A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 20
Primeiros Passos - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Kayan e seus amigos partem para executar sua primeira missão de grau D e novas raças aparecem bem em frente ao trio.



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Capítulo 019

Primeiros Passos (Parte 2)

Pouco mais de uma lua já havia se passado desde a formação da equipe sob a tutoria de Spaak. O verão começava a ter seu inicio e a jovem equipe já havia completado pequenas missões de classe E. Seu mestre havia lhes dito que desta vez pretendia pegar uma missão um pouco mais difícil, sendo assim, todos estava ansiosos para ver o que era.

– Não é que eu ache tão ruim fazer as missões fáceis, mas acho que nós realmente precisamos de um novo desafio – comentou Sarah.

Eles aguardavam o Firyn na sala de reuniões que geralmente usavam. A garota brincava de apertar uma almofada do confortável sofá enquanto Mathen concentrava-se em não fazer absolutamente nada, ficando esparramado no outro lado do móvel. Kayan permanecia sentado na borda da janela e observando as coisas lá embaixo, já que estavam no terceiro andar daquela torre.

– As de classe E até que rendem um bom dinheiro, mas as de classe D devem pagar mais – Mathen respondeu a garota.

– Não me importo com a recompensa, quero é saber do desafio – declarou Kayan.

– Pra você é fácil falar, seu cofre em Drugstrein deve estar bem recheado de ouro da herança que você recebeu.

Kayan encarou Mathen, que logo percebeu eu seu comentário não foi muito feliz. Por fim, respondeu, com calma.

– Não toquei em uma moeda daquele ouro, a não ser a quantidade necessária pra me manter enquanto era um aprendiz.

– Desculpe-me, não quis dizer isso... – o Muscort começou a se desculpar quando a atenção de todos se voltou para a porta de madeira que se abria e para o mestre que entrava por ela.

Spaak brandia um pergaminho enquanto todos reuniam-se a sua volta.

– Aqui está, pessoal, sua primeira missão de classe D. Venham ver.

Ele desenrolou o pergaminho na mesa ao centro da sala e todos viram um mapa da planície de Daran, onde os humanos viviam. Nele estava marcada uma pequena vila chamada Calcutia. Abaixo disso havia a descrição da missão.

– Como podem ver – o mestre começou a explicar – nossa missão será bastante simples. A mais ou menos quinhentos quilômetros daqui existe uma vila chamada Calcutia. Esta vila está sendo ameaçada por goblins, que disseram para eles se retirarem do local em cinco dias, pois eles pretendem tomar a vila para si. Nós não vamos deixar isso acontecer.

– Mas os goblins pertencem aos povos bárbaros, eles não deveriam permanecer ao norte, atrás dos Portões do Exílio? – perguntou Sarah.

– Bom, na verdade, pouco a pouco eles conseguiram alguns territórios em Myrmyn do Norte e isso os tornou ambiciosos. Agora é comum que alguns deles comecem a invadir o território dos humanos, anões e elfos. Principalmente os goblins e gnolls, que se acham mais inteligentes que os demais, além dos taurinos, que sempre querem uma boa briga.

– Certo, mas em cinco dias como vamos chegar até esse lugar? Ele me parece ser meio longe. Se formos de cavalo, como sempre vamos, não vai dar tempo – indagou Mathen, intrigado.

– Balões de ar quente – explicou-lhes Spaak. – Com eles nós podemos utilizar o vento em nosso favor e voar até lá rapidamente.

Conforme todos entenderam o que iria ser feito, eles partiram em direção à sua nova missão.

* * *

A viagem foi muito mais rápida do que os jovens magos imaginavam que seria. Eles acabaram chegando a Calcutia pouco após o anoitecer do quarto dia e foram recebidos com grande satisfação pelos aldeões preocupados.

O barão do vilarejo foi quem lhes acomodou enquanto fazia dezenas de perguntas para saber como eles iriam resolver o dilema, pois eram dezenas de goblins à ameaçá-los. Spaak foi evasivo em todas as respostas, embora conseguisse acalmá-lo com elas.

