Pode-se dizer que estava vivendo no momento a base de café, e usando todos os meus recursos para desenvolver um decodificador que fosse eficiente contra o vírus que ele estava criando, o que não era uma tarefa nada fácil, porém eu realmente amava o que fazia e aquele cara não podia ter escolhido pior área para tentar nos enfrentar. A cada minuto eu sentia que estava chegando perto de um produto final, o que só me deixava mais agitada, apesar de ter certeza que parte disso era culpa do tanto de café que tinha ingerido.

Dig tinha ficado comigo na fundição ajeitando umas últimas coisas para o que viria, enquanto Oliver e Roy faziam a ronda, que afinal ainda era necessária.

–Então, como andam as coisas?- Perguntou Dig depois de um tempo em silêncio.

– Estou quase lá, quase..- falei enquanto digitava a toda velocidade.

–Certo, e como foi ontem? Você e Oliver, quero dizer, ele finalmente percebeu o idiota que é deixando você solteira por ai? – Perguntou ele me olhando e pude sentir meu rosto ficar imediatamente vermelho.

–De onde tirou essa ideia Dig? O que te leva a acreditar que um dia ele vai perceber o idiota que é? – dou uma risada, apesar de sentir o coração pesar com o pensamento de nunca ficarmos juntos.

–Aparentemente ele acha que só super modelos ou garotas que sabem dar socos e mortais podem ficar com ele... – sussurro a frase mesmo sabendo que não era verdade, e uma injustiça dizer isso, uma vez que depois de Sara ele nunca mais esteve com ninguém.

–Sei que você não pensa assim, é impossível não perceber o que ele sente por você, na verdade ele nem faz mais questão de esconder, ele mesmo te disse não é mesmo? – ele diz com aquela convicção de sempre.

–Sim, sim, ele disse, depois me beijou, e então falou que não poderíamos ficar nunca juntos, da pra acreditar? – digo indignada.

–Oh! e como dá, estamos falando de Oliver Queen, Felicity, nada na vida desse homem é fácil e o que deveria ser, ele dá um jeito de complicar. – rimos do fato incontestável até Dig se aproximar de mim e se sentar ao meu lado.

–Olha, geralmente eu não me meto nesses assuntos, mas eu venho observando vocês a tanto tempo que eu sinto que devo te falar para não perder a esperança, tudo que Oliver precisava para entender que você não está em perigo pelos inimigos dele te verem como seu ponto fraco desmoronou assim que você foi ataca por ser uma do grupo, apenas por causa de suas habilidades e escolhas, agora ele vai ver que tudo isso é besteira da parte dele. – ele sorri para mim e eu sinto aquela chama de esperança novamente, mas não me permito ser dominada por ela, não de novo, não como no dia em que saímos para jantar juntos e toda aquela loucura aconteceu.

– Espero que esteja certo, mas até lá, melhor eu não me permitir criar mais histórias com finais felizes antes de dormir. –Deixo escapar e imediatamente Diggle abre um sorriso e apenas balança a cabeça em afirmativa.

– Como quiser, senhorita – No momento em que ele se levanta, Oliver e Roy entram na fundição e pelo menos parecem inteiros, ainda bem.

– Alguma novidade? – pergunta Oliver assim que deixa o equipamento no lugar.

– Não exatamente, ainda estou trabalhando, porém mais próxima da resposta. – digo voltando as minhas tarefas.

– Ótimo, Dig assim que terminar as coisas por aqui acho que pode ir para casa, amanhã será um longo dia. – Oliver diz e Diggle apenas assente e volta a arrumar as coisas.

– Roy, acho que você também pode voltar para casa, não temos mais nada para fazer hoje, e qualquer coisa te chamo. –Oliver continua dizendo, e eu posso perceber um sorrisinho sarcástico aparecer no rosto de Roy.

–Porque eu estou sempre com a sensação que ultimamente você quer se livrar de mim e Dig mais cedo? – assim que ele fala Diggle começa a rir abertamente e eu me encolho perto dos computadores controlando a vontade de rir e sumir ao mesmo tempo, e posso ver Oliver erguer as sobrancelhas e ficar ligeiramente corado.

–Mas então eu te dou umas horas de folga e é assim que decide agradecer, Sr. Harper? Não se esqueça que a maior parte do que aprendeu foi comigo, o que significa que posso de dar uma bela surra. – ele diz ameaçadoramente, mas é claro que não surte muito efeito, todos sabíamos que Roy era quase um filho para Oliver.

– Tanto faz, vou aproveitar e sair com Thea então, divirtam- se . – ele diz e posso ver Oliver bufar indignado.

– E ainda menciona o fato de que sai com a minha irmã! Esse garoto está perdendo o juízo! – Diz Oliver aumentando a voz.

–Não Oliver, ele só sabe como te irritar, falando das duas coisas que você mais se importa. – Diz Dig naturalmente e ao ver a cara pasma de Oliver não consigo segurar mais a risada e dou uma gargalhada, meio sem propósito no momento, o que faz Oliver olhar para mim como se tivesse lembrado que estava assistindo a toda aquela situação.

