Como recuperar o tempo perdido? escrita por bells


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Já que tive muitos comentario pedindo por este capítulo, eu me erforcei um pouco e decidi portar hoje, espero não decepcionar vocês.



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Estava na hora de falar a verdade, por mais que machucasse lembrar de tudo o que tinha acontecido, Christian precisava saber a verdade, e acho que, mesmo que eu não quisesse contar, ele daria um jeito de ficar sabendo.

Tenho que admitir que uma parte de mim queria vê-lo sofrendo. Uma pequena parte de mim queria que ele sentisse, pelo menos, parte da dor que eu senti ao me ver sozinha e gravida de duas crianças. Sou uma pessoa ruim por me sentir desse jeito? Acho que um pouco, sim.

Depois de dizer que precisávamos falar, Christian me seguiu do até a lanchonete do hospital, mas antes de sair avisei pra enfermeira onde estaríamos e pedi pra ela me avisar quando eu poderia ver a minha filha. Nos sentamos em uma mesa afastada, a lanchonete estava meio vazia, devido ao horário, isso nos daria mais privacidade para conversar.

Eu ia começar a falar, mas Christian se andiantou.

_ Antes de você começar, eu queria te pedir desculpas. Não faz ideia de como estou me sentindo culpado, não era para ter sido assim, eu queria ter falado com você de forma civilizada, mas você parecia estar fugindo de mim e eu perdi o controle. Me perdoa? - Disse muito arrependido. Ele parecia ter estado segurando isso por muito tempo.

_Eu posso até aceitar a suas desculpas, mas tem mais alguém com quem você deve se desculpar. O que você fez podia ter custado a vida da minha filha.

_Eu não sabia que eles estavam em casa, eu perdi o controle e... – Ele falava desesperado, eu podia ver que estava realmente arrependido.

_Tudo bem, eu te perdoou, mas você tem que se desculpar com as crianças.

_Eu já pedi desculpa ao Noah, prometo me desculpar com a Emma assim que puder. – Disse parecendo um pouco aliviado. _Obrigado Ana. Acredite que o perdão mais difícil de conseguir vai sei o meu. Não sei se vou conseguir me perdoar pelo que fiz. – Eu quase conseguia me sentir mal por ele, mas me segurei e me concentrei na história que estava prestes a contar.

_Primeiro, não me chame de Ana, só meus amigos me chamam assim, e segundo, temos coisas para conversar, vamos deixar as desculpas para depois... – Disse tentando manter o controle da situação.

_ Tudo bem. Você tem razão, eu preciso saber o que a Emma tem. – Disse ansioso.

_ Eu preciso contar tudo desde o começo pra você entender. - Christian continuou olhando para mim, me incentivando a continuar. _ Bom, primeiro eu quero que você saiba que eu nunca tentei esconder eles de você, só aconteceu. Eu ia te contar sobre a gravidez, aquele dia... - Vi como a tristeza se apoderava de seus olhos, não entendia o motivo, quando quem deveria estar triste, era eu, fui eu quem fui largada gravida. Mas me forcei a ignorar isso e continuei. _Depois que você foi embora eu me vi forçada a contar pro meu pai, ele ia acabar percebendo em algum momento, mas você sabe como ele é, ele não aceitou e me pediu para tirar, mas eu não quis, então ele me botou pra fora de casa. Eu não sabia o que fazer, a única coisa que consegui pensar foi vir pra cá, eu tenho uma tia aqui e pensei que ela poderia me ajudar, mas me enganei, ela não queria ter problemas com o marido dela. Passei algum tempo nas ruas, depois em albergues, mas não ficava muito tempo no mesmo lugar. Quando estava com três meses a senhora Helena me encontrou, minha barriga começava a aparecer e ela sentiu pena de mim, então me levou pra casa dela. Ela era uma pessoa muito humilde, mas dividia tudo o que tinha comigo, o que não era muito. Eu tentei trabalhar, mas ninguém queria contratar uma menina de 19 anos gravida. Não tinha condição de comprar as vitaminas e remédio que precisava, o que levou a uma gravidez complicada, a minha alimentação também não era muito boa, chegou a um ponto em que estava perdendo peso em vez de ganhar... isso foi o início do problema. - Levante meu olhar novamente e Christian parecia chocado, triste e culpado, eram sentimento de mais para decifrar. Decidi continuar.

