A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 54
Cerco em Gynoloock - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Após uma importante batalha contra Naubusec, a fortaleza dos orcs, os magos e anões apressam-se para voltar para Gynoloock, que está sob um pesado certo, para tentar salvar a cidade dos anões.



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Capítulo 053

Cerco em Gynoloock (Parte 1)

Turenhead bufou quando a fumaça invadiu suas narinas. Seu único olho bom visualizava tudo o que acontecia ao seu redor. Ele praticamente não lutava, apenas comandava os seis clãs de taurinos que havia conseguido reunir sob seu comando.

Desde o meio da tarde até a atual hora, próxima da meia noite, a batalha havia se estendido. Eram poucas horas, se comparadas com outras batalhas memoráveis, mas fora um tempo longo suficiente para que os anões começassem a se cansar.

As chamas dos taurinos reis ou shamans permeavam os céus e os austeros campos de pedras. Os artesões dos anões combatiam o fogo com rocha, porém, muitas vezes, as explosões faziam com que as barreiras cedessem.

Aquele cerco já durava quatro dias, sendo que todo dia uma nova batalha era travada.

No primeiro combate os anões tentaram enfrentar os inimigos num campo aberto, numa vã tentativa de impedir que eles invadissem a fortaleza e colocassem as anãs e crianças em perigo.

O número de magos era muito diminuto, apenas alguns poucos remanescentes de Kaz Elenak, que fora obrigada a retirar a maior parte de seus reforços por algum motivo não revelado.

Sendo assim, a aliança se viu obrigada a recuar para não ser completamente esmagada e dizimada pela incrível força dos oponentes.

A atual batalha era a terceira que eles enfrentavam indiretamente. Os que eram hábeis a utilizar a magia o faziam; aqueles que não eram, lutavam utilizando o arco e flecha.

Além de chamas e explosões, os taurinos agrediam os anões com lanças de mais de três metros, que eram arremessadas contra a fortaleza através da força esmagadora de seus guerreiros.

Assim que a lua cruzou o meio do céu, Turenhead ordenou que os ataques cessassem e que todos voltassem para os acampamentos. Os anões, aliviados pela pausa na batalha, estavam exaustos e visivelmente mais arrasados que os taurinos.

— Será que Drugstrein nos abandonou? Já faz doze dias que pedimos reforços.

Um mago de cabelos dourados comentou com a companheira de equipe enquanto ela conjurava um ressin em um grave ferimento que havia sido causado por uma lança.

— Há duzentos anos conheço os magos humanos e sei que eles honram seus aliados – disse Thrull Turulhin, o patriarca de sua casa. – Eles virão, podem ter certeza disso.

A noite e o cansaço fez com que todos se recolhessem para dormir. Sabiam que, no próximo dia, mais uma batalha seria travada, mas não sabiam por quanto tempo ainda poderiam resistir.

* * *

À beira da exaustão prosseguia a reduzida comitiva de magos vindo de Naubusec. Os últimos dias foram extremamente cansativos, pois as quatro equipes de Drugstrein e sete de Kaz Barak precisavam se locomover na maior velocidade possível para reforçar os anões e magos de Kaz Elenak em Gynoloock.

— Spaak, vamos parar, por favor! Eu não aguento mais – Nathie protestou para o líder da comitiva.

— E já estamos no meio da noite. Estamos começando a ficar com sono – um mago jovem da outra ordem uniu-se as reclamações.

O mestre ponderou as objeções dos magos, mas preferiu ignorar, pois estavam ficando sem tempo. Foi quando Aghata demonstrou sua opinião:

— Não adianta nada chegarmos lá esta noite se não pudermos lutar, Spaak. Olhe para os magos, eles não têm tanta energia quanto um mestre. Até mesmo, dois mestres de Barak demonstram sinais de exaustão.

— Devemos parar e dormir por pelo menos seis horas. Antes mesmo de amanhecer partiremos renovados e alcançaremos a fortaleza dos anões – expressou-se Jonathan.

