Things we lost in the ice escrita por FAR


Capítulo 23
Capítulo 3




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Steve decidiu que iria visitar a Peggy, assim de última hora. Talvez ele quisesse que ela me visse ou algo do tipo. Subi com ele até o quarto dela, mas não tive coragem de entrar, assim que a vi pela fresta da porta, não achei justo.

Não era justo nossos amigos estarem velhos e mortos, e nós aqui... como se tivéssemos pulado no tempo deixando tudo e todos para trás. Ela admirava Steve, talvez fosse certo que ele fosse o único que ela soubesse que ainda estava vivo.

–Você vem? -disse Steve assim que passou pela porta, eu balancei minha cabeça negativamente.

–Acho melhor esperar aqui.

–Tudo bem. -ele se sentou numa cadeira ao lado da cama dela, ao vê-la daquele jeito fez com que meu estômago embrulhasse, então fechei a porta do quarto. Isso é errado, é como se enganássemos o destino para continuar jovens. Deveríamos estar como ela, ou até mortos.

Quando Steve finalmente saiu do quarto, ele me chamou e fomos embora. Ele disse que antes de irmos para casa, bem... a casa dele, seria bom irmos tomar um café e foi o que fizemos. Ao andarmos por Nova Iorque, o que notei era que praticamente todos os meus lugares e lojas favoritas já não eram os mesmos.

–Faz quanto tempo desde que você voltou? -perguntei para Steve assim que a garçonete largou nossos cafés em cima da mesa. Estávamos sentados em uma mesinha que ficava na calçada, o lugar era pouco movimentado.

–Um ano e meio talvez... -ele respondeu tomando um gole de seu café.

–Isso é bastante tempo Steve. -fui tomar um gole do meu, mas ao encostar o café nos lábios descobri que ainda estava muito quente. - O que tem feito desde então?

–Não muito. Assim que me acordaram eu praticamente destruí as paredes do quarto, o mesmo que você estava e corri até o centro de Nova Iorque, então descobri que tudo estava diferente. Voltei à treinar, Fury, o diretor da SH.I.E.L.D me recrutou mas tivemos de lutar contra outra ameaça antes disso.

–Que ameaça? -eu o interrompi, ele abriu a boca para pensar numa resposta, mas então riu e disse o que soava como verdade.

– Nada demais, apenas um deus junto de um exército de alienigenas.

–O que? -comecei a tossir ao me engasgar com o café que já não estava tão quente. Ele riu da minha reação e confirmou. Alienígenas... essa era nova.

–Depois disso passei um tempo em uma casa de campo que pertence à S.H.I.E.L.D, para aliviar a cabeça. Fury voltou a me recrutar, então voltei ao trabalho.

–Está feliz com o que faz agora? -perguntei sem ao menos pensar na pergunta antes.

–Bom... é melhor do que ficar vagando confuso por aí. -ele respondeu rindo de leve, repensei tudo o que havia descoberto durante essas poucas horas. Me encontrara, não sei como, ou quando, mas encontraram. Estamos no ano de 2014, no futuro. Peggy continua viva, talvez sendo a única pessoa de nossa época que continuava aqui. S.S.R. agora se chama S.HI.E.L.D. Steve salvou o mundo de aliens e um deus.

Notei que Steve me encarava enquanto eu pensava, então ele perguntou o que ele provavelmente pensava ao me olhar.

–Como consegue fazer isso?

–Isso o que?

–Absorver tudo tão depressa e não surtar com isso. Demorei semanas apenas para aceitar o fato de que eu não poderia voltar para minha casa por que outras pessoas moravam lá. -ele respirou fundo e fez outra pergunta. -Como consegue aceitar tão rápido o fato de que tudo mudou?

–Acho que... -tive de pensar numa resposta. Ele estava certo, muita coisa aconteceu em minha vida, não apenas com o começo da guerra, mas desde que eu conseguisse me lembar, meu pai perdendo o emprego e com isso nos mudamos, a doença de minha mãe, depois meu pai... a vida nunca fora fácil, mas mesmo assim eu conseguia passar por tudo que ela colocava em meu caminho. Até mesmo as piores coisas.

–Acho que é o modo mais fácil. Apenas aceitar. Se eu me recusar ao o que está diante dos meus olhos, recusar a verdade... não me resta no que acreditar.

Ele apenas balançou a cabeça afirmando, pensando no que eu havia dito. Então ouvi um barulho alto, olhei para Steve mas ele não pareceu ouvir nada.

O barulho pareceu se aproximar, pareciam tiros. Parei de me mexer tentando descobrir o que originavam o som, era tiros. Eram definitivamente tiros. O barulho continuou sem parecer cessar á qualquer minuto.

–Emma! -Steve falou alto roubando minha atenção, ao olhar para ele eu já não conseguia ouvir os tiros. -Tudo bem?

Com a expressão ainda meio atordoada, eu afirmei com a cabeça.

É hora de ir para casa. A voz masculina em minha cabeça falou, me assustando um pouco. Eu até havia esquecido que isso acontecia... eu só não esperava a hora de descobrir o que eram essas vozes. Decidi seguir seu conselho.

–Steve... podemos ir para casa agora?