_ A pesar das más condições eu consegui levar a minha gravidez até os 6 meses, mas as coisas pioraram quando dona Helena morreu, eu fui expulsa da casa e tive que voltar para a rua. O estresse causou contrações antes do tempo. Eu estava na rua quando aconteceu, meus filhos estavam por nascer e eu estava na rua sentada no banco de um parque. – Nesse momento eu estava me segurando para não chorar, todas essas lembranças ainda me machucavam muito. _Foi aí que Leo me encontrou, foi ele quem me levou para o hospital e cuidou de tudo. Emma e Naoh nasceram prematuros, mas esse não foi o maior dos problemas. Noah, felizmente nasceu saudável, mas devido a minha desnutrição e falta de cuidados, Emma nasceu com os pulmões malformados. Os médicos diziam que ela não sobreviveria, ela passou messes na incubadora, respirando com ajuda de maquinas, mas minha pequena conseguiu, ela lutou e foi dada de alta, mas a condição dela ainda era ruim. Ela precisava de tratamento, mas os remédios eram muito caros e eu não podia pagar. O médico encontrou um tratamento alternativo mais barato. Ele esteve dando certo até agora pouco, quando parou de fazer efeito, a condição da Emma começou a regredir, eu estava desesperada não sabia o que fazer, mas com a ajuda dos meus amigos, consegui reunir parte do dinheiro e iniciamos o novo tratamento. Você ouviu o resto do médico.

Parei de falar e respirei fundo, neste tempo todo não consegui olhar pra ele, ele permaneceu calado o tempo todo, sem me interromper. Criei coragem e levantei o rosto. A imagem na minha frente me chocou. Christian estava focado em mim com os olhos cheios de lagrimas, ele não emitia nenhum som e nem se mexia.

_ Christian? – Ele não respondeu, mas se levantou da sua cadeira e se virou me dando as costas, fiquei algum tempo esperando ele falar alguma coisa, mas o que ele fez me chocou.

Christian se virou na minha direção e andou até mim, eu tentei me levantar, mas antes de conseguir, ele se ajoelhou na minha frente e encostou sua cabeça nos meus joelhos.

­_ Me perdoa! É tudo minha culpa. Se eu tivesse ficado, se tivesse... – Suas palavras me surpreenderam.

_Não adianta pedir desculpas agora. As coisas aconteceram desse jeito e não podemos fazer nada para mudar isso.

_ Por que não me procurou? Por que não me disse nada? Eu...

_ Eu procurei. - Ele pareceu chocado a me ouvir. _ Liguei muitas vezes pra sua casa, mas disseram que você não morava mais lá e que não tinham como me comunicar com você. Eu jurei nunca mais aparecer na sua vida, você ia se casar e eu não iria atrapalhar. Mas pela minha filha, eu teria me humilhado e pedido a sua ajuda, mas não foi possível.

_ Você me procurou? Ninguém me disse nada... eu não sabia.

_ Você ia se casar, ou já tinha se casado, não sei. Porque alguém te diria alguma coisa? Eu fui apenas um brinquedinho sem importância para você. - Destilei toda minha raiva nessa frase. Na época estava machucada demais para dizer isso para ele, mas não consegui me aguentar mais. _ Por que uma pessoa insignificante como eu seria de alguma importância?

_Ana por favor, não diga isso, eu... eu não queria dizer isso. Eu não tive opção. Preciso te explicar tantas coisas, eu...

_ Não quero saber. - O cortei de uma vez, não queria ouvir suas mentiras. _O que aconteceu entre nós não passou de erro. A única coisa que nos une, são nossos filhos. Eu passei todos estes anos esquecendo o que aconteceu entre nós, eu gostaria de que continuasse assim. - Christian pareceu querer dizer alguma coisa, mas não deixei. Sobre o único que vamos conversar é sobre Emma e Noah. _ E deixa eu botar as coisas em claro logo, você não vai tirar meus filhos de mim, você pode ter poder e dinheiro, mas eu vou lutar por meus filhos com unhas e dentes. - Terminei de forma curta e grossa.

_ Não é isso que eu quero... Anastásia eu só quero concertar as coisas, com meus filhos e com você. - Ele só podia estar brincando. Concertar as coisas?

_Concertar?

