Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 29
Lieben - PARTE 2


Notas iniciais do capítulo

Maria Fernanda Beorlegui está desmaiada com a tristeza de vocês pelo o que está acontecendo com Amara.
Gostaria de mencionar a Ana Carolina, uma das minhas leitoras fieis! E que sempre me motiva a escrever mais e mais...



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Muitos anos atrás...

—Amara completa um ano hoje.—Maria fala com a roupa de sua filha nas mãos. Ela se senta na poltrona próximo ao berço de Amara e chora transmitindo a sua tristeza.

—É uma fatalidade.—Fabiana fala se olhando no espelho. Ela ajusta sua camisa de manga comprida de cor roxa e tenta esconder sua insatisfação com Maria.—Às vezes eu imagino Amara.

—Eu penso nela todos os dias, Fabiana.—Maria fala enquanto Fabiana olha para o anjo de cristal na estante.—Todos os dias.

—Maria, eu estive pensando...—Fabiana fala e se ajoelha diante de Maria.—Por quê não adota uma criança?—Fabiana pergunta sugestiva e Maria pensa.—Claro que não devemos esquecer de procurar por amara, mas... Uma criança iluminaria a sua vida.

—Será que é mesmo uma boa ideia?—Maria pergunta assustada.

—Amara pode estar em uma outra casa, com outra família. Você pode fazer o mesmo até encontrar ela...—Fabiana fala pensando na gravidez de Ana Rita.—Eu até pensei em um nome para a criança...

—Qual nome?—Maria pergunta enxugando as lágrimas e Fabiana sorri diabolicamente para Maria.Ana Rita está prestes a dar a luz, uma menina. Mesmo assim não deixou de lado Leandro e Amara, melhor dizendo, Regina.

—Daniela.—Fabiana responde com um plano diabólico em mente. Por que não arrancar Daniela de Ana Rita e entrega-la á Maria? Por que não trocar as filhas das mães?—A pequena Daniela.

POV Daniela

Fiquei na sala de espera do hospital com todos. Ninguém falava nada, ninguém se movia. Chego a duvidar sobre a respiração e cada um nessa maldita sala de espera. Odeio hospitais, odeio esperar, odeia o sentimento de tristeza que paira no ar. Mas o que eu posso fazer? Se tivesse uma maneira de alegrar cada um aqui presente eu faria algo, faria qualquer coisa. Minha irmã está quase morta dentro do quarto e eu nada posso fazer. A sensação de ser inútil me invade a cada maldito segundo de espera. Fernando resolveu ficar com Amara ou estão jogando xadrez? Sinceramente, eu deveria ter imaginado desde o inicio que Fernando era apaixonado por Amara.

—Quer café?—Estrella pergunta me oferecendo café.—Se quiser ir para casa eu te levo.

—Desculpe, quero ver minha irmã.—Falo recebendo o café e ela se senta ao meu lado.

—Já é um pouco tarde.—Estrella fala olhando seu relógio.—Você e Amara devem ser bem próximas...

—Crescemos juntas, e se for preciso morreremos juntas.—Falo sem pensar e sinto o olhar amedrontado de Estrella.—Não foi bem isso o que eu quis dizer...

—O momento é delicado, eu sei. Estou nervosa em relação á Amara.—Estrella fala e eu olho para ela.—E Leandro?

—O que tem ele?—Pergunto sentindo uma curiosidade por parte de Estrella.

—Eu soube que ele e Amara...

—Eu soube no mesmo momento que você, Estrella. E estou surpresa para não dizer em choque.—Falo e Estrella sorri.—É estranho saber que seus próprios irmãos namoravam e terminaram por que achavam que eram irmãos quando na verdade não eram.

—É complicado, Daniela. Principalmente agora que Fernando apareceu nas nossas vidas.—Estrella fala com um pouco de medo.—Acha que se amara se salvar, ela irá reatar com Leandro?

