Os Jogos Dos Deuses escrita por Tsumikisan


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

FROST É UM GOSTOSO MSM



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Todos no acampamento acordaram com o som de um trompete vindo do alto da colina do pinheiro de Thalia. Na verdade, Milord nem havia conseguido dormir depois da cerimônia em respeito aos mortos na arena da noite anterior. Ele havia dado uma folga para os chalés de Ares, Afrodite e Atena, mas os outros campistas e o próprio ainda tinham muito trabalho a fazer. Esse fato só foi ainda mais afirmado quando alguém bateu com força na porta da casa grande. Milord se levantou do sofá em que havia estado a noite inteira e a abriu. Felps estava do outro lado, com ar abatido.

— Perdemos mais uma essa manhã.

— Quem? – Milord perguntou baixinho.

— A Explorer. Júlia. – Felps respondeu no mesmo tom. – Já avisei que o chalé de Poseidon deve fazer uma mortalha. Edu deu o dia de folga para eles.

— Nesse ritmo todos os chalés vão estar inativos até o fim da semana.

— Bem, não temos ninguém de Apolo lá, então pelo menos teremos poesia. – A brincadeira de Felps não surtiu efeito, por isso ele se endireitou e disse: - Tenho outra noticia e você não vai gostar nem um pouco.

— Uma noticia pior que a morte dos nossos amigos? – O líder cruzou os braços. – Não me importo, sério. Preciso pensar em como vou resolver isso.

Ele estava se virando de volta para a Casa Grande, mas Felps segurou seu braço com firmeza.

— Eu diria que tão ruim quanto. E não tem como você fugir. – a voz do rapaz estava absolutamente séria. – O Pretor chegou. Michael está aqui.

Milord estreitou os olhos. A trombeta! Como não tinha percebido? Ele pôs a mão no rosto, sentindo raiva de si mesmo. Provavelmente Felps, como intendente de Roma no Acampamento, havia avisado da vinda de Michael, mas em sua ânsia para salvar a todos Milord não havia dado atenção a ele e agora havia sido pego de surpresa. Precisava pensar rápido.

— Ok. Certo. Reúna o Conselho de Guerra e peça a alguém que leve Michael para o anfiteatro e fique de olho nele. Alguém que não tenha nenhuma briga com os Romanos, por favor... Pode ser a Duda de Hades. E lembre-se que quem está no controle de Hermes é a Foca, de Ares a Mai, de Zeus é o Rômulo...

— Nossa, você colocou o Rômulo como líder? Está mesmo desesperado.

Ele estava. Por isso andava de um lado para o outro no anfiteatro meia hora depois, tendo uma leve sensação de dejávu. Já passava do meio dia quando finalmente o ultimo líder, Manu de Apolo, chegou e deram inicio ao Conselho de Guerra.

— Quero saber por que três campistas do meu acampamento foram perdidos sob sua supervisão, Milord. – Michael começou, com os punhos cerrados. – Roma não vai aceitar isso!

— Ah, não é como se os outros vinte e três não fossem Gregos, imagina. – Nico implicou.

Milord parou de andar e olhou para o garoto, que o encarou inocentemente.

— Afinal, o que você está fazendo aqui? Aliás, por que tem bisbilhotado todas as reuniões?!

— Falta do que fazer. – Nico deu um sorrisinho e uma piscadela para o líder. – E também estou preocupado com meus amigos e irmão, obviamente.

— Essa sua carinha de santo não me engana, peixinho. – Foca riu, colocando os pés em cima da mesa.

— Silencio vocês dois! – Milord ralhou e depois virou-se para Michael. – Mike, entenda, não foi algo que eu pude controlar. Eles simplesmente desapareceram assim que chegaram aqui.

— Eu deveria ter sido avisado, pelo menos. – Michael não parecia convencido.

— Sim, lamento por isso. Eu tinha esperança de conseguir trazê-los de volta sem maiores ocorridos, mas... Bem, cinco dos nossos já se foram.

Michael relaxou, respirando fundo. Seu rosto assumiu uma expressão de compreensão.

— Tudo bem, velho amigo. Entendo sua posição, e que ninguém diga que Roma foi injusta em algum momento. Como está a situação com os meus campistas?