_Sim, eu quero fazer as coisas do jeito certo, quero que meus filhos tenham um pai, quero dar à eles tudo o que eles merecem. Quero recuperar o tempo perdido.

Eu queria responder que ele não podia aparecer do nada e querer fazer parte da vida de meus filhos, queria gritar que ele não merecia e nem tinha direito de pedir isso, mas antes de que pudesse abrir a boca uma enfermeira apareceu na nossa frente.

_Senhora Steele? - Afirmei com a cabeça. _ A sua filha já foi transferida para um quarto e já pode receber visitar. O médico me pediu pra leva-la até o quarto.

_ Obrigada. - Me levante e fui seguindo a enfermeira. Podia sentir que Christian vinha atrás de mim.

Chegamos até a porta do quarto, eu agradeci à enfermeira e ela se retirou. Me aproximei à maçaneta e senti Christian atrás de mim. Ele realmente pensa que vai entrar?

_ Nem pense que vai entrar. – Disse me virando pra ele.

_ O quê? Por que não? Ela é minha filha, tenho direito de vê-la.

_ Filha que você assustou ao ponto de lhe causar uma parada respiratória. – Disse de forma fria, talvez tenha sido um pouco dura com ele, ele já estava se sentindo culpado. _Sinto muito, não deveria ter dito isso, mas ela ainda deve estar assustada, passou por muita coisa hoje. Preciso falar com ela antes.

_ Você tem razão... você acha que ela vai me perdoar? Faço qualquer coisa.

_ Não conhece meus filhos, eles são crianças maravilhosas. O Noah já te perdoou, não? – Ele assentiu com a cabeça e pude ver um sorriso discreto surgindo no rosto dele. _ Só dá um tempo pra ela, vou falar com ela.

Entrei no quarto e encontrei minha menina dormindo cheia de sondas e cabos presos nela. Isso me incomodava muito, não era a primeira vez que a via dessa forma, mas sempre me deixava mal, esperava nunca mais ter que ver a minha filha dessa forma. Me aproximei da cama dela e fiz carinho no seu rosto, ela se remexeu um pouco e abriu os olhos de vagar.

_ Mamãe? – Perguntou com baixinho.

_ Oi meu amor, como você está se sentindo?

_ Tá doendo aqui - disse apontando pro peito. _ O que aconteceu mamãe?

­ _Você passou mal bebê, mas já acabou. Você está bem e já, já volta pra casa.

­_Aquele moço malvado tava guitando com você, mamãe. – disse assustada

Por mais que odiasse o Christian, eu sabia que agora ele iria fazer parte da vida dos meus filhos, eu querendo ou não, e se isso realmente for acontecer, tinha que dar um jeito de arrumar as coisas. Não quero que meus filhos tenham um mal relacionamento com o pai, não quero que eles tenham que pagar por nossos erros. Então decide mentir um pouco para ajudar o Christian.

_ Não meu amor, a gente estava conversando, só isso, ele é um... amigo da mamãe, a gente só começou a falar um pouco mais alto. Ele não é malvado, até o Noah já falou com ele. A verdade é que ele estava querendo te pedir desculpas por ter te assustado. Você se importa de falar com ele? Se você não quiser não precisa.

_ Ceteza que ele não é malvado e não vai guitar comigo?

_ Certeza meu amor, mamãe vai estra aqui, eu prometo que tudo vai ficar bem.

_ Tudo bem, então.

Dei um beijo na testa dela e saí pela porta. Christian ainda se encontrava sentado na cadeira em frente a sala. Ele parecia muito triste e arrependido, por um segundo me permiti sentir pena por ele, só por um segundo.

_ Eu já falei com ela, disse que estávamos apenas conversando alto demais e que você queria se desculpar com ela por tê-la assustado. – disse fazendo notar minha presença. Ele deu um pulo da cadeira e sorriu pra mim.

_ Obrigado Anastásia.

_ Se você machucar um dos meus filhos de novo, eu te mato. Estou falado sério, se você se atrever a machuca-los eu acabo com você. – Ele me olhou sério e um pouco machucado.

_ Eu jamais os machucaria, não de propósito. Eles são meus filhos e já os amo. – Disse parecendo sincero.

_ Assim espero. – Disse e comecei a andar de volta para o quarto da minha filha. Christian me seguiu de perto.

