As últimas semanas antes das férias foram marcadas pelas provas em Hogwarts e para as escolas convidadas. Os corredores do castelo se tornaram mais movimentados já que muitas salas estavam sendo usadas para ministrar os testes de Beauxbatons e de Durmstrang. Durante os intervalos alunos folheavam rapidamente os livros buscando decorar algum detalhe final e depois das provas eles se juntavam para conversar nos jardins ou no salão principal.

Em mais um dia de provas finais, Desiré e Freya estavam sentadas á mesa da Sonserina observando o movimento de alunos nervosos, ou com as provas finais, ou por que não tinha conseguido seus pares para o baile de inverno. Era comum presenciar alguém sendo convidado e outros levando foras fenomenais. Hoje não seria um dia diferente, as garotas já haviam acabado suas provas e estavam esperando por Kayo quando viram uma cena intrigante…

Anne estava reunida com suas seguidoras, as garotas pareciam mais afetadas do que o normal e olhavam fixamente para Fleur que estava conversando com Cedrico na porta do salão. Inicialmente Desiré não conseguiu entender o motivo da afetação e achou que elas talvez estivessem em um daqueles jogos de sedução, mas não demorou muito para que o real motivo daquilo tudo ficasse claro.

O garoto ruivo, amigo de Harry Potter, estava se aproximando de Fleur com o olhar fixo na garota. Anne e as outras garotas pareciam adorar aquilo, elas riam sem parar…

– Presta atenção naquela cena, coisa boa não vai ser. - Desiré cutucou Freya fazendo a garota olhar em direção a Fleur.

– Me diga que ele não vai fazer o que eu estou pensando que ele vai fazer? - Freya parecia incrédula.

– Sim, ele vai. - Confirmou Desiré.

Quando o garoto ruivo se aproximou de Fleur as garotas puderam ouvi-lo dizer: “Você quer ir ao baile comigo?” Esse pedido foi ignorado por Fleur que continuou conversando como se o garoto não existisse, mas ele era insistente parecia enfeitiçado e tentou novamente agora cutucando a garota o que a fez lançar um olhar de desdém para Rony antes de virar novamente de costas e continuar a conversa com Cedrico como se nada tivesse acontecido.

Aquele olhar tirou totalmente o foco de Anne que não conseguia conter as gargalhadas, esta distração tirou o garoto da influencia do feitiço que havia sido lançado por Anne e fez com que ele saísse, mais vermelho que um tomate e mais rápido que um raio, da vista de todos.

–Isso foi maldade. – falou Freya.

–Não vejo graça nenhuma em deixar o menino envergonhado. – Disse Desiré.

–Onde se meteu o Krum? Quero saber se nosso plano deu certo. - Disse Freya curiosa.

– Vamos procurá-lo. - Respondeu Desiré puxando a amiga.

As garotas andaram por um tempo pelo gramado e não o viram, acharam melhor então voltar para o salão principal. Assim que chegaram lá Hermione veio correndo em direção a elas.

– Oi meninas. – Hermione estava radiante.

–Oi, o que aconteceu? – perguntou Desiré. – Você me parece muito feliz.

–E estou. Freya, você não vai ficar brava comigo se eu te falar? – começou Hermione.

–Eu? Porque eu ficaria brava contigo? – Freya já sabia bem o que vinha pela frente.

–Bom, o Krum me convidou para ir ao baile. Tem algum problema?

–Claro que não. Estou feliz que ele seja seu par - disse Freya abraçando-a.

–Eu pensei que vocês fossem namorados ou algo assim…

–Não! Ele é apenas meu amigo. - Riu Freya.

–Me conta como foi? – Desiré estava curiosa.

–A Freya foi para a biblioteca e levou o Krum, quando ela saiu pra buscar um livro, ele me perguntou se eu já tinha um par para o baile e eu disse que não, então ele fez saudação esquisita e me convidou. – Hermione estava com os olhos brilhantes de felicidade.

– Que lindo! – disse Desiré pensando quando ela seria convidada.

–E vocês vão ao baile com quem?

–Pelo jeito sozinhas... – disse Freya rindo amargamente.

Com o começo das férias, os alunos acordavam mais tarde parecendo mais dispostos e juntando com a quantidade de neve que caia em Hogwarts sempre havia grandes guerras de bola de neve sendo agendadas.

Freya e Desiré algumas vezes entravam na brincadeira junto com Krum, Kayo e Juan que estavam presentes em praticamente todas. As garotas podiam ver Hermione sempre sentada lendo enquanto seus amigos se juntavam aos meninos.

Os dias foram passando e Desiré ficava mais impaciente, achando que seu Dom Juan não a convidaria e pelo o que as meninas podiam ver a maioria dos alunos já tinham um par.

