Things we lost in the ice escrita por FAR


Capítulo 27
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Tenho uma pergunta, como vocês imaginam a Emma?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596100/chapter/27

Já estávamos na divisa à caminho de Nova Jersey, com um carro roubado. Steve no volante, Natasha no banco do carona e eu atrás. Notei que Natasha encarava Steve como se estivesse questionando algo.

–Onde foi que o Capitão América aprendeu a roubar um carro? –ela perguntou ainda encarando Steve.

–Na Alemanha nazista. –ele respondeu e ela soltou um “hm” como responta, ele voltou o olhar para os pés dela que estavam por cima do painel –E é só emprestado, tira o pé dai de cima.

Ela encarou ele por um momento com um sorriso torto e botou os pés no chão. Ela ainda tinha um ar cômico no rosto e logo continuou com suas perguntas.

–Eu tenho uma pergunta pra você. E não precisa responder, só que caso não responda já vai ser meio que uma resposta...

–O que? –perguntou Steve impaciente.

–Foi o seu primeiro beijo desde 1945?

–Foi tão ruim assim? –ele respondeu com outra pergunta.

–Eu não disse isso.

–Mas pareceu que foi o que você disse.

–Eu só queria saber se você tinha pratica...

–Ninguém precisa praticar.

–Todo mundo precisa praticar.

–Não foi meu primeiro beijo desde 1945. Tenho 95 anos, não estou morto. –eles falaram tão rapidamente um com o outro que foi estranho acompanhar o ritmo da conversa. Eles se beijaram?

Ela perguntou se ele por acaso não tinha alguém em especial, pelo jeito ela estava bastante interessada na vida amorosa dele. Ele respondeu algo sobre ser difícil achar alguém com as mesmas experiências, mas logo depois disso parei de ouvir o que eles diziam.

Eu estava perdida em meus pensamentos quando Steve chamou minha atenção.

–Emma, gostaria de contar o por que tem sangue na sua camisa?

–Ah... –eu disse lembrando do que aconteceu- Acho que sabiam aonde eu estava indo e mandaram alguém ir atrás de mim.

–Sabe quem era? –perguntou Natasha virando um pouco a cabeça para trás.

–Não. –menti, Natasha olhou para mim como se tentasse descobrir se eu estava mentindo, mas logo voltou seu olhar para frente sem me questionar. –Tentou me acertar com uma faca, mas foi um corte pequeno, nada que eu não possa cuidar.

É claro que eu não iria mencionar o que acontecera de verdade, eles já tinham com o que se preocupar.

–Tem certeza que não é melhor encontrarmos um kit de primeiros socorros? –disse ela.

–Não, eu estou bem. –eu disse e pude ver um pequeno sorriso no rosto de Steve.

–Emma foi enfermeira na nossa base durante a guerra. –ele disse para Natasha.

–Foi assim que se conheceram? –ela perguntou e nós dois soltamos uma risadinha fraca.

–Não...-começou Steve.

–Nos conhecemos na escola, ainda bem pequenos. –terminei o que ele provavelmente diria.

–Amigos desde então. –ele adicionou e Natasha olhou para mim e depois para ele.

–Apenas amigos? –ela perguntou e rimos baixo de novo.

–Apenas amigos. –respondeu Steve, mas logo depois seu sorriso sumiu deixando apenas um rastro dele –Bucky estava planejando pedi-la em casamento assim que a guerra acabasse.

–Oh... –ela disse já parecendo compreender o que ele quis dizer. –Bom... nem tudo sai como esperamos.

Steve parou o carro e saímos dele, já estava escurecendo e logo tudo ficaria mais escuro. Andamos até o portão feito de grades e nele havia uma placa dizendo “Campo de treinamento. Exército dos Estados Unidos.”

–O arquivo veio dessas coordenadas. – disse Natasha.

–Eu também. –falou Steve olhando para a placa.

Quando entramos, Natasha estava com o pequeno dispositivo em suas mãos levantado para o ar, como se estivesse procurando algo com ele.

–Essa foi a base em que eu treinei. –disse Steve olhando em volta enquanto caminhavamos.

–Mudou muito? –perguntou Natasha. Steve parou de andar, encarando um poste na qual na ponta deveria segurar uma bandeira.