Na manhã seguinte, após um farto desjejum, os magos saíram da vila Calcutia e rumaram, à pé, para o local onde os goblins estavam acampados, conversavam durante o trajeto.

– Nós iremos executar essa missão assim como as anteriores, eu irei apenas observar, vocês devem resolvê-la por conta própria – disse Spaak.

– Sem problemas – respondeu-lhe Kayan.

– E tente uma negociação antes de partirem pra briga – concluiu o mestre.

– Mas são apenas goblins, não teremos dificuldades – comentou Mathen.

– Mas devemos evitar um massacre, se possível – concluiu Kayan.

O local onde os goblins estavam era um grande espaço aberto, sendo assim, os magos foram avistados por seus inimigos a mais de um quilômetro de distância. Eles caminhavam com calma e isso deu tempo aos bárbaros para que se aglomerassem na entrada do acampamento para a recepção das pessoas não convidadas.

Kayan agiria como porta voz do grupo, sendo assim, ele avançou, deixando os dois amigos na retaguarda e Spaak ainda mais afastado. Assim que ele chegou a certa distância, pode ver melhor como os goblins eram.

As roupas que eles usavam estavam todas sujas e amassadas e na maioria confeccionadas com couro. Eles eram pequenos, com altura entre um metro e trinta a um metro e meio. Sua pele tinha uma coloração verde acinzentada e era meio enrugada. As orelhas eram grandes e exibiam tufos de pelos brancos saindo da cavidade auricular. As expressões em seus rostos eram de raiva. Estavam prontos para a batalha e portavam clavas, machados e lanças.

– Somos magos de Drugstrein, e viemos aqui numa tentativa de alcançar a paz sem derramamento de sangue – Kayan começou a dizer. – Vocês estão invadindo nosso território e desejamos que vocês se retirem deste local.

– Goblin não baixar a cabeça para humano – o que aparentava ser o líder falou com sua voz esganiçada. – Vamos tomar essa cidade e só vocês quatro não serão capaz de impedir.

O Atreius encarou o pequeno ser com paciência e esperou que ele terminasse de falar.

– Humano acha que pode prender globin na montanha e ficar com a terra? Humano não sabe de nada!

– Vocês começaram a guerra há mais de dois mil e quinhentos anos, mas vocês perderam, por isso foram banidos das planícies para as montanhas. E é lá que devem ficar.

O rosto do pequeno ser se curvou em ainda mais ira. Ele avançou contra Kayan e tentou atingi-lo com a lança. O mago segurou a arma do adversário com a mão envolta em aura e encarou-o mais de perto. Ficou satisfeito em descobrir que ele não cheirava tão mal quanto sua aparência sugeria.

– É por isso que vocês não podem conviver conosco. Mais uma dessas e nossas negociações estarão encerradas.

As palavras de Kayan apenas irritaram ainda mais os goblins, que avançaram sem hesitar. O mago, então, em uma reação quase instintiva, estilhaçou a lança que segurava na mão, fazendo com que o pequeno ser que a segurava fosse lançado quase um metro para trás. Em seguida, conjurou uma barreira de energia. Algumas lanças se partiram ao se chocarem. Machados e clavas não sofreram qualquer tipo de dano aparente.

Os goblins começaram a circular a barreira, pois ela podia ser vista como uma ondulação de energia no ar. Mathen e Sarah, entretanto, não ficaram parados. O primeiro começou a conjurar três golens com um clayn visgoon, ele levava uns dez segundos para cada um ficar com mais de dois metros de altura, mas assim que estava pronto ele iria direto para a batalha. A Harppon foi mais rápida e avançou utilizando rajadas de água para afastar e nocautear os goblins atacantes.

Kayan também não ficou parado, rompeu sua barreira enquanto recuava em direção aos amigos. Para manter os inimigos afastados ele não parava de conjurar o feitiço crisis. As labaredas de fogo eram rápidas e consistentes, forçando os goblins a se afastarem ou serem queimados.