A costureira havia enviado uma coruja para Desiré falando que os vestidos chegariam pontualmente no dia 24 às dez horas da manhã.

Durante o jantar do dia vinte e três, as garotas só falavam nos vestidos.

–Espero que não precise fazer nenhum reparo. – disse Aimée.

–Não vai precisar, tenho certeza. – Desiré conhecia as mãos de sua tia, sabia que ela não erraria.

–Olha! Olha!

Freya apontou discretamente para um menino que se levantava, ele era alto e tinha os cabelos curtos e cacheados, indo em direção a uma menina que sentava isolada no jantar.

–Ele vai convidá-la? Que fofo. – disse Aimée.

A menina era baixinha, tinha os cabelos compridos e loiros, mas tinha uma aparência meio desnorteada.

–Heey, Luna... – disse o menino.

–Ah oi, Ethan.

–Luna você quer ir ao baile comigo? – Ele parecia ter dito isso sem nem respirar.

–Bem, eu pensei que não iria a esse baile. - Ela parecia dizer isso mais para ela mesma do que para ele. - Quero sim.

–Então tá bom. – disse Ethan sorrindo antes de voltar para sua mesa.

– É amiga, só nós duas não temos par mesmo.

–Ai, aposto como tem mais gente sem par. – Tentava acreditar Desiré.

Freya havia sentado em outra mesa hoje com as meninas para conversar sobre os vestidos até que Krum a chamou e ela e Desiré foram ver o que era.

–Senta aí Freya. – disse Ivan.

As meninas se sentaram. Freya havia sentado em outra mesa porque não queria ouvir a conversinha de Pansy e nem ver Draco ignorando-a.

– E aí, já convidou alguma menina, Ivan? – perguntou Freya.

– Não, porque?

–Por nada. Só para saber. – disse ficando envergonhada porque Ivan parecia ter ficado feliz com a pergunta.

–Tem muita gente sem par ainda? – perguntou Aimée curiosa.

–Algumas pessoas só. Ouvir dizer que tem gente que vai sozinha. - respondeu Ivan.

–Eu nem apresentei vocês, esse é o Ivan ele é goleiro no meu time de quadribol. E essas são Desiré e Aimée. – Eles se cumprimentaram e sorriram.

–Os vestidos de vocês chegam quando? – perguntou Kayo sorrindo para Aimée.

–Amanhã, às 10 horas.

Pansy passou por ela enquanto Aimée respondia, ela olhou Freya sorrindo maldosamente com os seus olhos faiscando. Desiré também reparou e disse:

–Nossa! Como é invejosa.

–Odeio essa menina! – confessou Freya.

Como nas férias os alunos podiam ficar até mais tarde acordados, o salão principal ficava lotado até o ultimo momento.

Desiré havia ouvido pelo menos 3 pedidos de garotos diferentes, mas sempre dizia que já havia sido convidada por alguém, atitude repetida pro Freya que mesmo sabendo que Draco já tinha par ainda continuava recusando os pedidos.

Os amigos ficavam sentados como de costume na mesa da Sonserina, nesta noite Juan se juntou a conversa depois de jantar, o que sempre fazia os outros alunos da Sonserina olharem feio para o grupo. As garotas foram dormir ansiosas para verem seus vestidos.

Na manhã seguinte foi impossível para as garotas tomar café sossegadas, a cada 5 minutos alguma garota que havia encomendado os vestidos da tia de Desiré aparecia na mesa da Sonserina e fazia a mesma pergunta.

– A que horas os vestidos vão chegar?

– Nós vamos nos reunir aqui no salão por volta das 10h para esperar pela entrega. – Dizia Desiré.

– Mal posso esperar!

Era sempre a mesma conversa, Desiré estava pensando seriamente em lançar um feitiço de reprodução automática dessa mensagem toda vez que alguma garota ansiosa interrompia seu café.

Os garotos se dispersaram logo após o café alegando estarem fartos das conversas sobre vestidos e talvez também estivesse fartos das indiretas lançadas sempre que podiam por Desiré e Freya.

– Sabe, eu estou pensando seriamente em aceitar o pedido daquele garoto loiro!

– É, você viu a declaração que goleiro da Lufa- Lufa fez para mim logo cedo?

Diziam as garotas sempre que podiam para tentar fazer seus pretendentes tomarem alguma iniciativa mas essa tarefa parecia mais difícil que tirar doce de trasgo.

Um pouco antes do horário marcado as garotas se agruparam na mesa central do salão e ficaram conversando sobre suas respectivas escolhas, haviam poucos alunos no local, apenas algumas pessoas que pareciam esperar por sua edição diária do Profeta Diário ou alguma encomenda do correio, mas certamente o grupo mais animado parecia ser o das garotas.