–Um pouco. –ele disse. Ele deu uma olhava em volta e eu lembrei da história que ele me contou de quando, no treinamento, falaram que quem pegasse a bandeira poderia voltar todo o caminho em um dos automóveis. Enquanto todos tentavam escalar o poste, Steve esperou todos se afastarem e retirou o sustento do poste, o poste caiu e ele pegou a bandeira.

–É o fim da linha. –disse Natasha colocando o aparelhinho no bolso. – Nenhuma assinatura de calor, nenhuma onda nem de rádio. Quem escreveu este arquivo deve ter usado um roteador pra despistar.

Deu uma olhada em volta e notei um prédio que não deveria estar ali.

–Steve. –eu disse e ele olhou na mesma direção que eu olhava, logo juntando as sobrancelhas.

–O que foi? –perguntou Natasha.

Steve começou a caminhar rápido até o prédio e fomos atrás dele.

–O regulamento proibi armazenar munição à menos de 500 metros dos dormitórios. –ele assim que chegamos mais perto. – Este prédio está no lugar errado.

Chegamos em frente a porta que estava trancada com um cadeado, o que não foi problema sendo que Steve o quebrou usando seu escudo. Isso me lembrou o dia em que ele e Bucky me tiraram da Hydra.

Abrimos a porta e descemos uma pequena escada escura. Assim que chegamos lá em baixo, encontrei ao meu lado um interruptor de luz, ao ligar as luzes elas se acenderam devagar e uma por uma.

A sala parecia um escritório, cheio de mesas com papeis bagunçados para todos os lados, mas não era isso o que chamava a atenção. No meio da parede, ganhando grande destaque estava o desenho de uma ave no meio de um circulo e no meio dela havia um desenho muito parecido com o antigo escudo do Steve.

–É da Shield. –disse Natasha com um tom meio confuso.

–S.S.R. –eu disse ao ver que o desenho não mudara muito desde o tempo em que vi pela ultima vez.

–Foi o inicio dela. –completou Steve.

Os dois caminharam mais perto do desenho e logo eu os segui. Steve abriu a porta de uma sala e entramos, parecia ser uma sala de arquivos, lotada de estantes vazias.

Na parede do outro lado da sala haviam fotos de pessoas que eu bem conhecia. O Coronel Philips, Howard e Peggy.

–Ah, e ali está o pai do Stark. –disse Natasha.

–Howard. –corrigiu Steve. Pai? Howard teve filhos? Não que isso fosse uma surpresa, cedo ou tarde aconteceria mas... nossa.

–Quem é garota? –perguntou Natasha, se referindo à Peggy. Esperei Steve responder, mas ele encarou sério a foto e logo se dirigiu a outro ponto da sala.

–Essa é Peggy Carter. –eu disse baixinho ao ver que Natasha ficou intrigada ao não receber resposta dele. –Ela e Steve eram... próximos.

Eu disse e ela entendeu o que eu quis dizer. Olhei para Steve e ele estava se aproximando de uma estante, mesmo com pouca luz ali, pude ouvir vento vindo do meio de duas estantes, ele também pareceu notar.

–Se já trabalha em um escritório secreto... –ele disse puxando a estante, revelando atrás dela uma porta. –Por quê esconder o elevador?

Natasha se aproximou com o mesmo aparelho que estava usando antes e uma luz azul se acendeu onde se deveria colocar a senha, em alguns segundos o aparelho mostrou um número que deveria ser a senha, ela digitou e a porta se abriu.

O elevador se abriu novamente em outra sala escura, na qual as luzes se ascenderam assim que chegamos perto do meio da sala. Cheia de aparelhos preenchendo quase que todo o interior da sala.

–Não pode ser o local de origem dos dados, essa tecnologia é antiga. –disse Natasha com um sorriso estranho no rosto olhando ao redor, seu olhar caiu para a mesa onde havia um dispositivo que parecia não ser tão antigo quanto os outros.

Ela se aproximou e colocou o pen drive, ao fazer isso todos os aparelhos ligaram e em uma das telas apareceu a mensagem “Iniciar sistema?” sendo lida por uma voz robótica. Natasha digitou “Sim” e um sorriso preencheu seu rosto.

–Está afim de jogar? –ela disse fazendo uma voz estranha e logo se virou para Steve. –Isso é de um filme que foi muito popu...

–Eu sei, eu já vi. –Steve à interrompeu, bom, eu definitivamente não vi esse filme.

Uma câmera em cima da maior tela estava virada para Steve, quando uma luz verde se ligou na tela parecendo formar um rosto, uma voz disse:

–Rogers, Steven. –disse a voz com um sotaque que não me era estranho. –Nascido em 1918.

