando eu sai da festa eu estava um pouco surda e com os ouvidos zunindo, e exatamente essa sensação que eu estou sentindo agora.

A porta da nave se abriu, e eu e Skye nos aproximamos devagar depois de olharmos uma pra outra, em um acordo silencioso de ver quem era antes de atacarmos, pois podia ser algum inimigo e é claro que não sairmos desprevenidas do Galpão de Treino, por isso pegamos as espadas que estávamos usando para o treino há alguns minutos atrás, para termos um meio de nos defendermos sem precisar os punhos caso precisássemos nos proteger. Vai saber o que está lá dentro.

Andamos devagar, até chegar à parte de trás do avião, onde a porta estava aberta. Escutamos passos e logo soubemos que fosse o que fosse que estivesse lá dentro, estava andando e indo em direção à saída onde nós aguardávamos para ver quem era nosso visitante. Primeiro eu vi botas pretas, daquelas com estilo militar e que são bem comuns de se verem na Ordem por serem muito resistentes, em seguida as pernas com uma calça que eu logo pude distinguir serem de um uniforme e pelos contornos eu pude perceber que era uma mulher e eu tive realmente uma confirmação de quem era e de que eu realmente conhecia essa pessoa, quando ela terminou de descer a rampa e abriu um largo sorriso pra gente.

—Olá meninas! Sentiram saudades?

Eu e Skye abaixamos as espadas e meio que exclamamos juntas:

—Mamãe!

—Tia Serenity!

—Ora, fico algumas semanas fora e vocês nem parecem felizes em me ver – ela disse parecendo ultrajada e colocando uma mão sobre o peito, fazendo drama.

Nós nos tocamos que não havia perigo nenhum e que era apenas a tia Serenity que chegou triunfantemente na sua própria casa, quase nos matando de susto, só podia ser ela mesma, pra fazer uma coisa dessas, chegando assim, sem avisar que voltaria pra casa hoje. Mas fazer o que se estávamos com saudades dela que ficou tanto tempo fora? É claro que nos largamos às espadas e corremos em sua direção, pulando em seus braços que ela havia aberto para nos receber, e ficamos em um braço triplo durante alguns momentos antes que a soltamos e nos afastamos um pouco.

—Vamos entrar, meninas. Tenho muito que contar, mas antes eu quero saber um pouco sobre vocês e o que fizeram nessas semanas que eu estive fora.

Nós três nos dirigimos para dentro de casa, eu fui até o banheiro pegar a caixa de primeiro socorros para cuidar dos machucados de Skye, que a mesma parecia tê-los esquecido, quando eu voltei à sala, Skye estava sentada no sofá e a minha tia estava ligando um computador na nossa televisão. Me sentei ao lado de Skye e a olhei interrogativamente, tentando saber se ela sabe alguma coisa, mas ela deu de ombros e parecia também não saber de nada, deve ser por causa das visões dela que estão confusas ultimamente, é uma droga isso, porque isso podia deixar de ser chato pelo menos uma vez se ela soubesse me dizer o que estaria acontecendo, mas não posso culpa-la, algo deve estar acontecendo com ela para bloquear suas visões assim.

Minha tia se sentou em uma poltrona, e perguntou como havia sido essas semanas sem ela, nos lhe contamos tudo que conseguimos lembrar enquanto eu cuidava dos machucados de Skye e os enfaixava, inclusive que eu dei um soco no meio da cara de Ulric semana passada e que eu teria batido mais se Skye não tivesse me segurado e me levado pra longe, e para me acalmar ela disse que já teve uma visão em que nós duas batíamos nele, mas é em outra época e outro lugar, e que se eu batesse nele naquele momento poderia mudar aquela visão e eu nunca teria a minha tão amada vingança de meter porrada naquele cara que me irrita desde o dia que cheguei nessa cidade. Fora isso, nossa semana foi bem tranquila e nós só ficamos em casa treinando, ás vezes treinando só o braço e a boca em frente ao sofá e a televisão, se é que me entende, mas essa parte nós não precisamos contar a ela.

—O que a senhora tem feito durante essas semanas, mamãe? – Skye questionou depois que acabamos de contar nossas “aventuras” dentro de casa – E porque a senhora chegou aqui com essa nave e sem avisar?

