Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 11
Capítulo Onze


Notas iniciais do capítulo

OIEEEE!
Olha quem chegou.
EUUU!
Bem, eu estou desesperada para postar esse capítulo por motivos de:
~cortaram meu telefone~
Ou seja, minha internet pode ir para o ralo Á QUALQUER MOMENTO.
~desespero forever~
Então eu pensei "Tenho que postar LMG"
E aqui estou.
Espero que gostem :3



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Um mês depois:

De manhã a cozinha era um reboliço. Todo mundo correndo pra lá e pra cá, uns fazendo o café da manhã para a realeza, outros levando, outros já começando á lavar chãos e afins. Era o começo do dia e teríamos muito que fazer durante ele todo. E quando eu digo muito, não duvide da quantidade de trabalho que uma criada do palácio tem.

Coloquei o avental rapidamente por cima do vestido amarelo que usava enquanto já corria em direção á bandeja cuidadosamente preparada pela Nelly. Era o meu dia de servir a família e eu seria rápida. Ou pelo menos eu precisava ser. Não podia me perder em nenhum tipo de olhos verdes.

–Até hoje não sei como equilibra essa bandeja com a sua altura. –Janice brincou e eu ri.

–Também não. –Saí da cozinha falando isso, equilibrando a enorme peça em minhas mãos. Eu sabia que não podia nem sonhar em deixar aquilo cair ou a minha chefe me degolaria em praça pública.

Subi as escadas até a sala de jantar privada e bati na porta duas vezes. Ouvi um forte entre vindo de lá que eu sabia pertencer ao rei, Vinícius. Ele é o tipo de homem que assustava embora Felipe já houvesse me garantido que era tudo fachada. Era uma pessoa extremamente amorosa, principalmente com entes queridos. Mas eu não poderei arriscar.

Abri a porta fazendo um trabalho gigante para segurar aquela bandeja. Eu acabaria me atrapalhando com aquilo num dia ou outro, mas eu realmente preferia que fosse num outro e não naquele.

–Deixe que eu lhe ajude. –Ouvi aquela voz e revirei os olhos.

–Não precisa Vossa Alteza. –Respondi já distribuindo as coisas pela mesa e sem encarar os olhos do príncipe que eu sabia me analisavam. Observando o rei eu vi um olhar de extremo orgulho do filho a vê-lo se oferecer para me ajudar. Eu sabia que Vinícius não via diferença entre nobreza e criadagem e queria que seu filho fosse assim também. Esperava que ele nem desconfiasse a razão de toda aquela súbita gentileza.

Finalmente tomei coragem para olhar discretamente ao loiro da mesa. Como eu previa, ele me encarava com “aquele” olhar. Aquele que dizia “vou te ver hoje e você não pode fazer nada para me impedir”. Disse “não” pelo olhar também antes de sair com aquela bandeja enorme, mesmo sabendo que não adiantaria nada.

Voltei correndo para a cozinha, entrando ali dentro e guardando a bandeja, já me preparava para ir lavar roupa.

–Você está com um brilho lindo Atena. –Nelly sussurrou pra mim. –Espero que o motivo dele seja moreno e tenho olhos azuis.

Reviro os olhos. Esperava que ela nem sonhasse que era completamente o contrário.

~X~

Estava lavando o corredor próximo ao andar dos quartos dos empregados quando senti dois braços rodeando minha cintura. Suspirei e virei encarando aquele olhar verde que tanto gostava e estava acostumada:

–Um dia você ainda vai me matar do coração, sabia? –Falei me fingindo de brava, mas a verdade é que a expectativa de ver ele movia meus dias. Claro que eu sabia que era arriscado e completamente irracional, mas quem disse que o meu coração entende? Não, pelo contrário, ele fica completamente aos pulos quando encara aquele bendito príncipe, que por algum motivo desconhecido tem ocupado meus pensamentos por aqueles tempos.

–Você ama isso que eu sei. –Ele deu aquele sorriso de lado, convencido, que eu odiava. Ou amava. Dependia do dia e do contexto.

–Sua humildade provavelmente foi comida no café da manhã. –Brinquei e ele acabou rindo enquanto me puxava para um beijo demorado. Deliciei-me com cada segundo daquele beijo desejoso e quando nos afastamos acabamos sorrindo um para o outro.