–Strongbird, Emma. –a câmera de virou para mim- Nascida em 1919.

–Rommanoff, Natalia. Nascida em 1984.

–É um tipo de gravação... –disse Natasha um pouco confusa.

–Eu não sou uma gravação! –disse a mesma voz, ao dizer isso eu reconheci ser a mesma voz do homem que Steve trouxe prisioneiro na mesma noite em que Bucky não voltou. –Posso não ser o homem que eu era quando o Capitão me levou prisioneiro em 1945, mas eu existo.

A voz disse confirmando meus pensamentos, em outra tela apareceu sua foto. Meu estomago embrulhou ao pensar que se não fosse por ele, Bucky, Steve e eu ainda estaríamos juntos em 1945, comemorando o fim da guerra.

–Você conhece essa coisa? –perguntou Natasha.

–Zola é um cientista alemão que trabalha para o Caveira Vermelha. –respondeu Steve dando uma volta pelo lugar- Ele está morto à anos.

–Primeira correção: eu sou suíço! –disse a voz que saia por uma das caixas de som. –Segunda, olhe ao seu redor... eu nunca estive mais vivo. Em 1972 recebi um diagnostico terminal, a ciência não poderia salvar o meu corpo, mas minha mente no entanto... valia a pena ser salva. Em 60 mil metros de bancos de dados, vocês estão sobre o meu cérebro.

–Como chegou aqui? –perguntou Steve.

–Fui convidado. –ele disse com um tom feliz. Natasha disse que isso fazia parte uma operação chama “Clipe de papel”, onde a Shield recrutou cientistas alemães com um valor estratégico.

–Eles acharam que eu os ajudaria, mas eu também ajudei a mim mesmo. –disse Zola.

–A Hydra morreu com o Caveira Vermelha.

–Corte uma cabeça e duas surgirão no lugar. –ele disse, meu peito congelou ao me lembrar que essas foram as exatas palavras, com o mesmo tom, mesma voz, dizendo a frase antes de eu entrar naquela sala onde mais tarde vi Bucky e...

–Prove. –meu pensamento foi cortado pelas palavras de Steve.

–Acessando arquivo. –ao dizer isso, uma das outras telas pequenas se ascendeu mostrando um vídeo do Caveira Vermelha com o rosto ainda humano, com bandeiras nazistas atrás dele.

–A Hydra foi fundada com a crença de que não poderia ser confiado aos homens à própria liberdade. O que não havíamos percebido, era que se tentássemos tirar essa liberdade, eles resistiriam, a guerra nos ensinou isso.

Enquanto ele falava era possível ver imagens de filmes que foram gravados durante a Segunda Guerra, ambos do lado Americano e do lado Nazista.

–A humanidade precisava entregar sua liberdade espontaneamente. –ele continuou – Depois da guerra, a Shield foi fundada e eu fui recrutado. A nova Hydra cresceu, um lindo parasita dentro da Shield. Há 70 anos, a Hydra secretamente alimenta crises, se beneficia com guerras e quando a história não coopera, a historia é mudada.

Quando ele disse isso, apareceu uma antiga imagem de um jornal com uma foto grande mostrando o rosto do Howard, com letreiros que diziam “Howard e Maria Stark morrem em acidente de carro”.

–Isso é impossível, a Shield teria impedido. –disse Natasha.

–Acidentes acontecem. A Hydra criou um mundo tão caótico que a humanidade está pronta para sacrificar a própria liberdade, em troca de segurança. Quando o processo de purificação for completado, a nova ordem mundial da Hydra surgirá. Nós vencemos Capitão, sua morte significara tanto quanto sua vida, absolutamente nada.

Steve deu um soco na tela com sua mão direita, fazendo com que a tela parasse de funcionar e a imagem de Zola sumiu. Mas logo apareceu em outra.

–O que tem nesse pen drive? –disse Steve já com raiva.

Você precisa sair daí! , disse a voz da pequena criança na minha cabeça, seu tom era tão urgente que senti um certo desespero para sair dalí.

Em poucos segundos pude ver que Natasha voltara a encarar o pequeno aparelho em suas mãos e disse um míssil havia sido disparado em nossa direção. Corre!

–Quem disparou do míssil? –perguntou Steve, então Natasha respondeu com um tom de uma mistura de horror e surpreesa.

–A Shield.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Things we lost in the ice" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.