—Amara dá mais valor ao coração do que á razão, Estrella. Mas acho que todo esse furacão irá atrapalhar a vida dela e com certeza ela não terá tempo para pensar com quem vai ficar.—Falo dando atenção ao meu café.—Mas se Fernando ama Amara como diz...

—Ele vai conquistar ela.—Estrella fala e somos surpreendidos por Fernando. Rapidamente todos se levantam para escuta-lo.

—Ela está mal.—Fernando fala de primeiro sem nem preparar todos nós.—Foi preciso uma enfermeira ir no quarto dela depois que eu sai.

—O que aconteceu?—Maria pergunta preocupada.

—Ela começou a tossir forte. E com essa tosse veio sangue...—Fernando explica e gesticula com as mãos.—Ela vai ficar em observação.

POV Lorenzo

Flash Back On

—Para onde vai?—Lorenzo pergunta ao ver Fabiana descer apressada pelas escadas.—Vai sair?

—Vou sair com meus amigos.—Fabiana fala receosa. Afinal, Lorenzo é sua única família e deve zelar por ela.

—Você não me falou nada.—Lorenzo fala e Fabiana fica brava com a inquietude de Lorenzo.—Com quem vai?

—Rodrigo Vidal.—Fabiana fala e sorri.—Estudamos com ele, lembra?

—Vagamente.—Lorenzo fala com ironia e Fabiana sorri para disfarçar o incomodo.—Você está apaixonada.

—Jamais...

Flash Back Off

—Rodrigo Vidal.—Falo ao me lembrar que o cúmplice de Fabiana estudou comigo e provavelmente eles foram namorados.

—O que?—Maite pergunta sonolenta.

—Rodrigo é amigo de Fabiana desde que éramos jovens.—Falo me levantando da cama e Maite me olha assustada.—Eles foram amantes por todos esses anos, essa é a verdade!

—Que canalhismo...Quanta sem-vergonhice bem debaixo do seu nariz!—Maite esbraveja com novo.—Fabiana não tinha escrúpulos.

—Mãe?Pai?—Leandro nos chama e abre a porta do quarto.—Estrella ligou para mim e me disse que Amara está no hospital. Eu posso ir vê-la?

—Claro que não.—Eu e Maite respondemos ao mesmo tempo e Leandro nos olha abismado.—Quero dizer, já é tarde.

—Você poderá ir de manha, meu filho.—Maite fala se levantando da cama.—E sua irmã? Está trancada no quarto?

—Ela conseguiu dormir, mãe.—Leandro fala e nos olha questionador.—Eu sei que Letícia não é minha irmã de sangue, ela me contou.

—Isso não importa, Leandro. Vocês são meus filhos e nada vai mudar.—Falo firme e meu filho acena demonstrando o seu entendimento.

—O enterro de minha tia é amanhã?—Leandro pergunta curioso. Maite me olha com ironia e eu a repreendo.

—Sua tia será cremada.—Falo e meu filho se surpreende.—Guardarei as cinzas no jazigo da família.

—Mesmo ela sendo quem foi, pai, acho digno ela ocupar o seu lugar na família Santisteban.—Leandro fala me provando que não guarda magoas das pessoas.—Espero que ela tenha se arrependido. Não há coisa mais linda do que o perdão...

POV Amara

Não há coisa mais linda do que o perdão, o perdão é sublime e surreal. Guardar magoas só faz mal para nós mesmos. Mesmo Fabiana sendo quem foi, mesmo ela tendo feito o que fez, eu soube perdoar a maldade que ela fez comigo. Fabiana foi uma alma perturbada que agora merece paz, merece perdão, merece a resignação que não lhe foi dada em vida. Meus pais, Lorenzo e Maite, eu e Leandro não merecemos ficar corroendo a magoa que nos faz desejar o mal de Fabiana. Não desejo o inferno nem para o meu pior inimigo, não desejo ele para ninguém. Cresci ouvindo minha mãe, Ana Rita, sempre falar que devemos perdoar diante da morte. Afinal, como poderíamos nos considerar cristãos se não sabemos perdoar?