— Está bem! Está bem! Vocês venceram, vamos parar por aqui. Já deve ser umas dez horas, montamos acampamento e, às onze, dormimos – ordenou Spaak. – Assim que o sol nascer partiremos.

Exaustos, alguns magos queriam dormir ao relento e sem nem mesmo se alimentar. No entanto, foram repreendidos por seus respectivos mestres e acabaram por trabalhar um pouco antes de se recolher. Alguns até tiveram disposição para aquecer um pouco de água e se banharem com o auxilio de uma banheira que um dos mestres trazia através de um encantamento de redução.

Sarah estava praticamente adormecida quando um farfalhar de tecido a sobressaltou. No entanto, ela não abriu os olhos, pois imaginava que deveria ser Aghata, Nathie ou Anita, pois uma das três dividiria a barraca com ela. Sentiu o vento em seu rosto quando a pessoa se deitou ao seu lado e sentiu-se incomodada em pensar que a pessoa devia ter se deitado perto demais.

Seu susto veio apenas quando sentiu os lábios de outra pessoa tocarem levemente os seus. Abriu os olhos imediatamente e deparou-se com o rosto do namorado colado ao seu.

— Kayan! – gritou ao se sentar em um sobressalto. – O que está fazendo aqui? Deveria ser uma barraca apenas para garotas!

— É. Não me deixam dormir aqui com você, acho que a Aghata vai me expulsar daqui a uns quinze minutos; foi o tempo que nos deixou ficar juntos antes de dormir.

— Eu estou tão cansada... – disse ao se deitar novamente.

— Se quiser que eu vá embora e te deixe dormir, eu vou.

O mago respondeu e fez menção em sair. Porém, sentiu a mão da namorada tocar e segurar a sua própria.

— Não foi o que eu quis dizer! Fica aqui um pouquinho, nós nem temos tido tempo de namorar.

— Teremos assim que essa guerra terminar – respondeu.

Ele beijou-a de maneira lenta e carinhosa enquanto embrenhava-se em meio ao cobertor que a envolvia. O casal enamorado abraçou-se e assim permaneceriam até que adormecessem. Antes, porém, a garota tinha um assunto importante a tratar com o namorado.

— Na batalha de amanhã... – ela começou – eu acho que o general Turenhead vai estar lá.

— Provavelmente – respondeu enquanto tocava sua testa à dela.

— Hum... você não está pensando em tentar uma revanche contra ele, está? – perguntou em meio a preocupações.

— Não. Acho que o resultado seria exatamente o mesmo. Além do mais, você vai precisar da minha proteção. Amanhã não sairei do seu lado.

— Que bom ouvir isso. Agora acho que já posso dormir em paz.

Um segundo beijo e, antes que ele pudesse imaginar, Sarah havia adormecida enquanto era envolvida por seus braços. Ele pretendia ficar ali só mais alguns minutos, mas, embora não quisesse admitir, seus cansaço físico era quase tão grande quanto o dela e acabou adormecendo logo após a namorada.

Minutos mais tarde Aghata entrou na barraca e deparou-se com a cena. Iria acordar o rapaz para dormir em seu lugar. No entanto, mudou de ideia no último instante. Acho que terei de dormir com o Spaak, então, pensou a mestra, em meio a um sorriso malicioso, antes de deixar a tenda.

* * *

Um novo dia de combate teve início nos campos montanhosos que cercavam Gynoloock. Era o quinto dia de cerco e, de mesma maneira que os demais, o general Turenhead apenas observava e comandava, sem achar que seu poder fosse necessário para aquela vitória.

Apesar de terem dormido poucas horas, os taurinos sentiam-se dispostos para o combate e arremessavam suas lanças com força e precisão. Muitas delas se extraviavam nas paredes rochosas da cidadela anã. Outras, porém, atingiam seu alvo, derrubando-o para sempre.

Os anões, por outro lado, sentiam-se exaustos antes mesmo do início da contenda. Não haviam dormido bem na noite anterior e começar uma batalha logo após o desjejum não era algo animador. Apesar disso, lutavam como se suas vidas dependessem disso – e realmente dependiam. As flechas e feitiços de terra permeavam o campo fora daquelas imponentes paredes.

