Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 22
Capítulo Vinte e Dois


Notas iniciais do capítulo

É o penúltimo capítulo minha gente ;-; Estou sofrendo tanto de saudades que vocês não tem noção.
Depois desse tem apenas o Epílogo que já está pronto então não tardarei a postar. Apenas... Estou sofrendo por antecedência, me parece muito estranho não escrever mais Let Me Go.
Espero que apreciem o capítulo.
A gente se vê nos comentários.

PS:
Eu recomendo ler o capítulo com essa música:

https://www.youtube.com/watch?v=HFatODUR1CE



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Atena

Eu precisei de um tempo para me recompor e bolar um plano pra fugir dali. Tirei os fios de cabelos presos do meu pescoço, pelo menos a maioria e tive a certeza da extensão dos meus novos. Estavam realmente na altura do começo da nuca. Não que fosse minha atual preocupação, aliás, era a menor delas.

Respirei fundo e comecei a bater fortemente contra a porta com os punhos fechados. Comecei a ouvir o capacho ordenar para que eu me aquietasse, mas eu continuei batendo sem parar. Meus punhos já doíam, mas eu não ia parar até que ele entrasse naquela sala. Precisava que ele entrasse, precisava dele ali dentro para funcionar.

–Tem algo errado aqui! –Gritei simulando uma voz de choro e desespero, algo não muito difícil levando em conta que até pouco tempo eu estava em prantos terríveis e eu estava sim desesperada. Continuei batendo contra a porta com força, ignorando mais uma vez a crescente dor nas mãos.

Finalmente ouvi a chave dentro da fechadura sendo girada. Afastei-me numa distância favorável para analisar o rapaz. Ele era bem mais alto que eu, parecia um armário em questão de corpo. Apesar de não parecer, isso era muito bom pra mim. Em um segundo consegui localizar meu objetivo. A chave que ele estava na mão.

–O que houve garota? –O homem estava quase gritando, parecia muito irritadiço.

–Eu... –Aproximei-me o suficiente e o encarei. Hora da ação. Lembrei-me de todas as aulas de defesa pessoal que tive com Felipe, que me deram agilidade o suficiente para agarrar a chave em suas mãos. Ele não estava preparado para tal coisa então a chave veio parar em minhas mãos pequenas. Ele tentou me segurar, mas eu desviei das mãos grandes passando pela lateral do seu corpo em direção á saída. Eu era pequena e rápida, mas ele era grande. Agarrou-me pela cintura me puxando. Debati-me e consegui fazer com que as minhas pernas chutassem suas partes baixas. Ele arfou e eu aproveitei para acertar uma cabeçada em seu pescoço. Fui solta e corri para a porta, trancando-a com ele lá dentro.

Respirei fundo e corri para o meu quarto. Precisava pensar. Eu tinha que entrar no baile antes que fosse tarde demais. No momento em que Felipe dissesse “sim” estaria consumado. Mas não dava pra eu entrar no salão daquele jeito. Talvez se eu estivesse vestida para tal ocasião, eles não me barrassem na hora de entrar. Talvez, tudo era uma grande suposição, se eu tivesse sorte. O que pelo visto eu não estava tendo.

A Duquesa não havia mexido nas demais coisas para o baile, para a graça de Deus. Se ela tivesse tocado no meu vestido, eu juro que a mataria dolorosamente. Corri para o espelho do meu quarto. Como eu imaginava, os cabelos estavam exatamente na altura que eu imaginei. Estava diferente, mas não estava feio. Vir-me-ei de lado para encarar direito como ficou e acabei sorrindo. Estava bonito. Diferente, mas muito bonito. Agora era hora de me arrumar. Eu precisava salvar meu homem das garras de uma vadia.

