A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 29
Exame para Mestre - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Um novo ano se inicia em Wesmeroth e, com ele, novidades para Kayan e alguns de seus amigos. A época do exame para mestres está chegando!



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Capítulo 028

Exame para Mestre (Parte 1)

O tempo passou e a dor de perder um amigo foi se atenuando aos poucos. Não que eles tivessem se esquecido de Bren, mas a vida seguiu seu caminho e os jovens magos acostumaram-se com a perca.

O ano já havia se encerrado e Wesmeroth estava no meio de mais uma primavera, a estação que marcava o início de um novo ano. Em uma sala de reuniões em Drugstrein estavam reunidos três lideres das mais recentes equipes da ordem: Kayan, Thays e Karion.

– Oi, Thays.

Kayan cumprimentou a amiga ao sentar-se ao seu lado em um longo sofá. Em seguida, dirigiu um olhar nada amistoso para Karion Wigg, que encontrava-se em uma poltrona em um dos cantos da sala.

– Olá, Kayan – respondeu-lhe a garota.

– Como o Fredrick está se saindo na sua equipe? – perguntou o jovem mago.

– Muito bem. Ele é bem habilidoso, principalmente para criar defesas, e obedece minhas ordens sem questionar.

– Um subordinado obediente é o melhor que existe.

– Com certeza.

Eles riram durante um tempo e Thays foi a que voltou a falar quando terminaram.

– Deixa só eles nos ouvirem falando isso.

– Nem me fale, o Mathen iria querer me matar.

De repente, a garota mudou totalmente o rumo do assunto enquanto colocava suas pernas sobre o sofá, ficando, assim, de frente para Kayan.

– Falando nele, parece que ele e a Ellien andam meio brigados.

– Conversamos sobre isso. Três luas de namoro e eles já estão brigando. Ele diz que ela tem muito ciúmes.

– Sério? A Ellien diz que é o Mathen quem morre de ciúmes do Fredrick.

– Com isso eu tenho que concordar. Ele vive dizendo que os dois ficaram muito amigos e passam muito tempo juntos e que ele está ficando desconfiado.

– Ele está exagerando. Eu conheço minha amiga e tenho certeza de que ela nunca iria trair o Mathen.

– Tenta colocar isso na cabeça dele.

O jovem mago ficou em silêncio por um momento e, quando voltou a falar foi de repente.

– Não é só porque são mestres que têm o direito de ficar escutando a conversa dos outros.

– O que? – perguntou Thays, sem entender o que estava acontecendo.

Karion levantou-se de onde estava e, enquanto concentrava sua aura, passou a mão na frente de seu corpo, revelando três mestres logo na entrada da sala.

– Feitiço de ilusão – afirmou Thays. – E eu nem tinha percebido.

– Tinha certeza de que ia conseguir enganar os três – disse Luen Gastler.

– Eu disse que não iríamos conseguir enganar o Kayan – afirmou Spaak.

– Ah, Thays, você não percebeu – comentou Agatha, deixando a maga sobre a qual se referia constrangida.

– Estou curioso para saber sobre o que é esta reunião – expressou-se Kayan, não aguentando mais a ansiedade.

– Até imagino sobre o que se trata, apenas não entendo o que vocês dois fazem aqui.

A arrogância de Karion rendeu-lhe um olhar de desaprovação por parte dos dois magos mais jovens. Apesar disso, Luen apressou-se para explicar-lhes o que estava acontecendo.

– Daqui a quinze dias, exatamente no sexagésimo primeiro dia da primavera, acontecerá o exame anual para mestres e nós estamos indicando vocês três para participar dele.

– Estão falando sério? – indagou Thays.

– Sim – respondeu-lhes Agatha. – Estamos muito satisfeitos com o desempenho de vocês ao liderarem suas equipes que decidimos indica-los mesmo vocês sendo tão jovens e tendo apenas um ano de experiência como magos.