— Sara está sem suprimentos. Mas tem uma caixinha que ainda não sabe o que faz. – Foca, que sempre gostou muito de Michael, começou a contar. – Adrila está com um grupo, eles tem bastante comida, mas eles não estão se preocupando em racionar, o que pode virar um problema. E GV está em grupo também, com Frost, então eu não me preocuparia com ele.

Milord acenou, confirmando as palavras da garota. Nico ainda completou:

— E tanto o grupo do Frost quanto o do Leo, você sabe quem é Leo né, tem um plano para matar todo mundo.

— Quanto tempo temos? – Michael perguntou, apreensivo.

— Cerca de quatro dias. – Edu respondeu, balançando a cabeça. – Não esperava que eles fossem agir dessa forma.

— Eu avisei. – Mai disse, encarando Nico.

Eles já iam começar a discutir de novo sobre como os amigos estavam agindo dentro da arena, mas Milord os interrompeu batendo com força na mesa redonda. Todo mundo o encarou, assustado.

— Temos quatro dias para tirar eles de lá antes que role uma carnificina geral. Se não vão contribuir com ideias, sugiro que fiquem em silencio.

Surpreendentemente os dois se calaram. Milord conseguia impor muito respeito quando queria. Talvez fosse a barba.

— Ótimo. Enquanto não pensamos em nada, precisamos decidir para quem vamos enviar os presentes.

— Sara, é obvio. – Michael logo disse.

—Calma ai, o Rubs também precisa de suprimentos. – Nico protestou.

— Garoto, você tem uma sorte de ser bonito, por que você é chato pra caramba. – Foca riu.

— Bem, ele tem razão. – Rômulo finalmente se manifestou na conversa. Ele estava bastante entretido comendo biscoitos piraquê de abacaxi e encarando Foca maliciosamente, mas agora parecia finalmente prestar atenção. – Rubens também precisa de ajuda.

— Mas o pai dele vai ajuda-lo. – Manu disse. – Ele só precisa arranjar uma aliança e vai ganhar o que quiser!

— Não é tão simples assim arrumar uma aliança. – Edu contestou.

Manu virou a cara para ele, claramente ignorando-o. Milord revirou os olhos, cedendo ao cansaço e sentando-se na cadeira no centro da mesa e escondendo o rosto com as mãos. Os outros membros do Conselho ainda discutiam quem deveria ganhar o presente e pareciam não chegar a um consenso. Provavelmente se Frost estivesse ali ele teria um plano. E Wlad conseguiria deixar todos calmos com o jeito simpático porém sério dele. Até mesmo Leo conseguiria quebrar o clima com suas idiotices. E Quéz, praticamente sua filha, o apoiaria e mandaria todos calarem a boca para ouvi-lo. Por mais que reclamasse muito dos líderes e do trabalho que eles davam, sentia muita falta deles.

A porta do anfiteatro, consertada quatro dias atrás, foi aberta com um estrondo e se soltou das dobradiças de novo. Milord soltou um palavrão e se ergueu para ver quem havia interrompido o bate boca interminável de Nico e Mai. Era Felps novamente, parecendo nervoso.

— Hmmm, Milord, tem mais alguém querendo te ver.

— Ah meus Deuses, você só pode estar brincando. Quem falta agora, Poseidon?!

— Ah, é quase isso. Vem, você vai querer ver.

Milord olhou para os novos líderes e suspirou:

—A reunião se encerra aqui. Estejam preparados para um chamado eventual para resolvermos essa questão.

Eles assentiram e começaram a se levantar e a sair empurrando pela porta. Alguns seguiram Milord até onde Felps o estava levando, mas outros como Mai preferiram voltar para seus chalés e continuar o luto por suas perdas. Ele não os culpava por tentar fugir dos problemas.

Alguns campistas estavam reunidos na praia. Eles sussurravam entre si, nervosos. Milord abriu caminho facilmente entre eles até chegar ao centro da meia lua que formavam ao redor da recém-chegada.

A garota parecia ter por volta de dezesseis anos. Sua pele era brilhante, cor de chocolate, combinando com seus olhos. Seu cabelo era curto e preto, todo cacheado. Apesar de ser baixinha e usar uma saia feita de algas que lembrava uma roupa de ula-ula, exalava uma aura poderosa. Quando Milord se aproximou, ela sorriu e os campistas puderam notar que seus dentes eram pontiagudos.

