A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 9
Seguir em Frente


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa! Finalmente voltei!! Não pensem que abandonei a fic. Eu tive sérios problemas no meu computador e, quando pensei que ele já estava consertado, surgiram outros. Também tiveram as férias (que, para mim, já acabaram) fui para casa da minha vó.
Peço minhas sinceras desculpas aos que ficaram esperando todos esses "séculos" pelo cap. Sinto muito. Mesmo.
Vocês devem ter notado que aumentei a classificação da fic para +16... E que acrescentei "Ecchi"... Façam aquela carinha.
Esse cap foi um pouco complicado... Não sou bom nesse tipo de coisa, eu acho... Voces vão ver...
Pretendo fazer um cap especial para compensar vcs. Eu já dei a dica do que seria para um dos leitores. Vou falar nas notas Finais.
Espero que gostem! O cap está maior que todos os outros!



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P.O.V Zeke

Saí do banheiro com uma roupa mais simples e acompanhei Rachel até o Shopping em que compraríamos os materiais que Remo pediu. Não sei quais são esses materiais, mas devem ser coisas importantes para “o que quer que estejamos fazendo”.

O Shopping não era longe. Como Remo estava utilizando o carro voador para outra coisa, tivemos que ir a pé. O sol não estava alto, por isso não me preocupei com o calor. Foram dez minutos de caminhada.

Assim que chegamos ao shopping, a garota pegou a lista de materiais que Remo tinha lhe dado e rasgou ao meio.

Eu quase tive um ataque do coração.

– O que está fazendo?! - exclamei.

– Calma. Não se preocupe. Eu dividi a lista ao meio pra terminarmos mais rápido - ela me entregou uma das metades da lista - Todos os itens que estão na sua parte da lista podem ser encontrados naquele supermercado que encontramos quando chegamos aqui. Então, você vai até lá, coloca as compras em um carrinho e vai até o estacionamento, nós nos encontramos lá - Rachel estava com uma pequena bolsa verde, de lá de dentro, tirou umas notas de cinquenta e vinte reais e me entregou – Podem ter coisas estranhas na lista, mas Remo disse que vamos precisar de tudo. Até mais.

Ela já estava se virando para procurar sua parte da lista, mas segurei seu braço. Ela se virou novamente e a encarei.

– Espere. Como vou saber se você estiver em problemas?

Ela também me encarou, sem desviar o olhar.

– Não precisa se preocupar. Eu não vou atrair problemas - Ela disse, mas aquilo não me convenceu. Ergui uma sobrancelha – Ok, ok. Se eu não aparecer no estacionamento até… às 9 horas, você chama Remo pra me procurar. Assim está bom?

– Está melhor - Respondi.

Ela sorriu, depois se virou e saiu andando na direção de uma loja de eletrônicos. Então, olhei para a minha parte da lista

Corante, frascos de vidro, caixa de fósforos, um pote de Nutella, toalha de rosto, pão integral, queijo, presunto, bananas, maçãs, tangerinas, desodorantes, pasta de dente, creme de barbear e muito mais.

–-------------------+-+------------------------

Tinham se passado 40 minutos até eu encontrar todos os materiais e ir ao estacionamento do supermercado com o carrinho cheio. A ruiva já estava lá quando cheguei.

Notei que ela não estava segurando nada além da bolsa verde.

– Onde estão as coisas?

– Já ouviu falar em “Feitiço Indetectável de Extensão”? - Ela apoiou a mão esquerda na bolsa - Remo enfeitiçou minha bolsa para caber tudo dentro. Vamos tirar tudo de dentro desse carrinho e colocamos aqui dentro – ela pensou por alguns segundos em suas palavras seguintes – Depois… Se você quiser, podemos ir tomar um suco.

Fiquei surpreso com o convite e dei um largo sorriso.

– Essa é uma ótima ideia.

Então comecei a tirar as coisas do carrinho e a colocar na bolsa. Aquilo funcionava mesmo. Era possível enfiar o braço inteiro sem encontrar o fundo. Se existir um.

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O nome do lugar era Suco Bagaço. Rachel pediu um suco de morango com leite, eu pedi um de goiaba com manga e nos sentamos. Bebi um gole do suco antes de falar:

– Você não parece incomodada pelo fato de ser uma personagem de livros – comentei.

– Você não parece incomodado pelo fato de eu ser uma personagem de livros – ela retrucou.

Dei uma risada.