Pontualmente ás 10 horas diversas corujas entraram pelas enormes janelas e cada uma largou em frente a uma garota um envelope vermelho carmim muito refinado onde havia escrito o nome da garota em dourado. Todas pareciam chocadas uma vez que esperavam enormes embrulhos com seus vestidos.

– Vamos lá garotas, abram. – Encorajou Desiré.

Todas abriram seus envelopes, dentro deles não havia nada escrito, apenas um pó semelhante a purpurina caia sobre a mesa na frente delas e logo que atingia a superfície da mesa era substituído por um maravilhoso embrulho no mesmo tom de vermelho amarrado graciosamente com uma grossa fita de cetim preta.

– Ora vocês achavam que as corujas iam carregar seus vestidos por ai? – Riu Desiré.

– Imaginem as caixas no meio da tempestade de neve? – Disse Freya.

– E não é? Isso serve para fazer um suspense! Vocês precisavam ver suas caras! – Disse Desiré fazendo todas as garotas rirem.

– Sua tia é realmente formidável! – Disse Doroty uma quintanista de Hogwarts maravilhada com o embrulho.

– Isso por que vocês não viram os vestidos, vamos, abram as caixas. – Disse Desiré.

As garotas puxaram os laços e retiraram as tampas das caixas, assim que eram abertas um cartão semelhante a um berrador flutuava até estar de frente as garotas e dizia em uma voz doce e delicada.

“A Srt. Michelle Thierry tem o prazer de tornar seu sonho em uma deliciosa realidade, todos os detalhes requisitados foram cumpridos e todas as medidas respeitadas, por favor cuidado na hora de lavar e qualquer problema informe a nossa loja, Obrigado pela confiança! Tenha uma ótima comemoração e aproveite muito bem o vestido!”

Após a execução da mensagem o cartão se desfazia em frente as garotas tornando-se apenas um punhado de purpurina que caia sob os vestidos.

Aimée foi a primeira a retirar o seu maravilhoso vestido verde da caixa, após ela todas as outras garotas repetiram o feito e pareciam em uma história da Cinderela, elas estavam todas eufóricas!

– Vamos Freya, me mostre o seu! – Pediu Desiré.

Freya que parecia um pouco receosa de tirar seu perfeito vestido da caixa levantou-se e ergueu um estonteante vestido vermelho com os detalhes do busto em preto, de modo que este ficasse em frente ao seu rosto.

– Olha, ele veio com as luvas! Que lindo! – Aimée estava ao lado de Freya apontando para a caixa.

Da mesa da sonserina, Pansy estava encarando o vestido de Freya com um olhar de ódio, porém nenhuma das garotas pareceu notar isso, já que elas estavam todas muito eufóricas com o recebimento dos vestidos.

Todas as garotas se calaram de repente e o único som que podia ser ouvido era o das risadas de Pansy. O vestido que Freya estava segurando fora reduzido a cinzas quando acertado por um feitiço lançado por alguém que parecia estar a metros de distância.

– Sua…

Foi tudo o que Freya conseguiu dizer antes de se lançar furiosamente em direção a Pansy com sua varinha apontada.

– O que eu fiz? – Pansy se fazia de vitima, mas também estava segurando sua varinha.

– Estupefaça! Gritou Freya.

– Protego! - Se defendeu Pansy.

– Expelliamus ! Eu quero ver você brigar sem sua varinha pra te defender!

O feitiço de Freya acertou em cheio Pansy e fez com que sua varinha voasse para longe, logo que a garota estava desarmada Freya guardou sua varinha e cerrou os punhos partindo para cima da garota que agora parecia apavorada.

– Você não me parece tão corajosa agora – Zombou não pensando duas vezes antes de agarrar Pansy pelos cabelos e fazer a garota começar a chorar desesperadamente.

As demais garotas que estavam no salão não pareceram comovidas com o choro de Pansy e apenas assistiam a garota implorando por ajuda.

– Vamos ver se agora ela aprende algo. – Disse Desiré rindo porém ela foi logo cortada por uma voz masculina que gritou:

–Levicorpus!

As garotas foram içadas a mais de 2 metros de altura o que acabou com a briga, mas não com os gritos de Freya e o choro de Pansy.

– O que está acontecendo aqui?

Severo Snape estava agora dentro do salão com uma expressão ameaçadora olhando para as garotas. Com ele vieram uma série de outros alunos que pareciam terem sido atraídos pelos gritos das garotas. Todas começaram a falar ao mesmo tempo assim como os outros estudantes, fato que pareceu irritar ainda mais o professor.

– C-A-L-A-D-O-S! Vocês, fora! As duas vão me acompanhar para a diretoria.