— Deivison, filho da Deusa do Amor com o Deus do Mundo Inferior. – ela cumprimentou.

Os campistas sussurraram entre si, pois era incomum alguém chamar o líder pelo nome real, a menos que fosse intimo o suficiente dele para dizer de brincadeira. Era improvável que a garota fosse um monstro, pois estes não podiam ultrapassar a fronteira sem serem convidados. Por isso, Milord disse, tentando soar educado:

— O próprio. Quem é você e a que veio?

— Me chamo Marina, a que vem do Mar. Sou filha de Ceto e protegida de Poseidon. – ela sorriu de forma assustadoramente meiga. – Tenho noticias que podem lhe preocupar.

— Mais? – Ele resmungou, colocando as mãos na cintura e balançando a cabeça. – Parece que a cada minuto algo pior rola nesse Acampamento.

— Não se preocupe. Apesar das noticias não serem as melhores, também trago com elas uma forma de livrar-te do sofrimento. – Marina se aproximou dele, tocando seu braço.

— Sou todo ouvidos. – ele disse, exasperado.

— Antes, eu gostaria de ver como estão os campistas levados para a arena. Pode me acompanhar até lá?

Eles caminharam em silencio até a grande mensagem de Íris que flutuava na base da colina. Desde o começo dos jogos Milord havia ordenado que os campistas fizessem rodízio na guarda para sempre alguém saber o que estava acontecendo na Arena. Não que fosse necessário, pois alguns campistas estavam sentados na grama em grupo ou sozinhos, assistindo sem que ninguém pedisse. De qualquer forma, os guardas do dia eram Liv e Moose, um filho de Dioniso. Michael também estava ali, analisando a coisa toda curiosamente.

— Quais são as novidades? – Milord perguntou à Moose.

— Leo e Wlad brigaram, mas já está tudo bem agora, Iolanda conseguiu acalmar os dois. Só que agora eles estão fazendo vigília em lugares diferentes da arena. E o Arthur está andando para cada vez mais fundo no desfiladeiro.

— E além disso Trindade e o Luke estavam se pegando até meia hora atrás. – Liv revirou os olhos. – Sério, eles podem acabar morrendo ali, não é hora para dar uns pegas.

— Aposto vinte e meu estoque de vinho que os próximos vão ser Iolanda e Brant. – Moose brincou.

— Eu estava perguntando sobre novidades sérias. – Milord bufou e olhou para a tela acima deles.

A mensagem de Íris estava focada em Sara agora. Ela mudava as vezes para os outros tributos e Milord havia suposto que era de acordo com a vontade de Nêmesis de divertir os Deuses. Deveria estar certo, pois parecia que Sara falava com alguém:

— Pare com isso. Eu não quero te ouvir.

Mas ninguém respondia. Ainda estava escuro demais para poderem ver direito, então provavelmente Sara estava começando a ir mais fundo no túnel em que estava e continuava falando:

— Não... Eu não acho isso certo e... NÃO! Pare de falar comigo, vá embora!

Michael se aproximou de braços cruzados, indicando a tela com a cabeça.

— Está vendo? Ela precisa de ajuda. O outro garoto, Rubens, pode esperar.

Milord não pode dizer não. Sara realmente parecia estar bem mal e precisava de ajuda. Hades não deixaria Rubens morrer, já que tinha perdido Nat no dia anterior, por maior que fossem as ameaças.

— Eu posso mandar algo que vai ajuda-la. – Marina disse, se aproximando d’O Buraco.

Ninguém a impediu, apenas observaram interessados quando ela juntou as mãos em forma de concha perto da boca e assoprou levemente. Uma bolha saiu de sua boca, ficando maior a medida que ela soprava até ficar do tamanho de uma bola de cristal. Ela colocou a bolha em cima do medidor de pressão e o contador indicou que ela deveria pagar 0 dracmas para enviar aquele presente. Ela disse o nome de Sara em voz alta e apertou o botão de aceitar e algo parecido com um alçapão abriu, fazendo com que a bolha caísse.

