A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 52
Batalha de Naubusec - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a batalha na fortaleza orquica tem seu início. Será ela a responsável por mais casualidades entre os magos de Drugstrein?



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Capítulo 051

Batalha de Naubusec (Parte 1)

O ar tremia enquanto as esferas de fogo avançavam em sua queda vertiginosa contra os anões e magos. Havia pelo menos três delas para cada um dos cinco grupos. Os magos de cada batalhão agiram de maneira instintiva e rápida, formando barreiras em conjunto para suportar a pressão do ataque iminente.

Foi um impacto terrível contra os escudos de energia. O solo tremeu e até quem não estava abaixo das chamas intensas pôde sentir os danos causados por elas. Duas das barreiras cederam e dezenas de anões foram subjugados pelo terrível poder de destruição dos taurinos shaman.

A maior parte dos ofensores, porém, saiu intacta da primeira manobra da defesa. Passado o contra-ataque inicial, todos voltaram a correr em sua investida contra a muralha. Escudos e barreiras se ergueram enquanto os goblins disparavam flechas com seus arcos.

Diversos anões tiveram seus escudos e armaduras perfurados pelos projéteis e caíram ao chão, inertes. Várias manchas carmesim começaram a tingir o solo gelado e infértil da região.

Mesmo com todas as baixas as tropas aliadas não fraquejaram ou sequer diminuíram sua marcha. Os magos humanos rechaçaram seus agressores com feitiços variados, entre eles tangrea e crisis.

Assim que os invasores chegaram a uma distância viável, os artesões dos anões começaram a unir esforços numa tentativa de quebrar as muralhas de pedra com seus feitiços da esfera terra. Em contrapartida da investida, os gnolls iniciaram seu próprio trabalho com magia, bloqueando a passagem dos feitiços adversários com barreiras em conjunto.

As primeiras três horas de conflito se passaram desta maneira. Os anões tentavam romper as muralhas externas da fortaleza, porém, quando raro conseguiam, os gnolls as concertavam com seus feitiços de terra. O trabalho dos bárbaros era tosco e mal feito, mas repelia a invasão da infantaria.

Mesmo quando as criaturas que lembravam hienas apareciam sobre as muralhas batendo seus cajados no chão e invocando o feitiço era impossível rechaçá-los, pois muitos outros mantinham as defasas altas.

Os numerosos goblins inundavam as torres e muros exteriores, disparando suas flechas. Nesse combate a distância, muitos deles caíam, assim como derrubavam diversos anões. Os taurinos shaman disparavam seus meteoros a cada, aproximadamente, quinze minutos durante as duas primeiras horas. Após isso, deduziu-se que pararam para poupar energias no caso dos aliados adentrarem Naubasec.

— Até quando nós vamos com isso, Aghata? Não estamos conseguindo derrubar as defesas deles! – Anita gritou para a mestra em meio à confusão da batalha.

— Até que Jonathan decida que é impossível romper as defesas deles – respondeu.

— Não se preocupem, agora não falta muito para o combate corpo a corpo ter início! – Jonatahn gritou para que todos os aliados próximos pudessem ouvir.

Como que atendendo as objeções da garota, a muralha começou a ceder. Já que diversos locais haviam sido danificados, a força das estruturas enfraqueceu-se gradativamente. Em certo momento, uma rachadura se abriu e, antes que esta fosse concertada, uma outra parte do muro foi destruído por um grupo de artesões determinado.

A partir daquele momento, as defesas externas começaram a ruir. Diversos pontos começaram a ser arrasados enquanto goblins e até gnolls eram lançados ao chão e soterrados pelo entulho de rocha.

Os aliados avançaram mais uma vez. Invadiram Naubusec e uma sangrenta batalha teve início dentro do campo aberto que separava a arrasada muralha exterior da intacta interior. Nesta nova etapa do combate, os inimigos eram formados pelos goblins que largaram seus arcos e pegaram em lanças, machados e espadas. Os trolls, orcs e gigantes investiam com sua vigorosa força contra os invasores, enquanto os gnolls mantinham-se na retaguarda, protegendo-os com suas barreiras e feitiços.

— Atenção! Quero todo mago humano combatendo os gnolls! – Jonathan reforçou o plano de combate traçado na noite anterior.

As quatro equipes presentes tomaram suas posições. A liderada por Aghata foi a primeira a tomar a iniciativa do ataque. Enquanto centenas de anões se engajavam em combate ao redor das três garotas, elas investiam contra um grupo de mais de vinte gnolls que se uniam lançando feitiços de fogo contra os pequenos.

