A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 53
Batalha de Naubusec - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

A acirrada batalha continua. Novos magos chegam para reforçar o lado da aliança e mais um confronto contra Kiliker se aproxima.



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Capítulo 052

Batalha de Naubusec (Parte 2)

As numerosas esferas flamejantes tingiam o céu de vermelho enquanto o sangue tingia o solo no mesmo tom. O ambiente se tornava cada vez mais infeliz e aterrorizante conforme as horas iam passando.

As defesas foram mais fracas nesse novo ataque aéreo e um número muito maior de feridos e mortos foi acrescentado aos contingentes da aliança. Apesar de alguns mestres serem contra as novas decisões, a maioria deles e os líderes dos anões apoiavam a ideia de permanecerem na batalha, invadirem e quebrarem as muralhas internas da fortaleza de Naubusec. Portanto, apesar das baixas, eles continuariam a avançar.

Os artesões dos anões recomeçaram seu trabalho. Seu número era menor, assim como suas forças, mas a perca do lado dos gnolls parecia ser maior, portanto, romper as defesas dos bárbaros foi relativamente mais fácil que da vez anterior. Uma multidão, vestida em cotas de malha, armaduras de placa de metal, ou uniformes de suas respectivas ordens, invadiu o local e uma nova contenda teve início.

O número de gigantes e orcs era muito menor que do lado exterior, mas uma nova ameaça fazia frente contra as forças aliadas: taurinos.

A maioria deles tinha quase três metros de altura, seus chifres pareciam emitir um ar assassino enquanto suas maças e machados eram brandidos contra os magos e guerreiros anões. O metal das pesadas armaduras repelia ataques enquanto seus urros e brados de guerra faziam o ar tremer.

Os trolls ainda se mantinham relativamente numerosos, o que causava ainda mais trabalho ao grupo invasor. Além deles, ainda havia os shamans dos taurinos, que investiam com toda a aura e selvageria que haviam restado dos ataques com o Taz Rashon. As chamas de seus feitiços davam um tom avermelhado às rochas das paredes da fortaleza, que refletiam ainda mais as cores do ambiente com o início da noite.

Jonathan já tinha sua capa rasgada devido as lutas anteriores. Seu ombro, que fora ferido por um machado, havia recebido o tratamento de um ressin, mas ainda doía um pouco. Assim como todo mundo, ele estava exausto, no entanto, ainda assim investia contra os inimigos. Ele era um dos que lutava com mais vigor e seu subordinado, Nicolas, não fazia menos.

Uma pontada de dor apareceu em seu peito quando o mestre utilizou tanta energia em um único ataque, mas o número de inimigos o obrigou a isto. A terra tremeu enquanto as rachaduras surgiam em direção aos três shamans que faziam frente ao mago da esfera terra. O que estava no centro não conseguiu fugir a tempo e acabou sendo tragado pela fissura, que foi fechada logo em seguida.

Aquele que estava à esquerda saltou para o lado e acabou sendo atingido por uma onda de terra que o Wiggly lançou contra ele. Após isto, caiu ao chão e, antes que pudesse se levantar, já estava cercado de anões, que investiram contra ele, sem que deixassem qualquer chance de defesa.

O da direita, porém, conseguiu escapar com êxito e investiu imediatamente contra o adversário, que estava vulnerável depois de seu último ataque.

— Jaz Rashon! – foi pronunciado em uma voz grossa e agressiva.

As chamas foram lançadas dos dois braços estendidos do taurino e seguiram, enquanto explodiam e se inflamavam novamente, em direção ao mestre, que já se posicionava numa tentativa de se defender com um aurus pinn. Não foi necessário, pois Nicolas interveio e barrou as chamas no exato momento em que elas atingiriam seu mestre.

— Não se preocupe com este, eu serei o adversário dele – disse enquanto sorria de maneira prepotente.

— Tome cuidado, eu vou derrubar aqueles orcs!

Dito isto, ele investiu contra três orcs. Ele pensaria duas vezes antes de utilizar tanta energia em um único ataque enquanto estivesse tão cansado.

No entanto, enquanto ele investia contra os dois novos inimigos utilizando o clayn, três trolls derrubaram todos no grupo de anões que os enfrentava e se dirigiram contra o mestre.

— Mas que merda! – blasfemou enquanto procurava uma solução para aquela situação. – Aghata!