—Sem avisar? Skye, minha filha, pensei que você iria me ver chegando como todas as outras vezes. Eu nunca precisei avisar que estava voltando porque você sempre via – ela se inclinou na cadeira e encarou Skye que agora tinha o olhar baixo – O que esta acontecendo aqui?

—As visões delas estão embaçadas e confusas – eu expliquei – Ela não esta conseguindo ver as coisas muito bem.

Tia Serenity levantou uma sobrancelha

—E desde quando isso esta acontecendo?

—Começou alguns dias depois que você viajou – Skye respondeu dessa vez.

Tia Serenity franziu o cenho e se recostou na cadeira cruzando os braços, ela aprecia estar refletindo algo, e eu e Skye nos mantemos em silencio esperando ela falar algo, durante um momento que pareceu interminável até que por fim ela suspirou.

—Esta acontecendo mais cedo do que eu imaginava – ela murmurou, parecendo falar com ela mesma, depois ela se virou e nos encarou – Eu tenho que contar uma longa história a vocês, mas será que uma de vocês duas poderia me trazer um copo com água? A viagem foi muito longa e cansativa e essa história vai ser mais ainda.

Skye prontamente se levantou e foi até a cozinha, pegar um copo com água, e eu fiquei na sala observando tia Serenity se levantar e ligar o computador e a televisão, abrindo algumas pastas que estavam escritas: “CONFIDENCIAL”, e depois deixando em uma que tinha algumas fotos que não dava pra ver de longe.

Antes que eu pudesse observar mais, Skye retornou com uma bandeja com três copos e uma jarra cheia de água, colocando ela sobre a mesinha de centro da sala e em seguida entregando um copo cheio a sua mãe, que sorveu o liquido rapidamente.

—Obrigada.

—Por nada.

Sky se sentou ao meu lado e nós trocamos um olhar antes de voltarmos a encarar a minha tia que começou a explicar:

—Vocês com certeza já ouviram falar dos pequenos ataques que estão ocorrendo em diversos lugares na Capital e algumas outras cidades – Skye e eu concordamos, um pequeno calafrio passando pelo meu corpo com as lembranças daquele dia— Eu até mesmo mandei vocês investigarem algumas coisas e pessoas pra mim há alguns meses atrás. Essas semanas que eu estive fora, foi com a finalidade de seguir um rastro, para ver se conseguimos encontrar o responsável por toda essa confusão.

—E você conseguiu encontrar? – indaguei.

—Não. – ela negou com a cabeça – Por algum motivo eles sempre conseguem desaparecer em um passe de mágica, e sempre em lugares diferentes. Em um momento estamos atrás deles e no outro eles somem, como se nunca estivessem estado lá e isso é muito estranho e esta deixando os Anciões agitados e preocupados.

—Mas vocês conseguiram descobrir por que eles estão atacando lugares que parecem ser aleatórios? – Skye questionou.

—Não são aleatórios, eles parecem estar procurando alguma coisa. – ela respondeu pensativa – Eles entram, reviram o lugar e saem, mas não matam ninguém inocente, somente Guardiões que tentam impedi-los.

—E o que eles são exatamente? – indaguei.

—Esse é o problema, nunca são os mesmos, sempre são criaturas diferentes, algumas que nunca ouvimos falar na vida, totalmente estranhas e desconhecidas e outras são seres comuns até demais. Eles não têm um padrão de ataque e é isso que esta nos incomodando.

—Isso tudo é muito estranho – Skye comentou, voltando a se recostar no sofá, eu assenti pensativa. Com certeza isso está muito estranho.

—Aqui estão algumas fotos dos lugares atacados e de algumas criaturas que os Guardiões conseguiram fotografar.

Tia Serenity se sentou com o notebook no colo e começou a passar umas fotos, a maioria dos lugares ficavam totalmente destruídos depois que eles passavam, outros só ficavam um pouco bagunçados. As criaturas que eram de todo surpreendente, havia de todos os tamanhos, formas cores... Alguns chegavam até perto de parecerem humanos, mas algo em seu corpo sempre destoava do que era pra ser “normal”, e logo dava pra perceber que eram metade humanoides, outros se pareciam totalmente com bestas selvagens e irracionais.

—Como você disse não há um padrão aparentemente – eu comentei enquanto algumas fotos passavam – Mas há um pequeno padrão sim, pelo menos eu acho. Subtendido, mas eu acho que há.