O general dos taurinos percebeu quando um de seus reis apareceu correndo em sua direção. Ele vestia-se com uma armadura completa que encobria até mesmo a cabeça. Ela aparentava ser pesada, porém não o atrasava de maneira alguma. O manto vermelho em suas costas indicava a nobreza de seu título ao governar uma tribo e a longa barba e cabelos castanhos escuros demonstravam o mais de um século de vida.

Apesar de apressado ele demonstrava certa elegância em seus passos e não se mostrou cansado ao alcançar o general.

— O que houve, Gorgorus? – disse o outro taurino no próprio idioma.

— General Turenhead – fez uma reverência. – Trago notícias não muito boas. O flanco esquerdo de nossas tropas esta sendo dizimado. Aparentemente os magos derrubaram Naubusec e voltaram em reforço a Gynoloock.

— Entendo, velho rei. Venha comigo e traga seus melhores shamans, parece que a batalha acaba de se tornar interessante.

Acompanhados de valorosos guerreiros e shamans de sua raça, os dois nobres correram em passos acelerados pelas montanhas e planaltos até avistarem a batalha que ocorria ali.

Um enorme exercito, contendo até mesmo alguns shamans era tudo o que restava entre os magos recém chegados e o portão norte da cidadela anã. Eles chegaram a tempo de ver um dos reis antigos e veneráveis tombar perante dois mestres de Kaz Barak. Ao ver a cena, Gorgorus urrou em ira e fez menção em atacar imediatamente. Turenhead, no entanto, impediu-o e ordenou que aguardasse ali enquanto ele e outras tropas davam a volta na intenção de cercar os inimigos.

A batalha seria de vida ou morte para ambos os lados.

* * *

Karion e seus dois irmãos, Arion e Anion não encontravam dificuldades em combater seus inimigos. Juntos já haviam derrubado quase dez dos guerreiros e, até mesmo, um dos shamans. Ao contrário da última vez que combateram taurinos, eles tinham apoio e não precisavam se preocupar com a retaguarda.

Karion utilizou um jinn em um dos guerreiros que se aproximava. As diversas lâminas de vento cortavam a armadura e a pele exposta do taurino, que, mesmo assim, avançava em meio ao frenesi do combate. Os gêmeos, então, resolveram agir e conjuraram em conjunto uma única e muito poderosa rajada elétrica. Neste momento o taurino brandiu sua maça e tentou atingir o feitiço com um golpe muito forte.

O ato mostrou-se mais prejudicial que benéfico quando a eletricidade foi conduzida através do couro que envolvia a empunhadura da arma e atingiu o seu portador. Este foi arremessado para trás com severas queimaduras. Se ainda possuía alguma vida eles nunca chegariam a descobrir, pois logo a atenção dos três foi voltada para um grupo muito grande de reforços do inimigo que seguia do norte.

— Vamos combater na retaguarda. Deixem que os magos de Kaz Barak avancem! – Karion tomou a decisão por si próprio, já que Spaak e sua equipe estavam um pouco afastados para dizer qualquer outra coisa.

Um dos taurinos, o maior e trajando uma armadura composta praticamente apenas de cotas de malha, excetuando-se o peitoral e as grevas de aço, além dos braços, que estavam nus, foi o que se destacou entre os que avançavam pela retaguarda. Ele tinha os chifres maiores que os demais, e uma enorme cicatriz no local onde deveria existir um olho esquerdo. Sua capa na cor azul esvoaçava-se com o vento gelado enquanto suas mãos se envolviam em duas esferas flamejantes.

Foi justamente contra este oponente que Karion lançou-se primeiro. O mestre utilizou para tal agressão um feitiço tangrea. O raio de poder considerável, porém, foi barrado quando o adversário apagou as chamas de uma das mãos e estendeu-a em sua frente, formando uma barreira de energia para amparar o ataque.

— Mas como...

Seu protesto foi interrompido quando ouviu a voz grave do taurino pronunciar um feitiço em contra ataque:

— Raz Rashon.