Beatrice

Não podíamos alertar Felipe. Ele não saía de perto da garota e não podíamos simplesmente chegar e a chamar de impostora. Se a menina fizesse um escândalo sobre o nosso plano de casar Atena com o príncipe, aí sim a coisa ficaria feia. Logo, tinha apenas uma coisa á se fazer: Achar a verdadeira Atena. Eu tinha quase certeza que a menina nos braços do loiro era Sky, principalmente pela expressão tranquila da minha mãe. Nesse caso, a Duquesa tinha feito alguma coisa com a minha melhor amiga.

Por isso eu chamei Theodore e saímos da festa para procurar. Assim que eu contei o que estava acontecendo, ele, assim como eu, entrou em pleno desespero que só crescia. A questão é que o palácio é enorme e até onde sabíamos, ela poderia estar em qualquer lugar de toda essa festa. E o pior era pensar que talvez ela não estivesse mais no palácio.

–Ele me disse que havia algo de errado com ela, que aquilo estava muito estranho. Mas o colar o convenceu. Felipe achou que o nervosismo estava mexendo com sua cabeça. –Theo me contara enquanto andávamos pelos corredores. –E se sua mãe tiver a tirado do palácio? Muitos nobres estão chegando, não achariam estranha a movimentação de carruagens.

–Não acho que teria dado tempo. Eu estive com Atena até de tardezinha e pouco tempo depois vi a minha mãe. Para deslocar minha amiga precisaria de um pouco mais de tempo. Tenho fé de que ela está aqui. Escute Theo: Daqui a vinte minutos vai ser a hora do casamento. Temos que achar Atena até lá ou...

–... Ele estará casado com sua irmã pra sempre.

–Exatamente. –Suspirei estremecendo só com a possibilidade. –Vá para aquele lado. Cheque todas as salas, todas, sem exceção. Vou para este e vejo se acho Gabriel, pra mobilizar ele também.

Eu e Theo saímos então literalmente correndo em direções diferentes. Eu olhei todos quartos e salas até o quarto de Gabriel, que era na área dos recrutas. Bati desesperadamente na porta de seu quarto. O desespero quase me tampava a garganta e eu sabia que a presença do moreno, por si só, me acalmaria e me permitiria pelo menos pensar com clareza. Eu sabia que a essa hora ele ainda estava muito bem acordado então não demorou muito para que ele atendesse.

–Bia... –Ele pareceu confuso e então me analiso da cabeça aos pés de uma forma que me fez piscar levemente. –Não sei o que está acontecendo, mas você está linda.

Quase corei. Não estava tão assim. Meu vestido era cor de rosa, com mangas brancas de fitas, fitas essas que também decoravam a parte de cima de forma muito delicada. Um salto da mesma cor do vestido enfeitava meus pés. Os cabelos negros estavam num coque frouxo que soltava muitos cachos negros.

–Obrigada. –Não gaguejei o que foi uma vitória porque parecia mais uma vez que minha garganta estava tampada, mas agora por um motivo bem... Diferente. –Mas estou aqui por assunto grave. É Atena. Vem, eu te explico no caminho.

Atena

Nunca me arrumei tão rapidamente. Provavelmente demorei uns quinze minutos pra terminar de me arrumar completamente. O vestido tinha o corpete azul claro, totalmente decorado com detalhes bordados azuis mais escuros. A saia era rodada e leve, com o fundo azul, mas uma camada branca transparente também com detalhes bordados. O anel único que eu usava era simples, com uma única safira quadrada, o bracelete era completamente feito de pedrarias. Amarrei a máscara por detrás dos cabelos agora curtos, esta era negra com detalhes perolados. E corri. Disparei rumo ao salão de festas. Subi escadas sem parar, sem sequer respirar, apenas com a vontade de que os degraus acabassem de uma vez. A parte nobre nunca me parecera tão distante quanto naquele momento. Graças a Deus o salto do meu sapato era bem pequeno, me impedia de cair e tropeçar.

