Crônicas de Uma Saiyajin

Lutar, Se Ferir, Sorrir

*

O Hisfjin a encarou com descrença, impressionado com o quanto aquela menina era abusada e orgulhosa de sua raça. Strawbey parecia um pouco direfente dos outros Saiyajin, mas não iria se deixar enganar por isso, a menina com toda certeza era tão cruel quanto qualquer outro. E impiedosa como aqueles que haviam invadido seu planeta e matado muitos dos seus.

Levou sua mão ao pescoço da garota e apertou com todo o ódio presente dentro de seu coração, a fazendo grunhir e se debater, desesperada para conseguir respirar. As mãos do maldito eram fortes e não lhe davam nem mesmo uma colher de chá.

A morena tossiu, tentando afastá-lo de si em vão, sentindo que logo perderia a consciencia. Olhou para o adversário que sorria e, num impulso, lhe cuspiu no rosto, fazendo-o a soltar com a surpresa do ato um tanto impensado da menina, mas que funcionara até que bem.

Sentir seu corpo cair no chão nunca fora tão bom quanto naquele momento, podia até se dizer feliz por isso, no entanto não tinha tempo de pensar nisso. Se colocou em pé outra vez, insistente. Iria vencer. Iria ajudar Gratt, e iria honrar sua raça querida.

— Acho que você me subestimou, querido. — sorriu com deboche, tentando passar uma confiança que não tinha. — Nem eu, nem nenhum outro Saiyajin seria derrotado só com isso, deveria saber.

— Pelo jeito você está certa, primata. Te subestimei um pouco, mas... — o Hisfjin passou a mão pela face, limpando a saliva misturada com sangue da garota de cabelos escuros. — Vejo que não é tão poderosa quanto outros Saiyajin que já vi lutando... Posso dizer que, comparada a eles, você não passa de um pedaço de lixo, menina.

— Tem razão, sou fraca comparada a certos guerreiros. Mas caso não tenha percebido, verme, mesmo sendo fraca eu acabei com parte de seus amiguinhos, e estou quase fazendo isso com você.

— Tsc. Como sua raça é orgulhosa.

— É um ótimo traço nosso! — Strawbey disse e cerrou os punhos, partindo com um soco para cima do inimigo, que rapidamente desviou, devido a sua falta de velocidade atual. Já esperava por isso, afinal, sua situação não era uma das melhores. E ainda por cima, precisava sair dali e ir procurar os outros que ainda estavam ali.

Um pensamento nada bom passou por sua cabeça, lembrando-se do recado de Yapple. Se haviam mais Hisfjin lá dentro, e se a menina, agora morta, não havia saído, isso poderia significar que Gratt ainda poderia estar do lado de dentro. Imaginar isso fez uma gota de suor escorrer por sua testa.

Apertou o botão redondo do scouter, sem tirar os olhos do inimigo, procurando pelo poder de luta da amiga. Sentiu seu estômago revirar quando a encontrou, não muito longe de onde estava, se movendo da maneira que podia. Só conseguiu ficar mais tranquila ao ver que pelo poder de luta que o príncipe continuava intacto.

Suspirou, colocando uma das pernas para trás e tomando novamente uma posição de batalha. Precisava acabar com aquilo o quanto antes e matar aquele desgraçada rápido, por mais que tivesse criado um pouco de respeito pelo homem escamoso. Ele com certeza seria um bom amigo se não estivesse de dois lados completamente contrários de uma batalha.

— Parece cansada, garota. — o outro comentou, provocativo, fazendo-a morder o lábio inferior com raiva.

— Meu nome não é "garota"! Me cham

o Strawbey! — gritou, balançando a cauda inquieta. — Devia ao menos saber o nome de quem vai te mandar ao inferno!

— Strawbey? Um legítmo nome Saiyajin, não é? — o homem perguntou, sorrindo de canto com a irritação da adversária.

— Eu sou uma Saiyajin, queria o que? Um nome Tsufurujin? — os berros de Strawbey levaram o rival a rir, talvez por achar engraçado ou para provocar, isso não importava. Ela apenas inflou as bochechas, irritada. Agora sim iria matar o maldito!

— Odeio dizer, mas até é um nome bonitinho. — respondeu de braços cruzados, ainda encarando a menina. — E eu sou Haskr, um guerreiro de alta classe.

— É. Eu percebi... Não tenho prazer em saber seu nome, mas posso dizer que você até é bom, verme. Conseguiu me divertir um pouco.

" Droga! Esse maldito me deixou toda dolorida! Ah, tomara que isso acabe logo, quero minha cama!" pensou, sem deixar transparecer o que realmente sentia, apenas cerrou o punho com força e partiu para cima dele, numa sequência de chutes e socos.

Haskr desviava ao mesmo tempo em que revidava, acertando-a na maioria das vezes. Percebia que o poder de Strawbey estava decaindo, provavelmente pelo cansaço da luta que se seguia há muito tempo. Imaginava a dor sentiada por ela, mas nem por isso deixaria de lado sua vontade de eliminá-la.

A Saiyajin deixou que uma de seus joelhos tocassem o chão, e voltou a respirar com dificuldades, sentindo as gotas de sangue escorrerem por seu corpo ferido. Precisava acabar com aquilo logo. Precisava!

O rival também não estava numa situação muito boa. Sentia seu corpo pesado, provavelmente devido aos golpes trocados. Tudo bem, era mais forte que muitos de sua espécie e podia eliminar uma guerreira de classe baixa facilmente, no entanto, aquela menina parecia diferente. Muito diferente.