E eis que ouvimos vozes. Nós dois arregalamos os olhos e corremos para o primeiro cômodo, no caso a salinha apertada das vassouras que ficava ali perto. Estávamos praticamente grudados enquanto eu ouvia as vozes ali no corredor. Eram de nobres o que só deixava tudo mais arriscado. Se pegassem à gente, eu poderia ser morta ou pior.

Ele fez sinal para que eu ficasse em silêncio. Eu tinha a chave daquela sala e tranquei rapidamente para não correr o risco de uma daquelas pessoas abrirem a porta por algum motivo qualquer.

–Atena, calma. –Felipe sussurrou, segurando meus ombros.

–Felipe... –Minha respiração começou a querer subir. Ele sabia da minha aversão á lugares apertados e resolveu tirar minha atenção disso e das pessoas ali fora da forma que melhor conhecia. Beijando-me.

Passei a mão pelas suas nucas enquanto ele invadia o interior da minha boca com sofreguidão, encostando-me a parede e passando as mãos pela minha cintura. Quando o ar faltou á nós dois, ele desceu os lábios pelo meu pescoço, roçando e dando leves beijinhos e mordidinhas o que me arrepiava da cabeça aos pés e me fazia suspirar. Minhas mãos automaticamente subiram para os cabelos loiros que tanto gostava enquanto ele voltava seus lábios para os meus.

Logo os beijos dele desceram novamente, pelo pescoço, descendo para o colo. Ele desceu a manga para poder beijar os ombros também. Um botão do meu vestido foi tirado da casa nas costas, e as mãos dele desceram para a pele desnudada. As sensações eram gostosas eu admito, mas sabia que estávamos ultrapassando uma linha que não poderia ser ultrapassada o que me fez empurrar ele:

–Lipe! –Chamei sua atenção e voltei a minha manga para o lugar e abotoei o vestido. Minhas bochechas estavam vermelhas.

A voz do corredor tinha acabado o que me fez destrancar a porta e sair, pisando duro. Antes de qualquer coisa desamassei o vestido, arrumei o cabelo desgrenhado e umedeci os lábios que sabia que estavam vermelhos e inchados.

–Atena...

–Escute... –Olhei pra ele bem nos olhos para que ele visse a veracidade dos fatos. –Não sou uma qualquer Felipe. Desculpe, mas certas coisas você não vai ultrapassar, não comigo.

Eu sabia que não estava brava por aquilo porque eu também fui levada pelo clima de tudo. Mas estava brava comigo mesma por estar envolvida numa relação que nunca levaria a nada. Aquele clima nunca iria prosseguir. Porque eu era uma criada e ele um príncipe.

Suspirando peguei meu esfregão e balde e saí dali.

~X~

–A tarde livre? –Perguntei á Nelly e então a ficha caiu. Eu tinha folga naquela tarde. Depois de tanto tempo no palácio aquela era minha primeira folga. E eu nem me lembrava mais o que era ter parte de um dia simplesmente livre para fazer o que quiser.

–Aproveite minha pequena porque você sabe o quanto demora para termos essas folgas. –Nelly sorriu. –É uma pena você não poder sair do palácio. Poderia visitar sua família.

–Está tudo bem Nelly. Obrigada. –Sorri e fui para o meu quarto. Tirei o avental e refiz o coque para que ele ficasse bem firme e saí do meu quarto. Criados não tinham o direito de ir e vir para certos lugares, mas ninguém tinha me falado nada da biblioteca então eu iria. Caso alguém brigasse comigo eu diria que não sabia.

Fui rapidamente em direção á biblioteca e entrei. Aquele lugar me encantava. As estantes eram terrivelmente altas e infinitamente cheias de livros, se estendendo por todo o cômodo que por acaso era grande. Eu não fazia nem a menor idéia por onde começar, mas eu começaria com todo o prazer.

Fui á frente de uma estante e fechei os olhos, tocando em um livro e o pegando, para que a escolha fosse aleatória. Depois abri novamente meus olhos e me deparei com o título “Fleur Rose”, que era simplesmente “Rosa”, traduzindo do francês.