Entramos pela porta e minha filha continuava do mesmo jeito em a tinha deixado. Ela ficou nos olhando com curiosidade, mas um pouco apreensiva. Andei até a cama e pari do lado. Christian se manteve logo atrás.

_ Filha, este é o Christian, meu amigo. – Disse apontando pra ele.

_ Oi Emma, como está se sentindo? – Perguntou se aproximando da cama.

_ Bem... mamãe disse que você não é malvado, mas você guitou com ela. Mamãe sempe diz que guitar com as pessoas é feio.

_ Eu sei, seu irmão me disse a mesma coisa. – Respondeu passando a mão pela nuca. _ Por isso queria pedir desculpas, não devia ter gritado com a sua mãe.

_ Você já pediu desculpa pá mamãe? – Perguntou minha filha como se o estivesse reganhando. Christian olhou pra mim.

_ Sim, meu amor, ele já pediu desculpas. Mamãe já desculpou.

_ Então tudo bem, só não guita de novo!

_ Prometo não gritar de novo.

Minha filha sorriu pra ele e Christian assumiu isso como um sinal verde. Os dois começaram a conversar, principalmente sobre desenhos e os deveres de casa que Emma gostava de fazer, mas Noah odiava. Se passaram alguns minutos, até que alguém bateu na porta. Fui até a porta e abri. Do outro lado se encontrava Leo com uma mochila muito grande.

_A enfermeira me disse que vocês estavam aqui. Como ela está?

_ Está bem, acordada e muito animada. Passa. – Disse abrindo espaço para entrar.

Leo passou pela porta e eu sabia que não iria gostar de ver Christian dentro do quarto e conversando com a Emma. Mas não podia fazer nada, cumpriria minha palavra e faria com que as coisas se dessem da forma certa, pelos meus filhos.

_Tio Leo! Você veio! – Tentou gritar minha filha, sendo reprendida por mim logo depois. Ela não podia ficar se forçando.

_ Olá, pequena, como você está? – Perguntou Leo ignorando a presença de Christian no quarto. Agradeci mentalmente por isso.

_ Tô bem, o médico falo que vou podé ir pá casa logo, logo!” – Respondeu sorrindo.

_ Isso é ótimo, amorzinho! Quando você sair vou levar você e seu irmão para passear.

_ Ebaaa! Podemos ir no zoológico?

_ Onde você quiser!

_ Eu tenho que ir. - Disse Christian se levantando. _ Tenho algumas coisas para resolver do trabalho. Mas eu volto para te visitar, pequena. – Disse em direção a minha filha, ignorando o Leo assim como ele o ignorou. Eu pessoalmente achava melhor assim, pelo menos por enquanto.

Christian deu um beijo no topo da cabeça da minha filha de uma forma muito paternal, parecia que ele esteve perto deles por muito tempo, como um verdadeiro pai.

_ Anastásia, tem como você me dar seu telefone? – Perguntou. _ Assim podemos marcar para ver as crianças e... ainda temos muitas coisas pra discutir. – Disse perto de mim, baixo o bastante, para que, nem Emma, nem Leo ouvisse.

_ Tudo bom, a pesar de achar que você já tem meu número. – disse convencida. Se ele conseguiu meu endereço e o lugar onde eu trabalho, tenho quase certeza que ele sabe mais coisas.

O leve vermelho em seu rosto e sua cara de culpado, apenas confirmaram a minha hipótese. Ele já tinha meu número.

_Então, eu posso te ligar depois. – Perguntou timidamente. Nesse momento me lembrei da primeira vez que ele me pediu para sair.

FLASHBACK ON

Christian e eu nos conhecemos em uma festa. Festa a qual eu fui forçada a ir por uma amiga do colégio. Ela estava animada por ter sido convidada a uma festa universitária, mas morria de medo de ir sozinha, então me levou junto.

_ Você vai ficar me devendo uma muito grande, Camila – disse pra minha amiga, sem noção.

_ Ah, vamos! Você fala como se fosse um grande sacrifício! É uma festa de universitários, sem moleques idiotas do colégio, estamos falando de homens, Ana. Homens de verdade! – Respondeu puxando do meu braço.

_ Ok, só vamos logo, não posso voltar muito tarde, você sabe muito bem como meu pai é.

_ Ahhhhh! Obrigada, Ana, te amo! – aham... amava tanto que parou de falar comigo quando contei que fiquei gravida, disse que não queria estar relacionada com uma menina que engravida de qualquer um.