—E o que você acha? – Tia Serenity perguntou curiosa, parando de passar as fotos e prestando atenção em mim, na televisão uma foto de um lugar em chamas acho que um deposito que mostrava algumas bestas saindo correndo do lugar, eu observei aquela imagem por mais um momento antes de falar.

—Eu não sei se estou certa, mas eu acho que eles devem realmente estar procurando algo ou alguém. Em determinadas fotos, os lugares ficam totalmente destruídos e outros somente bagunçados como você disse – lembrei-as do que minha tia havia falado há alguns momentos atrás – Se realmente tiver um padrão, eu acho que quando o mandante quiser destruir determinado local, como esse nessa foto – apontei pra foto que estava na TV – ele vai mandar essas bestas, que pra mim são irracionais, e só pensam em destruir tudo pela frente. Se eles quiserem somente fazer uma busca eles irão mandar criaturas que são mais humanoides do que bestas. Para assim, elas realmente procurarem algo, seja lá o que for que eles querem, e não destruir o local, somente buscar. E para que os Guardiões não analisem e descubram as fraquezas de seu exercito, eles mudam de criaturas a cada ataque, mas ao que parece com as mesmas características: humanoides ou bestas.

Serenity olhava para um ponto fixo na sala, pensando sobre o que eu havia dito, seu cenho franzido, e com uma mão sobre o queixo, eu fiquei a observando, esperando que falasse algo e me dizer se as minhas suposições estão corretas ou não, mas quem falou algo foi Skye:

—Talvez, eles estejam colhendo informações sobre os Guardiões também – ela sugeriu – Porque quase todas as vezes que eles atacam um lugar, um ou dois Guardiões estão por perto e tentam impedir, e se o que eles quiserem de verdade for entrar conquistando e arrasando tudo, eles vão primeiro querer conhecer o inimigo.

—Skye tem razão, embora eu nunca pensasse que iria dizer isso. – eu dei uma risada, e Skye um pequeno sorriso de canto, me dando uma cotovelada na altura da costela, como uma pequena provocação a minha frase. Ta Serenity parecia estar nos escutando, mas não esboçou nenhuma emoção – Mas querendo ou não os Guardiões tem um certo padrão de ataque e defesa, principalmente se for uma dupla que já luta há anos juntos.

Tia Serenity se afastou do sofá e sentou na ponta dele encarando-nos.

—Mas se eu disser a vocês que os ataques não estão ocorrendo somente na Capital? – ela levantou uma sobrancelha questionando-nos, eu e Skye trocamos um olhar, e eu disse:

—Então só vai confirmar a minha suspeita de que eles estão atrás de algo ou alguém.

—Exatamente, porque se fosse somente na Capital, poderíamos dizer que os ataques poderiam ser para somente soltar um aviso, tipo que eles existem e que são bem fortes, porque cada vez que eles fazem um ataque eles mandam criaturas diferentes, seria também para mostrar o tamanho da força deles –Skye continuou.

—Eu acho que pode ser as duas coisas – a interrompi – Acho que eles estão querendo nos mandar um aviso mostrando o quanto são fortes, mostrando a diversidade do exercito deles, enquanto procuram esse algo que ainda não sabemos o que é.

Serenity nos encarou por um longo momento, ela inclinou a cabeça para o lado aparecendo nos avaliar, por fim ela deu um sorriso pra gente, totalmente feliz, embora essa situação não tivesse nada de feliz.

—Vocês me surpreendem a cada dia que passa – ela elogiou – Metade do que vocês disseram, eu já havia pensado nisso e meus outros companheiros de missões também, mas nunca havíamos pensado que existe um padrão como vocês citaram antes, dos dois tipos de criaturas, e que elas estão colhendo informações, e isso é impressionante, porque eu só soltei algumas poucas informações do assunto, e vocês conseguiram ir tão longe. É impressionante. Parabéns.

—Hãã...Obrigado?

Ela riu e acenou uma vez.

—Já fiz tudo o que eu podia e vocês estão prontas, não há mais nada para ensina-las, o resto vocês iram aprender sozinhas.

—Do que você está falando, mãe? –Skye questionou.

—Arrumem as suas coisas, meninas, estamos voltando – tia Serenity se levantou e começou a guardar o computador que estava conectado a televisão.

—Voltando pra onde? – foi a minha vez de questionar, totalmente confusa, e me levantando também junto com Skye, encarando minha tia esperando que ela parasse de falar coisas sem sentido.

—Voltando para a Capital, para a Sede da Ordem.


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