O professor colocou as garotas no chão, mas isso foi o bastante para fazer com que Freya tentasse agarrar Pansy novamente, ela foi impedida a tempo por Juan que segurou a garota com a ajuda de Desiré.

– Certo, vocês dois me ajudem a levar essa garota para diretoria, o resto de vocês arrumem algo produtivo com que se ocupar. – Disse o professor e saiu do salão arrastando Pansy com ele e sendo seguido por Desiré e Juan.

– Ei, Aimée guarde nossas caixas para mim certo? – Pediu Desiré antes de seguir o professor porta a fora.

Quando as garotas estavam na diretoria, o professor Snape pediu que Desiré e Juan esperassem nos jardins, apesar dos protestos da garota o professor foi irredutível e ameaçou delatá-la à sua diretora caso ela não saísse.

– Vamos Desiré! – Disse Juan puxando-a

– Mas…

– Não tem nada que possamos fazer por ela, além do mais está uma linda manhã. – Juan argumentou.

– Mas que droga. – Desiré estava emburrada agora.

– Você vai se mexer ou eu vou ter que ter carregar de novo? – Ameaçou o garoto.

– Está bem! – Disse Desiré.

– Isso mesmo, boa garota!

Sem dar muita atenção para as piadinhas de Juan a garota foi desanimada em direção aos jardins, sempre com o garoto ao seu lado, quando chegaram perto de uma árvore que beirava o lago Juan sugeriu que eles se sentassem um pouco e a garota aceitou o convite.

– Sabe, eu costumava sentar em baixo de uma árvore que tínhamos nos jardins de casa, eu ficava imaginando como seria o mundo fora dali, fazendo planos, olhando as nuvens… - Disse Desiré pensativa.

– Eu gostava de ficar fazendo desenhos nas nuvens! – Disse Juan.

– Ah, eu também fazia isso!

– Olha aquela ali, parece um jacaré! – Juan apontou para uma grande nuvem que estava pairando perto do castelo.

Desiré se virou para analisar a nuvem enquanto Juan pegou discretamente sua varinha e apontou para o lado oposto ao que a garota olhava.

– Juan como você pode ver um jacaré ali? Para mim esta mais para Hipopótamo ou talvez um gigante irritado.

– Aquilo é definitivamente um jacaré! Será que você não precisa de óculos?

A teimosia de Juan fez com que Desiré se virasse para encará-lo incrédula que aquilo poderia alguma vez ter se parecido com um jacaré. A virada da garota fez com que ele escondesse sua varinha.

– Juan! Hey, o que você está escondendo?

– Eu? Nada ué! É só a minha varinha…

O garoto mostrou para ela a varinha que ele tinha em mãos acabando com os sonhos da menina de que aquele seria o momento para o convite para o baile.

– O que foi? Você parece chateada, vamos procurar outra nuvem.

– Não é nada. Acho que é você quem precisa de óculos... Um jacaré, oras…

– Olhe aquela ali! Juan apontou para uma enorme nuvem que estava a cima do lago, mas que Desiré poderia jurar que não estava ali a 5 minutos atrás.

– Nossa como eu não notei essa nuvem antes?

A garota estava impressionada com aquela nuvem e se levantou para olhá-la mais de perto, Juan aproveitou que a garota agora estava de costas para ele e completou sua tarefa lançando o ultimo feitiço que faltava. A garota se assustou ao ver que a nuvem agora estava se desmanchando rapidamente, formando inúmeras pequenas formas que pareciam tomar formas de letras…

– Nossa eu acho que estou ficando louca! – Disse Desiré esfregando os olhos para ter certeza que aquilo não era fruto de sua imaginação.

– Louca? Não me diga que isso também parece um gigante pra você? – Juan disse desafiando a garota a olhar mais uma vez para as nuvens sob o lago.

– Ó meu deus!

Isso foi tudo que Desiré conseguiu falar, no lugar onde estava a grande nuvem agora podia ser lida nitidamente uma frase que dizia ‘ Desiré, quer ir ao baile comigo? Juan.’ A garota parecia sem reação diante de tal pedido e agora não era a única que olhava fixamente para cima do lago, algumas meninas que estavam próximas suspiravam enquanto liam a frase... Depois de alguns segundos como se as letras fossem atingidas por um suave vento a frase se desfez dando lugar a uma nuvem em formato de Hipopótamo.

– Isso sim parece um Hipopótamo. – Juan disse se aproximando da garota ainda imóvel.

– Essa foi a coisa mais linda que já me aconteceu.

– Mas você ainda não respondeu…

– Oh, mas é claro que eu quero ir com você! – Ela se jogou nos braços do garoto para um abraço apertado.