Como recuperar o tempo perdido? escrita por bells


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês estava, esperando "a conversa", mas vão ter qu espera mais um pouquinho, antes vamos conhecer o ponto de vista do Christian. Espero que gostem.



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CHRISTIAN POV

Um mês, eu estava há um mês nos Estados Unidos e ainda não tinha nenhuma notícia sobre a Ana. Welch era realmente um inútil, ele só precisava encontrar uma pessoa. Quão difícil pode ser encontrar uma pessoa?

Estava em meu escritório, tentando me concentrar nos contratos que Andrea tinha deixado na minha mesa, mas estava sendo difícil. Além de não conseguir encontrar a Ana, Elena continuava a infernizar minha vida. Agora ela inventou de viajar com a Sophia. Eu não entendia porque ela fazia questão de levar minha filha, ela nem cuidava direito dela, eu sabia que ela só fazia isso para me incomodar. Minha sorte era que, graças a guarda compartilhada, ela não podia viajar com minha filha sem minha autorização. Tentei voltar minha concentração aos contratos, mas alguém bateu na minha porta.

_Senhor? – Perguntou Andrea na porta, eu dei um sinal para que continuasse. _O senhor Welch está esperando para falar com o senhor.

_Tudo bem, Andrea, pode deixar ele entrar. – Disse ansioso. Será que ele tinha alguma novidade?

Andrea saiu da minha sala e segundos depois Welch entrou pela porta. Ele parecia cansado e um pouco nervoso.

_Bom dia senhor Grey. – Disse de formalmente.

_Sente-se Welch. Espero que tenha novidades para mim. – Disse e percebi que ele ficou nervoso.

_Senhor, eu... – Começou nervoso.

_Não me venha com desculpas Welch, já dei tempo o bastante para você e para sua equipe.

_Eu sei senhor, mas achar uma pessoa não é tão fácil assim, principalmente em um pais tão grande.

_EU JÁ TE DEI TODA A INFORMAÇÃO QUE VOCÊ PRECISA. O QUE MAIS VOCÊ QUER? – Disse perdendo a paciência.

_Desculpe, senhor. Estamos fazendo tudo o que podemos. – Se desculpou. No fundo eu sabia que ele estava dizendo a verdade. Welch é um dos meus melhores empregados, mas minha impaciência e angustia não me deixavam pensar direito. Eu queria resultados e os queria já.

_Então faça mais! – Disse ríspido, mas um pouco mais calmo.

_Sim senhor. – Disse se levantando e saindo da minha sala.

[...]

Depois que Welch foi embora, não consegui fazer mais nada, não conseguia para de pensar na Ana. Onde será que ele está? Será que ela saiu do país? Muitas perguntas e nenhuma resposta. Decidi sair para almoçar fora, não queria mais ficar naquela sala. Liguei para Taylor e pedi para que preparasse o carro.

Almocei em um dos meus restaurantes favoritos, mas a comida não era, nem de longe, o que eu estava esperando. Comi rapidamente e saí do restaurante, meu dia estava sendo uma merda e eu só queria chegar em casa em encontrar com a minha filha, ela era a única que conseguia melhorar meu dia.

Entrei no carro e Taylor começou a dirigir pelas ruas. Eu só queria chegar rápido em casa, já tinha ligado para Andrea avisando que não voltaria ao trabalho e que ela precisava remarcar minhas reuniões. No meio do caminho para em um sinal. Estava ficando irritado pela demora, mas bastou um segundo para que tudo isso mudasse.

Saindo do supermercado, linda, do jeito que eu lembrava, estava ela, Anastásia. Ela não tinha mudado nada, mas o que me chamou a atenção foi a criança que ela carregava no colo. Era uma menina de cabelos claro e muito linda. Poderia até dizer que parecia com a Ana, mas não tina certeza, não dessa distância. Abri a porta para sair correndo atrás dela, mas ela entrou em um taxi.

_Siga aquele taxi, Taylor. – Ordenei. _Rápido! – Não podia perde-la de vista.