Sentei num dos bancos que tinha ali e comecei á ler. Eu estava na quinta página quando senti alguém tocando meu pescoço. Eu conhecia aquele toque mais do que conhecia minha própria voz. Felipe. Ele se abaixou e mordeu o lóbulo da minha orelha, me fazendo suspirar:

–Eu sabia que estaria aqui. –Sussurrou. –Esse lugar deveria ter seu nome de tanto que parece contigo.

Revirei os olhos, fechei os olhos e coloquei o livro em cima da mesa, me levantando de supetão. Ele percebeu que eu pretendia sair e segurou a minha mão:

–Atena, por favor...

–Felipe, me desculpa, mas depois de hoje de manhã, eu realmente não quero ouvir.

–Então não ouça. Eu sei que tem à tarde de folga. Deixe que eu te leve á um lugar.

–Que lugar?

–Confie em mim. –Ele continuava a segurar minha mão. –Eu te deixo pegar o Sirius.

Acho que os meus olhos brilharam com a menção do belo alazão. Sem uma palavra ele me guiou pela mão até o estábulo. Eu sei que deveria não ir, mas como resistir á aqueles olhos verdes? Não dava, simplesmente.

Assim que eu cheguei á Sirius, ele relinchou amigavelmente como se quisesse dizer que se lembrava de mim:

–É, eu também lembro de você. –Falei sorrindo enquanto o montava. Dessa vez o montei sem problema algum. –Felipe, eu não posso sair do castelo.

–Correção, não pode sair do castelo sem a permissão dos seus superiores. Eu sou seu superior então quero ver quem vai ser o maluco á vir me falar que não, já que acima de mim tem apenas o meu pai e tenho certeza que ele não vai se importar.

–Depois sou eu a maluca. –Digo rindo e ele acabou rindo comigo.

–Vamos lá Atena, siga-me se puder.

Ele saiu com Stela, uma égua linda de pelagem marrou e eu segui pareando com Sirius. Entramos na floresta, sempre ele tentando ficar á minha frente e nessa brincadeira eu nem notei o caminho que fazíamos ou o quanto o tempo passou. A coisa só ficou clara quando ele parou e eu percebi onde estávamos.

Era a minha casa.

–Felipe...

–Eu sabia que estava com saudades. Então eu aproveitei sua folga. –Ele desceu de Stella e me estendeu a mão, para ajudar á descer de Sirius. Não largou depois que eu desci, pelo contrário entrelaçou nossos dedos. –Pronta para surpreender eles?

–Sempre.

Seguimos os dois, de mãos dadas, em direção á casa. Ele bateu duas vezes já que eu estava me preparando psicologicamente para o reencontro. Quem abriu foi a minha mãe, que arregalou os olhos e se lançou para um abraço apertado. Estava sendo difícil controlar as lágrimas perto daquela ruiva linda, mas quando eu vi seu ventre um pouco proeminente, uma lágrima escorreu:

–A senhora está grávida? –Falei com um pulinho de alegria.

–Estou, estou sim. –Ela falou tentando conter as lágrimas e só então percebeu Felipe, fazendo uma reverência e de olhos arregalados, pensando no que diabos a filha dela fazia com o príncipe.

–Não precisa disso, senhora. –Ele disse sorrindo. –É Suzanne não é? Muito prazer, Felipe Augustus.

–Acredite, eu sei quem você é. - Ela tinha um sorriso de orelha á orelha. Pegou na minha mão e na mão de Felipe e nos puxou para dentro, literalmente. –Robert! Katrina! Iara!

Os três apareceram rapidamente e aí que as lágrimas escorreram. Joguei-me nos braços do meu padrasto que me girou no ar.

–Minha princesinha! –Ele sorriu e se afastou, com lágrimas nos olhos. –O que...

Katrina e Iara me puxaram antes que ele terminasse a frase e me abraçaram as duas, com força. Percebi que as duas choravam e aquilo me rasgou o coração, de felicidade e de saudade.

–Como? –Elas perguntaram juntas.

–É a folga da Atena. –Felipe explicou por mim. –E ela cuidou de mim quando eu tive A Febre do Sul. Gabriel, a quem treino, contou que talvez ela estivesse com saudades e eu achei que seria um bom jeito para retribuir tudo o que ela fez. Bom, eu darei privacidade á família. Com licença.

E saiu. Katrina e Iara estavam praticamente babando enquanto olhavam de mim pra ele que saíra pela porta. Seus olhares eram de admiração e eu só ri.