Saímos em direção à festa, não era muito longe, era um uma dessas casas de fraternidade. Quando nos aproximamos, podíamos notar uma quantidade absurda de carros estacionados no meio da rua, a festa parecia estar lotada. Conseguimos estacional na rua, um pouco longe da casa e fomos andando. Mal chegamos e fui abandonada pela Camila, ela saiu correndo atrás do cara que a tinha convidado e que, provavelmente já a estava comendo. Eu fiquei meio sem o que fazer, não era muito de dançar e também não era muito boa fazendo amigos, então eu decidi sair da casa e ir até o jardim.

O jardim estava quase vazio, apenas com um casal se pegando em um canto e uma cara vomitando perto de uns arbustos. Eu decidi sentar em um banco um pouco afastado. Sentei no banco e fechei os olhos jogando minha cabeça pra trais, apenas disfrutando da música que vinha de dentro da casa. Passei algum tempo assim, apenas curtindo a tranquilidade, mas quando abri os olhos levou um susto ao ver um homem de pé na minha frente. Ele era alto de cabelos escuros e olhos azuis, essa foi a primeira vez que eu vi Christian.

_ Desculpa não quis te assustar. - Se desculpou. _ Acho que não sou o único tentando fugir daquela bagunça. – Disse apontando para a casa.

_ Não gosto de lugares muito cheios.

_ Eu também não, mas se não gosta de lugares cheio, porque está aqui? – Perguntou.

_ Fui arrastada pela desequilibrada da minha amiga. Qual é a sua desculpa? – Devolvi a pergunta.

_ Infelizmente faço parte da fraternidade, sou obrigado a suportar estas festas de vez em quando. – Respondeu um pouco irritado. Eu tive que rir da careta que ele fez.

_ Você não parece ser o tipo de cara de fraternidade, e pelo visto não gosta muito do clima, então, o que você faz em uma fraternidade? – eu não o conhecia mas ele despertava uma curiosidade em mim, que eu não conseguia controlar.

_ Meu pai fez parte desta fraternidade, é meio que uma coisa de família, já tinha um lugar reservado, não tive escolha. – Respondeu.

_ Todos temos escolha, uhm... – no momento percebi que estava falando com ele mas não sabia seu nome.

_ Christian grey, e seu nome é...? – Perguntou.

_ Anastásia Steele, mas pode me chamar de Ana.

_É um lindo nome. - Disse sorrindo. _ Você se importa se eu sentar com você? – Perguntou.

_ Não, claro que não. - Respondi, um pouco rápido demais. Ele riu pela minha resposta e se sentou.

Continuamos conversando sobre muitas coisas, sobre como ele odiava as tradições da irmandade, principalmente aquelas que humilhavam os novatos. De como eu morria de vontade de sair do colégio e fazer faculdade de medicina, meu sonho era ser médica. E assim as horas foram se passando.

_ Não acredito que você não gosta de comida mexicana? Eu acho uma delícia. – Disse consternada. Ele riu do meu espanto.

_ Não sou fã de comida picante e não entendo como eles conseguem comer abacate daquele jeito, é nojento.

_ Claro que não guacamole é uma delícia, você deveria experimentar o meu. – Disse me arrependendo em seguida.

_ Isso é um convite? – perguntou me olhando diferente.

_ Eu... – não consegui formular uma palavra e muito menos uma frase. Ele estava perto demais pra que eu pudesse pensar corretamente.

Christian se sentou mais próximo de mim e levou a sua mão até meu rosto, ele estava perigosamente perto. “Você é muito linda sabia?” – disse e se aproximou ainda mais. Nossos lábios estavam a apenas um centímetro de distância. Eu estava pronta e desejando esse beijo, mas fomos interrompidos pelo grito histérico da minha amiga.

_ ANASTÁSIA! PRECISAMOS IR. – gritou desde a porta da casa.

_ Eu tenho que ir. – Disse, e afastando dele.

_ Você tem mesmo que ir? – Perguntou triste, eu assenti com a cabeça. _ É uma pena...

_ Foi bom te conhecer, Christian. – Disse me levantando.

_ O prazer foi todo meu. – E me deu um beijo na bochecha. Eu fiquei vermelha que nem um tomate e me virei para ir embora, mas ele segurou meu braço.

