Sombras do Passado escrita por Zusaky


Capítulo 8
VlIl


Notas iniciais do capítulo

Gente! Acho que esse é o capítulo mais importante para a história, além de ser também o mais revelador. Foi o maior até agora, já que aconteceu bastante coisa.

Quero agradecer por todos os acompanhamentos e favoritos de vocês até agora, inclusive dos tímidos que não comentam. Sintam-se à vontade para aparecer aqui, viu? :3

Boa leitura.



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Tudo aconteceu exatamente como Eileen queria. Após terminarem a refeição, Louisa se dirigiu à biblioteca nos fundos da casa, alegando que passaria um bom tempo entretida com um livro, levando a Sra. Bradley consigo. Foi a deixa que ela queria para dizer a Ethan que eles deveriam ir aos orfanatos para procurar mais pistas sobre as duas crianças adotadas.

Quando Ethan indagou se a energia dela era inesgotável, ela apenas limitou-se a soltar um sorriso de lado e o puxou pela manga da camisa para fora. Os homens com que ela convivia diariamente eram os da academia que frequentava, e não tinha uma boa impressão de nenhum deles. A maioria ocupada demais mostrando os músculos que possuíam ou se gabando de alguma outra coisa. A minoria poderia até se salvar, mas ela simplesmente não via motivo para conversar com eles.

Com Ethan, porém, tudo mudava de figura. Não fazia mais que vinte e quatro horas que haviam se conhecido, mas ela já havia dormido na casa dele, conhecido os empregados, a Governanta e a irmã. Além, é claro, de também ter ouvido um pouco sobre os pais. Era bem verdade que já estava habituada à companhia dele, sempre quieto e sério.

Ela achava graça no jeito como ele arrumava a camisa branca, sempre polidamente; assim como também gostava daqueles fios que caiam por sobre sua testa, de uma maneira quase que bagunçada.

Sempre que se lembrava disso, porém, também vinha à mente ele falando sobre assassinos. Ela sentia-se culpada, sabia já algumas coisas sobre Ethan, mas ele sequer sabia para que ela estava procurando o cientista. Ou que já tinha tirado a vida de uma pessoa.

Bem mais de uma, pra falar a verdade.

. . .

— Você realmente fez o que pedi?

As duas pessoas estavam em um canto escuro de Londres, uma casa modesta, mas com suas qualidades. Era gelada, com poucos móveis e nenhuma decoração. Quem havia falado previamente estava sentado sobre uma poltrona com o jornal do dia em mãos.

A pessoa que estava de pé acenou com a cabeça, falando logo em seguida.

— Tudo ocorreu como planejado — respondeu, os olhos tão frios quanto gelo. A voz era firme, sem hesitação alguma. — Devo dizer para que tenha mais cuidado. Estamos chamando muita atenção.

Ele mostrou um sorriso maquiavélico.

— Agora que tudo já se encaminhou para o fim, já era hora de prestarem atenção em nós, não acha?

. . .

Eileen havia dito que queria visitar os três orfanatos ainda restantes. Para ela, tinha sido extremamente apreensivo o caminho até o primeiro local; a ansiedade subia à sua cabeça. Uma verdade irrefutável era que tinha uma enorme paixão por livros, filmes e seriados de investigação policial, e estar vivendo aquilo, ainda mais numa época desconhecida para ela, era nada menos que instigante.

Sempre imaginou que caso acontecesse algo igual aos enredos fictícios, ela seria a vilã, obviamente, pelo fato de ser uma assassina. Seria a coisa mais sensata a se fazer.

— Nunca te vi tão ansiosa — comentou Ethan. Ela não respondeu, havia continuado com os olhos grudados na janela.

Não tinham tido sorte ao visitar o primeiro orfanato, um lugar agitado e com crianças correndo por todos os lados do pequeno jardim. Pelo jeito, tinham chegado justamente no horário de intervalo das crianças. O lugar não possuía nenhuma informação que os ajudasse.

O mesmo se repetiu no segundo orfanato, com exceção da receptividade, que simplesmente não existiu. A mantedora do lugar era uma mulher alta e arrogante, que torcia o nariz ao falar e passou a maior parte do tempo aos berros com as crianças. Ethan claramente não tinha gostado do lugar e fez de tudo para saírem dali o mais rápido possível.