No momento em que fui em direção a porta do salão vi os dois guardas que pediam convites. Eu estava entrando em pânico, mas tentaria passar naturalmente. Tinha que dar certo ou eu iria surtar. Eu definitivamente não tinha uma ideia melhor, realmente não tinha. E não tinha tempo para pensar, não tinha tempo pra nada. Tudo que pensava era que apesar de tudo eu precisava tentar. Segui em direção a porta com a autoridade e a postura que qualquer uma das damas nobres dali tinham, quando o primeiro soldado colocou a mão na minha frente:

–Convite, por favor? Eu me lembraria se a senhorita já tivesse passado por aqui. Os cabelos...

Fechei os olhos. Eu temia aquilo. Não havia o que fazer agora, não havia o que entregar pra ele. Eu estava ferrada. Felipe iria se casar com Skylar e eu provavelmente seria pega por tentar entrar num local que não era para a minha classe. Sky viraria rainha e eu perderia o amor da minha vida para todo o sempre. Provavelmente a nova rainha pediria minha cabeça ou faria do resto daqueles seis anos um verdadeiro inferno. E eu teria lidar com a minha derrota á cada dia da minha vida.

–Ela está comigo. –Uma voz conhecida me salvou. Theodore. Virei para o lado e sorri aliviada. O loiro levantou a máscara para provar que era realmente o primo do príncipe e enlaçou o braço no meu. Os guardas deram passagem enquanto eu sentia meu coração bater mais forte por estar conseguindo entrar ali. E pensar que eu tinha entrado em desespero. Pensar que eu tinha aceitado minha derrota. Pensar que estive tão perto de simplesmente entregar os pontos.

–Atena...

–Theo, muito obrigada. –Abracei-o com força enquanto entrávamos no salão, no topo da escada. Theodore tinha a grande mania de me salvar na maioria das vezes que eu precisava.

–Não temos tempo pra você me explicar. Ele está indo para a cerimônia de casamento nesse exato momento. Precisa parar isso antes que seja tarde demais. Vá. –O loiro beijou minha testa levemente. –Vire minha prima baixinha.

Corri pelo topo da escada e vi que Felipe e Sky estavam seguindo para frente do padre para começar a cerimônia de casamento. Meu coração ficou do tamanho de um grão de mostarda com aquela cena. Eu não poderia interromper agora, de forma alguma. Seria um crime gravíssimo, sem contar que descobririam que era eu. Pense Atena, pense. Você precisa arranjar alguma maneira. Ainda dá tempo, isso não é uma derrota.

Foi como encontrar minha luz no fim do túnel. Colocou meu pé no primeiro degrau, começando a descer as escadas. Olhei para o corrimão pra me dar forças de fazer o que eu iria fazer então comecei:

That feeling that doesn't go away just did

And I walked a thousand miles to prove it

And I'm caught in the crossfire of my own thoughts

The colour of my blood is all I see on the rocks

As you sail from me


A voz ecoou por todo o salão já que todo ele estava silencioso. Eu conseguia a ouvir em alto e bom som. Estava linda. Mesmo com todo o nervosismo do momento, não estava tremida. Estava pura, simples, com todo o amor que eu sentia a lembrar de como eu e Felipe nos aproximamos. Foi por causa daquela voz. Foi por causa da voz que todos ouviam agora.

Alarms will ring for eternity

The waves will break every chain on me

My bones will bleach... my flesh will flee

So help my lifeless frame to breathe”

Todos os olhares se voltaram pra mim, inclusive os do príncipe. Felipe parecia extremamente espantado, principalmente quando seu olhar encontrou com o meu sobre a máscara. Ninguém compreendia o que eu estava fazendo, mas eu vi o reconhecimento em seu olhar. O príncipe sabia quem eu era. E eu já estava na metade da escada, sem fazer ideia do que seria de mim quando meus pés tocassem o salão. Mas eu sabia que aquilo era o certo. No meu coração, minha intuição, meu corpo, tudo dizia para continuar.