–Já entendi, decidiram que essa era uma boa hora para tirar com a minha cara, perfeito. – ele diz realmente bravo, o que me da vontade de levantar e abraça-lo, mas me contenho, óbvio.

–Ok, estou indo então, se cuidem. - Diz Dig antes de ir e me deixar sozinha com Oliver, de novo.

– Está com fome? – Ele me pergunta me pegando de surpresa.

–Ahn.. na verdade sim, acho que não como algo decente desde o café da manhã..- digo realmente pensando sobre o assunto.

–Bom, podemos comer o que você quiser, só escolher. – diz ele sorrindo. OK, O QUE ESTAVA ACONTECENDO E QUEM ERA ESSA CÓPIA DE OLIVER NA MINHA FRENTE?

–Certo, podemos ir no Big Belly Burger, daria tudo por um x-salada com batata e queijo extra – digo sonhadora, fazendo Oliver rir e me olhar da cabeça aos pés.

– Como você mantém a forma comendo desse jeito? – ele pergunta fingindo surpresa e eu coro e dou um tapa no braço dele.

– Nunca diga que uma mulher come demais, e para sua informação eu faço ioga, e faço uns abdominais, as vezes... – ele ri mais parece fascinado com a minha resposta.

–Nunca tinha pensado nisso, parece que está fazendo um ótimo trabalho, vamos então?- ele completa e eu balanço a cabeça concordando e indo com ele para a lanchonete.

Ao chegarmos escolhemos uma mesa no canto, onde o movimento era menor, Oliver se sentou a minha frente e ficamos em silêncio apenas aproveitado o momento, até a garçonete aparecer e anotar nossos pedidos. Assim que ela saiu resolvi começar algum assunto.

–Então..algum motivo especial para tudo isso? – pergunto inocentemente. Oliver apenas me olha e solta uma risadinha.

–Bem, aqui não é exatamente um restaurante luxuoso pra ter um motivo especial, certo? Só achei que você deveria comer alguma coisa. – Ele responde, mas ainda assim sinto que ele não está falando tudo.

–Tá, pelo menos não estamos num encontro ou algo assim, que possa resultar nesse lugar indo pelos ares . – Reparo que falei demais e olho assustada para ele.

–Me desculpe! Não quis dizer isso, é só que, bem , nossas experiências nesse quesito não foram muito boas, não que eu esteja reclamando! Longe disso na verdade...- Oliver apenas fica me encarando com uma sobrancelha erguida e então eu completo. – acho que já falei e me enrolei demais, vou parar em 3,2,1..

Vejo um sorriso abrir em seu rosto e ainda fico impressionada com a facilidade que consigo fazer ele sorrir, praticamente ninguém fazia isso.

– Ah Felicity, e quando é que você não fala muito? Não leve a mal, eu acho adorável, mas se você quiser, podemos fazer disso um encontro, apesar de pensar em muitos lugares que seriam melhores para a ocasião.

Fico sem reação e apenas encaro ele com uma cara de paisagem, então nossos pedidos chegam e vejo a garçonete sorrir além do necessário para Oliver e simplesmente agir como se eu não estivesse na mesa, ele retribui, com educação o sorriso e agradece, a mulher insiste e pergunta mais de uma vez se ele precisa de mais alguma coisa e que se precisasse era só chama-la. Estava começando a ficar realmente irritada com a situação e resolvo intervir.

–Nós não queremos mais nada querida, obrigada. – Digo enfatizando o nós e deixando a mulher um pouco irritada e ao mesmo tempo envergonhada, mas não me arrependo, ainda mais quando vejo o sorrisinho satisfeito de Oliver. Assim que ela vai embora ele olha para mim e pergunta.

–O que foi isso? Ciúmes, Smoak? – pergunta todo presunçoso, e juro que não compreendo o que estava acontecendo com ele hoje.

– Não, mas se quiser entender desta maneira, fique a vontade – Digo tentando parecer indiferente, mas minha voz e bochechas vermelhas me entregam.

–Vamos comer vai – Complemento, tentando mudar o assunto, ele parece que ia discutir, mas apenas concorda.

Depois que terminamos, no caminho para casa resolvo tentar entender novamente e de uma vez por todas o que estava acontecendo.

–Oliver? Quero que seja sincero comigo, qual o real motivo para tudo isso? – ele apenas suspira e mantém os olhos na direção.

– Eu...eu não sei como dizer exatamente, Felicity, mas ... – quando ele ia terminar a frase meu celular toca o interrompendo, vejo o nome de Ray no visor e atendo rapidamente.

–Ray?! O que esta havendo? Tudo bem? – pergunto nervosa, devido a hora da ligação. Vejo Oliver apertar o volante com mais força, porém seu rosto continua inalterado.

–Desculpe te preocupar Felicity, sei que está tarde, mas aconteceu alguma coisa com o sistema da empresa, esta tudo simplesmente colapsando! Não sei o que fazer. – Ray parecia realmente nervoso, nunca o tinha visto assim.

– Ok, já estou indo!. – assim que desligo peço para Oliver me levar a P.T. , ele não discute e apenas muda seu trajeto.