Taylor dirigiu atrás do taxi por alguns quilômetros, até chegar um baixo de classe média-baixa. Annabel desceu junto com a menina que agora apenas segurava a mão dela. O taxista e o porteiro ajudaram a levar as coisas para dentro do prédio. Fiquei minutos sentado no banco, pensado se eu deveria ir atrás dela ou não. Como ela iria reagir? O que eu falaria para ela? E o mais importante: quem era essa menina? Será que ela casou e teve filhos? Olhando mais de perto, pude perceber que a menina parecia muito com ela, apostaria qualquer coisa à que ela era a filha de Ana. Não consigo imaginar “minha Ana” como mais alguém. Eu sei que ela tem o direito de refazer a sua vida, principalmente depois do que eu fiz com ela, mas só de pensar nela com mais alguém, fazia meu sangue ferver.

Meu coração gritava para que eu saísse do carro e enfrentasse a situação de uma vez, mas minha cabeça dizia para esperar, no final das contas, eu já sabia onde ela morava e seria fácil encontrá-la. Antes do nosso reencontro, eu precisava saber mais, precisava de respostas. Então decidi ligar para Welch e voltar para casa.

No dia seguinte, Welch já tinha juntado toda a informação que eu pedi para ele. Ele ficou constrangido quando eu disse que eu tinha conseguido em um dia o que ele não tinha feito em um mês, então trabalho no dobro da velocidade e fez tudo em menos de 24 horas.

_Senhor Grey, aqui está a informação que me pediu. – Disse Welch colocando um envelope em cima da minha mesa. _Desculpe pela demora, senhor. – Disse abaixando a cabeça e saindo da sala.

Estando a sós na minha sala, abri o dossiê com toda a informação que Welch conseguiu reunir sobre a Ana. Aparentemente ela se mudou para cá na mesma semana em que eu fui para Londres. Não tem muita informação sobre o que aconteceu com ela quando chegou aqui, mas descobri que ela trabalha em um restaurante na cidade e que ela tem dois filhos. Essa última informação me chocou. Então aquela menina era mesmo a filha dela e tinha um irmão gêmeo. Mas não havia informação sobre o pai, o que me deixava mais intrigado. Continuei lendo. Havia uma folha inteira sobre as crianças. Seus nomes eram Emma e Noah, tinham três anos.

Três anos? Não era possível. Eles não podem ter três anos. Se isso era certo, então... Não, ela não faria isso comigo, ela teria me contado. Continuei lendo a informação, para tentar achar uma explicação, mas não achei nada. Estava quase desistindo, mas no fundo do envelope encontrei uma foto. Nela Anastásia saia do prédio segurando a mão das duas crianças. À sua direita estava a menininha que vi aquele dia, ela tinha os cabelos um pouco mais claros que a Ana, mas fora isso, era a cara da mãe. E do lado esquerdo se encontrava Noah, ele tinha os cabelos escuros, quase pretos, e os olhos azuis, ele era muito diferente da irmã. Fiquei olhando para aquela foto sem acreditar no que estava vendo. Noah era muito parecido comigo, não tinha como negar, ele era uma miniatura minha. Mas como?

Levantei da cadeira e comecei a andar pela minha sala, de um lado para o outro. Eu não conseguia acreditar, eu não queria acreditar. Ela não podia ter feito isso comigo. Todos estes anos e eu não sabia de nada.

_Christian, você está bem? – Perguntou Elliot entrando na minha sala e me tirando de meus pensamentos.

Elliot era meu melhor amigo, quase um irmão. Estudamos juntos desde pequenos e sempre fomos muito unidos, quando ele se formou, não pensei duas vezes e o chamei para trabalhar comigo.

_Não, não estou! – Respondi nervoso.

_O que aconteceu? O que a Elena fez desta vez? – Perguntou.

_Ela não fez nada, pelo menos, nada novo. – Disse e joguei a foto para ele. Elliot ficou olhando a foto por alguns segundos e levantou o olhar para mim.

_Ela é quem eu acho que é? – Perguntou surpreso.