– Mas, alguma vez algum mago se tornou mestre com apenas quinze anos?

– Na verdade não, Kayan – respondeu-lhe Spaak. – O mínimo foi com dezesseis e mesmo seu pai e o Sakuro tornaram-se mestres aos dezessete.

– Isso quer dizer que possivelmente iremos reprovar, não é? – perguntou-lhes Thays.

– Pode ser que sim, pode ser que não – respondeu-lhe Luen. – Mas a experiência valerá a pena, eu garanto-lhes. Vocês não são obrigados a participar, mas gostaríamos muito que vocês aceitassem a indicação.

– Não apenas a aceitarei como irei me tornar um mestre – afirmou Karion.

– Vá com calma, não coloque tanta pressão sobre si mesmo – alertou-o o mestre Luen Gastler.

Os dois magos mais jovens estavam pensativos e entreolhavam-se de vez em quando. Kayan, porém, também estava decidido. Ele não era de recusar desafios e com certeza aceitaria aquele, então buscou por mais informações.

– E como funciona este exame?

– Este ano ele será na cidade de Gyrben e contará com a presença de um granmestre de cada ordem, incluindo a da Ordem de Darthone que apenas foi elevada a categoria de ordem no ano passado. Magos de todas as ordens e guildas farão este exame juntos e ele será dividido em quatro etapas.

Após explicar aquela parte, Spaak deixou que Agatha terminasse de expor os últimos detalhes.

– Sempre existe uma etapa teórica, uma prática e uma envolvendo duelos. A quarta e última é um desafio que muda todo ano e realmente testa todo o potencial do mago que pretende tornar-se um mestre.

– E nossas equipes? O que acontecerá com elas nesse meio tempo?

– Não se preocupe, Thays – acalmou-a Luen. – Nós três assumiremos a liderança da equipe de vocês.

– E então? Farão o exame ou não? – intimou Spaak.

– Faremos! – o trio respondeu quase que ao mesmo tempo.

– Então treinem e estudem muito nestes quinze dias e estejam em Gyrben na data marcada.

* * *

Uma hora mais tarde, Kayan marcou uma reunião com os amigos para contar-lhes a novidade. Ele entrava acompanhado de Spaak na pequena sala que utilizavam para esta finalidade, mas apenas Sarah encontrava-se presente.

– Onde está o Mathen? – questionou.

– Ele disse que você estava demorando e que ele precisava conversar com a Ellien.

– Só espero que não estejam brigando de novo.

– Também espero isso. Eles formam um casal tão bonito juntos – afirmou a garota.

– Falando em casal, até que vocês dois...

O olhar de desaprovação que Kayan lhe dirigiu fez com que Spaak abortasse sua frase. Aparentemente ele havia dito algo inapropriado ou indevido para a ocasião.

– Não aguento mais isso!

Mathen entrou na sala reclamando e jogou-se no sofá de maneira desajeitada e com uma expressão aborrecida.

– O que foi dessa vez? – perguntou-lhe Kayan com um tom monótono na voz.

– Acredita que agora ela está com ciúmes até mesmo da Sarah? Ela disse que eu passo mais tempo com você do que com ela – completou enquanto olhava para a amiga.

– Como pode? Eu sou amiga dela, como ela pode desconfiar de mim?

– E eu sou o namorado dela, ela devia confiar em mim.

– Vou conversar com ela. Nós passamos muito tempo juntos por causa da equipe.

– Kayan, fale logo para eles o motivo desta reunião – interrompeu Spaak, que parecia estar mais ansioso que o próprio Atreius.

– Muito bem, a partir de agora eu estarei me desligando temporariamente da equipe. Spaak estará assumindo meu lugar como novo líder.

– O que!? – indagaram Sarah e Mathen em uníssono.

– Como assim? Por que isso, Kayan? – complementou a garota.