–Claro. -ele disse tomando o último gole de seu café e largando dinheiro em cima da mesa.

Já estava escuro quando finalmente chegamos. O prédio era grande, mas não tanto quanto os outros que vi hoje, esse ainda parecia ter o tamanho dos antigos prédios do Brooklyn.

Subimos de escada até o andar do apartamento de Steve, uma moça falava no telefone saindo do quarto segurando uma cesta de roupas e ele andou mais devagar ao vê-la.

–Oi. -ela disse para ele e ele acenou com a mão. -Ah eu tenho que ir. Ta bom, tchau. -ela disse para alguém no telefone.

–Minha tia, sofre de insônia. -disse ela largando o telefone, na qual parecia ser ainda mais fino do que um livro de 10 páginas, em cima das roupas no cesto. Steve olhou para ela de um jeito como se estivesse procurando o que falar.

Andei sem fazer muito barulho para o corredor seguinte, apenas para deixar ele mais à vontade, mas ainda pude ouvir ele falando.

–Olha, se quiser... se quiser, pode usar minha máquina de lavar. Sai mais barato que usar a do prédio.

–É mesmo? Quanto vai custar? -disse ela num tom engraçado. Ri baixo ao notar que isso era uma tentativa de ambos de flertar.

–Talvez um café? -perguntou Steve, fazendo com que eu risse baixo de novo. Parei de escutar a conversa assim que ouvi uma música tocar. A música obviamente nos era dos tempos atuais, lembro-me de ouvi-la na rádio enquanto ficava na lanchonete, andei até onde parecia vir o som... vinha do apartamento de Steve.

Andei de volta até ele e a mulher já estava saindo, quando disse:

–Ah, eu acho que deixou seu som ligado.

–Oh, ta... obrigado. -Steve respondeu e logo ela saiu. Ele encarou a porta confuso e deu atenção a música.

–Você não deixou o som ligado, não é? -perguntei para ele que ainda mantinha uma expressão confusa. -Me dê as chaves.

Sem hesitar, ele tirou as chaves do bolso e entregou na minha mão.

–Vai. -eu disse e ele foi em direção para fora do prédio. Ele obviamente entraria pela janela, eu só tinha de esperar algum sinal dizendo que era seguro entrar.

Coloquei meu ouvido na porta, tentando ouvir se algo acontecia lá dentro, até que ouvir Steve dizer.

–Não lembro de ter te dado a chave. -ele disse num tom de brincadeira.

–Você acha mesmo que preciso de uma? -disse um homem na qual eu não conhecia, o que não faz diferença sendo que claramente eu não conheço ninguém aqui.

Coloquei as chaves na porta e a abri, assim que entrei pude ver que Steve acendeu as luzes dizendo:

–Pois é, Nick. Esse é o problema.

Assim que entrei no cômodo ambos me olharam, o tal de Nick pareceu me reconhecer em poucos segundos. Ele fez sinal para Steve não se mover e apagou a luz do abajur ao lado da cadeira na qual ele estava sentado. Ele estava com o braço esquerdo quebrado e havia sangue por algumas partes de sua roupa.

Ele pareceu apertar alguns botões em seu telefone e o virou para Steve.

"Ouvidos em todos os lugares", era o que aparecia no visor, Steve respirou fundo sabendo exatamente sobre o que ele estava falando... ou escrevendo. Havia escutas em todo o apartamento.

–Eu sinto muito ter que fazer isso, mas eu não tinha onde ficar. -ele disse, virando o telefone novamente, mostrando a mensagem: "SHIELD COMPROMETIDA"

–Quem mais sabe da sua esposa? -perguntou Steve. O homem, Nick, se levantou mostrando o telefone novamente dizendo, "Você e eu", obviamente ignorando o fato de eu também estar ali presente.

–Apenas... meus amigos. -disse ele com dificuldade, ele fez esforço demais ao se levantar.

–É isso que nós somos? -respondeu Steve com certa ferocidade, esses dois tinham problemas para acertar.

–Depende de você. -poucos segundos depois que terminou sua frase. Tudo o que aconteceu nos momentos seguintes passou em frações de segundos.

Balas atingiram Nick, não apenas uma, mas três. Todas atravessando a parede com tanta força e velocidade que não deu tempo de fazermos alguma coisa para impedir. Ele caiu no chão e Steve o arrastou até a cozinha.

O homem entregou algo na mão de Steve e disse que ele não deveria confiar em ninguém. A mulher na qual Steve falara mais cedo entrou carregando uma arma na mão, pelo o que entendi, ela era uma agente enviada por esse mesmo homem, para proteger Steve.

Corri até o homem para ajuda-lo da forma que eu pudesse, mas não era possível, tudo o que eu poderia fazer era impedir o sangramento, mas as balas entraram pelas costas e ele era pesado demais para vira-lo. Kate, como Steve havia chamando a agente, avistou num pequeno rádio que ele havia sido abatido.

–Identificação do atirador? -perguntou uma voz masculina pelo rádio.

Steve olhou pela janela e seguindo seu olhar pude ver alguém se mexendo em cima do prédio ao lado.

–Diga que estou em perseguição.


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