Sabendo que não teria chance alguma contra tantos adversários, gritou para sua amiga, que havia terminado de derrotar um taurino shaman.

— Relaxe, Jonathan, nós não teremos que fazer nada contra estes inimigos.

A calma da outra mestra o surpreendeu, mas não mais do que a cena que presenciou a seguir: muitas centenas de rajadas flamejantes riscavam o ar em uma espécie de dança sincronizada e ameaçadora. No segundo seguinte elas rumaram em direção ao solo e atingiram os cinco inimigos que ameaçavam a vida do mestre.

Os orcs foram os primeiros a tombar quando as chamas tostaram suas peles e perfuraram seus corpos, deixando-os incinerados e caídos ao chão. O poder de regeneração dos trolls ajudava-os para que se mantivessem em pé enquanto eram duramente castigados pelas chamas. No entanto, no final, um a um, foram cedendo e tombando, assim como seus aliados.

Só então que Jonathan pode ver o que Aghata já havia percebido antes dele: poucos metros na retaguarda de onde estavam, três pessoas se mostravam em pé e com os braços estendidos enquanto manipulavam as últimas chamas remanescentes do feitiço que lançaram em conjunto.

O homem, jovem e de cabelos longos e rubros, que se mantinham agitados devido ao vento emanado do feitiço, assim como agitava sua capa, mantinha uma expressão séria. O rapaz de cabelos e vestes negras sorria para a namorada, uma garota de cabelos logos, lisos e castanhos, que lhe devolvia o gesto.

— Até que enfim vocês voltaram, seus malditos, me deixaram muito preocupado!

— Não se preocupe, estamos aqui para dar um novo rumo à batalha – o ruivo respondeu ao comentário do amigo.

— Quanta prepotência, Spaak, acha que apenas sua equipe pode mudar o rumo da batalha – Aghata expressou sua opinião.

— Talvez não, mas podemos ajudar – o mestre respondeu com um meio sorriso. – Agora vamos à luta!

Utilizando diversos feitiços os cinco rumaram cada qual para uma direção. Jonathan uniu-se novamente a Nicolas, que havia derrubado seu adversário e partia para um novo combate junto a um grupo de anões. Aghata voltou para junto de Anita e Nathie, que integravam sua equipe. Os recém chegados, por sua vez, rumaram em frente, embrenhando-se em meio ao caloroso combate.

Conforme o tempo foi passando, o número de inimigos foi diminuindo e o de aliados também. No entanto, depois de muito sangue derramado, cansaço e devastação, aparentemente os anões e magos começaram a levar uma ligeira vantagem no conflito.

Gigantes não mais podiam ser visto no combate. Os trolls estavam mutilados e mesmo sua regeneração não os salvava dos ferimentos constantes que recebiam. Os goblins e gnolls, antes numerosos, foram reduzidos a menos de a décima parte e fugiam do combate enquanto ainda tinham alguma esperança de escapar.

As últimas resistências dos bárbaros eram os poucos orcs, alguns taurinos shamans e, em maior número, os taurinos guerreiros.

Enquanto a equipe de Spaak enfrentava um enorme troll, que insistia em sobreviver apesar da numerosa quantidade de ataques que recebia, Kayan avistou o comandante dos orcs, Kiliker Broch, correndo em direção a uma abertura na muralha.

— Sarah, Spaak, olhem aquilo! – apontou-o para os companheiros.

— Vão vocês dois, se acham que conseguem vencê-lo sozinhos! – gritou o ruivo em meio aos brados de batalha e do urro do troll que acabara de derrubar. – Terão dez minutos para fazer isso, depois vou atrás dos dois. Considerem como um teste meu para vocês.

O casal trocou olhares intrigados, depois, encararam o mestre e acenaram positivamente. No instante seguinte se colocaram na perseguição ao líder militar dos orcs.

Passaram pela fenda na rocha enquanto aceleravam seus movimentos com o auxílio da aura. Assim que ultrapassaram a muralha interna, visualizaram o orc passando por outra abertura na externa. A visão de milhares de corpos, vísceras e sangue no chão deixou o estômago de Sarah embrulhado, assim como quando passaram por ali pela primeira vez. Novamente ela aguentou firme e continuou seguindo o namorado na perseguição que faziam.