– Porque daqui a quinze dias será o exame para mestre e eu estarei me preparando para ele.

– Legal! Meu irmão mais velho, Allef, também vai prestar este exame. Talvez ele seja o primeiro mestre entre os Muscort desde o meu bisavó.

– Certamente que nos encontraremos em Gyrben. Então, a partir de agora eu treinarei um pouco com o Arthuro todos os dias e praticarei sozinho também.

– E não sobrará nenhum tempo para nós? – questionou Sarah. – Espero que você guarde um tempo para os seus amigos também.

– Pode deixar que nos veremos sempre no meu tempo livre – afirmou o Atreius. – Agora eu vou indo que a Thays deve estar me esperando.

– A Thays? Mas o que ela tem a ver com isso? – perguntou-lhe Sarah.

– Ah! Esqueci de contar. Ela também vai fazer o exame, então iremos aproveitar para treinarmos juntos. Até mais. Spaak, cuide bem da minha equipe e não deixe eles ficarem preguiçosos.

– Pode deixar – respondeu-lhe Spaak com um sorriso no rosto em resposta à brincadeira do Atreius.

Depois que Kayan saiu, Sarah permaneceu olhando para a porta. Ela não havia gostado nem um pouco de saber que Kayan passaria tanto tempo com Thays até o dia do exame.

* * *

O salão estava bem cheio quando Kayan e Thays entraram.

Eles não utilizavam os trajes que costumavam vestir quando estavam em Drugstrein, sendo a vestimenta de ambos bem mais casual.

Kayan vestia-se com calças de algodão, botas e uma túnica acinzentada e com detalhes prateados. Thays estava elegante em um vestido longo e azul que tinha um belo decote, mesmo sem revelar muito dos belos atributos da garota.

– Tem muitos magos aqui, Kayan, e todos mais velhos que nós.

– E todos de ordens diferentes. Vamos procurar alguém de Drugstrein.

– Certo. Hei, aquele não é o irmão do Mathen?

Thays mostrou-lhe um rapaz bem forte e de cabelos loiros presos em trança. Ele vestia-se com um gibão de couro e parecia quase tão deslocado quanto o casal.

– Allef, aqui.

O Atreius chamou o rapaz enquanto acenava para ele e o Muscort não demorou para perceber onde eles estavam e se aproximar. Em seu rosto uma expressão de alivio por encontrar pessoas conhecidas no salão.

– Olá, Kayan, meu irmão havia comentado que você também viria e até achei estranho que ainda não tinha te encontrado – disse assim que se aproximou. Após isso, virou-se para a garota. – E você deve ser Thays Cyren, posso dizer isso pela cor de seus cabelos.

– Eu mesma – respondeu, simpática.

– Vocês se preparam bem para este exame? Eu treinei bastante nos últimos dias – Allef olhou em volta do salão. – São muitos magos aqui, ainda bem que não existe um limite de aprovação para a quantidade de mestres.

– Exato – concordou Kayan. – Até onde eu sei, isso aqui não será uma competição entre nós, e sim uma avaliação.

– Com licença, posso me juntar a vocês?

Kayan virou-se para ver de quem era a voz feminina que vinha de trás dele. Assim que o fez, deparou-se com uma garota um pouco mais velha que ele, mas de mesma estatura e cabelos muito loiros e lisos, além de olhos de um azul profundo. Certamente que os dois rapaz a acharam muito bonita.

– Eu também sou de Drugstrein – ela disse apontando o broche com o brasão da ordem que Kayan trazia preso em sua túnica. – Mas estou me sentindo meio perdida aqui.

– É claro que pode – respondeu Kayan. – Estamos juntos porque também estávamos perdidos.

– E qual é seu nome? – perguntou Thays, intrigada.

– Anita. Anita Sttiken.

– Sttiken? Ah, é mesmo, você é a terceira irmã da Katherine, esposa do meu primo. Eu sou a Thays.