“And god knows I'm not dying but I breathe now

And god knows it's the only way to heal now

With all the blood I lost with you

It drowns the love I thought I knew

And god knows I'm not dying but I breathe now

And god knows it's the only way to heal now

With all the blood I lost with you

It drowns the love I thought I knew”

Quando pisei os pés no chão finalmente, Felipe estava á minha espera, estendendo a mão. As lágrimas estavam quase escorrendo do meu rosto quando coloquei minha pequena mão sobre a dele. Eu havia conseguido. Estava no baile, apesar de todos os esforços da Duquesa Laiara de me tirar do caminho. Todo o plano preparado com antecedência tinha ido por água a baixo, mas eu ainda estava ali. E ele ainda não tinha se casado. Não ter entregado os pontos tinha servido de algo. Ele tinha largado a cerimônia para vir me buscar.

O loiro beijou minha testa levemente e foi até a impostora que me olhava com descrença. Procurei Laiara com os olhos e a encontrei me olhando estupefata. Virei meus olhos para ela e abri um sorriso, o melhor sorriso que pude. Mexi nos meus novos cabelos curtos propositalmente enquanto a Duquesa parecia ter um infarto fulminante. Vi que seu rosto estava vermelho, provavelmente pela raiva, enquanto tentava compreender no que havia falhado. A raiva que ela me olhava poderia me matar apenas por existir em seus olhos penetrantes, mas naquele momento não tinha poder intimidador nenhum sobre mim, de forma que eu a encarei de igual para igual, com a postura altiva.

–Sky... –Felipe tirou a máscara dela, literalmente falando e jogou no chão do salão de bailes, pisando em cima. O som de algo se quebrando me despertou e vi que todos olhavam para a filha da Duquesa sem compreender a razão dela ter fingido ser quem não era. . –Sinto muito querida. Não é com você que pretendo me casar. Nunca pensei que chegaria á esse nível. Esse cabelo... –Ele olhou para os meus cabelos curtos e foi como se juntasse dois e dois. –Saia da minha frente. Agora! –A voz dele foi firme enquanto lágrimas pesadas escorriam do olhar da irmã de Beatrice.

–Deixe-me expl...

–Skylar, agora! Oh não, antes espere... –Ele virou-a de costas e tirou o colar da mãe, sobre os olhares de todos do baile, inclusive do pai. Todos olhavam de olhos esbugalhados, sem entender o que estava acontecendo. A confusão era evidente no rosto de todos, com exceção de Theodore e da Duquesa. E de Beatrice que acabara de descer as escadas com o meu irmão e parecia extremamente aliviada a me ver. –Isso não te pertence Castellar. Agora saia!

Skylar saiu correndo e chorando escada á cima enquanto a Duquesa ia atrás da filha. Meu coração ainda batia forte quando vi Felipe se aproximar de mim e com delicadeza retirar a minha máscara. Olhei-o sem compreender e vi quando Beatrice se aproximava para segurar a peça.

–Não quero esconder com quem vou me casar Atena, não depois disso tudo. Quero que o mundo saiba que você é a rainha que eu escolhi para o meu povo e que não me arrependo em momento algum de tal decisão. –Ele segurou minha mão entrelaçando os dedos com carinho. –A propósito, você está linda. És a mulher mais linda de todo esse salão. Venha, vamos fazer isso direito.

Segurando minha mão ele me guiou delicadamente até o altar, em frente ao pastor e á Vinicius que parecia espantando com todo o circo que ali aconteceu enquanto me olhava confuso. Felipe estava terrivelmente tranquilo e eu queria muito saber de onde ele tirara toda àquela calma porque eu estava uma pilha de nervos. Parecia que a ansiedade nunca acabaria naquele dia.

–Papai, essa é a garota com quem eu vou me casar. O nome dela é Atena Mercer. –Felipe anunciou para o rei, mas acabara anunciando para todos os que estavam no salão. –Ela é uma criada do palácio. Veio pra pagar a dívida do Duque. Essa garota é a mulher mais inteligente, mais doce, mais sábia e a mais carinhosa que eu já conheci. Tudo nela parece ter uma meticulosa perfeição e eu a amo. Eu a amo tanto que parece que não cabe em mim. Ela é a esposa e a rainha que escolhi pra mim e nada, nem ninguém, vai mudar isso.