Do mesmo modo que venceram esse novo desafio e saíram dos limites da enorme fortaleza órquica, puderam avistar o seu alvo se afastando cada vez mais. Kayan chegou à conclusão de que alcançá-lo não seria uma tarefa fácil, mesmo com sua velocidade aumentada pela sua aura. Sendo assim, atacou de onde estava mesmo, utilizando, para tal, o feitiço crisis

Uma dezena de rajadas flamejantes surgiu quando o rapaz estendeu seu braço em direção ao inimigo. Elas atravessaram a distância em um segundo e quase atingiram Kiliker, que conseguiu saltar para trás no exato momento em que as chamas chamuscaram as pedras e a terra do solo gelado e inóspito.

Ele virou-se de forma lenta e cuidadosa para fitar seu atacante. Por um breve momento, sua face esverdeada demonstrou a surpresa no que via. A seguir, sua expressão tornou-se de desdém.

— Não sei como vocês dois escaparam dos meus subordinados, mas acabaram de jogar suas vidas foras ao tentar me enfrentar.

O casal, então, observou com atenção seu oponente. Sua armadura estava amassada, arranhada e escurecida em vários pontos. Ele não tinha mais o elmo que adornava e protegia sua cabeça e seu corpo continha algumas queimaduras. As manoplas de aço em suas mãos mantinham a mesma lustrosidade que possuíam na primeira vez que encontraram aquele poderoso adversário.

— Kiliker Broch – disse Kayan de maneira lenta. – Você iria mesmo abandonar todos os seus subordinados e fugir sozinho? Pensei que apenas os goblins e gnolls fossem covardes o suficiente para descerem tão baixo.

A indagação fizera com que o orc expusesse seus dentes e presas afiadas em uma expressão de muita raiva. Não era e não gostava de ser chamado de covarde.

— Ao contrário de você, garoto – respondeu em um quase rosnado – eu sou importante para minha raça. Podemos ter perdido essa guerra, mas outras virão e eu irei liderar os orcs nelas.

Um sorriso prepotente curvou os lábios do rapaz enquanto ele via que sua provocação teve um resultado satisfatório. Imediatamente, o orc avançou contra o mago em uma investida veloz e ameaçadora. No entanto, seu punho atingiu apenas o solo, levantando uma densa nuvem de poeira. Os dois magos, que antes estavam naquele local, haviam saltado para o lado e se preparavam para o contra-ataque.

Os dois conjuraram, ao mesmo tempo, um tangrea contra o inimigo em comum. Kiliker, por sua vez, correu na mesma direção para a qual estava voltado. O casal, então, redirecionou o ataque pouco antes deles se chocarem e eles voltaram a perseguir seu verdadeiro alvo.

O orc, assim que percebeu que ainda era um alvo em potencial, girou o corpo em cento e oitenta graus e amparou os feitiços estendendo as duas mãos de palmas abertas. Uma grande explosão luminosa clareou a noite de céu estrelado e límpido enquanto raios elétricos permeavam o ambiente ao redor do imponente bárbaro.

Kiliker, então, avançou de maneira desenfreada contra o mago negro, que não demonstrou nenhuma preocupação com tal ato. Ele simplesmente ergueu ambas as mãos e formou um escudo de energia para amparar o golpe do adversário. Seus pés foram arrastados pelo chão enquanto continha o coice violento que recebera.

O orc atacou novamente, desta vez utilizando sua mão esquerda. O punho subiu no exato momento em que o rapaz saía de lado, evitando, assim, o impacto que seria violento. Uma nova tentativa se seguiria desta, não fosse a intervenção de Sarah, que movimentou o braço direito de baixo para cima para que uma lâmina flamejante perfeita se formasse mediante seu ato. O feitiço lançou-se com velocidade contra o alvo, que apenas a dissipou com as costas da mão.

— Defendeu de novo! Assim não é possível! – protestou.

Kayan correu para seu lado e o casal fitou o inimigo lado a lado novamente.

— Eu sei o segredo dele, são aquelas manoplas.

— Então você descobriu? Inteligente de sua parte, mas, ao mesmo tempo, inútil – retrucou o orc.

O mago negro não pode evitar uma breve risada.

— Agora sabemos que só precisamos atingir seu corpo diretamente. Ainda assim, fico curioso pra saber como essas manoplas foram feitas.

— Elas são de aço, assim como a armadura. Foram feitas por gnolls habilidosos. Talvez tenham mais delas por aí, embora ache improvável. – Kiliker, então, sorriu de maneira prepotente. – Acha mesmo que pode me atingir diretamente? Engana-se.