~X~

Suzanne estava grávida novamente. Era improvável devido á idade dela, mas aconteceu. Agora todos estavam novamente tomando todo o cuidado do mundo com ela, afinal, muito esforço ou estresse poderiam acabar fazendo mal ao bebê ou á ela. O dinheiro que guardamos para a dívida e que não deu, estava sendo usado para decorar o quarto do bebê e Katrina já começara á costurar roupas para o pequeno.

Eles me perguntaram sobre o castelo e eu contei que tudo estava tranqüilo. Contei de Nelly e de como ela era boa comigo, sobre os inúmeros cômodos lindos do castelo e de como a biblioteca era enorme.

–E ele? –Minha mãe perguntou com o olhar na porta, querendo indicar Felipe. –Foi um gesto muito bonito ele te trazer aqui Atena.

–Eu também fiquei surpresa. –Suspirei. Eu morria de vontade de me jogar nos braços dela e perguntar o que diabos estava acontecendo comigo em relação á ele, mas não podia. Estávamos escondidos pela segurança do que tínhamos. E olha que eu nem sabia direito o que tínhamos de qualquer forma. –Ele teve a febre do sul e eu cuidei dele como uma babá acho que ficou agradecido demais, embora eu estivesse fazendo só o meu trabalho.

–Ele é lindo. –Katrina disse, com um suspiro. –Mas eu jurava que fosse mimado e arrogante e pelo visto não.

–Eu também achava. –Admiti. –Mas as pessoas geralmente nos surpreendem.

–O importante é que ele te trouxe aqui. –Robert falou. –Estávamos com saudades Tena. De verdade. As coisas têm sido bem estranhas sem você e Gabe.

–Esse bebê vai vir para ocupar esse lugar vago. –Falei com um sorriso aberto. –Quero dizer, vai dar vida á esse lugar. Como eu gostaria de estar aqui pra ajudar.

Era verdade. Eu sempre amei crianças e provavelmente não desgrudaria do meu irmão ou irmã. Mas claro que a dívida do Duque me tirara àquela chance.

De repente a porta se entreabriu:

–Atena, acho que é hora de irmos. –Felipe falou, parecendo pesaroso.

Suspirei e me levantei a garganta fazendo aquele nó completamente incômodo. Abri os braços e abracei um por um, beijando a barriga da minha mãe por último. Minhas lágrimas escorreram livremente quando eu passei pela porta. Assim que minha mãe a fechou, Felipe segurou minha mão e me virou, limpando minhas lágrimas com os dedos:

–Corta meu coração ver você assim. –Ele suspirou.

–Obrigada. –Disse entre um soluço e outro. –Você não sabe o quanto é bom ver eles novamente. O quanto foi bom saber que meu irmão está vindo.

–Eu prometo que vou fazer você voltar pra casa o mais rápido possível Atena. –Ele acariciou meu rosto e eu sorri levemente, me desvencilhando e subindo em Sirius. Ele fez o mesmo com Stella.

–Corrida? –Perguntei e ele sorriu.

Agora que eu já sabia o caminho, eu e Sirius fizemos o príncipe comer poeira. Dois teimosos juntos são imbatíveis e Felipe comprovou isso. Quando estávamos próximos ao portão do castelo, ele parou. Franzi o cenho e voltei. Ele fez sinal para que eu descesse de Sirius e eu o fiz.

–Atena... –Ele segurou minha mão e acariciou meu rosto. –Você não é uma qualquer pra mim. Muito pelo contrário, você é a garota mais incrível que eu já conheci e a única que mexeu desse jeito comigo. Eu sinto muito se ultrapassei os limites, é porque eu não consigo manter minhas mãos longe de você. Eu não consigo ficar longe de você. Realmente não sei direito como lidar com isso, mas... Não se afaste. Realmente gosto de você.

–Eu também gosto de você Felipe. E... Eu também quis todos aqueles toques e também não consigo ficar longe de você. Sinto muito por ter brigado quando podíamos só ter essa conversa, é que eu também não sei como lidar com isso. Só sei que não quero ficar longe.

O loiro sorriu aquele sorriso lindo que ele dava quando ficava realmente satisfeito com algo. Abaixou-se e me beijou lentamente.


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