No caminho para o terceiro, a assassina havia esquecido de toda a ansiedade e passou apenas a massagear as têmporas. Queria sua tecnologia de volta, dessa forma não teria que passar por toda aquela humilhação.

Assim que a carruagem parou, Ethan foi o primeiro a descer. Apesar de ter todas as suas tentativas de ser cortês cortadas por Eileen, ele ainda assim oferecia a mão para que ela se apoiasse. Era sempre em vão.

Esse orfanato era maior que os outros, com um jardim ao lado cheio de árvores, moitas e com a grama aparada. O lugar fazia mais o estilo gótico, com os telhados pontudos e a pintura toda em negro. O portão de entrada era alto, feito com grades metálicas e que terminavam pontudas em cima. Não tinha nem uma pessoa por ali naquele instante.

— Certeza de que é aqui? — indagou Eileen quando se aproximaram do lugar.

Não havia dado tempo de Ethan responder, pois no mesmo momento um homem baixo e meio corcunda saiu da enorme casa e se dirigiu ao portão com passos lentos. Tinha alguns poucos fios brancos apenas nas laterais da cabeça; em cima era totalmente careca.

— O que querem? — A voz era rouca e arrogante.

Ethan mais de depressa tomou a dianteira da situação, temendo que o mau-humor de sua parceira prejudicasse a investigação de ambos. Ele tirou do bolso a mesma identificação da Scotland Yard que havia mostrado na casa do Sr. Warllow.

— Apenas para verificar se tudo está em ordem.

Após ouvir as palavras do suposto oficial, o velho homem girou a chave no portão e permitiu a entrada dele. Eileen, porém, foi barrada.

— E a mulher? — perguntou, ríspido, estreitando os olhos para ela.

Ethan sabia que aquilo acabaria por ser um problema mais cedo ou tarde. Ele suspirou, desgostoso. Era desagradável, para ele, mentir para os outros, mas parecia que estava fazendo aquilo muitas vezes desde o dia anterior.

— É minha esposa — ele respondeu, agradecendo mentalmente pelo velho tê-lo olhado no mesmo instante, pois assim não conseguiu ver o rosto espantado de Eileen. — Estou com alguns amigos hospedados em casa, então não seria agradável deixá-la em meio a vários homens.

Ele realmente não soube dizer se havia sido real o suficiente, uma vez que o homem ainda mantinha a expressão enraivecida no rosto e continuou a olhá-lo por mais algum tempo. Por fim, ele cedeu e deixou que Eileen passasse.

Ela passou triunfante pelo mordomo – ao menos ele se parecia com um, julgou ela. Enquanto os três caminhavam até a entrada do lugar, ela pensou no que já havia sido desde que chegou ali. Uma viajante do tempo, prima, amiga e esposa de uma mesma pessoa.

De assassina à esposa submissa. Que vida decadente essa sua.

O homem os levou até a sala de espera e disse que logo viriam atendê-los. Não se passou muito tempo e uma mulher jovem, que ainda não havia sequer chegado aos trinta anos, apareceu na porta com um sorriso amigável. Usava um vestido amarelo que cobria a maior parte de seu corpo e combinava perfeitamente com os cabelos loiros presos em um coque bem feito.

— Sejam bem-vindos ao Heaven Haven — ela disse de maneira alegre. Suas mãos estavam uma sobre a outra em frente ao corpo pequeno. — Me chamo Amélie Maxine e sou a responsável por este lugar no dia de hoje.

Eileen se perguntou como aquela coisinha poderia trabalhar em um lugar como aquele. Ethan apresentou ele próprio e sua esposa – a assassina quase não conseguiu conter o riso ao ouvir aquilo – e disse o motivo da ida até o local. A Srta. Maxine começou a guiá-los, dizendo que o silêncio devia-se ao fato de ser a hora da soneca das crianças.

Ethan fazia alguns questionamentos a respeito do orfanato, que Eileen julgou como sendo inúteis, mas a última pergunta fez com que ela passasse a se interessar mais na conversa.

— É muito frequente que os adotados sejam devolvidos? — Ele olhou para a jovem e logo viu o sorriso dela se desmanchando de uma só vez. — Não precisa responder se...

— Não, não tem problema — ela disse, interrompendo-o. — Bem... raras são as vezes em que algum deles volta para cá. Quase nunca acontece.

