São 5h20 da manhã e eu já estou acordado, arrumado e disposto. Isso é bem estranho considerando que sou eu, mas esse é sempre meu dia favorito do ano.

Minha família sempre passa o ano novo em casas de praia. Em uma fica eu, meu irmão e nossos pais; em outra, meus tios e primos. Há três anos, eu, meu irmão e meus primos decidimos fazer algo diferente: ver o nascer do sol no primeiro dia do ano. Adoramos isso e decidimos transformar essa atividade numa tradição entre nós.

Está quase na hora. Saio do quarto, tomando cuidado para não fazer muito barulho, e bato de leve na porta do quarto do meu irmão. Ele não demora muito para atender e vejo que está tão acordado quanto eu. Mais um milagre de ano novo.

– Ei, Austin. Pronto para a diversão? – Ele pergunta e eu faço que sim com a cabeça, imitando seu sorriso.

Com dezoito anos, Calvin é dois anos mais velho do que eu. Nós nos damos bem – exceto quando ele pega meu violão sem me pedir e vice-versa. Nossa paixão igual pela música e pelo instrumento foi a peça fundamental para nossa aproximação. Há menos brigas entre nós do que entre nossos primos.

– Então vamos – diz Calvin. – Julian e Lilly já devem estar lá.

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Nós acabamos de chegar e Julian, de dezessete anos, e Lilly, de catorze, já estão aqui. Nosso ponto de encontro é sempre o mesmo, no lugar mais alto que conseguimos achar sem nos afastar muito de nossas casas de praia.

Pra mim, a melhor parte disso tudo não é ver o sol nascer, e sim ver o céu antes disso. Eu gosto de olhar para cima e relaxar, imaginando que estamos vendo não só o dia, como o ano começando. Tenho a sensação de que nossas vidas são infinitas, de que nossa alegria é infinita, que esse momento é infinito. Não consigo pensar em nada que supere isso.

– Começou! – Grita Lilly. – Julian, pegue a câmera!

– Já peguei! – Responde Julian. – Uau. Aposto que esse é o mais bonito de todos.

Ele tem razão. Há algo de especial nesse nascer do sol, algo que o difere de todos os outros – só não sei o que é.

Já se passaram minutos e o sol está quase que completamente no céu. Seguindo nossa tradição, eu e Calvin pegamos nossos violões e começamos a tocar, com Lilly cantando e Julian batendo palmas de acordo com o ritmo.

E eu posso dizer, com toda a certeza, que o dia nasceu feliz.

Temos mais um mês para aproveitar as férias e queremos aproveitar ao máximo. Afinal, para a felicidade, todo dia é dia.