_Se por ela você quer dizer a mãe dos meus filhos, sim!

_Filhos? Não estou entendendo nada. – Disse confuso.

_Você olhou direito para essa foto? Olha para o menino. – Elliot pegou a foto de novo e deu mais uma olhada.

_Bom tenho que admitir que ele parece muito com você, mas isso não é uma prova. – Respondeu com calma.

_Eles têm três anos e a mulher que você está vendo na foto é Anastásia Steele. As datas batem, Elliot e eu sei que Anastásia não seria capaz de me trair. Tenho certeza que eles são meus filhos. – Respondi tendo certeza disso. Eles eram meus filhos.

_E o que você pensa fazer agora? – Perguntou.

_Vou atrás dele e tirar tudo a limpo, quero que ela diga na minha cara porque escondeu meus filhos de mim.

_Christian, acho que você está se precipitando. Você não sabe o que aconteceu com ele ou quais foram seus motivos. Além do mais, não pode chegar exigindo coisas depois do que você fez com ela. – Não queria admitir, mas ele tinha razão.

_Então o que você sugere que eu faça? Que fique aqui sentado e esperar que ela descida me contar a verdade? – Perguntei irritado.

_Não, apenas estou dizendo que você deveria tentar uma aproximação mais discreta e sutil. Aqui diz que ela trabalha num restaurante. – Disse segurando os documentos. _O que você acha de almoçar lá?

Um sorriso surgiu no meu rosto quando Elliot disse isso, ele podia ser um idiota na maior parte do tempo, mas de vez em quando tinha boas ideias. Eu podia aparecer no restaurante e encontrar com ela, por “pura coincidência”. Isso me daria uma chance de falar com ela, sem que ela se sinta ameaçada.

_Eu acho uma ótima ideia. – Falei e Elliot sorriu para mim.

_Perfeito! Você paga, vamos! – Disse sorrindo.

Elliot e eu fomos até o restaurante no meu carro, estacionamos e fomo até a porta. Meu nervosismo aumentava com cada passo que eu dava, em alguns minutos eu estaria frente a frente com ela. Sentamos em uma mesa no canto do restaurante, que parecia ser muito elegante. O restaurante estava quase vazio, mas era normal já que estávamos um pouco atrasados para o almoço.

_Você precisa relaxar um pouco Christian, daqui a pouco você está quicando na cadeira. – Disse Elliot rindo de mim.

_Cala a boca seu imbecil. – Disse chateado e ele apenas riu.

Esperamos uns minutos, mas ninguém veio nos atender, estava começando a ficar irritado. Olhei para o lado e vi uma mulher se virando rapidamente e entrando por uma porta. Poderia jurar que foi a Ana. Fiquei olhando para a porta para ver se ele voltava, mas em seu lugar apareceu uma loira e veio até nossa mesa.

_Boa tarde, o que possa trazer para vocês? – Perguntou com um sorriso no rosto, mas ao mesmo tempo parecia um pouco nervosa.

_Tinha outra garçonete vindo para nossa mesa. –Disse de forma direta.

_Desculpe senhor, mas esta é minha zona, então sou a única garçonete aqui. – Respondeu cinicamente, eu sabia que ela estava mentindo.

_Quero falar com Anastásia Steele. – Curto e groso, cansei dessa brincadeira.

_Não sei do que o senhor está falando. Não tem nenhuma Anastásia trabalhando aqui. Gostariam de fazer seu pedido agora ou querem que volte depois? – Continuou a falar com aquele sorriso sínico no rosto.

_Olha aqui sua... – Antes que eu pudesse continuas Elliot me interrompeu.

_Vamos querer o filé mignon ao molho de cogumelos. Obrigado.

_Tudo bem, volto em seguida com a comida de vocês. – Disse e se afastou da mesa.

_Porque você tinha que se meter, seu idiota? Ela estava mentindo! – Disse nervoso.

_Porque você estava sendo um babaca com a moça e porque não adianta você gritar. Está claro que ela está escondendo algo, mas não é gritando que você vai conseguir alguma coisa.

