She Looks So Perfect escrita por Rocker


Capítulo 9
Capítulo 9 - Brazilian ways


Notas iniciais do capítulo

Voltei, meus amores! Sei que não tem muita gente acompanhando, mas os poucos que ainda o fazem eu prezo bastante. Vai ter uma leve alteração no sentido da história, porque eu sempre coloco um drama pessoal na personagem principal e consegui encaixar um deles direitinho. Bem, vamos ao capítulo!



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Capítulo 9 - Brazilian ways

– A princesa Mckinnon finalmente resolveu nos receber? - brincou Luke assim que me viu nas escadas.

Revirei os olhos, e mandei-lhe o dedo do meio por ter me chamado pelo sobrenome. Os garotos riram e Allie chamou minha atenção, mesmo eu vendo um sorrisinho estampado em seus lábios. Largei o livro no sofá e fui até Ashton.

– Oi, Ash, pensei que não voltaria! - dei-lhe um beijinho no rosto.

Ele ficou meio assustado e surpreso, mas logo abriu aquele sorrisinho de covinhas que eu tanto adorava. Virei-me para Calum e Michael, e Allie logo veio ao meu lado, prestes a "apresentá-los".

– Essa aqui é a Charlie, a amiga louca que eu disse que tinha. - ela disse. Olhei-a indignada e dei-lhe um tapa no braço, arrancando um gemido de dor dela e risadas dos meninos. - Isso dói, cacete!

– Eu sei, era a intenção, praga da minha vida. - sorri cinicamente.

Allie revirou os olhos e voltou às apresentações. - Charlie, esses são Calum e Michael.

– Prazer. - disse Calum, estendendo-me a mão.

Revesei olhares entre seu rosto e sua mão, e me aproximei para dar um beijo em sua bochecha. Depois fui até Michael e dei um beijo em sua bochecha também. Acho que não consegui me segurar, sempre quis fazer isso!

– Então esse é o jeito brasileiro de ser? - perguntou Michael, rindo.

– Não querido, esse é o meu jeito brasileiro de ser. - mandei-lhe uma piscadinha.

– Coitado do Luke, Charlie, ele fica sem beijo? - perguntou Allison, arqueando uma sobrancelha em desafio. - Olha o estado do coitado.

Olhei para Luke, a ponto de vê-lo segurando a risada para forçar uma cara de cachorrinho pidão. Azar o dele que essas caras nunca funcionaram comigo.

– Ora, vamos, princesa. - ele piscou os olhos falsamente, mas ainda acabou.

E toda a minha vontade beijar o rosto dele sumiu, mesmo que eles estivessem apenas caçoando de mim. Ninguém - repito: ninguém– me chamava de princesa.

– Quem sabe quando o playboyzinho parar de me chamar de princesa. - lancei-lhe um sorriso sarcástico e fui em direção à cozinha. - E então, garotos, estão com fome? Fiquem à vontade.

Não recebi uma resposta. Ou, se recebi, foi abafada pela minha tentativa de me manter em pé quando a manada passou correndo por mim. Parece que a expressão fiquem à vontade é uma carta de alforria em qualquer país, em qualquer língua. Segundos depois de me recompor, vi os quatro já espalhado pela cozinha; Luke e Michael sentados à mesa, comendo o que me pareceu uma maça pega do fruteiro logo ao lado, Ashton remexendo os armário e Calum abrindo a geladeira. Logo após, os dois últimos carregaram meio quilo de comida para a mesa.

– Meus deuses, o que vocês quatro fizeram antes de vir pra cá para estarem com essa fome toda? - perguntou Allison, sentando à mesa também e se servindo de alguns cookies que Ashton encontrou pelos armários.

Revirei os olhos. Cínica, pensei, mas sabia que não era nada com que me preocupar ao extremo. Tinhas outros problemas com que lidar. Olhei para toda aquela comida ali na minha frente. Não entendi bem porque, mas de repente toda a minha vontade de comer sumiu, evaporando rapidamente. Talvez fosse ainda os problemas antigos acumulados de um passado parcialmente sombrio, ou então meu estômago que se revirou ao vê-los comendo com tanta vontade.

Provavelmente pode ter sido a palavra revirar que ativou meu organismo, mas segundos depois eu estava correndo escada acima, sem que ninguém percebesse meu movimento. Ajoelhada no chão do banheiro, coloquei para fora tudo o que tinha e tudo o que não tinha no meu estômago, sentindo o gosto amargo ardendo minha garganta.