Ethan acenou com a cabeça, sério. Pensou de que maneira poderia abordar o que realmente interessava ali, mas de uma maneira discreta.

— Quantos anos tem esse lugar?

Ela pensou um pouco antes de responder.

— Cerca de cinquenta anos, Sr. Caulfield.

— Podemos dizer, então, que é um orfanato bem prestigiado, considerando que raramente as crianças voltam, e somente uma vez.

A Srta. Maxine se espantou e passou a fitar os próprios sapatos, sem graça. Ethan ficou desgostoso consigo mesmo por causar aquela sensação ruim na moça, mas era necessário. Eileen, por outro lado, finalmente notou que eles estavam finalmente chegando em um ponto chave. A excitação de antes voltou a percorrer seu corpo.

Quando a encarregada do lugar voltou a olhar para frente, uma de suas mãos segurou de maneira nervosa a manga do vestido.

— Na verdade, a madame Dorothea, que é a proprietária deste orfanato, me contou sobre uma história uma vez... — ela começou, com a voz fina e fraca. — De duas crianças que foram adotadas e devolvidas para cá diversas vezes cerca de vinte anos atrás.

Ele gritou internamente e se conteve para não segurar sacudir a garota pelos ombros e obrigá-la a falar mais rápido.

— Que coisa terrível!

Havia sido Eileen a dona da frase. Ethan, já notando a mudança na voz e personalidade dela, nada fez, apenas deixou que aquele outro lado dela aflorasse. Na última vez que ela tinha feito aquilo, ambos conseguiram algumas informações do Sr. Warllow. Ele apenas se manteve calado.

— E o que aconteceu depois disso? — a assassina continuou a falar, com uma tristeza na sua voz que seria capaz de enganar qualquer um.

A Srta. Maxine soltou um sorriso para a mulher, com os olhos claros felizes por encontrar alguém tão sensível ali.

— Não sei o que houve com eles depois de tantos anos. A madame Dorothea se recusa a falar sobre esse assunto, mas sei que eram bem peculiares; na personalidade, eu digo. — Ela passou a olhar para nenhum ponto do lugar, como se apenas buscasse em sua mente informações sobre aquela história. — Mas sei que eram gêmeos e possuíam os cabelos mais loiros que os meus. Dizem que os olhos eram mais verdes do que as folhas das árvores na primavera.

Ela deve ser uma poeta frustrada, pensou Eileen, maldosamente.

— Você saberia me dizer o nome deles? — perguntou a assassina, se aproximando mais da mulher, tamanha era sua ansiedade.

A Srta. Maxine puxou os lábios para dentro da boca.

— Infelizmente, perdemos todos os registros dias atrás. Eu não estava aqui, mas parece que uma vela caiu e queimou a maior parte dos papéis. — Ela então mordeu o lábio, como se estivesse se perguntando se poderia falar mais. — As crianças aqui são separadas por números, sabe, caso haja nomes iguais. Eles eram os primeiros números. Talvez eu consiga ver algo aqui...

Um orfanato foi incendiado. Todos os outros perderam apenas os registros. Eileen não conseguia parar de pensar naquilo.

Os donos dos outros orfanatos que visitaram nada disseram sobre incêndio, apenas alegaram que não possuíam mais os registros, sem dizer a causa. Eileen pensou que talvez eles houvessem sido queimados também. A Srta. Maxine foi para uma outra sala e demorou-se um pouco lá dentro. Quando voltou, estava com uma folha velha e já amarelada nas mãos.

Antes que qualquer um deles pudesse falar mais alguma coisa, o homem corcunda havia voltado.

— Temos mais um casal visitante.

Ethan então viu que não tinham mais o que extrair da jovem, então apenas se despediu, junto de Eileen, agradecendo pela receptividade e por compartilhar parte das histórias daquele belo orfanato. Eles apenas pegaram a folha amarelada e saíram do lugar o mais rápido que puderam. Ethan sempre calmo e com passos ritmados; Eileen já quase corria, indo na sua frente, com o vestido e os cabelos balançando por causa do vento.

Ele quis guardar aquela cena em sua memória.

— Francamente — reclamou Eileen assim que entrou na carruagem. — Por que as coisas sempre estão no último lugar em que procuramos?

Ethan soltou seu típico sorriso de lado, divertido.