_Mas que merda! Agora tenho que ficar aqui escutando seus conselhos.

_Se você quiser fazer as coisas certo, sim.

_Desde quando você é o senhor da razão? Até ontem você ria quando alguém escorregava.

_Cara, isso é muito divertido, principalmente as caras que as pessoas fazem. – Disse fazendo caretas.

Decidi esperar um pouco, mas eu não conseguia, eu sabia que ela estava no restaurante e eu sabia que ela estava me evitando, ela me viu e fugiu de mim, tenho certeza disso. Quando um dos garçons veio trazer minha comida eu pedi para falar com o gerente, alguém me daria respostas e esse seria o gerente.

Não demorou muito para o gerente aparecer, mas ele não tinha uma cara muito boa, parecia irritado.

_Boa tarde, senhor. – Disse a última palavra como se fosse um palavrão. _Gostaria de falar comigo? - Perguntou

_Sim, eu estou procurando um do sues empregados. Eu sei que ela trabalha aqui e eu gostaria de falar com ela.

_Posso saber o assunto?

_É pessoal. – Respondi. Esse homem estava me irritando.

_Nesse caso não posso ajudá-lo.- Respondeu o filho da puta.

_Nesse caso... – Disse me levantando e andando em direção à cozinha. Mas o babaca segurou meu braço.

_Essa área é apenas para pessoas autorizadas. Devo pedir que o senhor se retire.

_Eu não vou a lugar nenhum até falar com a Anastásia!

_Bom, nesse caso, devo dizer que não tem ninguém com esse nome trabalhando aqui.

_Você está mentindo! Todos vocês estão! – Gritei chamando a atenção de todos no restaurante, mas não me importava.

_Se o senhor não se retirar vou ter que ligar para a polícia. – Disse o desgraçado.

_Christian é melhor irmos embora. – Disse Elliot segurando meu braço. Eu tentei argumentar, mas a situação não estava boa. O melhor seria recuar por enquanto.

_Isto não vai ficar assim. – Disse saindo do restaurante.

Elliot e eu saímos do restaurante e voltamos à empresa. Eu estava espumando de raiva, queria voltar ao restaurante e quebrar a cara daquele gerente. Elliot disse que o melhor a ser feito seria esperar um tempo e deixar a poeira baixar. Eu sabia onde ela morava e onde trabalhava e deixaria Welch de olho nela. Voltei ao restaurante nos dias seguintes, mas nem sinal dela, esperava até o horário que o restaurante fechava, via todo mundo sair, menos ela. Tinha certeza que ela estava se escondendo de mim. E eu não estava mais aguentando.

Tinha decidido ir até a casa dela hoje mesmo, e nada nem ninguém iria me impedir. Eu sabia o horário em que as crianças estavam em aula e aproveitaria isso para poder falar calmamente com ela. Sem poder esperar mais um minuto, peguei minhas coisas e saí pela porta avisando à minha secretaria que eu não voltaria e que ela estava dispensada. Cheguei até o elevador, mas quando a porta se abriu dei de cara com o Elliot.

_ A onde você está indo Christian? – Perguntou ele.

_ Não é da sua conta Elliot! – Respondi ríspido.

_ Você não pode ir atrás dela assim! Ela já está fugindo de você. Quer o quê? Que ela mude de pais?

_ Eu procuro e acho-a em qualquer lugar!

_ Esse não é o ponto. Se você quer resolver as coisas com ela tem que ir com calma. – Disse ele calmamente.

Mas claro que ele estava calmo não era com ele. Não era ele que sonhava com ela todas as noites. Não é ele que tem dois filhos que nem conhece. E não é ele que está prestes a matar alguém se não falar com ela agora!

_ EU NÃO POSSO MAIS ESPERAR! EU JÁ PERDI QUASE 4 ANOS LONGE DELA E 3 ANOS DAS VIDAS DE MEUS FILHOS! NÃO QUERO E NEM VOU MAIS ESPERAR! – Gritei chamando a atenção das poucas pessoas que se encontravam no andar, mas eu estava pouco me importando com isso. No final das contas eu sou o dono da maldita empresa.

