Natasha P.O.V.

Sinto o gosto quente atingir minha garganta em cheio. Sempre é bom ter café por perto. Na noite passada, logo quando ocorreu à cena entre mim e Steve, ele saiu e me deixou plantada, esperando uma explicação.

– Bom dia, Natasha. – um vulto loiro passa em frente a mim.

– Bom dia, Danvers. – digo, lendo o jornal. – Como estamos?

– Bem, eu acho. – ela fala e pega uma caneta, colocando o café em seguida. – ISSO TÁ MUITO QUENTE! Como você consegue? – ela se assusta, mas apenas dou um sorriso torto.

– Bom dia, meninas. – outro vulto loiro passa por mim e fica de costas.

Que diabos...?

– Olá, Sharon. – Carol dá um sorriso elegante e beberica seu café. – Cuidado com a cafeteira! Nem todos aqui foram treinados pra tomar café bem quente.

Ela fala alto o bastante pra me fazer gargalhar.

– Você dormiu aqui, Sharon? – jogo o jornal e olho nos olhos dela.

– Ah, sim. Sabe, o Sr. Stark disse que seria bom outra agente aqui com vocês. – ela sorri e dou um sorriso forçado.

– Alguém sabe que horas são? – Carol se senta a minha frente.

– 8 da manhã. – digo.

De repente uma música começa a tocar e logo deduzo ser um celular. Sharon parece um pouco envergonhada e pega de seu bolso o fino aparelho. Estranho completamente, quando ela olha a tela e muda sua expressão, para uma bem séria.

– Já volto. – ela sorri forçada e sai dali.

– Pois é. Como foi sua noite Natasha? Quando eu ia dormir eu vi Steve passar por mim e nem dar boa noite. Você sabe o que foi? – Carol começa a tagarelar, mas só consegui prestar atenção nos meus pensamentos diante daquela ação de Sharon.

Levanto e Carol continuar a falar.

– Para onde você está indo? Você já percebeu que Steve já... – não ouço o que ela fala e vou para onde Carter fora.

– Não, não tem ninguém. Eu juro. Está tudo bem. – ela diz. – Calma! Cale a boca, ou eu vou ter que ir aí e dar uns murros em você?

Wow.

– Claro que eu sei. – ela assente. – Eu sei o que estou fazendo.

Esquisito.

Fico pensando em mil coisas a respeito da conversa entre Carter e o alguém, até que Carol grita meu nome.

Corro de volta e coloco os braços na cintura.

– O que foi?!

– Eu estava aqui, falando sozinha e você estava sei lá onde. – cruza os braços e se mantém séria. Suspiro.

– Não tenho culpa se você fala demais e isso estava me cansando. – me sento de volta, ainda pensativa.

Carol me mostra o dedo do meio.

Começo a pensar novamente na noite passada e me pego sorrindo.

– E esse sorriso? – Carol me olha, sorridente.

– Não é nada. – pulo da cadeira.

– Sei... – ela cruza os braços e se remexe em sua cadeira.

– Pronto. Minha família é sempre protetora desse jeito. – Sharon entra na cozinha, sorrindo.

– O que disse? – pergunto e vejo Carol sorrir para Carter.

– Minha tia no telefone. Não a Tia Peggy, quer dizer, ela morreu. – ela abaixa a cabeça.

Sua tia?

– Sua tia? – levanto a sobrancelha.

– É. – dá de ombros e se senta ao lado de Carol.

A tia ligou para ela e a mesma a tratou daquela maneira? Que interessante.

[...]

Steve P.O.V.

Que diabos eu fiz?

Olho para o espelho em frente a mim e começo a pensar na noite passada, com Natasha. Eu senti a vontade de tocar em seus cabelos ruivos. Eu senti que devia fazer. Eu senti aquilo de novo. Aquilo que não sentia faz tempo.

Eu consigo sentir de novo.

Sharon ficou para dormir aqui. Eu me animei um pouco. Ela é uma moça doce e é determinada, como Peggy. Mas mesmo assim eu sentia um vazio imenso, e fui ver se Natasha estava bem.

Então, eu fui. Mas não saiu como eu imaginava.

Ela ficou louca comigo porque eu fui embora sem leva-la. Eu tentei ir, sim. Sharon falou que Natasha estava bem e segura. Eu tentei de todas as formas, até mesmo Tony tentou. Natasha não deixou eu me explicar, mas foi isso que acontecera.

E aquilo tudo aconteceu.

Saio do banheiro e me visto rapidamente, indo logo em direção da cozinha, onde sei que Natasha estaria lá.

Tony havia dito para todos ficarem em sua casa, até que tudo se ajeitado. Pepper disse que não havia nenhum problema, e que estava feliz em ter a casa cheia. Ainda bem que Stark a encontrou. Ela é a certa para ele.

– Bom dia. – falo, chegando à cozinha, procurando Natasha.

– Bom dia, Steve. – Carol fala.

– Bom dia. – Sam dá um tapa em meu ombro.

– Olá, Steve. – Sharon sorri.

– Olá, Sharon. – sorrio. – Alguém viu Natasha?

– Ela foi correr. – Carol dá de ombros. – Deve estar saindo agora.

– Obrigada, Carol. – falo e saio.

[...]

Natasha P.O.V.

Estou saindo para correr, quando ouço uma voz me chamar. Viro e dou de cara com Steve.

– Oi. – ele fala.

– Oi.

– Posso correr com você? – dou de ombros.

Corremos por vinte minutos pela praça e vejo um carrinho de cachorro-quente. Dou um sorriso e aumento os passos, indo a sua direção.

– Me dê um, por favor. – digo e sinto alguém chegar por trás de mim.

– Não é muito cedo para isso? – Steve fala.

– Nunca é cedo para cachorro-quente. – pego e vou mordendo, sentindo cada pedacinho. Fecho os olhos para sentir melhor.

Quando os abro, Steve está me olhando de um jeito indescritível.

– O que foi? – ando para o lado, procurando algum lugar para sentar.

– Nada. – encontro um lugar e nos dois nos sentamos. Olho para seu rosto iluminado pelo sol.

Ficamos em silêncio. Um olhando para o outro.

– Você veio caminhar com esses sapatos? – mordo o cachorro-quente e olho para seus pés.

– Foi ideia de última hora. – olha para baixo e sorri.

– Por quê?

– Queria conversar com você.

– Sobre quê?

– Sobre a noite passada. – suspira.

– Ah. – olho para o nada.

– Desculpa pelo o que eu fiz.

– Tudo bem.

Suspiro. Não tinha significado nada a ele. Quer dizer... Nem pra mim.

– Não foi certo, mas você não me deixou explicar...

– Você está falando sobre isso?

– Sim. Pensou que estava falando sobre o quê?

Bufo irritada.

– Nada, Steve. Nada mesmo.

– Natasha...

– Não era nada. – termino o cachorro-quente. – Continue.

– Bem, eu tentei ir atrás de você e dos outros, mas Sharon disse que estavam todos bem. – ele olha para mim. – Depois eu tentei de novo, mas foi em vão. Desculpe-me. Devia ter tentando mais.

– Esquece isso. – ele me olha espantado. – Ah, você quer levar um tapa?

Ele leva a mão em rendição. Sorrio de canto e levanto pronta para ir embora.

Não sei o que é e não sei o que sinto.

Só sei que estou sentindo alguma coisa, outra vez.