Odisséia Cosmopolitana escrita por Lucas Raphael


Capítulo 9
Essência


Notas iniciais do capítulo

Obrigado aos leitores que acompanham a historia.



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         Luiz, apesar de curioso para saber tudo a respeito da sua “Super Máquina”, não estava prestando atenção realmente em tudo que ela dizia. Sua cabeça estava na lua, pois já faziam alguns meses que não via Carolina. Claro que eles conversavam ocasionalmente pelo celular ou Facebook, mas pessoalmente era outra história.

                - Vocês tem que entender que isso tudo que eu vou contar para vocês é segredo, então por favor, não comentem isso com ninguém além de nós, tudo bem? – Pediu Jorge enquanto rumavam pelas desertas e mal iluminadas ruas da cidadezinha.

                - Se isso não for nos prejudicar, tudo bem. – Concordou Pedro.

                - Bom, tudo isso começou há mais de vinte anos, em meados de mil novecentos e noventa e três, quando o Dr. Musk propôs um novo projeto em um congresso no MIT. Ele basicamente queria criar robôs que entrassem no organismo humano e removesse o que quer que precise ser removido, entenderam? – Perguntou Jorge. Ele estava contando as coisas da maneira mais leiga possível, para que eles pudessem compreender com exatidão.

                - Ele queria criar tipo uns robozinhos, que seriam injetados dentro do corpo humano, que matasse algum vírus agressivos? – Perguntou Raphael.

                - Isso, precisamente. Mas haviam dois problemas: O primeiro, era que para se fazer isso, esses robôs precisam ser muito, mas muito pequenos. Eu digo em tamanho molecular. Naquela época esse campo era muito escasso e não tínhamos muito noção de como começar, e foi a partir dai que o projeto começou a ganhar força. – Jorge deu uma pausa, para que todos os ouvintes processassem o que acabaram de ouvir. – Cientistas de todo o mundo começaram a contribuir com a ideia de alguma maneira, e até aquele momento, não era algo muito secreto que os Estados Unidos queria manter em sigilo. Foi quando eu entrei também, sou canadense e fui auxiliar o doutor Musk.

                - Espera um pouco. Qual era o segundo problema que você tinha dito antes? – Perguntou Raphael.

                - Que bom que estava prestando atenção nisso, pois essa é a parte importante. O segundo problema é o seguinte: Depois que criássemos o robô, como ele iria identificar o que ele devia eliminar? Nós nunca conseguimos criar algo muito eficaz e sempre havia algum erro. Foi então que em mil novecentos e noventa e sete, eu e minha equipe tivemos uma ideia: E se nós mesmos pudéssemos controlar o robô? Mas eu não digo com uma câmera, pois ela seria grande de mais. Me refiro a nossa própria consciência. Nós queríamos clonar a nossa mente, criar uma cópia exata dela e colocar dentro deles.

                Após dizer isso, os outros três rapazes dentro do carro trocam olhares desconfiados, todos eles meio céticos.

                - Você tá falando que isso deu certo? Quer dizer, essa é a explicação pra você ter possuído meu carro? – Perguntou Luiz.

                - Na verdade, essa parte eu não sei. Nós estamos em dois mil e dessessete, certo? Minha lembrança mais antiga é de dois mil e treze. – Contou-lhe Jorge. – Isso é quando eu estava tentando copiar a minha mente. Parece que eu consegui copiar ela com muita eficiência. O que eu não sei é como que eu vim parar aqui. Nós tínhamos muita proteção contra esse tipo de coisa, não era para funcionar dessa maneira em objetos além dos robôs, muito menos para isso ser armazenado em um simples pendrive.

                - Pois é, e nós conseguimos o pendrive de um mendigo. – Concordou Pedro. – Perto do acidente do helicóptero. Espera, vocês não acham que talvez... – Havia surgido uma ideia em sua cabeça e Raphael logo percebeu o que ele estava prestes a dizer.

                - Que talvez o pendrive estava no helicóptero! Os russos queriam o arquivo e tentaram roubar, ai aconteceu alguma coisa que os derrubou. – Raphael estava orgulhoso de ter conseguido gerar esse raciocínio.

                - Sim, também acho isso. Lembram quando eu disse que cientistas do mundo todo passaram a trabalhar nesse projeto? A comunidade científica russa foi um peso muito grande para o nosso avanço. Mas depois que tivemos essa ideia de clonarmos a nossa consciência, foi decidido que isso deveria ser mantido no segredo absoluto, por isso tomamos algumas atitudes drásticas como por exemplo, movemos nossa equipe principal para um país que não estava envolvido.