_ Ok... Eu sei que não vou conseguir te deter, mas vai com calma. Não faça algo do que vá se arrepender.

_ Eu só quero falar com ela... só isso.

_Tudo bem, boa sorte então. – Disse me dando batidinhas no meu ombro.

Não disse nada, apenas entrei no elevador e desci até o estacionamento, peguei meu carro e sai dirigindo o mais rápido possível. Fui até o endereço que aparecia no dossiê. Era um lugar de classe média-baixa e dava pra ver que os apartamentos eram pequenos. Fiquei imaginando como viviam duas mulheres e duas crianças em um apartamento tão pequeno. Crianças precisam de espaço e eu iria dar isso aos meus filhos.

Fiquei algum tempo sentado no carro, criando coragem para enfrentar Anastásia e tentando me acalmar ao mesmo tempo. Minha cabeça estava cheia e eu não queria fazer nada errado. Respirei fundo e desci do carro. Entrei no prédio e percebi que não era muito seguro, sem câmeras, portas abertas e não achava o porteiro em lugar algum. É muito perigoso morar em um lugar assim, qualquer um pode entrar.

Subi pelas escadas, já que o prédio não tinha elevador, e cheguei até o andar de Anastásia, andei até a porta e criei coragem para bater na porta. Depois de bater não tinha mais volta atrás, só podia esperar e ver o que aconteceria.

Anastásia abriu a porta com um grande sorriso no rosto, mas isso mudou quando notou que era eu na porta. Se rosto se contorceu em uma careta de medo. Ela simplesmente congelou na minha frente, não se mexeu e nem falou nada, só ficou de pé me olhando. Eu pensei que ela fosse fechar a porta na minha cara ou gritar, mas ela não fez nada.

Decidi tomar a iniciativa e entrei no apartamento, ela não me impediu, simplesmente ficou parada olhando para mim chocada.

_ Você vai ficar ai de pé pra sempre o vai fechar a porta? – Perguntei vendo que ela não iria se mexer.

_ O que você está fazendo aqui? Como sabia que eu morava aqui? – Perguntou tão baixo que eu mal ouvi.

_ Tenho meus meios e estou aqui porque precisamos falar. – Disse de forma ríspida olhando ao redor.

O apartamento era realmente pequeno. Notei o sofá cama no meio da sala, imaginei que ela dormisse ali mesmo. Perguntava-me onde meus filhos dormiriam. A cozinha era apenas dívida da sala por uma pequena bancada e a direita havia um pequeno corredor. Meus filhos mereciam um lugar melhor para morar.

_ Não temos nada para falar! Agora, por favor, vai embora! – Disse ela me tirando dos meus pensamentos.

Suas palavras me afetaram mais do que eu poderia imaginar. Como assim não tínhamos nada do que falar? Temos dois filhos! Filhos dos quais eu não sei nada. Filhos que ela tentou esconder de mim. Eu juro que tentei me controlar, mas uma semana esperando para falar com ela e quando eu consigo ela diz isso para mim! Eu não me segurei e comecei a gritar, ela falava baixo e me pedia para parar, mas eu não conseguia, a minha raiva era maior.

Não sei como nem em que momento tudo aconteceu, mas em momento ouvi a voz de uma criança gritando e no segundo seguinte, aquela menininha, idêntica à mãe, estava deitada no chão sem conseguir respirar. Eles não deveriam estar em casa, era para estarem na creche. Tudo aconteceu muito rápido, depois do choque, liguei para uma ambulância. Anastásia injetou alguma coisa na minha filha e logo depois ela estava sendo levada numa maca. Anastásia foi com ela e com o nosso filho na ambulância e eu os segui no meu carro.

O caminho até o hospital parecia uma tortura. A ambulância corria pelas ruas desviando os carros e eu estava logo atrás, mas a única coisa que eu conseguia pensar e que nada acontecesse com a minha menininha. Eu não podia perdê-la, nem tive tempo de conhecê-la. Perdê-la não era uma opção.