O orc avançou novamente e a luta se reiniciou. Os magos se esquivavam com maestria de suas investidas, que, por muito pouco, não os atingia. Kayan manteve o foco para si mesmo para que a namorada pudesse afastar-se e tentar um novo ataque.

Uma rajada de flocos de gelo foi lançada quando a garota estendeu o braço direito em direção ao inimigo. O rapaz, que estava próximo demais do alvo, tratou de se afastar. O feitiço foi repelido pelas manoplas do orc, que simplesmente parou-o com a palma de sua mão direita.

Em seguida, a montanha de músculos avançou contra sua adversária que projetou um escudo de energia para sua própria defesa. O impacto foi enorme e os pés da garota deslizaram pelo solo, deixando dois rastros na terra gelada e estéril. Sua defesa, por sua vez, não suportou a enorme pressão e cedeu, deixando-a desprotegida.

Kiliker sorriu – um sorriso de vitória – no exato momento em que desferiu o golpe que seria derradeiro, caso Kayan não interviesse. O mago negro havia se colocado à frente dela e, sem tempo para um aurus pinn, contra-atacou da melhor forma que poderia: colocado as duas mãos envolta em um feitiço aurus paginne na frente do próprio corpo e recebeu com elas o impacto do golpe adversário. O seu feitiço deveria fazer com que ele fosse lançado para trás, mas, em meio a um brilho de suas manoplas metálicas, o casal é que foi repelido.

O corpo do rapaz foi o primeiro a ser lançado para trás e seria o único, caso não tivesse atingido o corpo da maga branca com isto. Sarah rolou pelo chão assim que o tocou alguns metros mais para trás, apenas não recebeu diversos arranhões pelo corpo por ter se protegido com sua aura. Kayan, por sua vez, ainda passou por cima dela e caiu um pouco mais para trás, conseguindo se levantar logo após atingir o solo.

— Sarah, você está bem? – perguntou, preocupado.

— Cough... cough... sim...

Ela começou a se levantar, um pouco zonza depois do ocorrido. Antes, porém, que conseguisse efetuar a manobra, sentiu o vento proveniente da passagem do namorado, que corria de encontro ao inimigo, ao seu lado.

— Desculpe-me por isso – pediu, com certo pesar na voz.

Kiliker, que tinha sentido apenas um pequeno coice com o impacto do feitiço adversário, foi obrigado a dar um passo para trás na intenção de se equilibrar, mas avançou imediatamente após o fazer. Percebeu que o mago fazia o mesmo e estava certo de que levaria a melhor novamente.

A mão direita de Kayan começou a emitir faíscas de energia negra no exato momento em que ele conjurou o durhan tangrea. Avançaria e atacaria novamente. Esperava, com a magia negra, terminar aquele embate de uma vez por todas.

Os punhos se chocaram, o orc desferia o golpe para baixo para conseguir a mesma altura do seu adversário, que o fazia para cima, na intenção de encontrar exatamente o punho do inimigo. Uma grande onda de energia foi lançada no exato momento do impacto. O raio enegrecido se dissipou para todos os lados enquanto a manopla do inimigo brilhava de uma maneira como nunca antes ele havia visto. Algumas pequenas ramificações dirigiram-se para o tronco, ombros, pernas e braços do orc, atingindo-o. Assustado com os choques extremamente dolorosos que recebera, ele saltou para trás.

Kayan, vendo que a namorada aproximava-se, aproveitou para por em prática a estratégia que acabara de criar. Estendeu os dois braços em direção ao inimigo e pequenas chamas brotaram das palmas de suas mãos. As labaredas de temperatura extremamente elevadas foram lançadas contra o inimigo enquanto ele saltava para trás. As explosões que se seguiam da enorme quantidade de chamas o impulsionavam para trás.

— Sarah, aurus pinn!

A garota entendeu de imediato a mensagem e conjurou o feitiço enquanto uma meia cúpula de energia se formava na frente do casal. Kiliker estendeu ambas as mãos e parou as chamas com elas. A enorme explosão cobriu toda a visão do casal enquanto a barreira suportava as intensas chamas.

O ar se encheu de poeira, que chegou até mesmo a encobrir a imagem da lua e das estrelas. Quando esta baixou, puderam ver que o orc mantinha-se em pé e ofegante. Ele não esperava um ataque tão poderoso e tão repentino e mal conseguira se defender no momento certo.