Nathie se concentrou enquanto mantinha ambos os braços paralelos ao corpo e as palmas das mãos abertas. A sua frente, um imponente golem de pedra em tonalidades de marrom se levantou. A seguir, ela fez com que ele investisse contra as criaturas cobertas de pelo.

Uma barreira impediu o avanço do monólito. Após isso, os gnolls bateram seus cajados contra o solo e uma explosão de fogo atingiu as rochas que formavam o corpo do guardião. Ele foi lançado para trás muito danificado.

Enquanto Nathie concentrava-se em restaurá-lo, Anita lançou um poderoso ryado na tentativa de romper a barreira dos gnolls. Novamente esta foi uma tentativa inútil.

A última a investir contra o grupo de inimigos foi Aghata. A mestra lançou contra eles uma rajada elétrica. O raio chocou-se contra a barreira e forçou a passagem sob o comando de sua conjuradora. O esforço ainda não foi o suficiente, mas, assim que o golem de Nathie juntou-se ao ataque, a barreira cedeu.

Foi a vez de Anita atacar os gnolls. Ela conjurou uma tempestade de gelo diretamente contra o grupo todo. Eles fugiram do epicentro do ataque, assustados, mas os mais próximos foram congelados imediatamente enquanto os outros conseguiram escapar.

Eles rechaçaram a loira com feitiços de fogo. Ela, porém, levantou uma barreira poderosa e repeliu todos os ataques. Nesse meio tempo, o golem de Nathie e os feitiços elétricos de Aghata exterminaram os últimos indivíduos do grupo adversário.

— Pronto, um grupo de magos a menos entre os inimigos – comentou Nathie em tom vitorioso.

— Mas ainda está longe de acabar, vamos para o próximo! – Aghata alertou as duas garotas.

— Nem precisava falar. Já tem um ali!

Anita gritou enquanto lançava um poderoso feitiço para rachar o solo numa tentativa de fazer com que o grupo de gnolls cedesse. Em seguida, as outras duas juntaram-se a ela no ataque.

Os magos de Kaz Barak faziam a mesma coisa que os de Drugstrein: perseguiam os magos inimigos para que eles não causassem problemas. Do lado adversário, quem executaria essa empreitada era Kiliker Broch, o comandante dos orcs.

A equipe que seria alvo desta vez era formada pelo mestre Gabrien, um homem na casa de seus trinta anos. Ele era muito alto e possuía a musculatura desenvolvida. Seus cabelos eram loiros e espessos e usava uma barba curta bem rente ao rosto.

Seus dois subordinados eram os magos Arthur e Adrielli. O rapaz era o mais jovem com seus dezesseis anos. Ele tinha os cabelos muito escuros e curtos. Suas sobrancelhas eram grossas e os olhos muito expressivos. A moça mantinha toda a beleza de seus vinte e um anos. Ela era baixa e possuía curvas insinuantes em seu corpo. Os cabelos ruivos eram mantidos presos por uma fita, na qual um laço foi feito para enfeitá-lo.

A equipe havia terminado de derrubar o último dos gnolls que enfrentava quando viu o orc de tamanho descomunal se aproximando. Seu alvo seria Arthur.

— Arthur, cuidado! – gritou Gabrien na tentativa de alertar seu discípulo.

Com o alerta do mestre, o rapaz se virou para encarar o que lhe ameaçava. Assustou-se com a ferocidade e tamanho da criatura que investia contra ele. Criou uma barreira de terra e pedras na tentativa de bloquear o caminho de Kiliker. O orc, porém, esmurrou a barreira, fazendo com que pedaços de rocha fossem arremessados pelo ar. Arthur ficou atônito quando viu que seu possível algoz continuava seu caminho de destruição.

Gabrien utilizou um poderoso feitiço cisis katris na intenção de derrubar o inimigo antes que este alcançasse o rapaz. Muita fumaça e poeira se elevaram no ar quando as chamas explodiram em frente ao orc. Alguns goblins que corriam em direção aos anões também acabaram recebendo o dano do ataque.

No entanto, Kiliker saiu de meio a nuvem de fumaça ileso e continuou avançando contra o garoto praticamente indefeso.