— Talvez porque paramos de procurar em outros lugares quando achamos, concorda?

Eileen queria socá-lo por aquilo, mas se contentou em apenas revirar os olhos e bufar.

— Me diga uma coisa... — ela começou a falar, mas foi somente quando Ethan ergueu ambas as sobrancelhas que ela sentiu-se mais à vontade para continuar. — Você não parece ser da Scotland Yard. Como conseguiu essa identificação?

Ele tirou a tal identificação do bolso e entregou para Eileen, que pôs-se a analisar o documento. Ela franziu a testa ao olhar mais atentamente. Não era o nome de Ethan que estava lá, mas sim o de Sean Caulfield. Na foto havia um homem praticamente igual ao que estava sentado à sua frente, mas se olhassem bem, veriam um maxilar mais cheio e olhos um pouco mais fundos.

— É o seu... pai? — ela perguntou, cuidadosamente.

— Sim.

Eileen não soube o que dizer ou fazer. Ele estava compartilhando algo completamente íntimo com ela; a foto do homem que o criou e, agora, estava morto. Olhou novamente para a foto. Eles eram praticamente iguais. Não soube como, mas notou uma afeição maior por Ethan naquele momento. Ali, naquele instante, sentiu que já o conhecia há anos, como se fossem amigos de infância.

Como resposta para tudo aquilo que sentia, ela somente se dignava a culpar a máquina do cientista, mais uma vez.

. . .

Quando chegaram à casa dos Caulfield, Eileen juntou novamente todas as edições dos jornais que tinha e anotou o nome das vítimas, uma a uma. Depois, com a folha que havia pego no orfanato em mãos, ela passou a associar os nomes.

São as mesmas pessoas!

Vinte anos se passaram desde as diversas adoções das crianças, Eileen lembrava-se das palavras da Srta. Maxine. Provavelmente os gêmeos deveriam ter dez anos. Poderiam ter menos ou mais, mas talvez dez fosse uma boa média. Não importava.

E se eram gêmeos, estariam os dois cometendo aqueles crimes? Um acabou por morrer? Ou apenas se separaram? Ou talvez eles pudessem apenas ser inocentes em toda aquela história e algum louco estivesse os usando como desculpa para matar.

A maldição dos gêmeos.

Talvez algum psicopata tivesse achado graça no fato de eles terem sido devolvidos todas as vezes e resolveu utilizar-se de tal história para tirar vidas.

Quando a porta do recinto se abriu, Eileen, que estava sentada no chão com as pernas cruzadas, ergueu a cabeça, assustada. Estava tão concentrada nos papéis que qualquer barulho, por mais simples que fosse, faria seu coração acelerar.

Era Ethan, com a Sra. Bradley em seu encalço. Ela os serviu com chá e alguns bolinhos, dizendo a Eileen que já havia buscado os vestidos que ela havia pedido. A assassina apenas agradeceu, sabendo que a ideia de mais vestidos tinha saído do dono da casa, e não dela própria.

Quando a Governanta se retirou, restaram somente os dois no cômodo. Eileen compartilhou com Ethan o que havia descoberto até então. Ele escutava tudo em silêncio, balançando a cabeça nas pausas que ela dava, para confirmar que estava absorvendo.

— Além de talento para atuar, vejo que é boa nessas investigações — disse ele, mas mantendo o olhar focado em um dos jornais. Ethan não mais se importava com as manias estranhas de sua convidada, como estar sentada no chão e daquela maneira peculiar. Na verdade, desde a sua chegada que ele não se pegava mais no tédio.

Ela passou a mão pela cabeça, deixando os dedos deslizarem nos fios escuros.

— Quem escreve essas matérias é seu amigo mesmo? — indagou, tentando fazer contato visual, mas foi em vão. Os olhos dele estavam pregados no papel.

— Sim — confirmou ele. — Por quê?

Eileen não respondeu no mesmo instante. Não soube exatamente o que dizer naquela hora, então apenas soltou:

— Ele descreve os detalhes bem minuciosamente — comentou, baixando os olhos. — Talvez ele saiba de algo a mais. O que acha de irmos vê-lo?

Ela sabia que estava arriscando sugerindo aquilo. Mas o alívio veio logo em seguida, quando Ethan concordou, dizendo que eles teriam que esperar até depois das seis da tarde, que era quando ele poderia sair. Eileen disse que não seria problema. Ele então saiu do recinto, alegando que iria tentar adiantar seus afazeres para que não houvessem imprevistos.