Vinícius nada disse. Em passos lentos seguiu em minha direção enquanto minha respiração estava incrivelmente acelerada, meu coração martelava contra o meu peito como se fosse sair á qualquer instante. Tínhamos planejado aquilo tão diferente, mas confesso que falar pra o rei e para todos os nobres o que estávamos fazendo era reconfortante. Eu não estava enganando ninguém. Estávamos sendo sinceros, de verdade. Sem tramas, sem planos. Apenas a sinceridade nua e crua, ali, estampada para quem quisesse ver.

O rei levemente beijou minha testa e eu fechei os olhos, soltando a respiração normalmente e sorrindo gentilmente.

–Eu me lembro de você. –Murmurou pra mim. Eu sabia que aquela frase poderia significar muitas coisas. Poderiam ser lembranças de mim cuidando do filho dele ou de qualquer uma das vezes que eu o servi, mas não era. Pelo olhar cúmplice que me mandara, ele se lembrava do dia em que eu fui petulante o suficiente pra lhe sugerir estratégias de reino. –Felipe, de todas as suas decisões tomadas até hoje, com certeza escolher essa garota foi a mais sábia de todas. Vocês dois tem a minha benção.

Eu e Felipe sorrimos um para o outro enquanto Vinicius se afastava nos dando espaço para nos ajoelhar em frente ao padre. Meu coração exultava de felicidade e eu pensei que dava para vê-la exalando pelos meus poros. No dia que eu entrei naquele palácio eu nunca imaginava que estaria naquela situação naquele momento. Eu entrei contra a minha vontade, pra pagar a dívida de um Duque e agora estava me casando com o homem que eu amava. Acho que as coisas davam guinadas na minha vida de repente, mas tudo colaborara para que eu fosse feliz. No fim meu pai tinha razão. Eu não ser um modelo de dama da sociedade não destruiu minha vida, na verdade, me ajudou a construí-la.

~X~

–Parabéns. Você é linda. –A esposa do lorde Roy Delabona, o mesmo que tentara me agarrar um dia desses, estava nesse exato momento me felicitando pelo meu casamento, com um sorriso extremamente doce. –Seu cabelo tem...

–Diferença. Eu sei. Muito obrigada Raquel. A propósito, também estás linda. –Sorri cordialmente quando senti uma pessoa me abraçando. Vir-me-ei para Beatrice e a abracei fortemente. As pessoas olhavam para aquilo com estranheza, afinal eu teoricamente havia pegado o lugar da irmã dela. Aqueles nobres não sabiam nem do primeiro parágrafo da história.

–Obrigada. Soube que foi você que a reconheceu. –Murmurei para Bia e ela assentiu com a cabeça, ainda sem me soltar.

–Eu vi a sapatilha e você não seria tão alta sem salto, minha duendinha. –Nós duas rimos e finalmente nos afastamos. Ela estava muito linda no vestido cor de rosa, tão perfeita que eu não conseguia a imaginar correndo pelos corredores do palácio á minha procura quando poderia estar dançando e se divertindo. –Estou tão feliz que tenha dado certo. Eu entrei em desespero sem conseguir te encontrar. Eu e o Gabriel quase demos uma síncope. Afinal, o que aconteceu?

–É, é uma coisa que eu também quero saber. –Felipe se aproximou junto com Gabriel e Theodore. Estávamos num canto do salão de bailes, reservado, então dava pra contar. Apesar de tudo, eu não queria que essa história se espalhasse. Traria uma fama ruim para a família de Beatrice.