– Lembro-me de você, mas faz um bom tempo que não nos vemos, não é?

– Eu estive em uma equipe que a sua irmã liderou antes de se tornar um mestre de elite. Ela é uma excelente líder. Eu sou Allef Muscort.

– E eu sou Kayan.

– Kayan Atreius? Então os rumores eram verdade? E eu me achando nova demais para este exame com meus dezessete anos, mas vocês dois têm apenas quinze. Se já são famosos agora, imagina se tornarem-se mestres assim tão jovens.

Kayan sentiu-se encabulado com os comentários da garota que acabara de conhecer. Thays, por outro lado, já estava um pouco mais acostumada com a fama. Durante sua vida inteira ela foi a prima de um granmestre e muito conhecida na ordem.

Os próximos minutos foram gastos com conversas aleatórias sobre as missões que cada uma ali já havia feito e algumas histórias que Allef contou sobre Katherine. Após isso, porém, todos se calaram e se aproximaram do centro do salão, onde os granmestres chamavam a atenção de todos os magos ali presentes.

– Bem vindo a todos, magos. Eu sou o granmestre Aikos Fixue, um dos quatro de Drugstrein – disse o homem de cabelos castanhos e volumosos.

Assim que ele se apresentou, uma mulher muito alta e de cabelos loiros tomou a palavra. Sua expressão era severa, mas ela era jovem para uma granmestre. Sua túnica amarela era rica em detalhes e o sobretudo negro com bainha dourada se avolumava em suas costas.

– Eu sou a granmestre Mayra Kaz. Sou descendente direta dos irmãos Kaz que fundaram as primeiras ordens e uma das três de Kaz Elenak.

O próximo a se apresentar foi um homem bem truculento e de cabelos castanhos e crespos que ele mantinha penteado para trás. Suas vestimentas eram na cor grafite e muito chamativas.

– Eu sou Mark Okarin, um dos três de Kaz Barak.

Com trajes vermelhos e rosto pálido, um homem de meia idade e cabelos loiros e tão longos que chegavam ao meio das costas foi o próximo a se identificar.

– Meu nome é Markus Shaterae e, assim como Mayra, sou um descendente do fundador de minha ordem. Sou um dos dois granmestres de Shaterae.

A seguir um homem muito singular se apresentou. Trajando vestes negras, ele tinha os cabelos completamente brancos e penteados para trás. Suas expressões eram severas e para Kayan lembravam um pouco as de seu tio.

– Sou o granmestre Ector Darthone. Fundador e único granmestre da Ordem de Darthone.

Por último um homem de cabelos longos e negros se apresentou. Ele trajava calças pretas e túnica branca e observava a todos atentamente.

– Sou o granmestre Mikael Kolluvan Terceiro. Meu pai foi um granmestre e meu avo antes dele. Sou um dos quatro de Zeneth.

Assim que todos os granmestres se apresentaram, Mayra retomou a palavra para começar a explicar como as coisas iriam ocorrer naquele exame.

– Este ano nós temos menos que cinquenta magos aqui, talvez devido a uma menor participação das guildas. Agora iremos explicar-lhes mais detalhadamente o que vocês precisam para se tornarem mestres. Vocês já receberam algumas informações de seus mestres e a cada etapa mais detalhes serão revelados.

– Para se tornar um mestre – Mark Okarin trocou de lugar com a outra granmestre – um mago precisa de três pré-requisitos básicos. Conhecimento teórico para ensinar os menos experientes. Liderança. E, principalmente, poder.

– A parte que diz respeito à liderança vocês já comprovaram devido ao fato de que, para serem indicados para este exame, vocês devem ter liderado, e liderado muito bem, uma equipe em sua respectiva ordem ou guilda – afirmou Mikael. – As duas primeiras partes do exame testarão o conhecimento de vocês e as duas últimas partes testarão o poder que vocês possuem.