Ao se ver sozinha novamente, ela leu novamente uma parte da última reportagem.

“E mais uma vítima já sem vida foi encontrada no bairro de Whitechapel. Os primeiros a chegarem na cena do crime poderiam ver o quão grande foi a brutalidade do ato: um ventre cortado e, como nos outros casos, um útero arrancado.”

. . .

Eileen estava estranha. Era isso que se passava pela mente de Ethan às seis da tarde. Horas antes ela se encontrava extremamente eufórica para ir aos orfanatos, ansiosa para descobrir mais coisas. Naquele horário, porém, ela estava mais quieta e reservada. Imaginou se essa era mais uma de suas personalidades, mas imaginou que não. Talvez fosse o efeito do chá de tarde.

Eles não precisaram sair de Kensington. Assim que se despedira de Eileen outrora, ele havia pedido para um de seus empregados levar a notícia para seu amigo, avisando-o que ansiava vê-lo o mais rápido possível, ainda naquele dia. O convite tinha sido aceito, apesar de ser em cima da hora.

A carruagem parou um pouco mais afastada do ponto de encontro, tamanha era a movimentação na rua naquele horário. Eileen viu que, diferente de Whitechapel, onde as pessoas claramente eram mais pobres, ali em Kensington era completamente diferente, como se estivessem até mesmo em um outro estado. As mulheres estavam com vestidos deslumbrantes e tinham posturas elegantes. As ruas eram limpas e bem iluminadas, além de existir ao menos um policial em cada canto ali.

— Ali está ele.

Eileen olhou para frente ao ouvir a voz de Ethan e viu um rapaz jovem, provavelmente nos seus vinte e tantos anos, ela julgava. Tinha os cabelos loiros e lisos, que cobriam o pescoço e faziam uma franja, escondendo a esta. Os olhos verdes pareceram sorrir quando ele avistou Ethan, e começou a acenar.

A assassina cessou os passos e arregalou os olhos. A voz da Srta. Maxine logo apareceu em sua cabeça.

Cabelos mais loiros que os meus. Olhos mais verdes do que as folhas das árvores.

Em seguida, sua cabeça foi invadida com as reportagens dos jornais. Todos aqueles detalhes, descritos minuciosamente, haviam alertado todos os seus sentidos. Ethan disse que ele era um amigo seu de anos atrás, então ela tentou o máximo que pôde se recusar a suspeitar daquele simples jornalista. Mas ali, vendo-o com seus próprios olhos, Eileen tinha mais do que certeza de que aquela era a pessoa que estavam perseguindo desde o início.

Aquela parte da reportagem a havia intrigado desde a primeira vez que lera. Um útero arrancado. Eileen, que parecia ter sido a primeira pessoa a presenciar a cena, não tinha notado tal coisa. Ela viu o vestido rasgado em duas partes, uma na barriga e outra na altura do peito. Poderia muito bem pensar que a mulher fora morta a facadas, por exemplo. Mas a pessoa que escreveu a coluna no jornal falou claramente sobre o útero.

Logo pela manhã o jornal já estava nas bancas. Apesar das fortes suspeitas das outras pessoas, a polícia ainda não tinha confirmado que aquela mulher era mais uma vítima daquele assassino em específico. Não é coincidência. Eu sei.

Ela estreitou os olhos, fitando-o o rapaz loiro com intensidade. Não soube dizer se ele notou, mas arriscava que sim, pois franziu o cenho ao vê-la.

Quando já estavam próximos, Eileen sentiu uma pessoa esbarrar em seu corpo, fazendo com que ela tivesse que se apoiar no ombro de Ethan para que não fosse ao chão. Quando virou o rosto para ver quem era a pessoa sem senso de direção, sentiu o coração falhar em uma batida e sua cabeça girar.

Aquele rosto magro e pálido, com os olhos azuis sempre tão assustados, a assombrou por diversas vezes naquele curto espaço de tempo.

O cientista.


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Notas finais do capítulo

Finalmente chegamos nessa parte! Confesso que eu estava super ansiosa por esse momento. Tantas descobertas em um só capítulo, não é? Vamos ver agora o que a Eileen vai resolver fazer.

Espero que tenham gostado.



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