As chamas se alastraram até o local onde ele estava. Sem perder tempo, Karion formou um aurus pinn para se proteger. A barreira suportou apenas mediante a um enorme esforço por parte do mestre.

— Hum... sobreviveu. Pela capa que está vestindo deve ser um mestre. Trema perante o poder de Turenhead! Jaz Rashon! – provocou o general.

Assim que ouviu o nome de seu oponente, Karion sabia exatamente contra quem estava lidando. Era o mais poderoso entre os taurinos, aquele que havia deixado Kayan entre a vida e a morte.

Um dilema atravessou a mente do mestre. Por um lado ele queria enfrentar o adversário e, desta maneira, provar-se superior ao seu rival. Por outro, ele queria sobreviver a qualquer custo. Foi o segundo pensamento e seu instinto de preservação que o obrigou saltar para o lado no exato momento em que a explosão de fogo varreu tudo em seu caminho.

Apesar de elevar sua aura ao máximo, Karion não conseguiu evitar queimaduras graves pelos braços e pernas. Assim que atingiu e rolou pelo solo, fez um enorme esforço para se por em pé.

— Resistente. Iria adorar brincar um pouco com você e ver até onde é capaz de chegar. Mas acho que não há tempo para isso. Jaz...

Seus dois irmãos agiram no exato momento em que o general Turenhead iria assassiná-lo com um poderoso feitiço. Pego de surpresa, o taurino não teve a chance de se defender e optou, ao invés de se esquivar, receber o feitiço diretamente.

Um enorme impacto fez com que o solo tremesse e diversos arcos voltaicos se propagassem pelo ar. Os gêmeos Wigg haviam utilizado uma enorme quantidade de energia naquele feitiço e imaginavam ter eliminado o inimigo. Seu irmão mais velho, porém, sabia que aquele combate estava apenas no início.

Turenhead ressurgiu assim que a poeira baixou. Sua aura tinha lhe protegido de praticamente todo impacto. Apenas algumas pequenas queimaduras haviam se propagado, mas estas se regeneraram com grande velocidade. Ele encarou os dois irmãos e apontou ambas as palmas das mãos para eles.

— Raz Rashon!

Dois turbilhões de chamas se lançaram contra os dois irmãos. Eles apressaram-se em formar uma barreira contra o ataque inimigo. O poder da investida, porém, era maior do que imaginavam e ela não suportou por muito tempo. As chamas passaram por eles assim que a defesa caiu. Eles tiveram que queimar toda a aura que possuíam apenas para não morrer imediatamente. Caso o feitiço não fosse cessado naquele exato momento, suas vidas seriam ceifadas.

Na intenção de salvar os irmãos mais jovens, Karion reuniu a maior quantidade de aura que conseguiu para criar um turbilhão de vento para sugar as chamas do feitiço adversário e, se possível, o próprio ao mesmo tempo.

O fogo foi sugado pelo feitiço criado pelo mestre, mas Turenhead fixou-se ao solo com seus pés em formato de casco de um touro e foi arrastado menos que um metro. Os gêmeos caíram ao chão com severas queimaduras pelo corpo e, possivelmente, desacordados.

Assim que o rapaz não conseguiu mais manter seu ataque, o general avançou contra o mesmo, que acabou vacilando devido ao último esforço e não conseguiu esquivar-se com perfeição. O punho do taurino atingiu o seu ombro esquerdo quando ele tentou sua manobra para a direita. O mestre foi lançado ao chão, ficando totalmente vulnerável.

Arion lançou-se contra o oponente antes que ele pudesse acabar com a vida do irmão mais velho. Ele não havia perdido a consciência e conseguiu recuperar-se a tempo de lançar um feitiço tangrea.

— Jaz Rashon!