— Vamos acabar com ele! – gritou Kayan, entusiasmado, enquanto avançava contra o inimigo.

— Vamos lá! – a empolgação do namorado havia contagiado a garota, que, há muito pouco, estava apreensiva com a situação toda.

Intensas chamas negras e rajadas de gelo foram lançadas contra o orc, que, em meio a um rugido aterrorizante, estendeu ambos os braços e amparou os dois feitiços. Suas manoplas brilhavam como nunca brilharam antes. Ele sentia que elas estavam se sobrecarregando depois de tantos impactos.

As chamas negras causavam mais dano do que qualquer outra chama que ele havia visto antes, mesmo algumas poucas fagulhas eram capazes de lhe causar ferimentos. O gelo não chegara a congelar seu corpo, mas ele sentira a temperatura em volta do braço abaixar bruscamente.

Kiliker investiu mais uma vez contra os humanos. Estava começando a ficar desesperado. Eram magos fortes e o trabalho de equipe deles era impressionante. Sabiam seu segredo e suas manoplas pareciam estar começando a se sobrecarregar. Nunca estivera tão perto da derrota antes.

Seus punhos apenas encontraram um escudo de energia feito por Kayan. Ele pressionou seu braço com toda a força que possuía e a defesa quase cedeu. Quando ele achou que conseguiria, Sarah, que havia se afastado dos dois, lançou uma grande quantidade de chamas contra ele.

O orc não se arriscou em uma defesa e apenas afastou-se do casal enquanto evitava o fogo que a garota havia lançado contra ele. Preparava-se para atacar novamente quando viu o garoto fazer algo curioso enquanto conjurava mais um feitiço.

Kayan passou sua mão esquerda sobre o antebraço direito. Enquanto fazia isso, uma lâmina extremamente negra se formava em seu membro. Ele avançou de maneira rápida e agressiva, forçando Kiliker a se defender com uma de suas manoplas.

Seu equipamento cumpriu sua função com grande êxito, porém, para o desespero do orc, ele viu que um pequeno risco – não maior que dez centímetros – havia se formado onde a lâmina de cor preta havia atingido. Kayan atacou novamente e obrigou o adversário a se defender mais uma vez. A outra manopla foi a que sofreu um dano igual a da primeira.

Sarah apenas observava o duelo que era travado em uma distância onde poderia interferir caso fosse necessário. Era frustrante para ela saber que se tentasse ajudar enquanto o rapaz utilizava o giudecca poderia acabar atrapalhando. Apesar disso, ela estava achando muito bonito e elegante a maneira com que o namorado manejava a lâmina negra.

Kiliker, que se sentia cada vez mais acuado, viu-se obrigado a dar um passo para trás. Ponderou suas possibilidades e percebeu que, caso recuasse naquele momento, ficaria cada vez em uma situação pior. Resolveu atacar naquele instante e deu um passo para frente enquanto descia o punho direito contra seu inimigo em uma incrível velocidade.

Vendo o ataque que lhe atingiria em uma fração de segundos, Kayan percebeu que aquele seria um momento de grande risco, porém, em contra partida, a oportunidade perfeita para colocar um ponto final no embate. Girou o corpo para sua direita e sentiu o metal da manopla adversária raspando na lateral esquerda de seu tórax. Ignorou a dor que o corte havia lhe causado e completou seu um quarto de volta, projetando a lâmina do giudecca diretamente contra a garganta do inimigo.

Uma exclamação foi liberada por Sarah enquanto ela observava o namorado puxar a lâmina negra do corpo do inimigo. Kiliker Broch ainda conseguiu dar um passo para trás enquanto o sangue saia de sua boca e do ferimento exposto. A degeneração celular agiu de maneira muito rápida e, em poucos segundos, o gigantesco orc tombou para trás com uma grande parte do peito e da face deformada.

Enquanto desfazia seu feitiço giudecca, Kayan virou-se e encarou a namorada. Ela o observava em um misto de surpresa e preocupação no rosto. Assim que seus olhos se encontraram, ele sorriu para ela, que lhe devolveu o sorriso.

— Acabou!

— Você está bem? – perguntou ela, por fim.

— Sim, foi só um ferimento leve – respondeu enquanto mostrava-lhe o corte que havia, inclusive, rasgado-lhe a túnica no local.

