Happy's Month escrita por Maya


Capítulo 2
Dia 2 - A Felicidade Contagia


Notas iniciais do capítulo

Música 2 - Shiny Happy People - R.E.M
Aproveitem!



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Acho que eu tô começando a me acostumar com essa coisa de acordar cedo. Até porque, não dá pra aproveitar o dia direito acordando sempre às 11h da manhã. Hoje eu tive uma ideia genial para marcar o segundo dia do mês e decidi não perder tempo nenhum: acordei às 7h, tomei o café, peguei algum dinheiro e fui pedir o skate de Julian emprestado. Ele perguntou o que eu estava tramando e eu não respondi, então ele e Lilly simplesmente resolveram me acompanhar.

Agora estou indo à uma loja que vende as coisas mais diversas. Sei que esse será um ótimo dia porque tenho dinheiro e um skate, meus primos estão aqui e Calvin trouxe seu violão com ele, o que é ótimo, porque eu não poderia trazer o meu. Estou feliz desde que acordei e quero que toda a cidade fique feliz também.

– Acha que o dinheiro vai dar? – Lilly me pergunta.

– Com certeza – respondo. – Estou com todas as mesadas que economizei. Se não der, tem alguma coisa muito errada.

Nós quatro já estamos carregando vários sacos da coisa mais festiva que podemos comprar nessa época. Calvin e Julian ainda estão carregando dois baldes cada um. Sério, essa loja tem tudo!

A moça do caixa hesita um pouco quando vê o tanto de coisa que estamos carregando, mas acaba dando um sorriso simpático para nós.

– Em que posso ajudá-los?

– Queremos comprar tudo isso – diz Calvin como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E meio que é mesmo.

Colocamos tudo na bancada e a moça conta os sacos e os baldes, calculando todos os preços. Mas de repente ela para e olha para o lado. Sigo o olhar dela: tem um garotinho magricela parado à porta, as mãos timidamente enfiadas nos bolsos da calça. Não deve ter mais de oito anos.

– Ben, o que foi?

O tal Ben dá uma olhada rápida para nós e baixa a cabeça. A moça do caixa nos pede licença e vai até ele. Ela se abaixa a sua frente e os dois começam a cochichar entre si. Não quero tenha uma pessoa triste no que promete ser um dos dias mais felizes de todos, então vou até lá.

– Ei, Ben – eu o chamo. – O que foi, amigão?

O garoto olha para, meio hesitante. A mulher – que deve ser sua mãe – olha pra mim do mesmo jeito. Então eu sorrio para ela na tentativa de acalmá-la e ponho uma mão no ombro de Ben.

– Só quero te ajudar, ok? Me diga o que aconteceu.

Papai uma vez me disse que tem alguma coisa no meu jeito de falar que atrai a confiança das pessoas. E isso deve ser verdade, porque o menininho tímido de repente começa a desabafar comigo, um completo estranho.

– Meus pais se divorciaram e minha mãe ficou com a minha guarda, aí ela achou que seria melhor se nós nos mudássemos pra cá. Mas eu tô com saudades de casa. Eu não conheço essa cidade e não conheço ninguém daqui. Tô com saudades do papai e dos meus amigos.

Olho de relance para a mãe do garoto e percebo que ela está de cabeça baixa e tremendo; parece que está tentando conter o choro. Não, sem essa de pessoas tristes em um dos dias mais felizes de todos.

– Tenho certeza de ela fez isso pelo seu bem – eu lhe garanto. – E tem mais: sei de uma coisa que vai fazer você amar essa cidade.

– O quê? – Pergunta Ben.

– Você já vai saber. Só precisamos fazer as compras.

Então, já compramos tudo e a mãe do Ben, Melissa, já deixou ele vir com a gente, então estamos correndo para o lugar em que quero chegar. Estamos carregando nossas compras enquanto Ben leva o skate debaixo do braço.

Corremos mais alguns minutos e chegamos no ponto: uma passarela que por cima de uma rua. Aqui passam pedestres e bicicletas, mas não tem quase ninguém nesse horário e a rua não está muito movimentada porque hoje é dia dois de fevereiro e a maioria das pessoas está de férias. Em outras palavras: estamos livres!

– Alimentem o amor este ano, povo! – Grito para as pessoas que estão na rua. – E sejam felizes!

E então estou sobre o skate, e Ben está sobre meus ombros, e estou jogando um balde de confetes na rua, e Calvin vem correndo logo atrás de mim fazendo o mesmo, e Lilly e Julian fazem o mesmo do outro lado. E nós seguimos o caminho, sem nos importar muito para onde estamos indo ou para a bronca que vamos levar dos nossos pais, e Lilly canta alguma coisa alegre, e Calvin está tentando encontrar alguma oportunidade para pegar seu violão, e estamos revezando o skate, e Ben está sorrindo porque não quer saber mais do seu pai que provavelmente fez algo de muito errado, ou dos amigos que deixou na outra cidade, ou da antiga escola, nem em nada que o deixava triste. Só o sorriso dele me dá a certeza de que agora ele gosta dessa cidade, porque ela tem pessoas felizes e reluzentes como eu, meu irmão e meus primos. E sabe como é: uma pessoa feliz e reluzente pode deixar todo mundo feliz e reluzente.

Eu sei disso porque agora estou olhando para as outras pessoas na rua e a maioria está rindo, porque não importa se estamos fazendo uma bagunça. O que importa é que estamos esbanjando felicidade e tirando a tristeza de qualquer um que passe por nós.

Acho que estou ficando com falta de ar, mas não consigo simplesmente parar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de mais um pequeno capítulo ^^'
Até amanhã!



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