Adrielli entrou na frente de Arthur e parou o punho do adversário em seu escudo de energia no exato momento em que este desferiu o golpe. A pressão era tremenda e mesmo com toda a sua força era difícil segurar aquele orc de tamanho gigantesco. A criatura de pele esverdeada sorria em desafio à garota, que mantinha uma expressão muito séria, quase de sofrimento.

— Não fique aí parado! Sai daqui rápido! – gritou para o rapaz.

Arthur saltou para o lado e, logo após, Adrielli se jogou para o outro, rolando no chão e ficando em pé novamente. O alvo permanecia sendo o mais jovem dos três e Kiliker investiu contra ele novamente.

Gabrien interveio novamente. Uma lâmina de fogo avançou veloz contra o poderoso inimigo, que simplesmente desferiu contra ela um tapa com as costas da mão direita. O feitiço se desfez, deixando os três magos impressionados.

Pela primeira vez Arthur teve tempo para atacar ao invés de apenas se esquivar e conjurou um golem de pedra gigantesco que avançou contra o orc e desferiu-lhe um golpe que poderia ser devastador. Kiliker sorriu e parou a mão que lhe agredia com a sua própria com extrema facilidade. Em seguida, golpeou o seu agressor, desfazendo-o em pedaços.

Dezenas de rajadas de fogo avançaram quando o mestre Gabrien conjurou um feitiço crisis. Pela primeira vez, Kiliker sentiu-se acuado e saltou para trás diversas vezes, na intenção de escapar da agressão. As poucas labaredas que ele não conseguiu evitar, destruiu com seus punhos.

Foi a vez de Adrielli atacar. Ela disparou um feitiço tangrea enquanto caminhava em direção ao inimigo. O orc, por sua vez, “segurou” o raio elétrico com a mão esquerda e, logo em seguida, avançou golpeando com a direita.

Arthur interferiu na intenção de salvar a companheira de equipe. Utilizou, para tal, um aurus pinn. O escudo de energia, porém, não teve a força necessária e acabou cedendo. O rapaz recebeu o golpe diretamente no tórax. Suas costelas se quebraram no exato momento do impacto, o que provocou um estalo seco e aflito. Ele foi lançado contra a garota, que o segurou enquanto seus pés eram arrastados pelo chão. Adrielli percebeu que o amigo estava inconsciente e um filete de sangue escorria pelo canto de sua boca.

Reunindo a maior energia que conseguiu, Gabrien disparou um poderoso feitiço crisis katris contra o inimigo, que saltou para trás e se protegeu com os braços. O mestre já havia percebido que aquele não era um adversário comum. Sendo assim, tinha a absoluta certeza de que o combate continuaria.

— Leve o Arthur e cuide dele. Eu assumo a partir daqui – o mestre pediu enquanto passava ao lado do casal.

— Mas... Gabrien, ele é poderoso – protestou a garota.

— Por isso quero que fiquem fora dessa luta.

Relutante, a moça atendeu ao pedido do mestre e carregou Arthur – com muito cuidado para não machucá-lo ainda mais – para longe do local e começou a aplicar um ressin em seu amigo e companheiro de equipe. Certamente tal ato levaria vários minutos para uma maga que não tinha magia branca como sua esfera primordial, mas os anões cuidariam de sua defesa enquanto ela estivesse ocupada.

Uma pequena gota de suor escorria da testa para o queixo do mestre Gabrien. Não era o calor da batalha que provocava tal coisa e sim a tensão que percorria todo o seu corpo. Ele sabia muito bem que, com aquele inimigo, qualquer erro poderia significar o mesmo que a morte.

Kiliker se recuperou novamente do último golpe recebido. Daquela vez ele havia recebido algum dano e queimaduras podiam ser vistas em seus braços, além de partes de sua armadura que estava levemente escurecida por causa do calor.

Apesar disso, o imponente orc não hesitou em avançar contra a pessoa que o havia ferido, muito pelo contrário, investiu com muito mais fúria e intenção assassina. O mestre obteve êxito em se esquivar do primeiro e segundo golpe e resolveu se afastar antes de ter que enfrentar uma terceira tentativa. No entanto, tudo o que teve tempo de fazer foi lançar um fraco crisis contra seu oponente, que o defendeu com a mão direita.

Estupefato pelo fato do oponente conseguir defender qualquer feitiço com tamanha facilidade, tudo o que o mestre conseguiu fazer para se defender de mais um ataque foi um escudo de energia. A proteção vergou e quase cedeu, porém, ele teve tempo de saltar para trás antes de ser atingido.