– Agora vocês farão um exame teórico contendo questões práticas sobre magia em geral. Durante a parte da tarde nós iremos corrigir estes testes e vocês ficarão livres para fazerem o que quiserem. Amanhã bem cedo vocês deverão comparecer a este salão para verem o resultado e participarem da próxima etapa – Aikos completou a informação.

Assim que tudo foi esclarecido, um grupo de auxiliares começou a colocar confortáveis cadeiras e mesas individuais para cada um ali presente. Em seguida, pergaminho e pena foi entregue a cada mago, assim como a tinta para preencher as questões dos pergaminhos.

Para Kayan, aquele teste foi muito fácil. Visto que ele tinha o costume de estudar sozinho em livros, ele possuía um grande conhecimento teórico sobre magia.

Thays e Anita também saíram-se muito bem, pois, já sabendo que haveria uma avaliação teórica, haviam se preparado devidamente para aquela etapa do exame.

Para Allef, entretanto, as coisas não foram assim tão fáceis. Ele era um mago excelente, mas teoria nunca fora seu ponto forte. Apesar disso e de ser um dos últimos a entregar seu pergaminho, ele achou que tinha conseguido um bom resultado.

O maior espanto foi Karion, que foi o primeiro a entregar seu teste. Para Kayan restou a dúvida se ele sabia tudo ou se não sabia nada.

* * *

A primeira parte do exame havia se encerrado e os magos tinham a tarde livre. O quarteto de Drugstrein escolheu uma pequena e aconchegante taverna para almoçarem. Anita era uma pessoa muito falante e sempre puxava assunto com Kayan, o que deixava Thays de certa forma irritada.

– Então a primeira missão de vocês já foi derrotar esse mago negro. Parece ser bem perigoso, Kayan.

– O Mathen já tinha me contado essa história antes, mas a versão dele não era tão rica em detalhes – afirmou Allef.

– E que outras missões perigosas vocês fizeram? – indagou Anita.

– Teve aquela em que ajudamos a guilda Smalter. A equipe da Thays estava conosco e ela enfrentou uma maga da esfera fogo muito poderosa.

Kayan tentou desviar o assunto para outro foco que não fosse ele próprio, mas foi Allef quem o fez, na verdade.

– Fale-nos um pouco sobre você, Anita. Em que tipo de missões você liderou sua equipe?

– Nada assim tão interessante. Já caçamos um feiticeiro até que bem forte no sul da planície de Daran, mas o que fizemos de mais perigoso foi combater os orcs, goblins e gnolls no norte.

– Ouvi falar que algumas tribos de taurinos tem se unido à eles e as coisas estão ficando verdadeiramente tensas por lá – comentou o Muscort.

– Isso é verdade. Apenas equipes com mestres tem sido enviadas agora. São equipes de Drugstrein e Kaz Barak, além de alguns anões. Alguns estão falando que já não são mais conflitos isolados e estamos caminhando para mais uma guerra contra os povos bárbaros.

Satisfeito com a refeição, o quarteto entregou algumas moedas para o taberneiro e saiu para a cidade.

Gyrben era uma cidade mediana e tipicamente comercial. Em uma região favorável para o transporte de bens, seus comerciantes compravam das fazendas, mineiros, ferreiros, e demais produtores e revendia a mercadoria, fazendo seu transporte para outras regiões. Seus nobres eram ricos devido as taxas e a cidade era muito bem fortificada e com muitas construções de pedra.

Ao caminhar pela cidade, Kayan acabou esbarrando, acidentalmente, com um rapaz um pouco mais alto que ele.

– Desculpe-me, eu...

Ele tentou remediar a situação desagradável, mas foi logo interrompido por uma voz exasperada.

– Preste atenção por onde anda, idiota!

Irritado devido a resposta ingrata e agressiva do outro rapaz, Kayan virou-se rapidamente e puxou-o pela manga da camisa.