_ Será que você pode me dar seu número? – Perguntou sem graça.

_ Sim. – Ele pegou seu celular do bolso e passou para mim. Digitei meu número e devolvi o telefone para ele.

_ Posso te ligar amanhã? – Perguntou.

FLASHBACK OFF

No dia seguinte, Christian me ligou e marcamos de sair. Era bom e ruim relembrar essas coisas. Fizeram parte da minha vida, de uma parte boa, mas que hoje são apenas lembranças de um engano.

_ Anastásia? – Disse Christian me tirando dos meus pensamentos.

_Se você achar melhor, podemos conversar outro dia, só não demore muito, por favor.

_ Não, tudo bem. Pode ligar. - Respondi rapidamente.

_ Obrigado, eu vou indo. – Se despediu mais uma vez e saiu pela porta.

O vi saindo pela porta e soltei o ar que estava preso dentro de mim desde que ele apareceu na minha casa. Me virei em direção a minha filha e vi Leo olhando pra mim com uma cara nada agradável, mas logo se virou e sorriu pra minha filha e continuou falando com ela. Eu teria que falar com ele depois. Ficamos mais um tempo no quarto com Emma, mas logo depois o médico informou que ela precisava descansar. Ele injetou alguma coisa no soro e Emma caiu no sono logo depois. O médio assegurou que ela só iria acordar no dia seguinte.

Leo passou algum tempo tentando me convencer de ir dormir em casa, até se ofereceu pra ficar, mas não iria deixar a minha filha sozinha, ela podia acordar assustada por não ter ninguém conhecido. Eu não sairia desse hospital sem a minha filha. Eu sabia que Noah seria bem cuidado pela Kate, e ela podia deixar ele aqui amanhã, antes de ir trabalhar. Leo acabou desistindo e aceitando, ele ainda tentou me fazer conversar sobre o que aconteceu com Christian, mas eu estava cansada de mais pra isso, tanto física como emocionalmente.

_ Certeza que quer ficar. – Perguntou pela vigésima vez.

_ Sim, já disse que não vou sair daqui sem minha filha. – Respondi um pouco chateada, já estava começando a ficar cansada de sus insistência.

_ Desculpa, não quero te chatear, só fico preocupado com você. – disse abaixando a cabeça e eu me senti culpada por falar com ele desse jeito, ele só quer meu bem.

_Não estou chateada com você. Me desculpa, só quero que você entenda que não vou conseguir dormir em casa sabendo que minha filha está aqui sozinha.

_ Eu entendo, eu trouxe algumas coisas pra você, no fundo sabia que não iria ceder, está tudo na mochila, se precisar de outra coisa pode me ligar e eu trago pra você.

_ Obrigada, pode ir tranquilo, a enfermeira falou que ia me conseguir uma almofada e um edredom. – Disse sorrindo para ele.

_ Tudo bem, eu vou indo. Eu venho amanhã cedo, trazendo o Noah para visitar a irmã.

_ Ótimo, dá um beijo nele por mim. – Disse um pouco triste. A pesar de saber que ele estava bem, ainda sentia saudades do meu filho.

_ Darei vinte. – Respondeu brincalhão. Ele pareceu parar para pensar e seu rosto mudou um pouco. _Nós ainda temos que falar. - Disse sério. _ Eu sei que no final a decisão é sua, mas eu me importo com você e com as crianças e gostaria de saber o que está acontecendo na vida de vocês.

_ Eu sei, prometo que vamos falar e eu vou te contar tudo, mas não hoje. Preciso ver a minha filha bem e fora deste hospital, depois disso conversamos. – Falei calmamente.

_ Tudo bem, não vou te pressionar. – Disse segurando meu rosto. _ Agora eu vou indo. Boa noite, meu amor. – Disse me beijando em seguida.

_ Boa noite, amor. – Respondi. Ele me soltou e se virou em direção a saída.

Fique acordada, ainda, por algum tempo. Pensando em tudo o que tinha acontecido hoje e em tudo que ainda estava pra acontecer. Devo admitir que estava com medo. A pesar dele ter dito que não tiraria meus filhos de mim, eu sabia que se ele quisesse ele poderia, tinha o poder e o dinheiro pra isso. Despois de dar muitas voltas, consegui pegar no sono, desejando que as coisas se acertasse, o mais rápido possível.


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