Gabrien reuniu o máximo de energia que conseguiu e lançou mais uma ofensiva. Kiliker, por sua vez, já havia conquistado um grande espaço em direção ao seu adversário e estava a menos que três metros do mesmo. Golpeou a potente labareda de fogo com toda a força que possuía. Uma espécie de brilho intenso se formou e as chamas se vergaram pouco antes de explodirem, causando um impacto violento.

O orc sofreu um coice com o poder da explosão e só não caiu porque travou ambos os pés no chão com violência. A marca de seus dedos ficou impressa no solo.

Gabrien, que era mais leve, não teve tanta sorte. Mesmo usando sua aura como proteção, ele foi jogado para trás com grande força e não conseguiu evitar sofrer as queimaduras relativamente altas. Caiu sobre um grupo de três anões que corriam em direção a um novo grupo de inimigos e por pouco não se feriu em um dos machados.

Quando se levantou – com a ajuda dos pequenos – ainda estava atordoado. Seu sobretudo estava rasgado e chamuscado. Uma das mangas havia se desprendido e a parte de trás da veste pendia apenas do lado esquerdo, se arrastando ao chão. A túnica e calça também tinham danos consideráveis.

Kiliker Broch caminhava em sua direção calmamente. Sua armadura estava ainda mais chamuscada e um pequeno corte horizontal jazia do lado esquerdo de seu rosto. Seu par de luvas – aparentemente de aço – ainda soltava uma espécie de fumaça, parecia que fumegava.

Vendo aquela nova ameaça, os anões avançaram contra o orc, ignorando os pedido do mago humano para que não o fizessem. O primeiro e mais alto deles investiu com um salto enquanto erguia seu machado de duas mãos o máximo que podia. Sua velocidade não foi suficiente e, antes que desferisse o golpe, recebeu um contra-ataque por parte do punho adversário. Sangue jorrou de suas orelhas, nariz e boca enquanto todos os ossos de seu troco eram esmagados – assim como a armadura – devido à terrível pressão do golpe.

Seus dois companheiros urraram de raiva e frustração ao ver o companheiro morto. Avançaram em conjunto contra o adversário, brandindo suas armas. Ambos os machados foram amparados pelas resistentes luvas do orc, que contra-atacou em seguida. O anão de barba e cabelos ruivos defendeu-se com seu machado, mas sua arma trincou assim que entrou em contato com o punho adversário, que não se feriu graças às luvas.

Kiliker, então, utilizou a outra mão para segurar o ombro do pequeno ser. Em seguida, ergueu-o acima de sua cabeça e, segurando seu tronco com a mão direita, quebrou seu corpo ao meio, deixando-o cair ao chão, estraçalhado.

O último do trio investiu contra o poderoso inimigo, que quase foi atingido. Kiliker esquivou-se no último instante e, logo após, chutou o anão, derrubando-o. Usou seu pé de tamanho descomunal para esmagar a cabeça de seu oponente.

— Maldito!

Gabrien gritou com toda a força de seu pulmão. Apesar de atordoado, impressionado com a facilidade com que o ser monstruoso esmagou facilmente seus três oponentes e quase exaurido, o mestre ainda avançou mais uma vez, na tentativa de um novo ataque:

Ele se esforçou ao máximo para conseguir formar a maior lâmina de fogo que podia. Utilizou ambos os braços para desferir o feitiço e a lâmina flamejante se formou, contendo quase quatro metros de envergadura e dois de largura. Kiliker, no entanto, esquivou-se de mais esta investida, sofrendo apenas uma pequena queimadura na lateral de seu corpo.

O orc praguejou enquanto corria contra o humano. Seu punho, no entanto, atingiu apenas o solo quando, agilmente, seu alvo se esquivou com grande velocidade. Gabrien saltou para o lado, na intenção de tomar distância e quase foi atingido pelo segundo ataque. Com medo de sofrer o mesmo tipo de retaliação se utilizasse novamente um crisis katris, o mestre atacou utilizando um feitiço tangrea. Um raio elétrico surgiu dos dois braços estendidos do mago de Kaz Barak. Após isso, ele se dirigiu, serpenteando no ar, contra o imponente orc, que simplesmente parou o feitiço com as duas mãos estendidas. O impacto forçou-o para trás, mas ele resistiu e conseguiu superar mais este desafio.