– Preste atenção você... – calou-se enquanto franzia as sobrancelhas ao perceber que havia esbarrado em alguém conhecido.

– Então o inútil em que eu esbarrei era você? – disse Karion. – Não sei como seu tio pode ser tão incrível e você tão imprestável.

– Cale sua boca, Karion. Não tenho nada a ver com meu tio para sermos comparados. Além disso, sou um mago muito melhor que você e não preciso menosprezar ninguém para me sentir forte.

A resposta agressiva do Atreius tirou o sorriso arrogante e colocou uma carranca na face do Wigg, que não tardou a revidar.

– Já te derrotei uma vez, Atreius, e posso varrer o chão com a sua cara agora mesmo se continuar me provocando.

Kayan não conseguiu se segurar mais e conjurou uma enorme e massiva quantidade de fogo contra o seu rival. Karion, apesar de assustado devido ao ataque inesperado, saltou para trás impulsionado por sua aura e conjurando um tangrea muito poderoso.

Os feitiços estavam prestes a se chocar, o que causaria um grande estrago nas casas ali próximas, quando Thays colocou-se entre eles e conjurou uma barreira para parar ambos os ataques dos magos.

– Conseguiu parar meu feitiço – observou Karion, surpreso. – Garota, até que você é bem forte. Te derrotar será meu próximo troféu.

Os quatro encararam o Wigg com uma expressão de poucos amigos e ele apenas deu as costas para o grupo e saiu como se nada tivesse acontecido.

– O que deu em você, Kayan? – repreendeu-o Thays. – Você sempre foi tão calmo.

– Eu... perdi o controle, Thays. Não consigo suportar esse Karion!

– Sei que vocês tem uma rivalidade, mas você não deve deixar que isso te atrapalhe durante o exame.

– Pode deixar que vou manter meu foco.

Acalmado os ânimos, a movimentação nas ruas da cidade voltou para o que era normalmente e o restante do dia transcorreu sem maiores problemas.

No dia seguinte, quando os magos retornaram para o salão onde os exames estavam sendo realizados, depararam-se com alguns papeis de pergaminhos fixados em uma das paredes.

Os magos amontoaram-se para descobrir qual havia sido sua nota na avaliação. Alguns que estavam mais confiantes, como Kayan e Karion esperaram que os outros se afastassem apenas para matar a curiosidade e verificar qual havia sido sua porcentagem de acertos.

Minutos mais tarde, os seis granmestres voltaram a reaparecer e a se unir com eles. Foi Mayra Kaz quem começou a revelar alguns detalhes da segunda etapa do exame.

– A partir de agora vocês serão chamados individualmente e entraremos naquela sala reservada – apontou a granmestre. – Lá vocês demonstrarão o que sabem fazer.

A segunda etapa provou-se muito mais difícil que a primeira, onde quase todos foram aprovados. Nesta parte os magos eram chamados de acordo com sua ordem e a quantidade dos candidatos de Kaz Barak diminuiu quase que pela metade. Os de Kaz Elenak se saíram um pouco melhor, mas muitos deles saíram de lá cabisbaixos.

A Ordem de Drugstrein, por sua vez, estava se saindo muito melhor e a maioria dos magos que entravam na sala reservada saía de lá com um sorriso no rosto.

Kayan ouviu seu nome ser dito por um granmestre e seguiu para a sala. Sua mente não parava de tentar adivinhar que tipo de teste teria que fazer.


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Notas finais do capítulo

E ae? Lembrem-se que as conversas que parecem ser aleatórias tem sua importância. Nada que acontece nesta história acontece por acaso ou para encher linguiça - ou quase nada XD

Alguém aí consegue imaginar o Kayan e a Thays como mestre? E essa rivalidade entre o Atreius e Karion? O que será que pode resultar disso?

Enfim, conforme combinado, nos vemos daqui a uma quinzena. E não se esqueçam de comentar aqui embaixo.



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