Odisséia Cosmopolitana escrita por Lucas Raphael


Capítulo 6
Elevada


Notas iniciais do capítulo

Novos personagens!



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— Mãos ao alto! – Gritou o homem que surgiu atrás dos três.

Eles tomaram um susto e se viraram, dando de cara com um senhor apontando uma arma na direção deles.

— Anda logo, se não eu atiro! – Berrou, movimentando violentamente a arma.

Os amigos ficaram sem reação e começaram a trocar olhares entre si, não sabiam como reagir naquela situação e buscavam alguma resposta satisfatória para sair dela.

— Estamos indo... – O discurso de Raphael foi logo interrompido pelo barulho do tiro da arma, que foi disparada para cima. Era um som alto. Foi efetivo: Todos eles levaram as mãos acima da cabeça.

— Deitem de barriga no chão agora. – E quando eles começaram a se mover, ele continuou a falar. – Sabiam que invasão de propriedade particular é crime, seus imbecis? O que querem aqui?

Não queria arriscar que o homem armado desse mais um tiro, então Raphael deu inicio a uma mentira.

— Viemos procurar uns aparelhos que nos foram roubados. Somos mecânicos. A polícia nos disse que os ladrões podem ter deixado aqui algumas coisas que eles não acharam valor.

— Eu sou da polícia e não me lembro de nenhum ocorrido do tipo. Além do mais, suas unhas estão bem limpinhas pra quem trabalha de mecânico. E também, por que iriam invadir pra poder procurar o suposto equipamento? Até uma criança de 6 anos inventa coisa melhor. – Dito isso, as esperanças de Raphael de sair impune se foram de vez.

— Se você é da policia, o que tá fazendo aqui, e sem uniforme? – Questionou Pedro, tentando ganhar tempo ou que fosse para ajuda-los.

— Cala boca! – Aparentemente, Pedro havia tocado em um assunto delicado. Com a mão livre, o homem puxou da cintura um celular e discou um numero. Não demorou nem dez segundos para ser atendido.

— Três homens estão aqui. – E ficou imóvel, escutando o que a outra pessoa falava do outro lado da linha. – Uhum. – Escutou. – Uhum. – Escutou mais um pouco. – Certo. – E guardou o celular no bolso.

— Vocês só tem que esperar agora. Eles estão vindo prender vocês. – E manteve a arma firme, apontando para eles.

Aproximadamente quatro minutos de silêncio haviam se passado, com o braço do homem já doendo enquanto os outros três no chão tentando ao máximo não demonstrar o desconforto que estavam passando.

— Por que entraram de carro aqui? – O homem falou de repente.

Nenhum deles respondeu. Quando o atirador ia começar a gritar novamente exigindo uma resposta decente, os faróis do carro acenderam, iluminando o helicóptero completamente.

— Quem está no carro? – Gritou o homem. Desta vez, estava com um pouco de medo, precisava controlar muitas pessoas e só tinha uma arma. Qualquer deslize e era o seu fim.

Ainda de olho nos três, começou a andar de lado na direção do carro, que estava mais ao seu lado. Finalmente chegou até ele e deu uma rápida olhada lá dentro: Não havia ninguém. Deu a volta lentamente, procurando algum sinal de vida, e acabou chegando na porta do motorista. O vidro estava aberto. Pretendia desligar o carro, por isso alcançou a mão até a ignição e percebeu algo estranho. Esticou sua cabeça e constatou que não havia nenhuma chave no carro.

— Que porcaria é essa? – E quando foi se afastar para vigiar seus reféns, o carro brutamente deu ré, dando uma pancada na cabeça dele, desnorteando-o. O carro deu a volta pelo helicóptero, deixando o homem para trás e ficando mais perto dos três.

— Entrem! – Berrou Jorge. Seus companheiros não perderam tempo e levantaram o mais rápido possível. Mas demorou muito menos do que o previsto para o homem voltar si.

Raivoso e com uma mancha de sangue cobrindo-lhe metade do rosto, começou a disparar tiros na direção do carro, mas não acertou nenhum deles.

Passou a mão desarmada debaixo da camisa e levantou o tecido para limpar seu rosto e ter a visão clara.

Pedro havia se jogado pela janela do passageiro e caira dentro do carro, todo tordo e praticamente de ponta cabeça, mas estava mais seguro agora.

O homem deu um tiro. Não acertou.

Raphael havia aberto e entrado agilmente pela porta do motorista, enquanto prestava atenção no suposto policial.

O homem deu um segundo tiro. Acertou a lataria do carro.

E Luiz... havia ficado por último. O carro estava de uma maneira que Luiz só precisava correr em frente e pular no banco de trás.

Mais um tiro fora disparado e este terceiro acertou direto a perna de Luiz, que caiu no chão.

Imediatamente, Raphael puxou a marcha ré e pisou no acelerador até o fim.