Gabrien não ousaria utilizar um crisis katris tão perto do inimigo, então, ainda em sua esfera, utilizou apenas o crisis. Dezenas de labaredas flamejantes cortaram o ar em direção ao orc. Com isso, o mestre estava crente que o adversário recuaria. No entanto, mesmo sofrendo algumas queimaduras, Kiliker avançou entre meio o ataque desferido por seu inimigo. Em um ato veloz, conseguiu agarrar a cabeça de seu alvo. A enorme mão do ser envolveu completamente a parte do corpo de seu inimigo. Mesmo com sua aura ao máximo, foi impossível para Gabrien evitar que seu crânio fosse esmagado.

O sangue jorrou entre os dedos grossos e enluvados de Kiliker. A seguir, orc simplesmente deixou que o corpo humano desprovido de vida caísse ao chão, a cabeça completamente dilacerada.

— Gabrien!

Ao ver que o mestre caíra no combate, Adrielli gritou em meio ao desespero de perder o companheiro de equipe e amigo. Seus olhos insistiam em se encher de lágrimas, mesmo que ela fizesse todo o esforço para não chorar.

Assim que se certificou de que Arthur estava sendo levado por um dos anões para um local seguro, a moça dirigiu-se contra o inimigo na intenção de se vingar pela morte, mesmo que isto custasse sua própria vida.

Antes, porém, que ela desse mais um passo em direção ao inimigo, um poderoso feitiço elétrico o atingiu. O orc foi arrastado pelo chão e, apenas com um grande esforço, conseguiu repelir o ataque.

— Garota, não sei quem é ele, mas não é adversário para você – disse Aghata ao se por entre os dois. – Tentei chegar a tempo de salvar seu mestre, mas dois trolls me impediram. Saia daqui enquanto é tempo!

Relutante, Adrielli atendeu ao pedido e se uniu às outras magas que lutavam a algumas dezenas de metros dali: Anita e Nathie. O local permaneceria relativamente isolado para o grande combate que se seguiria.

— Mais um mestre? Parece que isso vai ser interessante.

O orc sorriu de maneira arrogante enquanto se preparava para um novo combate. Aghata, porém, não esperou que ele estabelecesse a iniciativa e lançou um tangrea contra ele. Como era esperado, o orc defendeu-se facilmente com a palma de sua mão esquerda.

— Já tinha percebido há algum tempo que havia um orc de força muito maior que os demais de sua raça. Mas nunca esperava que você fosse capaz de derrubar um mestre.

Kiliker limitou-se a curvar os lábios grossos e esverdeados em um sorriso arrogante. Após isso, disparou em uma investida contra a baixinha a sua frente.

Dezenas de lâminas de vento foram lançadas contra o agressor, que não hesitou por sequer um segundo. O orc continuou avançando enquanto protegia a face com os braços. Diversos cortes se formaram em seu corpo musculoso, mas ele parecia ignorar a dor e os leves sangramentos que isto provocava.

O punho avantajado atingiu apenas o ar e, após este, o solo. Três outras vezes ele tentou golpear a moça, mas ela conseguiu se esquivar o mesmo número de vezes. Kiliker urrou algum tipo de blasfêmia em órquico e fez uma nova tentativa. O novo ataque obrigou a mestra a utilizar um aurus pinn em sua própria defesa.

Ela foi lançada para trás, mas o escudo de energia resistiu ao forte impacto. A intenção da mestra, então, foi afastar o inimigo de si mesma. Para tal, utilizou um pulso de energia.

No entanto, o orc contra-atacou com um soco enquanto Aghata lançava o feitiço com a mão direita estendida. Ela pôde ver um tênue brilho vindo da luva direita adversária enquanto ele a repelia com a exata força de seu próprio ataque.

O pequeno corpo foi lançado para o alto e girou no ar pouco antes de atingir o solo, mantendo, assim, o equilíbrio. Ela ficou ereta novamente e encarou o inimigo com curiosidade. Não sabia ao certo como ele fazia aquelas coisas, mas achava surpreendente.

— Gostaria muito de descobrir seu segredo.

— Mesmo que fizesse isso, não iria viver para contar!

Em meio a um urro e a palavras ásperas, Kiliker avançou novamente contra a maga humana. Percebia que cada vez mais o ambiente ao seu redor se preenchia com anões ao invés de orcs ou gigantes. Este era um fato preocupante e ele queria eliminar mais aquela poderosa inimiga antes de recuar para dentro das muralhas internas.