                - O Brasil. Mas se Brasil não estava envolvido, como vieram pra cá? – Questionou Luiz.

                - Viemos secretamente sob minha liderança, é claro. Se pedíssemos para o governo, correríamos alguns riscos, por isso decidimos vir escondidos. Vivemos escondidos aqui e raramente voltamos pra casa. Só quem sabe disso, além dos americanos, são os canadenses. Os russos não foram notificados sobre essa parte do projeto, não sei como eles chegaram até aqui. Isso levanta outra questão: Precisamos ver o que aconteceu no laboratório, o daqui. É onde eu ficava.

                - Jorge... então você é só a cópia de uma mente de um cientista? – Perguntou Pedro.

                Jorge hesitou em responder. Todas as memórias de seus filhos, de sua esposa, da sua faculdade, da escola, dos seus pais, de seus aniversários, das noites de estudo, todos os sentimentos que já sentiu e todas as ressacas que já passou, estavam vívidas para ele.

                - Eu... acho que sou. – Jorge não tinha parado para pensar nisso.

                - Lá no laboratório, então é pra ter outro de você? Um você “humano”? – Raphael estava fascinado com a louca ideia.

                - É provável que sim. – Jorge agora estava um pouco deprimido, pois sabia que apesar de se sentir real, ele era só uma simulação, e que o seu verdadeiro Eu iria desativá-lo assim que pudesse. Ele sabia disso, pois sabia que o faria.

                - Então o que estamos esperando? Vamos logo lá no laboratório! – Raphael estava morrendo de curiosidade para descobrir o que iria achar lá.

                - Epa, isto é demais pra mim. Estamos falando de uma conspiração envolvendo a Rússia e os Estados Unidos! – Pronunciou Pedro. – Deviamos deixar isso pra lá!

                - Tá maluco? Já estamos muito envolvidos nisso pra sair agora. – Argumentou Raphael.

                - Meninos, eu entendendo que vocês não concordem em me ajudar, mas não podem me impedir de resolver isso e descobrir o que aconteceu de fato. Quero dizer, vocês não sabem ainda como me “desativar”.

                Após alguns segundos de silencia, Luiz finalmente entendeu.

                - Não vou deixar meu carro ir embora sozinho! Querendo ajudar você ou não, o carro ainda é meu!

                - Isso! – Concordou Raphael.

                - Não. Me deixem em casa. Façam isso sozinhos. – Falou Pedro.

                Raphael ficou um pouco chateado, não queria que o amigo abandonasse essa aventura que ele estava gostando, mas também não queria obriga-lo a nada.

                - Tudo bem. Vamos deixar você em casa e vamos pro laboratório. – Luiz disse.

                O sol da manhã começou a bater de frente com eles. Durante o caminho de casa ninguém disse nada, ninguém sabia ao certo se aquilo era uma despedida. Luiz e Raphael poderiam voltar para o almoço, ou talvez uma semana depois, ou, o que Pedro mais temia, podiam nunca mais voltar. Era um risco que ele não queria correr se pudesse evitar.

                Alguns segundos depois, estavam os três de pé, em frente ao pequeno portão da casa.

                - Mano, você tem certeza que não quer ir com a gente? – Perguntou Raphael.

                Pedro deu uma pequena risada.

                - Tô cansado. Carros falante não é pra mim, vocês também deviam dormir. Porra Luiz, você tomou um tiro!

                - É, mas precisamos ver até onde isso vai dar. Ei, a gente vai se livrar do Jorge e já vamos voltar. Talvez ainda dê tempo para viajarmos pra algum lugar.

                - Com a sua perna assim eu acho difícil. Mas beleza, depois a gente se vê. – Pedro disse. Apertou a mão dos amigos e entrou na casa.

                Raphael e Luiz voltaram para o carro, que já se pôs em movimento.

                - Tudo bem com ele? – Perguntou Jorge.

                - Claro, ele nunca foi de se arriscar. – Disse Luiz. – E Jorge, me diz uma coisa. Na sua história você disse que o doutor Musk que fundou esse projeto. Mas também você disse que era você quem estava liderando a equipe daqui. O que aconteceu com ele?

                - Ninguém sabe o que aconteceu com o doutor Musk, isso ainda é uma icógnita para todo mundo...


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Notas finais do capítulo

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