Chegamos ao hospital e parei o carro de qualquer jeito, ele podia ser guinchado que eu não iria me importar. Sai correndo e entrei no hospital tentando achar por onde eles tinham ido. Não demorou muito até encontrar uma maca sendo guiada por um grupo de médicos e enfermeiros, sedo seguida de perto pela Ana, que ainda segurava o nosso filho no colo. Ela foi detida ao chegar em frente a duas grandes portas, a maca e os enfermeiros entraram, mas ela ficou de pé do lado de fora.

Andei até eles, mas decidi ficar um pouco afastado. Cheguei perto o suficiente para ouvir a conversa dos dois. O menino parecia assustado, assim como Anastásia, que tentava se segurar na frente do filho. Ela disse alguma coisa sobre deixar o menino sentado para poder falar com alguém, mas ele não queria, então decidi intervir.

_ Eu posso ficar de olho nele. – Disse chegando perto deles. Mas antes que Annabel pudesse dizer alguma coisa, meu filho se negou a ficar comigo.

_ Não! Eu não quelo fica com o moço malvado! – Disse assustado.

Ouvir isso do meu filho machucou muito. Eu sei que eu merecia isso, no final das contas era por minha causa que estamos no hospital sem notícias do estado da minha filha, mas ouvir do que meu próprio filho repudiava minha presença era algo insuportável. Ver seus olhinhos me olhando com medo e raiva partiram meu coração.

Anastásia teve que intervir para convencê-lo de ficar. Ele acabou cedendo. Ana deu um beijo nele e me pediu para ficar de olho nele, se levantou e andou até o corredor, me deixando sozinho com o menino. Ele estava sentado na cadeira segurando suas pernas e com a cabeça apoiada nos joelhos olhando para a mãe.

Eu precisava fazer alguma coisa para reverter a situação, ele devia me odiar no momento, mas eu faria alguma coisa para mudar isso. Se eu queria fazer parte da vida deles eu precisava melhorar minha imagem frente a eles.

_ Seu nome é Noah, certo? – Perguntei sentando ao lado dele.

Ele não respondeu e nem olhou para mim, só ficou olhando para a mãe de longe. Eu suspirei, mas não iria me render.

_ Olha eu sei que você está chateado comigo, o que eu fiz foi errado e eu peço desculpas.

Desta vez ele levantou a cabeça e olhou para mim.

_ Você guitou com a minha mamãe. Mamãe diz que não devemo guita com ninguém, polque é feio. – Suas palavras me atingiram. Ele é apenas uma criança e estava me dando uma lição.

_ Sua mãe tem razão... – “ela sempre tem” pensei. _ Eu não deveria ter gritado, eu prometo nunca mais fazer isso se você me perdoar. – Sabia que era golpe baixo, mas precisa que ele me perdoasse.

Ele pareceu pensar em uma resposta, se sentou direito e se virou na minha direção.

_ Você plomete? – Perguntou sério. Eu apenas assenti com a cabeça. _ Tudo bem, mas você vai te que pedi desculpa pra mamãe também.

_ Vou sim, com certeza. Obrigado por me perdoar, significa muito para mim. – Respondi com um grande sorriso no rosto.

O seu perdão significava muito para mim, era um grande passo para poder conhecer meu filho. Eu sabia que tinha que me desculpar com a Anastásia e com minha filha. Sabia que não seria fácil, mas rezava para que elas fossem tão flexíveis quanto meu filho.

_ Às vezes eu glito com a Emma também, ela fala muito! – Disse meu filho fazendo gesto com as mãos, coisa que me fez sorrir. _ Mas ai a mamãe bliga comigo.

_ É normal irmão brigarem, não quer dizer que seja certo, vocês deveriam cuidar um do outro.

_ Eu cuido! Semple! Mamãe disse que eu teno que cuida da Emma polque ela tem um dodói.