Aghata se preparou para se defender. Suas mãos brilhavam enquanto curtas rajadas de vento as circulavam. Ela tinha em mente um feitiço poderoso, mas foi interrompida pouco antes de lançá-lo. Um troll de tamanho descomunal caiu muito perto de seu corpo e ela foi obrigada a saltar para o lado para não ser atingida pelo corpo da criatura quando está deu um último giro.

A concentração se foi com isso e ela acabou ficando vulnerável. O orc aproveitou muito bem a oportunidade e avançou de maneira rápida e violenta. Os punhos da criatura roçaram na capa negra da mestra quando esta se esquivou para o lado e para cima do troll que acabara de cair.

Após um salto, Kiliker atacou novamente e, desta vez, seu punho abriu um buraco no corpo do companheiro de raça caído. Aghata havia saltado novamente para o chão e se preparava para contra-atacar quando algo completamente novo chamou a atenção dos dois.

Um turbilhão de chamas negras avançou, de maneira imponente, ao lado da mestra e atingiu em cheio as palmas das mãos do meio gigante, que haviam sido abertas justamente para amparar o feitiço mortal.

— Sei que talvez você não precise de ajuda, mas quanto antes derrubarmos ele, melhor.

Gorgar disse de maneira fria e calma enquanto se aproximava da outra humana. Ela não pôde evitar em sorrir para ele em agradecimento ao auxílio prestado.

— Dois contra um? Humanos são mesmo covardes, não são?

Exasperou-se o orc ao ver a aproximação de mais um adversário de aparência extremamente perigosa. O conjunto de vestuário negro e pesado formado por cota de malha na parte de cima do corpo, grevas e manoplas, além da capa de mestre davam um ar imponente ao recém chegado.

— Acho que já chega por enquanto. Nos veremos de novo!

Logo após proferir estas palavras, Kiliker assoviou, emitindo um som alto e muito agudo. Segundos mais tarde, três trolls apareceram para seu auxílio.

— Até mais.

Ele saltou em direção a divisória em ruínas atrás de si e se impulsionou na mesma, executando uma segunda manobra por cima de todos os presentes. A seguir, correu em disparada em direção a muralha interna, onde diversos gnolls já se escondiam.

— Está fugindo! Maldito!

O mago negro protestou, mas sabia que seria impossível segui-lo antes de enfrentar os três novos oponentes que surgiram na frente dos dois.

Um turbilhão de vento surgiu entre o casal e os inimigos, assim que a mestra conjurou o feitiço mais poderoso que ela poderia utilizar na ocasião. Os corpos dos três trolls começaram a ser sugados em direção ao turbilhão que se formou no centro do feitiço. Porém, eles ainda resistiam, mesmo com os ferimentos que recebiam devido à poderosa força de sucção.

As chamas negras se espalharam e atingiram os seres gigantescos com grande força. Os danos foram imediatos e, graças a esses novos ferimentos, acabaram cedendo e tendo os corpos completamente dilacerados pelo feitiço da baixinha de cabelos castanhos.

Uma vez que o inimigo havia escapado, o casal resolveu voltar para junto de suas equipes e, consequentemente, aos magos de sua ordem. Assim que chegaram a seu objetivo, Aghata dirigiu-se a Jonathan.

— Eles estão recuando?

— Sim, diretamente para dentro de sua segunda camada de defesa.

— E o que faremos? Vamos avançar? – perguntou ela, ao perceber que não receberia nenhum outro detalhe a menos que fizesse isso.

— É lógico que vamos! Não podemos recuar agora! – Gorgar disse de forma agressiva.

— Muitos dos nossos estão cansados, será que é seguro continuarmos? – indagou Karion ao se juntar ao restante dos mestres.

— Não temos escolha, já tivemos muitas baixas para abandonarmos o campo de batalha. Esse combate irá virar a noite!

Jonathan respondeu enquanto observava as tropas aliadas se reagrupando e se reorganizando enquanto as forças bárbaras continuavam com a sua retirada. Poucos minutos mais tarde, novos meteoros riscaram de vermelho o céu nublado acima de Naubusec.

A sangrenta batalha continuaria.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, que saudades de escrever para vocês aqui nesse quadradinho...

E a batalha final começou. Será que é final mesmo? Onde estará Turenhead e o que estará ele fazendo? E killiker? Gostaram de ler ele assassinando um mestre de outra ordem? É, não é só Drugstrein que sofre baixas.

E quem vocês acham que vai enfrentar esse orc e por um fim em sua onda de matança?



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