Antes que o feitiço lhe atingisse, Turenhead elevou seu braço na direção de seu agressor e disparou suas chamas contra ele. Assim que a bola de fogo atingiu o peito do rapaz, ela explodiu lançando-o para trás. Arion pôde sentir cada uma de suas costelas se rompendo, assim como os ombros se deslocando de seu corpo. Ele já não percebia que sua pele ardia em chamas, pois sua vida se esvaia de seu corpo e ele tinha a certeza de que estava prestes a desaparecer daquele mundo.

Assim que viu o irmão sendo morto de forma tão brutal, Karion levantou-se em meio a um grito aterrorizante de puro ódio e pesar. Pequenas correntes elétricas começaram a saltar por todo o seu corpo enquanto ele preparava-se para entregar sua vida naquele combate.

* * *

O trabalho em conjunto da equipe liderada por Spaak Firyn era impressionante. Eles conseguiam derrubar a maioria dos inimigos com certa facilidade e até mesmo um shaman já havia caído perante eles. No entanto, isso atraia atenções indesejáveis.

O casal da equipe havia acabado de derrotar seu oponente quando Kayan sentiu uma forte aura se aproximando. Instintivamente, segurou a mão de sua namorada e a puxou para si, colocando-a atrás de seu próprio corpo. No instante seguinte, onde ela estivera, um turbilhão de chamas passou, cortando o solo e a rala vegetação.

— Um shaman?! – perguntou Sarah enquanto recuperava-se do susto.

Um taurino apareceu assim que a fumaça começou a baixar. Sua armadura parecia brilhar em um tom carmesim e a barba e cabelos longos cabelos se agitavam ao vento, assim como sua capa de tecido grosso e rústico.

— Ele é um rei, o manto vermelho indica isto. Devemos tomar muito cuidado – respondeu Spaak enquanto aproximava-se do restante da equipe.

— Jaz Rashon! – gritou o taurino enquanto levantava ambos os braços de forma agressiva.

Fogo começou a brotar do chão em enormes explosões, que levantavam poeira e cavavam grandes crateras onde atingiam. Elas se propagaram em direção aos magos, que saltaram para o lado na intenção de se esquivar da investida inimiga.

Spaak seguiu pela esquerda, enquanto casal manteve-se junto a direita. As chamas os perseguiam de forma ameaçadora e eles não conseguiam contra-atacar.

O mestre gritou enquanto fazia uma curva fechada após evitar um rastro de chamas. Uma rajada de fogo seguiu em linha reta em direção ao rei e, caso ele não tivesse formado uma barreira no último instante, sofreria grandes danos devido as explosões.

Apesar da defesa ter sido satisfatória, ele foi arrastado para trás e obrigado a cessar seus ataques. Esta era a abertura da qual o casal precisava para contra-atacar e, enquanto Sarah desferia uma rajada de gelo com seu ryado, Kayan correu de encontro ao adversário.

O gelo não foi difícil de se evitar, bastou que ele soltasse uma pequena lufada de fogo. Porém, a intenção da garota não era ferir o inimigo e, sim, ganhar algum tempo distraindo-o. O mago negro ganhou terreno e encostou-se em seu alvo. Adoraria utilizar seu elemento naquela hora, mas limitou-se a outro movimento. As palmas das mãos do rapaz quase tocaram o abdômen largo do taurino. Então, com uma enorme energia emanada delas, um grande impacto acometeu a armadura a sua frente. O metal foi amassado e chegou a rachar em alguns pontos. O rei cambaleou, mas não caiu e, em um ato reflexo, contra-atacou.

— Raz Rashon!

O fogo de temperatura altíssima iria atingir o mago. Ele preparava-se para se defender quando percebeu que não seria necessário, pois sua namorada já havia lhe prestado auxilio erguendo uma parede de pedras com um clayn.

O taurino esmurrou a defesa que se interpunha entre ele e seu alvo. Novamente Kayan não teve tempo de atacar, pois Spaak havia interferido de maneira muito hábil. Centenas de rajadas flamejantes haviam sido lançados, ainda à distância, contra o imponente ser, que se viu obrigado a recuar para evitar o dano massivo.

— Jaz Rashon!