Preparou uma esfera de energia com a mão direita, lançando em direção a jovem de fios escuros, que conseguiu apenas rolar para o lado. Não tinha certeza se ia conseguir levantar novamente tão cedo. Olhou de canto para os pequenos que continuavam ali, e torceu para qu sua voz ainda estivesse boa.

— Saiam todos daqui. — disse de forma seca, sentindo a garganta arder misturada ao gosto metálico do sangue, observando os menores estáticos, uns por medo, outros por acharem que alguém da escória não devia lhes dar ordens. Sorriu. — Caso vocês não saibam, queridos Saiyajin de classe superior, ele tem um poder maior que o de vocês, que não está tão desenvolvido! Podem ver pelo scouter! Então sumam daqui antes que morram todos! — se pôs em pé mais uma vez, cambaleante, vendo algumas das crianças lhe obedecerem, enquanto outras continuavam paradas. — Por favor...

O último apelo fez com que elas acatassem o pedido. A maioria era orgulhosa, gostava de ouvir alguém implorando. O Hisfjin, um pouco impressionado, deixou que os mais novos deixassem o local. Realmente, Strawbey era diferente.

Pumkin foi o último a sair, lançando um olhar preocupado para a moça que apenas assentiu, tentando passar confiança. Ele podia ver o quanto a outra estava ferida, e o quanto lutava, mesmo sabendo que podia perder. Ela estava levando a sério o fato de nunca aceitar seu destino. A deixou sozinha, sentindo o coração apertado e começou a correr pelos extensos corredores, rezando para que viessem ajudá-la.

A garota ainda ficou encarando a por por um tempo, imaginando o quão as crianças já deviam estar longe, e torcendo para isso. Sequer se atentava para o apito de seu scouter, anunciando o fato de Haskr estar cada vez mais perto. Sentiu-o em suas costas, assim como a esfera de energia dele tocando os farrapos que vestia. Fechou os olhos, sentindo uma ou outra lágrima escorrer por sua pele manchada de sangue.

— Você realmente é diferente dos outros, Strawbey. — murmurou, pronto para dar cabo da vida dela naquele momento, por mais que a estivesse respeitando mais do que nunca. — No entanto, como todos os outros, precisa desaparecer.

— Se lutar pelo que eu acredito — seus lábios tremeram. No que acreditava de verdade? Na tirania de sua raça, ou na sua vontade de ficar mais forte? Não sabia. — significa precisar desaparecer, eu desaparecerei com muito orgulho. Mas não hoje. — se virou, rapidamente, chutando a mão do Hisfjin e desviando o ataque dele para o teto.

O homem de pele amarelada se surpreendeu com a reação vinda da menina, e arregalou os olhos quando viu aquela aura transparente voltar, levantando os cabelos negros da guerreira de classe baixa. Seus pés sairam do chão e ela partiu, com o punho cerrado, em direção ao inimigo.

Sua velocidade voltava a aumentar, num ritmo acelerado, mal o deixando desviar ou revidar os ataques. Foi jogado contra uma parede, a atravessando com o impacto de seu corpo. Cuspiu do líquido marrom com isso, vendo somente quando a jovem voltou a se aproximar.

Sorriu com deboche, se deixando ser atingido por um chute para que pudesse agarrar a cauda da morena, que gemeu coma terrível sansação. Droga! Logo no seu ponto fraco! Pensou numa solução, sem encontrar muitas.

Recebeu um soco no estômago, impossibilitada de revidar. No entanto se recusava a simplesmente se render. Mesmo sendo golpeada, concentrou seu poder num só ponto. Logo depois, foi jogada para longe, para a próxima parede, e agradeceu por isso. Assim poderia acumular melhor a energia sem ser atrapalhada. Ignorando a dor dos ataques, sentindo sua energia crescer.

Deixou a tal energia se acumular no punho direito, adicionando a ela a esperança mantida em seu coração. Viu, pelos sinais do scouter, que Haskr voltava, e se levantou. Ambos se encararam por um tempo e sorriram, já sabendo quem sairiam vencedor daquilo.

E, por fim, Strawbey atacou.

*

Gratt parou de correr no instante em que encontrou uma parede de aço, dando fim a sua tentativa de fuga. Se desespetou com isso, apertando o bebê Vegeta contra seu peito. Deu alguns passos para trás, encontrando em seu caminho um corpo grande.

Virou-se para o invasor a frente, sentindo suas pernas babearem. Tinha os olhos escuros arregalados com a visão do homem de escamas amareladas a sua frente, voltando a hesitar e encontrando dessa vez a parede. Segurou a respiração, com medo.

— Parece que não adianta mais fugir, menina. — disse, rindo com desdém. O medo estampado na face da Saiyajin o divertia, ainda mais serem tão malditos como eram.

— Saia daqui! Não sabe que é feio invadir o planeta dos outros? — apesar do temor por sua vida e pela do bebê, a voz de Gratt soou firme, corajosa. Por mais que ela tremesse muito. Muito mesmo.

O Hisfjin riu frenéticamente, com incredulidade. Como aquela desgraçada podia ser tão ousada, sendo tão fraca? Se aproximou mais, com uma esfera de energia pronta em sua mão esquerda. Iria acabar logo com ela.

A jovem cerrou os olhos e abraçou mais forme o menino que tazia em seus braços, esperando o ataque vir. Foram os segundos mais demorados de sua vida e ela sentiu o coração se acalerar de tal forma, que caiu de joelhos, com lágrimas molhando seus olhos.

Com a demora, ela acabou por abrir os orbes negros, devagar e assustada. Encontrando a sua frente Strawbey, com o punho atravessando o peito do invasor. Não podia acreditar naquilo. O corpo do homem caiu inerte no mesmo momento em que o rei e a rainha entraram no local.

Strawbey sorriu para os governadores e caiu desmaiada.