–A Duquesa sabia do nosso plano. Ela seguiu Bia no dia que o bolamos. Desde então ela planejou tudo para que desse errado. Por isso ela me solicitou como dama e nós todos pensamos errado, que ela estava incomodada com a minha amizade com a Beatrice. Não era nada disso. Ela queria se certificar de que conseguiria me prender no dia que precisasse. Hoje ela me chamou teoricamente pra pegar a roupa de baile delas e me prendeu num quarto. –Suspirei. –Disse que sabia de tudo e que faria Sky se passar por mim. Quando vocês estivessem casados, não haveria como voltar atrás. Ela cortou meus cabelos pra fazer a peruca e me deixou presa lá, com um homem vigiando. Consegui o fazer entrar na cela, peguei a chave e escapei. A propósito, eu o tranquei lá dentro e ele já deve estar em desespero. Corri pra me arrumar para conseguir entrar. Theodore, Bia e Gabe já estavam me procurando á essa altura do campeonato. Por sorte o Theo voltou á tempo de permitir minha entrada e bem... Aqui estamos.

Todos os outros me olharam boquiabertos, pensando no que aconteceria se tivesse dado certo. Eu preferia realmente não pensar nisso. Tinha dado certo e isso era o importante.

–Elas... Elas...

–Não quero que aconteça nada com elas. –Vir-me-ei pra Felipe, que estava com a raiva estampada no rosto. –Elas foram baixas e poderiam ter arruinado conosco, mas ainda são a irmã e a mãe da Beatrice. Por favor, só quero que elas voltem de onde vieram.

–Você tem razão. Beatrice nos ajudou muito. Por consideração á elas. –O loiro respirou fundo. –Você como princesa poderá fazer o que quiser com elas Atena, agora tens o mesmo poder que eu. E meu pai já nos deu o poder sobre elas, mas... Acho que pelo menos os cabelos delas tem que ser cortados.

–Não, deixemos as madeixas delas em paz. Porque eu gostei das minhas. São diferentes, assim como eu. –Passei a mão pelos cabelos curtos mexendo nos fios com delicadeza e orgulho.

–Ficaram lindos em você. –Felipe sorriu beijando o topo da minha cabeça. –Mas ficará ainda mais belo quando a coroa estiver decorando.

Sorri para ele mostrando as covinhas e vi os demais fazendo uma careta. Sorri e fui até Beatrice, segurando suas mãos com delicadeza:

–Olha, eu sei que são sua família... Mas eu queria dizer que se quiser, não precisa ir com elas. Pode ficar no castelo conosco. Tenho certeza que sua presença agradará á todos nós. –Pisquei para Gabriel, que encarou o chão sorrindo e depois olhou para minha amiga que também sorria de forma tímida.

–Acho que o melhor á fazer é ficar. Mesmo porque acho que nunca fiz parte daquela família. Só quero... Falar com elas antes de irem. Mas por ora, não pensemos nisso. Hoje é apenas o dia de comemorar o dia que conseguimos casar duas pessoas que se amam de verdade. O baile está aí pra isso.

–Exatamente. –Gabriel estendeu a mão para a morena e ela aceitou, sendo guiada para o salão de dança junto com outros casais. Os dois reluziam em meio aos outros, a doçura da química deles dava pra ser vista de longe.

–Vou procurar alguém pra dançar. Não conte á Katrina. –Theodore sussurrou pra mim e saiu em busca de uma dama solitária. Sobramos apenas eu e Felipe. A mão estendida foi veementemente aceita, enquanto eu fazia uma mesura exagerada.

Eu e Felipe tínhamos tido uma dança solo depois do casamento e eu nunca tinha ficado tão embaraçada em toda a minha vida, afinal eu não era uma nobre, não me garantia sobre meus talentos com os pés. Mas tudo tinha sido lindo e me asseguraram depois que eu tinha ido bem. Lindo, eu não tinha dois pés esquerdos.

–Estão todos olhando pra você. –Murmurei pra Felipe enquanto ele me rodopiava e puxava de volta. Os olhares de todos não passavam despercebidos por mim. Eu não podia deixar de notar a diferença, afinal, quando criada eu era absolutamente um móvel e agora sentia que todos os nobres não tiravam o olho.

–Acredite, estão olhando pra você. –Sorriu de forma segura pra mim. –Ei...

–O que?

–Eu te amo fedelha ruiva.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: My Blood -Ellie Goulding
(A do link nas notas iniciais)



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