—Você me orgulha.—Ana Rita fala enquanto minha mãe reza com Daniela.—Você sabe perdoar, Amara. O perdão é para poucos.

—Perdoar é para poucos, mãe. Perdoar é luxo.—Falo e ela beija o topo da minha cabeça.

—Você nos assustou, sabia? Pensei que meu mundo fosse se destruir quando soube que você estava no hospital.—Francisco fala com a voz falha.—Você não sabe o quanto sou importante para todos nós.

—Vocês precisam ficar preparados para tudo.—Falo olhando o relógio.—È tarde.—Protesto ao ver Daniela acordada.—Ela deveria estar em casa, descansando.

—Ela optou por ficar aqui, Amara.—Ana Rita fala segurando a minha mão.—Estevão foi falar com o seu médico.

—Eu pressenti.—Falo e vejo meu pai entrar no quarto.—Papai.

—Voltei.—Meu pai fala e abraça Daniela.—Quer ir para casa, Daniela?

—Quero ficar com a minha irmã, tio.—Daniela responde e meu pai sorri bobo.

—Tio?—Meu pai pergunta e Daniela sorri envergonhada.

—Somos uma família agora.—Daniela responde com clareza e olha para mim. Eu não consigo evitar a lagrima que insiste em cair, eu apenas demonstro o que sinto.

—Essa sonda me incomoda.—Falo mudando de assunto e Ana Rita tira a sonsa para mim.—Melhorou um pouco.

—Se os médicos souberem que fiz isso...—Ana Rita fala com ironia.

—Mãe?—Chamo por Maria.

—Sim?—Maria e Ana Rita respondem e todos sorriem.

—È ela.—Falo para Ana Rita e aponto para Maria.—Vem aqui.—Peço e ela vem para o meu lado.—Eu te amo.—Falo rapidamente e ela fica sem reação.—Eu amo cada um de vocês. E quero deixar isso bem claro...

—Incomodo?—Fernando pergunta ao entrar no quarto e eu sorrio.

—Você deveria estar em casa.—Maria fala preocupada.—Não está cansado?

—Meu noivo é forte, mãe.—Falo com tom de brincadeira e todos me encaram.

—Eu não acredito.—Daniela fala ao se levantar da poltrona.—Vocês...?

—Desculpem-me, eu ainda não entendi.—Estevão fala e Francisco fica ao seu lado, ambos encaram Fernando.

—Aposta.—Fernando fala e me olha com ternura.—Se Amara sair desse hospital, eu me caso com ela.—Fernando fala e todos se olham.

—Estou com fome.—Falo sentindo meu estomago doer e Daniela sorri achando que quis mudar de assunto.—Não estou brincando.

—Eu vim para dar uma noticia para a minha noiva.—Fernando fala com as mãos da cintura.—Me escalaram para uma nova tarefa...

—Que bom.—Falo contente, mas vejo que Fernando está triste.—Você deveria estar feliz, não deveria?—Pergunto e olho para os meus pais.—O que está acontecendo?

—Vamos deixar eles sozinhos...—Daniela pede quase puxando meus pais italianos pelos braços. Maria e Estevão me olham preocupados, mas saem do quarto como Daniela pediu.

—É uma tarefa muito difícil e árdua, Amara. Isso me promoveria como sempre sonhei, me consagraria na minha profissão.—Fernando fala com medo da minha reação.

—Isso é bom...—Falo me sentindo inútil por estar prostrada na cama e não poder abraça-lo.

—Eu teria que sair do país.—Fernando fala e eu começo a respirar fundo.

Fernando sair do país? Então ele ficará muito tempo longe de mim, tempo o suficiente para me esquecer e tempo suficiente de eu morrer sem ter ele ao meu lado. Mas isso trará benefícios para ela na sua carreira profissional, eu não posso impedi-lo de viver. Quem está morrendo sou eu, não ele.

—Para onde vai?—Pergunto enquanto ele se senta ao meu lado.—Fernando, sem rodeios...

—Rússia.—Fernando fala sem me olhar nos olhos.—Eu teria que ir para a Rússia.