Com ambas as mãos de quatro dedos estendidas em direção aos seus dois oponentes mais próximos, Gorgorus lançou duas intensas rajadas explosivas. Elas se proliferaram de maneira rápida enquanto destruíam o que surgia a sua frente. Os próximos seriam os magos, mas eles defenderam-se de maneira brilhante com suas barreiras.

Apesar disso, enquanto eram obrigados a suportar as poderosas explosões flamejantes, estavam incapacitados de efetuar qualquer tipo de ofensiva. Kayan era o que mais tinha dificuldade e, se não tomasse qualquer atitude de maneira rápida, seria logo consumido pelo fogo. No entanto, ele sabia que apenas precisava manter-se firme por mais alguns segundos.

O motivo dessa confiança estava a poucos metros atrás dele. Oculta pela poeira e fumaça feitas pelo próprio inimigo, Sarah estava livre para utilizar um ryado por um tempo prolongado. Ela executou o feitiço enquanto tocava o solo e o gelo percorreu a extensão do mesmo pelo lado oposto ao fogo do taurino. Segundos mais tarde a fina camada de gelo atingiu as pernas da criatura, que percebeu tarde demais a investida da garota.

As pernas de Gorgorus começaram a congelar de maneira rápida. Ele ficou nervoso com a situação, mas logo se acalmou. Bastava utilizar um Raz Rashon e derreter o gelo ali presente. No entanto, para tal, foi necessário que ele desfizesse seu ataque, o que gerou uma oportunidade única para que Spaak o atacasse.

Em uma fração de segundos as correntes flamejantes se surgiram dos antebraços do mestre e ele lançou a do braço esquerdo contra o taurino a sua frente, que foi perfurado no ombro antes que pudesse realizar o feitiço para se soltar.

Ele urrou com a dor, mas não desistiu da batalha. Ignorando as queimaduras infligidas em suas mãos, ele tentou puxar Spaak na intenção de perfura-lo com seus chifres. O mestre, no entanto, não hesitou e lançou a outra corrente em direção a sua testa.

Gorgorus, porém, ainda não havia desistido e criou uma barreira na tentativa de se defender. O feitiço do mestre se chocou contra ela e ele pôde sentir a resistência imposta, mas manteve sua ofensiva.

Kayan, vendo a situação, preparou-se para atacar antes que outros inimigos aparecessem para atrapalha-los; o isolamento proporcionado por outros magos não duraria para sempre. No entanto, foi impedido por Spaak:

— Esperem, não façam nada!

Ele atendeu ao pedido do amigo e líder da equipe e apenas observou. Foi então que, devido a um esforço maior, o mestre rompeu a barreira e sua corrente flamejante perfurou o crânio do adversário, cessando, assim, suas investidas e tentativas de se libertar.

Apesar da vitória, a equipe não teve tempo para comemorar, pois avistaram Karion sendo pressionado por Turenhead. A distância não era tão pequena, mas eles puderam ver que seus dois irmãos estavam caídos e ele enfrentava o general frente a frente.

Cada um dos dois utilizava seu elemento para o embate. O taurino estava pressionando o jovem com suas infindáveis chamas, enquanto este utilizava todas as suas forças restantes em um tangrea.

O confronto foi intenso, porém, em um esforço maior do general, o rapaz acabou sucumbindo e arremessado para trás, inconsciente. Foi neste momento em que Spaak se interpôs entre os dois para salvar-lhe a vida.

— Vejam só se não é o mestre que utiliza chamas? E aqui atrás temos esse garoto da magia negra. Acho que vai ser um confronto interessante.

Um sorriso curvou os lábios espessos do taurino. Em contraste a isso, os três magos humanos mostravam-se apreensivos devido ao confronto que teriam que travar.


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Notas finais do capítulo

Fala aí pessoal o/

Digam-me o que acharam do confronto entre os irmãos Wigg e o general Turenhead. E gostaram de ver a equipe de Spaak enfrentando um dos reis dos taurinos?

Mas o pior ainda está por vir. Será que eles conseguem derrotar o general? O próximo será o penúltimo deste longo arco e aposto que muitos irão se surpreender com ele.



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