– Você deveria estar mais incomodada com isso do que eu, afinal, eu sei tudo sobre você, mas você não sabe quase nada de mim. E é a primeira vez que conversamos na vida.

– Não acho que você saiba muita coisa de mim. Eu não sou a protagonista – ela argumentou.

Senti um cheiro de desafio. Sorri para ela e me inclinei para frente.

– Está duvidando de mim?

– É exatamente o que estou pensando – ela cruzou os braços e me encarou de queixo erguido.

– Bem… Você tem pais ricos, mas não gosta de se gabar disso, ou se aproveitar do dinheiro que eles ganham. Você prefere passar o tempo ajudando as pessoas e revelando suas habilidades artísticas para arrecadar dinheiro. Você costuma usar calças jeans com rabiscos e tinta, como a que está usando agora. Não gosta muito do trabalho do pai, principalmente após o encontro com Pã. O Sr. Dare destrói florestas para construir shoppings. Em seu primeiro encontro com Percy, você perguntou se ele tentava matar as pessoas por elas assoarem o nariz – sorri, imaginando a cena – Depois que Cronos foi derrotado, você virou o novo oráculo. Isso significa que não pode namorar. Falando nisso, você tem… teve uma queda por ele, mas…

– Calma aí! - Rachel me interrompeu – eu já não tenho uma queda pelo Percy. Você ia dizer que eu ainda tenho…

– Eu não posso ter certeza disso. Talvez você ainda goste dele.

– Eu tenho um grande respeito pelo relacionamento de Percy e Annie – retrucou. Ela se inclinou sobre a mesa, fazendo seus cabelos ruivos balançarem e me encarou com seus olhos lindos olhos verdes. Um pequeno sorriso brotou de seus lábios – por que você está perguntando isso? Está interessado?

Devo ter corado um pouco, apesar de ter me esforçado para não deixar transparecer. Me inclinei na mesa mais um pouco.

– Talvez eu esteja… Soube que nesse mundo, as coisas funcionam diferente. Nenhum juramento pelo Rio Estige ou promessas às divindades gregas vai fazer efeito por aqui.

Por algum motivo, a garota ficou abalada. Ela voltou à sua posição normal na cadeira e desviou os olhos para baixo. Bebeu mais um gole de seu suco. Sua expressão triste me deixou preocupado.

– Rachel? - ela não respondeu. Seus cabelos tampavam a visão de seu rosto. Fiquei cada vez mais preocupado – Falei algo de errado? Eu sinto muito. Eu te ofendi, não foi? Não sei o que…

Ela repentinamente tirou a mão de debaixo da mesa e a apoiou sobre a minha. Senti o leve calor das costas da minha mão em contato com a da ruiva subir para meu rosto. Ela ergueu o rosto, percebi uma pequena lágrima sair de seus olhos. Ela a limpou rapidamente.

– Não foi você. Não se preocupe – Rachel me encarou profundamente – Mas você está certo: Nenhum juramento pelo Rio Estige ou promessas às divindades gregas vai fazer efeito por aqui. Desde que saí do meu mundo, o espírito tem se tornado mais fraco e mais distante. Ele não está mais conectado a mim, não sinto sua presença. Ele me guiou até Hipnos, me ajudou a encontrar vocês e acho que usou seu último esforço para dar voz à profecia. E agora, com toda essa loucura acontecendo, personagens de livros espalhados pelo mundo, sem terem ideia do que está acontecendo, sem saber o que o futuro lhes aguarda – mais uma lágrima correu por sua bochecha – eu também sou uma dessas personagens, Zeke. Quando eu mais precisava, o oráculo me abandonou! Ele fugiu, perdeu magia, qualquer coisa assim. Mas ele, literalmente, fazia parte de mim. Sem ele, me sinto fraca, impotente e inútil. Estou com medo, Zeke. Medo das coisas ruins que o futuro guarda.

Os efeitos que aquelas palavras causaram em mim foram impactantes. Me deixou completamente abalado. Sem saber o que devia fazer. Arrastei minha cadeira para o lado da dela e a abracei. Senti o ombro de minha camisa ficar úmido de lágrimas.