O atirador voltou sua atenção para o carro, que começou a fazer uma curva em ré, na área que estavam. Não era preciso ser um gênio para ver que seu objetivo era lhe atropelar. Se jogou para fora do caminho deixando o carro passar por si sem lhe encostar.

Levantou-se, e apontou a arma para o veiculo, que dessa vez vinha de frente. Preocupou-se em ir para o lado, mas sem abaixar a arma. Sua surpresa foi que Raphael abriu a porta assim que passaram novamente por ele, atingindo-o gravemente. Desta vez com muito mais força. O homem foi arremessado para frente a arma foi jogada para longe da mão dele.

O carro parou numa posição favorável para Luiz, que mancando, chegou até eles, sem tirar o olho do homem todo sujo no chão ali, gemendo. Abriu a porta do carro e viu algo no chão: a arma que o homem estava usando para lhe render.

Deixou a porta aberta e foi buscar o objeto. Durante a busca, Raphael, Pedro e Jorge lhe gritavam para ir logo pro carro, não perder tempo com isso. Ele os ignorou e foi até o fim. Passou pelo homem, pegou o objeto e voltou. Não estava se sentindo bem. Embora houvesse tomado um tiro, suspeitava que aquela sensação se devia ao fato de quase terem matado o homem.

Assim que Luiz entrou no carro, que acelerou, Pedro começou a gritar.

— Caralho! Você tá louco, Luiz? Podia ter morrido voltando lá! E ainda tá machucado!

O silêncio de Luiz se devia ao fato de que sabia que havia cometido um erro. Agora que a adrenalina começara a abaixar, ele via com clareza que não devia ter arriscado tanto. Estava em um devaneio quando a dor que sentia em sua perna esquerda começara a falar mais alto que seus pensamentos.

— Foi mal! Mas podemos resolver isso aqui antes? – Todos sabiam que ele se referia ao seu ferimento.

Passaram disparados pelo portão (agora aberto, provavelmente pelo homem que estava de guarda) e seguiram rua a frente.

— Vocês conhecem algum enfermeiro ou médico de confiança pra ajudar? Não podemos ir a um hospital. – Falou Jorge.

— É verdade, ferimentos por tiro é caso de polícia. – Completou Pedro.

— Acho que sei quem pode nos ajudar. Ela é uma amiga de longa data minha e do Luis, tá fazendo medicina. Podemos confiar nela. Não sei se ela é capaz, mas as opções no momento são poucas.– Disse Raphael. – E Jorge, tá afim de nos dar alguma explicação?

Jorge considerou.

— Um de vocês tomou um tiro para me ajudar. Estou em divida com  vocês. Eu vou explicar tudo na medida do possível, assim que Luiz estiver em condições favoráveis. – Todos concordaram. – Falando nisso, para onde vamos?

Raphael tomou o volante e os guiou.

Pouco mais tarde, estacionaram em frente a um pequeno prédio residencial. Raphael desceu do carro e foi até o portão. Olhou no relógio e eram quase três horas da manhã, sabia que seria recebido com muito mau humor.

Tocou o interfone, ninguém atendeu.

“É questão de vida ou morte.”

Apertou o botão e o manteve pressionado tempo suficiente para deixar até a si mesmo irritado.

— Quem é o idiota? – Uma voz sonolenta havia respondido.

— O idiota aqui é o Raphael. – Respondeu ele, da maneira mais educada que pode, sabia que se estivesse no lugar dela também não teria paciência.

— Fala logo.

— O Luiz se machucou seriamente, e só você pode ajudar.

— Por que não vão pro medico?

— Não podemos. Deixe-nos entrar que eu explico.

Houve um breve silêncio.

— Não me faça eu me arrepender disso. – E quando ela disse isso, um zunido elétrico passou pelo portão que se abriu. Raphael acenou para Pedro do outro lado da rua, que abriu a porta para Luiz. Luiz passou o braço esquerdo pelo ombro do amigo que o ajudou a ir até lá,

Infelizmente, a menina morava no segundo andar, e não havia elevador no prédio. Raphael e Pedro eram orgulhosos, mas seus bons espíritos abriram uma exceção e carregaram o amigo durante os cansativos degraus.

— Eu não vou limpar esse rastro de sangue. – Disse Pedro ofegante, depois de terminarem a escadaria.

Raphael soltou um sorriso irônico, sem folego para responder o amigo a altura.

Pedro bateu na porta do apartamento 201.

Na porta, surgiu uma bela ruiva descabelada e com os olhos inchados, vestindo roupas simples e amassadas que acabara de vestir.

— Oi Pedro. – Ela viu tudo de uma vez e quase soltou um grito. Não um grito de susto, mas sim um grito de repreensão e bronca. Eles estavam todos sujos de terra e a perna de Luiz estava encharcada de sangue.

— Podemos entrar, Carolina? – Luiz falou.

 


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Notas finais do capítulo

Pateta! Chorão! Desbocado! Beliscão! Obrigado.



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