A garota, então, aproximou-se do namorado de maneira lenta e calma. Verificou seu ferimento em seguida.

— Deixa que eu curo pra você.

Ela disse enquanto tocava-lhe no tórax e realizava um ressin no local. O rapaz sentiu o toque da delicada mão da namorada em seu corpo e, antes que ela pudesse terminar de curá-lo, ele a envolveu em seus braços e tomou-lhe os lábios sem que ela esperasse tal ato. Por ter sido pega de surpresa, ela levou quase um segundo para reagir ao carinho do namorado. Passado o tempo de reação, ela fechou os olhos e retribui-lhe o beijo enquanto suas mãos percorriam do peito para as costas do rapaz.

O beijo se intensificou enquanto a garota sentia as mãos do namorado acariciando-lhe as costas. Desceu as suas próprias pelas do rapaz de maneira lenta e carinhosa, até que elas chegassem em sua cintura. A partir desse ponto, em uma manobra rápida e decisiva, desceu sua mão direita até a nádega de Kyan, apertando com certa força.

Surpreso com o ato inesperado da namorada, o mago negro interrompeu o beijo e a encarou, de certo modo, assustado – nunca iria esperar uma atitude tão ousada por parte dela. Sarah, então, mordeu o lábio inferior na tentativa de conter uma risada, mas não conseguiu. E foi rindo que ela se desvencilhou dos braços do rapaz e se afastou, para, então, se explicar:

— Isso foi para descontar as vezes em que você fez em mim – disse ainda rindo.

— Mas... ei? Volte aqui – ele respondeu com expressão séria.

Kayan fez menção de correr, mas parou e soltou um gemido, em seguida, colocou a mão no local do peito onde havia um ferimento.

— Ai! Minhas costelas!

— Ka... Kayan? Tudo bem?

O ar divertido deu lugar a um de preocupação. Ela se aproximou dele de maneira rápida, tentando descobrir o que lhe afligia. Em um movimento veloz, ele levantou a cabeça e revelou um sorriso. Em seguida, lançou-se em direção à namorada agarrando-lhe o braço esquerdo e puxando-a para si. Por fim, envolveu sua cintura em um abraço muito firme.

— Agora você não me escapa.

— Seu... seu trapaceiro! – exclamou a garota enquanto caia na risada novamente.

— Muito bonito, hein? Todo mundo lutando e vocês dois aí, de namorico.

Spaak aproximou-se do casal de maneira sorrateira. Ele havia subido em uma rocha de grande tamanho e observava os dois do alto, com um ar superior.

— Nossa! É mesmo, a batalha! Vamos lá, Sarah!

Ele liberou a cintura da garota e segurou sua mão. Ambos começaram a caminhar, de maneira acelerada em direção a fortaleza Naubusec quando foram interrompidos novamente pelo mestre:

— Está tudo bem, a luta já acabou. Nós vencemos. Tivemos duras perdas, mas, felizmente, nenhuma de Drugstrein.

— Nós já perdemos magos demais aqui...

Sarah complementou enquanto seu olhar se tornou triste. Na tentativa de animá-la, Kayan envolveu seus ombros em um abraço.

Foi, então, que a equipe de magos avistou algo parecido com um pássaro branco cortando o céu noturno e límpido – apesar da fumaça que saía da fortaleza arrasada. Seu aspecto, porém, não era de um animal, e sim, de um ser luminoso e monocromático. Era um mensageiro mágico.

Ele manobrou no ar e dirigiu-se para Spaak, que o aceitou com sua mão direita. Imediatamente, a magia mudou de forma e assumiu a de um pequeno pergaminho, o qual o mestre começou a ler de maneira apreensiva. Com a expressão séria que fazia, o casal a sua frente tomou a mesma postura.

— Problemas – disse, por fim. – Gynoloock está sobre o cerco fechado de diversos taurinos. Eles estipulam que sejam pelo menos cinco clãs, incluindo seus reis. Diz também que Kaz Elenak teve que retirar quase todos os seus magos de lá, inclusive seu granmestre.

— Isso quer dizer que...

Sarah começou a falar, mas fez uma pausa. Então, Kayan completou a sentença por ela:

— Ainda não acabou!


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam da luta de Kayan e Sarah contra Kiliker? Atendeu a expectativa?

No mês que vem teremos o inicio do último capítulo desse arco, que será dividido em duas partes. Alguém aí adivinha quem comando o cerco na cidade dos anões?



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