– Ei... - comecei, sem saber exatamente o que dizer – não te culpo por ficar com medo. Eu… Eu estou aterrorizado. Desde o ataque dos Dementadores percebo que estou correndo perigo. Um perigo real. Todos corremos esse perigo. A única coisa que podemos fazer para enfrentar esse medo é seguir em frente. É o que espero que você faça – ela se afastou um pouco para me encarar. Limpei a última gota que saiu de seus olhos com meu dedo indicador, passando ele por algumas sardas que ela possuía – Além disso você não é fraca, nem inútil. Até mesmo sem os poderes do oráculo. Você é mais forte do que imagina, ruivinha.

– Sou só uma garota – ela disse.

– E daí? Você pode ser tão corajosa quanto eu ou qualquer outro garoto. Muitos não teriam coragem de entrar num labirinto cheio de seres e monstros mitológicos hostis, ou arremessar uma escova de cabelo azul contra o olho de Cronos, aparecer no meio do campo de batalha em um helicóptero somente para avisar um amigo e, principalmente, abrir mão de tudo para se juntar ao espírito de Delfos. Acredite Rachel. Não sei se eu seria capaz de fazer metade do que você fez.

Ela me abraçou forte. Dessa vez sem choro. Ficamos um tempo assim.

– A propósito, foi épica a cena em que você acertou o olho de Cronos com uma escova de cabelo.

Ela começou a rir. Eu também comecei a rir. Demos gargalhadas juntos, expulsando a tristeza de Suco Bagaço. Nem parecia que ela estava chorando há poucos minutos! Ela ficava mais… atraente, desse jeito. Ela tinha um lindo sorriso no rosto.

Rachel aproximou-se de mim e deu um beijo em minha bochecha. Senti os batimentos do meu coração se acelerarem e dei um sorriso, nervoso.

– Obrigada, Zeke – ela agradeceu – vou confiar no espírito de Delfos, ele deve saber o que está fazendo. Diga aí, conte sobre sua vida, já que você já sabe bastante da minha.

– Por onde eu deveria começar? - perguntei.

– Comece por… - a garota pensou um pouco – pelas coisas que você teve que deixar para trás ao vir com Remo e Ian.

– Está bem. Primeiramente, eu sou órfão. Meus pais morreram quando eu tinha três anos. Fui adotado por Amanda e Sérgio Keriz, junto com Ted. Sérgio morreu em um incêndio quando eu tinha seis anos, sobrando somente eu, Ted e Amanda. Minha mãe adotiva é a primeira na lista de coisas que deixei para trás, lá em Salvador. Ela era enfermeira militar, mas também trabalhava voluntariamente em um orfanato. Foi uma ótima mãe. Queria ligar para ela, mas pode ser perigoso. Também tem meus amigos e vizinhos da Vila. Eu morava em um apartamento no 12° andar. A maior parte do pessoal que morava lá era aluno ou professor do Colégio Militar. Na última vez que nos vimos foi na praia, no dia em que encontrei Percy. Meu melhor amigo da escola se chama Guilherme. Temos vários gostos parecidos. Eu também tenho uma simpatia por um garoto do 8° Ano. Seu nome é Heitor. Ele é um daqueles garotos tímidos que quase não falam, mas quando o assunto é algo que ele conhece bem, é o que fala mais alto.

– Qual era sua matéria favorita do Colégio? E qual esporte você praticava?

– Bem… Eu gosto bastante de Geografia. A professora também é bem legal. Eu fazia natação. Lá em Salvador é bem quente em certas épocas do ano, natação é o esporte mais refrescante. Também gosto de vôlei.

Rachel estava brincando com o canudo que ela usava para beber o suco e encara o copo com um estranho interesse.

– Não deixou mais nada para trás? Uma namorada, talvez? Você provavelmente já teve muitas…

– Sim, eu tive muitas namoradas, mas não tive nenhuma esse semestre – o sorriso que eu dei foi um pouco triste. Eu não gostava de pensar em algumas de minhas namoradas…

– Pela sua expressão, a última delas não foi muito boa – ela acertou parcialmente – O que houve?

Eu não sabia se devia contar a ela. Era muito… intimo. Mas acho que ela devia saber.

– Durante minha vida tive muitas namoradas, porém, somente três delas mudaram alguma coisa na minha vida. Teve a Anita, a única coisa de especial que ela teve, é que foi minha primeira. Eu tinha 14 anos, estava no 9° ano. Ficamos somente por um mês e meio. As que se seguiram foram a mesma coisa. Elas só se interessavam em minha aparência ou em causar inveja nas outras garotas. Com algumas exceções – suspirei tristemente – uma dessas exceções foi Sabrina. Ela era da mesma turma que eu, no 1° ano do Ensino Médio, mas ela nem se importava muito comigo. Ela era amiga de todos na sala, era inteligente, bonita e responsável. Só consegui encantar ela com minha personalidade. Não foi difícil, ela tinha bom gosto para literatura. Ela foi especial por vários motivos.