Dodói? Isso quer dizer que ela é doente? Isso explicaria o que aconteceu hoje. Uma criança saudável não teria uma parada respiratória desse jeito, mesmo depois de uma emoção forte. Agora, parando para pensar, Anastásia tinha uma bolsa com seringas e remédios em casa. Será que isso já aconteceu antes? Eu tinha tantas perguntas. Eu precisava saber de tudo.

Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa para o Noah, Ana apareceu pelo corredor, andando em nossa direção com o celular na mão. Ela continuou ignorando minha presença e falou com Noah, que não tirou o olho dela desde que a viu entrando no corredor.

Ana disse que ele voltaria para casa com uma amiga dela. Ele reclamou no começo mas acabou aceitando. Eu fiquei olhando para eles enquanto conversavam, era tão natural e cheio de amor o jeito em como eles se relacionavam. Dava para ver e sentir o quanto ela amava os filhos e o quanto eles a amavam de volta.

Os dois se sentaram na mesma cadeira, Noah já estava mais tranquilo, mas continuava agarrado à mãe. Ana fazia carinho na cabeça dele, enquanto olhava em direção à porta por onde “nossa filha” foi levada. Eu não conseguia continuar olhando pra ela, me sentia muito culpado pelo que tinha acontecido. Apenas sentei na cadeira e apoie minha cabeça nas mãos. O tempo passava e nenhum de nós três falou nada, o silencio estava começando a me incomodar, tinha muitas coisas a dizer e muitas perguntas sem resposta. Talvez este não fosse o melhor momento, mas eu precisava tentar.

_ Ana... – me segurei para não chamar ela de Ana. _ Anastásia, nós precisamos conversar, eu queria...- mas antes que eu pudesse continuar, ela me interrompeu.

_ Agora não. – Foi o único que ela disse, mas foi o bastante para entender que ela não estava disposta a falar no momento. Eu apenas acenei com a cabeça e voltei a me concentrar no chão do hospital.

Voltamos ao silencio de antes, não sei quanto tempo se passou, eu estava prestes a me levantar e ir à procura de alguém que me desse informações sobre minha filha. Mas antes de que pudesse me mexer, vi duas pessoas entrando andando no corredor. Não foi nenhuma surpresa ver a loira que nos atendeu no restaurante e o gerente do mesmo entrando juntos. Eu sabia que eles estavam mentindo pra mim.

Vi Anastásia se levantar, com o filho ainda no colo, e ir na direção deles. Aquele imbecil correu na direção dela e a abraçou. Tive vontade de levantar e arrancar ela e meu filho dos braços dele. Era eu quem deveria estar no lugar dele. Eles falaram alguma coisa e depois a loira pegou meu filho nos braços. Anastásia disse alguma coisa e aquele idiota olhou na minha direção com nada além do que ódio no olhar, mas eu decidi ignorar e me concentrei no meu filho e na Ana.

Ficaram algum tempo conversando, aquele idiota falava com meu filho como se fosse o pai, isso estava me irritando. Em seguida a loira pegou meu filho no colo eu saiu pela porta. Eu queria ir atrás e me despedir, mas sabia que no momento era melhor deixar as coisas assim. Ana e o gerente ficaram conversando de pé, eu não conseguia ouvir o que eles falavam, mas escutei claramente quando ele a chamou de amor, não duvido que tivesse sido de propósito. Essa pequena palavra mexeu muito comigo. Isso queria dizer que eles estavam juntos. Anastásia tinha alguém na vida dela.

E como se não fosse suficiente, ele ainda teve a coragem de falar de mim. Não consegui me segurar e fui pra cima dele. Aquele imbecil não tinha direito de me julgar, ele não sabia nada sobre minha vida. Os dois começamos a discutir mas Ana nos deteve alegando que estávamos em um hospital e que nossa filha estava lá dentro, ela tinha razão. Eu voltei a sentar nos bancos e eles se sentaram o mais longe possível de mim.

Passei um tempo sentado, olhando para o chão, até que meu celular tocou. Nem precisava ver a tela para saber quem era. Me levantei e andei até o corredor para atender.

