Natasha P.O.V.

– Quem é você? – a pequena figura loira me pergunta com a voz fraca e seus olhos marejados.

– Natasha, me explique isso direito! – Steve fala no meu transmissor, mas não consigo colocar minhas palavras em ordem.

É um menino. Tão pequeno, penso.

Desligo o transmissor e suspiro pesadamente, chegando para mais perto da criança. Ele se afasta, mas faço um gesto com a mão para não se assustar. Quando finalmente estou perto o suficiente dele, o pequeno estremece e me encara.

– Sou uma amiga. - dou o sorriso mais amigável que tenho – Pode me dizer o que aconteceu?

Ele faz uma careta de choro.

– Onde está minha mamãe?

– E-eu não sei. – digo, olhando para o chão. – O que aconteceu aqui? Você não está sentindo frio?

– Eu quero minha mamãe! – começa a chorar.

Pego meu transmissor e espero Steve do outro lado da linha.

– Natasha! Onde você está? Não acho você em lugar nenhum! – consigo ouvir seu tom preocupado.

– Venha pelo lado que você diz para vir. Você irá ver uma coisa como se fosse uma porta. Entre nela e chegará até a mim.

– Certo. Espere por mim! – estremo ao som das três letras.

De repente ouço um som vindo atrás de mim. O gelo cai e fecha a única saída que eu tinha para ir embora.

– Não! – grito, indo em direção do que antes tinha um buraco gigante aberto, e deixando o transmissor cair.

– O que foi? Natasha?

– Steve. Caiu! Tudo caiu! – grito para que ele possa ouvir.

– O QUE? Natasha, fique aí! Estou a caminho. – ele desliga e suspiro.

O menino começa a chorar mais ainda e fico assustada, tentando acalma-lo. Nunca tive jeito com crianças. Ótimo dia para ser uma megera, Natasha., penso. Merda. E agora? Ele chora muito mais forte e me sento com as pernas junto a meu corpo. Sinto um frio imenso, mas não ouso falar nada. O que eu faço?

–Tili-tili-bom. Zakroy glaza skoreye, Kto-to khodit za oknom... - começo a música com a cabeça levantada, e o loiro me fita ainda chorando - I stuchitsya v dveri.

– O que é isso? – ele pergunta, enxugando os olhos. Dou um meio sorriso.

– Uma música em russo. – digo um pouco fraca.

– É engraçado. – senta do meu lado – Você é russa?

– Sim. – fecho os olhos – Meu nome é Natasha Romanoff.

– Meu nome é Grayer Chavier. – dá um sorriso fraco – Você está bem, Natasha Romanoff?

– Acho que sim... – me deito e sinto pequenas mãos ao meu redor.

– Eu não sou um médico, mas acho que você está doente.

– Eu... – começo a dizer, mas só ouço uma voz gritando meu nome bem de longe e outra voz de perto dizendo “Natasha? Sou eu, Grayer!”. E depois disso, tudo ficou escuro.

Narradora P.O.V.

O pequeno começa a sacudir com cuidado a mulher ruiva, para não a congelar, mas nada acontece. Ele ouve uma voz através de um transmissor jogado ao chão e anda em direção.

– Oi. – ele diz se encostando e concentrando para não acabar congelando ainda mais.

– Oi. – o homem fica confuso e assustado – Natasha, uma mulher ruiva e...

– Eu sei quem é! Ela está aqui. – diz um pouco preocupado – Quem é você?

– Sou Steve Rogers. Ela é uma amiga. – Steve fica desconfortável com a tal palavra, mas deixa pra lá. – Pode a chamar para mim?

– Eu não posso. – mordi os lábios.

– Por que não?

– Porque ela está desmaiada. – diz triste.

– Natasha? Meu Deus! Ela está desmaiada? Meu Deus! – o loiro mais velho fala, passando a mão no rosto – E-ela e-está repirando-o?

– Espera! – Grayer vai até a ruiva e coloca seu pequeno ouvido perto da cabeça da mesma. – Está!

Steve suspira e começa a pensar em coisas banais. Ele fica nervoso e tenta destruir o gelo, não funcionando. Pega seu escudo e atira contra, o que deu certo um pouco.

– Ela está pálida, Steve Rogers. – o menino diz e o Capitão olha para o gelo suplicando para ter uma solução mágica para tira-la de lá.

– Droga! – Rogers chuta e acaba se machucando.

– Ela vai morrer...

– Não. Não vou deixar isso acontecer!

– Steve Rogers...

– O que?

– Posso tentar abrir o gelo...

– O que? Como? – Steve fica confuso e se lembra do que Natasha dissera.

“É uma criança.”

– Não sei exatamente, mas acho que posso.

– Então faça, garoto. Por favor!

– Grayer Chavier.

– Hã?

– Meu nome é Grayer Chavier.

– Ok, Grayer. Você vai me ajudar a tirar Natasha daí?

– Sim! Ela é minha amiga. – Steve dá um sorriso bobo.

– É sua amiga? Que ótimo!

– Eu vou tentar abrir. Melhor se afastar!

Steve se afasta e estufa os peitos. Vamos, garoto! Você consegue, pensa.

– 1, 2, 3...

Grayer leva suas mãos para cima e começa a tentar abrir o gelo. Tenta com toda a sua força e já consegue ver uma parte se abrindo. Respira fundo e continua, mas dessa vez fechando os olhos. Sente toda sua força indo até aquilo e fica satisfeito. Quando abre seus olhos, vê uma coisa azul parada o olhando.

– Grayer, você consegue! Vamos lá, amigão. Só mais um pouco e consigo passar.

Não precisou ouvir duas vezes e tornou a levantar sua mãos. Vira e pousa seus olhos em Natasha e pensa na música que ela cantou. De repente ouve passos e olha pra cima.

– Muito bem, amigão. – o Capitão fala aliviado e corre para Natasha.

– Você é o... – abre a boca surpreso – Capitão América! Então quer dizer, que Natasha Romanoff é a Viúva Negra?

– É isso aí. – pisca para ele.

Steve olha para Natasha e se sente aliviado e assustado com sua palidez. Passa seus dedos em seu rosto e pega ela em seus braços.

– Grayer? Vamos. A aeronave está a nossa espera.

O pequeno fica confuso e olha para o seu redor. Choraminga e suspira.

– Cadê minha mamãe?

– Não sei. Como ela é? – o loiro fala com Natasha em seus braços.

– Ela é loira e tem olhos pretos. Ela é bonita, como Natasha Romanoff. – Steve suspira.

– Que tal vir conosco e conhecer os Vingadores, e podermos encontrar sua mãe? Sabe, lá tem vários equipamentos para isso.

Grayer fica em dúvida, mas aceita com um sorriso.

– Vamos lá, amigão.

Os dois loiros marcham com cuidado em direção ao buraco que se formara e vão andando até no limite da cidade. E é nessa hora que uma nave, que Grayer julgou ser espacial, chegara. O Capitão entra e olha para o menor, que não parava de sorrir.