– O que aconteceu com ela? Por que vocês terminaram?

– Ficamos juntos por cinco meses. Ela se reencontrou com um ex-namorado. Eles foram obrigados a se separar por motivos familiares, mas eles ainda se gostavam. A família de Sabrina veio para Salvador para ficar o mais longe possível do ex dela. Então a família do cara foi até Salvador, dois anos depois, para fazerem as pazes. Sabrina pediu muitas desculpas, mas eu só pedi para ela me apresentar ao seu novo namorado. Não consegui ficar com raiva dele, ele era um cara legal. Só pedi a ele que cuidasse bem da garota. Eles saíram de Salvador e nunca mais tive notícia.

Rachel apertou minha mão para me confortar. Ela era uma boa ouvinte. Parecia realmente estar interessada na minha história.

– Você deve ter gostado bastante dela. Qual é o principal motivo de você achar que ela mudou sua vida?

Dessa vez eu não pude me impedir de ficar vermelho. Cocei a parte de trás da orelha.

– Bem… Foi com ela que… Eu… tive minha… “primeira vez” - eu ficava mais vermelho à medida que eu falava.

– Ah… - a ruiva percebeu meu desconforto – E... o que aconteceu com a outra? Você disse que eram três…

– Fernanda. Esse era seu nome. Ela era diferente de todas as outras que conheci. Ela era rebelde, fazia brincadeiras com os professores, quebrava as regras e gostava de correr perigo… Mas ela fazia tudo isso por um motivo: Ela era corajosa e queria mostrar isso ao mundo. Queria ser capaz de mostrar aos garotos que era tão boa quanto eles, que era capaz de fazer qualquer coisa. Incluindo mudar o mundo. Percebi que por trás da máscara de rebeldia havia uma garota sonhadora. Ficamos juntos durante todo o 2° Bimestre.

– O que aconteceu a ela?

– Foi transferida para outro estado. O pai era Militar. Foram morar no Pará. Vou deixar isso para o passado. É preciso seguir em frente. A coragem é capaz de mudar o mundo, Rachel. Essa é sua segunda lição.

– Segunda? Qual foi a primeira? - questionou a garota.

– Uma garota corajosa pode ser mais útil que cem homens covardes – Rachel ficou com uma expressão pensativa no rosto. Olhei para meu relógio de pulso – Acho que devemos voltar para o hotel. São quase 10:00.

Nos levantamos. Rachel ajeitou a bolsa enfeitiçada em seu ombro enquanto eu pagava pelos sucos com a sobra do dinheiro que usei para comprar os materiais.

Enquanto caminhávamos para fora do Shopping, a ruiva me perguntou:

– De todas as pessoas importantes da sua vida, qual foi a mais difícil ser deixada para trás?

Não pude conter o sorriso que surgiu em meu rosto.

– Essa é uma pergunta interessante. Principalmente porque a minha resposta é: Eu não deixei a pessoa mais importante da minha vida para trás.

A garota entendeu instantaneamente o que eu quis dizer.

– Você morreria por ele?

– Se eu morreria por ele? Sim. Mas uma coisa que eu aprendi lendo livros: A vida não é só encontrar alguém por quem você morreria, mas, também, alguém que seria o seu motivo para viver.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram de saber um pouco mais sobre a vida de Zeke?
Para quê, exatamente, Remo vai usar os "materiais que ele pediu?
Suco Bagaço realmente existe. Eu não gosto de suco de manga, mas, aparentemente, Zeke gosta.
Qual mistura de sucos vcs já beberam?
O que aconteceu com o oráculo? Por que se separou da Rachel?
Vcs gostam de Zachel? Ou preferem Perachel? (que não vai ter na fic, sinto muito.)
Entenderam o que Zeke disse no final?
Não, não vai ter Zed.
Acham que fui muito rápido? Que pequei em alguma coisa?
Dica sobre o cap especial que estou planejando para vcs: Pensem na sigla AdTA.
AdTA... Poderia ser ATA, mas AdTA ficou mais legal...
Espero que tenham gostado!
:):):)