Todos olharam instantaneamente para a mensagem de Íris. Sara ainda estava andando sem rumo, mas ai um barulho de sucção fez com que a garota parasse. E o lugar que um minuto antes estava escuro, agora era iluminado por uma luz quase etérea. Podiam ver o rosto de Sara, surpreso e sujo de poeira, enquanto ela admirava a bolha que Marina havia produzido. Além de brilhar, o objeto também estava, de alguma forma, cheio d’água. A garota encostou a boca e sugou um pouco, fazendo com que a bolha diminuísse de tamanho. Sara respirou fundo, sentindo a garganta seca pedir por mais, mas não bebeu novamente. Olhou para o teto da caverna e disse em voz alta:

— Obrigada, pessoal.

Michael olhou agradecido para Marina e ela sorriu para ele com seus dentinhos pontiagudos, mas o sorriso não chegava aos olhos. Ela se virou para Milord.

— Agora, precisamos de um lugar a sós. – E olhou para Michael. – O Pretor deveria nos acompanhar.

— Ah, é claro. Venha, tem um lugar.

Eles caminharam juntos e em silencio até a Casa Grande. Marina olhava para os chalés com interesse, mas havia um brilho de preocupação em seus olhos. Quando chegaram, Milord ofereceu aos dois uma xícara de café. Michael se absteve, mas Marina aceitou. Ele a serviu e esperou que ela experimentasse um pouco, encarando-a com expectativa. Ela tomou um gole e fez uma careta.

— E então? – Milord perguntou.

Marina abaixou a xícara lentamente antes de responder:

— Onde aquela garota, - perguntou pausadamente. – conseguiu a caixa?

— Caixa? – Michael perguntou, confuso. – Que caixa?

— Quando a bolha iluminou tudo, a garota largou uma caixinha no chão. Era preta com detalhes verdes.

— Ah, aquilo. Ela conseguiu na cornucópia, no inicio dos jogos. – Milord informou, confuso. – Por quê?

—Isso confirma algumas de minhas suspeitas. – Marina disse sombriamente e então suspirou.

—Quais suspeitas?

— Bem, há alguns dias recebi uma mensagem de minha mãe. – ela comentou. – Só tinha uma frase: “Prepare-se”. E é meio impossível para mim contata-la, então não sei exatamente para o que eu devo me preparar afinal. Poseidon não me da ouvidos, só quer saber desses jogos idiotas. Está tão distraído que não sentiu o que eu senti.

Ela fez uma pausa dramática, antes de completar:

— Ouve uma agitação do Oceano.

— Oceano? O Oceano? – Milord perguntou, nervoso.

— O próprio. E onde há a agitação de um titã, os outros vem logo em seguida.

— E o que você pensa sobre isso? – Michael indagou.

— Acho que os Deuses estão sendo manipulados, não seria a primeira vez. Os jogos são apenas uma distração, mas ligue os fatos, Deivison. Sua oráculo não consegue ver os tributos normalmente. O futuro parece o presente, não é?

— Alguém está mexendo com o tempo. – Milord concluiu.

— Você quer dizer que...

— Exatamente. – Marina interrompeu a fala de Michael. – E desconfio que há algo mais além disso. Mas precisamos de informações de dentro do Olimpo para ter certeza.

Milord, que estava curvado para frente ouvindo com bastante atenção, relaxou os músculos e afundou na poltrona em que estava, bufando:

—Não adianta. Os Deuses não respondem aos meus chamados. E eu não vou mandar nenhum campista até o Olimpo sem saber o que está rolando, pode ser perigoso.

— Não estou falando de campistas. Por ser filha de Ceto, não serei bem vinda – ela balançou a cabeça. – Você deve ir.

O silencio foi tão profundo que seria possível ouvir um alfinete caindo no chão. Michael olhava de um para o outro, fazendo menção de se levantar caso Milord tentasse algo. Mas o homem se contentou com uma risada sarcástica e cruzar os braços.

— Você sabe meu nome. Deve saber por que estou aqui, conhece a historia. Não me diga que não sabe da maldição.

— É claro que sei. – Ela se levantou, decidida. – É por isso que eu vou pessoalmente até Hades e convencê-lo a retirar sua maldição.


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Notas finais do capítulo

O BRENO É UM TREM GRANDE E BRANCO GENTEEEEEEEEEE



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