—Vá.—Falo e ele me olha com um olhar negativo.—Fernando, vá...

—E te deixar? Está louca?—Fernando pergunta segurando as minhas mãos com firmeza.—Eu vou ficar, Lúcia quem vai no meu lugar.

—E ela vai deixar Rafael?

—Rafael vai com ela.—Fernando fala e revira os olhos.—Só não sei se Henrique também irá com o pai.

—Pai?—Pergunto confusa.

—Rafael é pai de Henrique. —Fernando revela e eu arregalo os olhos.—E Lúcia será madrasta dele pelo o que vejo.

—Letícia não vai deixar Henrique ir com o pai.

—Letícia está transtornada com tudo o que está acontecendo, Regina.—Fernando fala e eu me sinto estranha ao ser chamada por “Regina”.—Letícia não é filha de Lorenzo e Maite.

—Como não?—Pergunto incrédula e Fernando me olha. Um olhar de meu noivo já basta.

Fabiana...

—Santa Fabiana.—Falo com ironia e Fernando sorri.—Ela vai entrar para a historia.

—Não tenho duvida.—Fernando fala e beija a minha mão.—Te amo.

—Para de dizer isso, meu ego está nas alturas.—Falo esnobe enquanto ele sorri.—Espera...—Falo pensativa.—Lúcia é sua irmã e também é quase madrasta de Henrique, que é sobrinho de Leandro, que é meu irmão adotivo?—Pergunta, todavia vejo que Fernando ficou confuso.

—Amara, vamos deixar os graus de parentescos para outra hora.—Fernando fala e me rouba um beijo.

—Você tem que ir, Fernando.—Falo sobre a viagem para a Rússia.—Eu vou te esperar.

—Pode demorar anos, Amara.—Fernando fala com medo do futuro.—E já está decidido, Lúcia vai. E com a companhia de seu belo namorado...

—Está com ciúmes?—Pergunto incrédula e ele nega.—Fernando, por favor...

—Por favor digo eu, Amara. Minha irmã está quase casada...

—Você também está.—Falo enquanto penso em dois casamentos. Sinto uma falta de ar horrível e tento me controlar.—Estou com falta de ar.

—Vou chamar uma enfermeira.—Fernando adverte e eu o impeço de ir.

—Vou ficar bem.—Falo sentindo uma sonolência enorme.

—Amara?—Fernando me chama enquanto fecho os meus olhos e adormeço.

POV Fernando

Sai do quarto completamente transtornado. Gritei suplicando para que alguém me ajudasse, e de fato ajudaram. Entraram no quarto de Amara e me impediram de entrar. Algo está acontecendo e não me falam nada. A angustia toma conta de todos aqueles que comigo estão na porta do quarto, ouvindo o desfibrilador cardíaco em ação. Amara está morrendo? Sim, ela está. Ela está morrendo e eu nada posso fazer para impedir.

—E como ela estava?—Maria pergunta assustada.

—estava bem, calma...Mas daí começou a ter uma sonolência quase impossível de se controlar.—Falo e rapidamente vejo o medico sair.

—E como ela está?—Estevão pergunta e eu o seguro pelo braço.

—Responde de uma vez!—Exclamo alterado e Maria me segura pelos braços. Garcia nada fala, apenas nos olha com tristeza e eu sinto meu coração pulsar, ou melhor, rasgar a minha carne.

—Ela entrou em coma.—Garcia responde e eu olho para Amara na cama. Os enfermeiros deixam a porta aberta facilitando a minha visão.

—Em coma?—Maria pergunta me soltando.—Estevão, faz alguma coisa. Pelo amor de Deus salva a nossa filha!—Maria exclama e o choro invade o corredor do hospital.

—Eu sinto muito, senhora San Román. Eu sinto muito por não evitar que a senhora chore pela morte da sua menina...

Não vi ninguém do meu lado, não escutei ninguém. Eu apenas corri para Amara e a abracei contra mim. Senti seu calor em mim juntamente com seu perfume. Ela está inerte, está em coma. È o fim...


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