_ Posso saber qual é a merda do seu problema? Vive reclamando que quer passar mais tempo com a Sofia, mas some sem dar nenhuma explicação! Fique sabendo que se for ser assim, vou levar minha filha... – Não consegui terminar de ouvir. Estava quase explodindo, e o menos que eu queria no momento era a maluca da minha ex-mulher gritando no meu ouvido.

_ Primeiro você vai parar de gritar comigo e não ouse me ameaçar utilizando a minha filha, porque quem vai sair perdendo vai ser você! Eu amo minha filha é você não é ninguém para duvidar disso. Tive alguns problemas e não pude voltar pra casa. Assim que resolver tudo vou para lá e espero encontrar minha filha na minha casa, para o seu próprio bem. – Disse num tom mortal.

_ Agora seus problemas são mais importantes que sua filha? - Ela realmente não sabia quando parar. _ Bom saber...

_ Não gasta o pouco de paciência que ainda me resta. Não vou discutir meus problemas com você, mas quero que você saiba que meus filhos estão sempre em primeiro lugar! – soltei as palavras sem pensar e infelizmente ela percebeu minha gafe.

_ Filhos? – perguntou confusa.

_ Falamos depois. – desligue sem dar tempo a ouvir sua resposta.

Guardei o celular no bolso e voltou para a sala. Anastásia e aquele imbecil continuavam sentados no mesmo lugar, mas ela parecia ainda mais inquieta. Queria poder me aproximar e lhe dizer que tudo ficaria bem, mas eu sabia que isso não era possível no momento.

Continuei sentado no mesmo lugar, ainda tive que atender mais algumas chamadas, mas nada me tiraria de lá, o mundo podia acabar lá fora, mas eu não iria sair até saber como a minha filha estava. Esperamos mais um tempo, quando um médico saiu pela porta dupla. Ele se dirigiu a Ana, mas eu estava ao lado ouvindo cada palavra.

Ele disse que a pesar de ter sido grave, a parada respiratória não tinha causado maiores danos e que ela ficaria bem, nesse momento me senti aliviado, saber que minha filha ficaria bem tinha sido a melhor notícia que tinha ouvido em muito tempo. Mas logo depois o médico e Anastásia começaram a falar sobre um tratamento. Que diabos de tratamento era esse? Que doença Emma tinha?

Tentei perguntar, mas o médico se recusou a responder alegando que eu não era parente da paciente e que esse tipo de informação era só discutido com os pais. A minha raiva foi crescendo, eu era o pai dela, eu tinha direito de saber o que estava acontecendo. Gritei para o médico que eu era o pai e estava disposto a continuar gritando, mas Ana interferiu e disse que contaria tudo depois. Eu saberia de tudo, mas sem importar o que fosse eu iria proporcionar todo o atendimento necessário à minha filha. O médico pareceu entender e se retirou, mas aquele cretino não podia ficar calado e começamos a discutir de novo.

As coisas que ele disse, além de me irritarem, me machucaram muito. Ele tinha ração, estávamos nesta situação por minha causa, porque eu deixei Anastásia, por que desci que seria o melhor. Ele podia até estar com a razão, mas eu não iria admitir isso para ele, aquelas crianças eram meus filhos e ele não podia mudar isso. Estava preste a responder alguma coisa, mas Ana, de novo, interferiu.

Podia ver como Anastásia e aquele imbecil discutiam, ela queria que ele fosse embora, o que me fez sentir bem, e ele insistia em ficar. Cara insuportável. Eles continuaram discutindo mais um pouco, mas acho que ela acabou o convencendo a ir, já que ele pegou a suas coisas e começou a andar em direção à porta, mas antes de sair ele passou por mim.

_ Espero que esteja preparado pra linda história que vai ouvir e espero que doa muito! – Foi o único que ele disse e continuou andando. O que ele queria dizer com isso?

Anastásia veio logo atrás dele, andando na minha direção, eu tinha muitas perguntas e muitas explicações a dar também, mas algo no fundo me dizia que eu não queria ouvir a verdade.


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Notas finais do capítulo

Christian não é tão ruim assim, ele só um pouco esquentadinho...