– Charlie? - ouvi uma voz mais que conhecida atrás de mim, e assim que me levantei pude ver Ashton me olhando surpreso e assustado da porta do banheiro.

Fingi não me importar que ele tivesse visto, então, sem olhar novamente para seus olhos, fui até a pia e lavei minha boca e escovei meus dentes.

– Charlie, você está bem? - ele perguntou novamente e eu finalmente criei coragem para olhar em seus olhos. Mas quando pensei que conseguiria me segurar, meus olhos já estavam marejados quando encontrei seus olhos verdes. - Oh, vem aqui, pequena!

E então me puxou para seus braços. Nem ao menos tentei resistir ao sentir aqueles braços fortes me cercando, me protegendo. Permiti-me chorar como nunca antes, encharcando a camisa de Ashton, que segurava-me firme contra si, e me retendo apenas a não soluçar tão audivelmente. Eu precisava daquilo - há tempos.

O que está acontecendo aqui?!– ouvimos uma voz atrás de nós e nos viramos, dando de cara com um Luke aparentemente furioso.

Olhei para Ash, arqueando uma sobrancelha como se pedisse explicações, mas ele apenas deu de ombros.

Luke bufou. - Sério que você está agarrando ela aqui em cima?

Ele parecia bravo - sem motivo, em minha opinião. Mas eu não iria dizer qualquer coisa que fosse, e nem ouvir qualquer drama que fosse. Apesar virei a cara, sem retrucar algo épica como é o meu comum, e corri até meu quarto, fechando a porta logo depois. Joguei-me na cama e enterrei meu rosto no travesseiro. Sentia as lágrimas manchando o tecido sobre meus olhos, mas eu não me importava. Eu queria apenas jogar pra fora todos os meus problemas, me livrar de todos os tormentos pelos quais eu passei e os que estou passando. Queria que tudo de ruim evaporasse pelos meus poros e eu finalmente me sentisse melhor, no meu lugar. Talvez, assim, eu parasse a busca pelo lugar onde eu realmente pertenço.

Mas parecia que ninguém queria me deixar em paz no momento que que eu mais precisava, pois poucos minutos depois eu ouvi a porta de se abrindo e fechando. Podia ser Allie, preocupada que eu estivesse fazendo justamente o que eu tinha feito, ou um dos meninos, procurando a anfitriã fujona. Enterrei mais meu rosto no travesseiro, e apertei minhas mãos no forro do mesmo. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém. Será que não podiam perceber que eu só queria ficar quieta no meu canto, me lamentando por algumas escolhas do passado que ainda refletem no presente?

Mckinnon, o que há com você?– senti o colchão ao meu lado afundar e uma voz grave e doce falando próximo ao meu ouvido.

A voz de alguém que eu não imaginava que viria atrás de mim no momento.

Levantei minimamente a cabeça e consegui distinguir Luke através de algumas lágrimas que escorriam.

Ele pareceu um pouco surpreso e assustado com meu estado. - O que aconteceu, princesa?

Virei-me e me sentei ereta, esfregando os olhos para que não houvesse mais qualquer resquício de lágrimas, mesmo sabendo que ele já tinha visto. Mas então eu me lembrei do motivo de ter começado a chorar e as lágrimas voltaram aos montes. Até que eu desisti de tentar esconder e simplesmente permiti que as lágrimas viessem, escondendo o rosto com as mãos. O peso de Luke sobre o colchão foi transferido para mais perto e senti os braços dele me envolvendo e seu queixo apoiado carinhosamente sobre minha cabeça. De algum modo, senti que seus braços me passavam mais segurança e conforto do que os de Ash ou qualquer outro já tivesse passado.

Luke permaneceu comigo cada segundo em eu soluçava e tentava me recompor, sabendo que acabaria contando tudo a ele. Não que ele me forçasse a isso, mas era o que eu sentia ser o certo a fazer. Seu cheiro próprio e o perfume masculino me acalmaram e, enfim, eu consegui me recompor o suficiente para olhar em seus olhos. Ele deu um leve sorriso acolhedor e passou os dedos sobre minha bochecha, secando o rastro de lágrimas que tinha ali.

– Não precisa me falar nada se não quiser. - ele disse, e eu tive mais certeza ainda de que lhe contaria.

– Não, eu... Eu quero dizer. - respondi. - Só não é uma história muito bonita.


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