A festa se encaminhava para o seu ponto auge, a música estava ainda mais ensurdecedora (coisa que Clary jurava ser impossível minutos atrás), subitamente tudo fica em silêncio enquanto Raphael sobe no pequeno palco improvisado pedindo a atenção de todos. – Um momento pessoal, nossos anfitriões nos preparam uma pequena surpresa.. – Seu olhar contém um brilho perverso, maldoso. – Divirtam-se. – E na parede atrás de si foi projetado uma imagem que imediatamente provocou um surto de riso no ambiente.  Apesar da montagem mal feita, era claramente jace vestido com um moletom presidiário, e na seqüência desta várias outras charges relacionadas.
Naquele instante Clary se sentiu gelada, sentiu como se sua presença ali significasse uma traição à Jonathan. Ele não fora convidado para estar ali, obviamente. Nos últimos dias ele não fora convidado pra nenhum desses eventos e finalmente ela juntou as peças, Raphael não conhecia limites. Deu as costas e saiu dali sob o olhar atento do Santiago que sorriu disfarçadamente ao ver os Lightwood a seguirem.
 

Izzy se despediu de Simon com um beijo no portão de casa surpreendendo Alec e Clary que até então estavam alheios à aproximação dos dois. Alec avalia a situação por um momento, mas decide lidar com isso depois. Segura a mão de Clary puxando-a para dentro da mansão. – Onde você se meteu durante essa noite? – ela resmunga chateada enquanto sobe as escadas. – A ignorância é uma dádiva – ele murmurou de volta, encerrando o assunto e seguindo sozinho para o quarto. Esse não era o Alec que Clary conhecia, esse não era o Alec com que Clary sabia lidar.

Verdadeiras são aquelas pessoas que entendem seu grito de socorro, sem você pronunciar uma palavra e que no seu silêncio conseguem te decifrar.

   O brisa gélida daquela noite adentrava a mansão e fez a pele exposta de Clary se arrepiar. Deu meia volta para ir para sua própria casa, ainda anuviada com as informações para processar. Estava tudo tão confuso, ela balançou a cabeça instintivamente para espantar os pensamentos embaralhados. No instante seguinte sentiu uma respiração calma em sua nuca e sentiu seu corpo congelar de medo – Calma Clary, sou eu. – O sussurro conhecido fez seu coração saltar ainda amedrontado. – J-jonathan.

Todos falam que, quando você cai, você precisa aprender a se levantar, mas nunca me disseram que depois de se levantar, você precisa andar como se não sentisse nenhuma dor.

O Herondale anda cabisbaixo pelos corredores e ele podia jurar que ouvia seu nome na boca de todos. Queria sumir. No entanto todos seguiam indiferentes a ele, exceto por uma ou outra risadinha direcionadas a sua pessoa.  Trava o maxilar quando passa perto de um grupinho que se desfaz automaticamente. – dia de cão – Ele resmunga baixinho.

JACE

É um pouco desagradável quando de repente todo mundo te olha estranho ou te ignora, como se você fosse um bicho perigoso ou algo assim. Problema deles.
Entrei no vestiário e fui direto para o meu armário pegar minhas coisas. O treinador tinha me dito que eu ficaria “afastado” dos treinos e do time até a situação ser resolvida. Eu estava tão frustrado, que seria capaz de matar um. O Campeonato era no final da semana e toda essa merda por causa de um mal entendido. Dentre as minhas coisas do treino cai um pedaço de papel com alguma coisa escrita de um lado. Era uma foto minha.. “você ainda é o melhor jogador para mim” e eu tenho que sorrir comigo mesmo. Eu conhecia aquele estilo de fotografia e aquela letra e aquele perfume. “Uma mistura de morangos com alguma outra coisa cítrica. Ele não sabia explicar, mas era o tipo de aroma que sempre se pareceria com algo novo.”  Como na primeira vez que a vi. Lembrei da noite anterior, lembrei dela dormindo enroscada no meu braço depois de quase uma hora de discussão para convencê-la a ficar. – Sorrindo sozinho boneca? – Ouço a voz distante do Santiago e aquilo não me atinge.Todos do time me encaram esperando uma reação. Balanço a cabeça ainda rindo – Aqui o treino é só pra quem ta no time, e que eu saiba você não está mais. – Ele continua e eu podia jurar que ele estava incomodado. De qualquer forma não tem importância, seguro a fotografia entre meus dedos escondidos pelo moletom. Aquele pequeno pedaço de papel valia muito mais que todos os troféus que eu poderia ganhar. Aceno com a cabeça para meus ex-colegas de jogo e saio rumo a única pessoa que poderia me ajudar.
 

Alec me olha incrédulo e furioso, furioso, muito furioso. Eu não faço idéia do porquê.  Foi só uma pergunta. Ele balança a cabeça e faz menção de sair. – Falo sério Alec, é verdade? – Ele me avalia por um instante. – Jace, deixa eu ser claro. Ela te ama. E se você fizer qualquer coisa estúpida com ela, eu juro pra você, não sei do que eu sou capaz. – Os orbes gelados de Alex atravessam minha espinha e cravam-se ali. – o que eu faço? – Consigo sussurrar e percebo que estou muito assustado. – Ela é a pessoa mais encantadora que eu conheço irmão.. Você tem muita sorte. – E meu irmão mais velho está triste. Ele adivinha que vou perguntar e completa  não me dando chance – Ela está fotografando alguma coisa no parque abandonado nos fundos da escola. – E ele acena com a cabeça para fora da sala.

JACE OFF

Clary  ouve um leve farfalhar nos arbustos que crescem descuidados naquela parte da escola, mas só percebe o problema tarde demais.

 - Surpresa. – Ele murmura ainda com seu corpo colado no dela. A ruiva arfa levemente como se o céu e a terra estivessem girando desordenadamente ao seu redor.

— o-o que está fazendo?

— ...

— J-jonathan.. – os cílios dourados parecem cintilar no sol, Clary tiraria uma foto disso com toda certeza não fosse sua máquina estar caída em algum lugar da grama a essa altura.

— Alec, acha que você gosta de mim. – E seus lábios estão roçando nos delas que tremem junto com a dona. Ela faz que não com a cabeça. Um meio segundo. – oh.. Então me diz se não gosta disso também. – Sua mão esquerda a segura firme pela nuca enquanto que a outra suspende a ruiva do chão pela cintura. E fica imóvel, com a Fairchild arquejando em suas mãos, completamente entregue. Ela quase pode sentir o gosto dos lábios dele, mas mantém os olhos firmemente fechados e seu corpo em brasa. – diga a palavrinha mágica Clary.. – Ela hesita por uma fração de tempo antes de murmurar entre dentes – Jace

As coisas

As coisas não acontecem quando a gente quer

Nem mesmo quando a gente não quer

As coisas

Nunca pedem nossa opinião.

O dourado sorri entre o beijo puxando-a para cima e enroscando as mãos nos fios cor de sangue. E era como se os dias e as noites passassem por eles, Ela tenta se afastar finalmente dando-se conta do que estava acontecendo e dessa vez, Jace se afasta também. Ambos se encaram tentando ler o que se passa na cabeça do outro.

CLARY
Preciso sair daqui preciso sair daqui preciso— e ele me beija novamente.
 JACE
Eu poderia fazer isso pelo restos dos meus dias.