Enquanto Spaak observava, o combate prosseguiu. Os goblins eram numerosos, cerca de cinquenta, e isso impedia que os magos se concentrassem em apenas um alvo. Sendo assim, vários deles conseguiam escapar dos ataques lançados contra si. Kayan alternava entre o crisis e o tangrea. Sarah mantinha-se mais na defensiva, protegendo o grupo e afastando os agressores com um warhi, seu segundo melhor feitiço, ela esperava não ter que usar seu melhor: ressin. Já Mathen concentrava-se em manipular os três golens ao mesmo tempo, não era fácil mantê-los focados em combates com adversários distintos.

Conforme o tempo foi passando, alguns dos goblins começaram a cair inconscientes. A maioria estava ferida, alguns fatalmente. O trio não tinha a intenção, mas muitas vezes era impossível evitar isso, pois os inimigos queriam suas cabeças espetadas em suas lanças.

– Seus inúteis. Nós ter que fazer tudo!

A atenção dos três magos, assim como a dos goblins foi desviada para a fonte da voz rouca, que lembrava algo parecido com um rosnado. Descendo a encosta do morro vinham seis criaturas diferentes de tudo o que os três jovens já haviam visto. O corpo delas era coberto em pelos cinzentos. Eles tinham orelhas semelhantes ao dos goblins e focinhos alongados. As mãos e pés tinham apenas quatro dedos e cada qual segurava um bastão, que continha um cristal na ponta, na mão direita. Eles eram altos e magros e vestiam vestimentas de couro e metal, sua aparência assemelhava-se ao de hienas.

– Goblins inúteis! – bradou a voz novamente. – Nós, gnoll, ter que fazer tudo!

Eles pararam seus movimentos e bateram seus bastões no chão. Concentraram-se e as chamas começaram a se erguer da ponta dos cristais, que se tornavam avermelhados. Enquanto as pequenas criaturas de peles esverdeadas se afastavam dos magos, as chamas se alastraram em sua direção. Antes que o fogo chegasse até eles, porém, o trio já havia conjurado o feitiço aurus pinn quase ao mesmo tempo e a poderosa barreira se ergueu, espantando as chamas. O movimento seguinte foi o de se separarem. Kayan sabia o quanto os gnolls poderiam ser perigosos quando em conjunto, pois podiam usar feitiços de fogo e terra. Exatamente por esse motivo ele tentou eliminá-los primeiro usando o crisis.

As chamas adquiriram uma grande força ao serem conjuradas com as duas mãos do mago e se precipitaram em forma de um grande lança chamas. Entretanto, a investida do Atreius foi frustrada por uma imponente barreira conjurada pelo conjunto de gnolls.

Mathen direcionou um de seus golens para os novos inimigos, enquanto os demais se mantiveram ocupados contra os goblins que voltavam em suas investidas contra os magos. As chamas envolveram o atacante dos gnolls que, ao perceberem que isso não adiantaria, destruíram-no com fortes rajadas de pedra e terra.

Sarah pensou em ajudar na ofensiva contra os magos adversários, mas decidiu que agiria melhor se continuasse na defensiva contra os insistentes goblins. Ela soube que estava certa quando recebeu uma ordem direta de Kayan contendo a nova estratégia a ser seguida.

– Concentrem-se nos goblins, eu irei cuidar dos gnolls, me deem cobertura.

Três vezes Kayan tentou atingir os novos adversários com um feitiço de chamas e nas três ele falhou. Eles tinham uma interação muito boa e ele não conseguia contorná-los para um ataque direto e nem a barreira que eles conjuravam em conjunto. Além disso, por duas vezes ele quase foi atingido pelo fogo do inimigo e, decidido a não se arriscar mais, ele resolveu utilizar seu melhor recurso: durhan crisis

Kayan, enquanto conjurava o feitiço, apontou a palma de sua mão direita em direção aos gnolls e uma pequena chama negra surgiu. No instante seguinte ela se transformou em uma enorme massa enegrecida de fogo e se lançou contra a barreira que se ergueu novamente.

Diferentemente das chamas comuns, estas, que eram mais poderosas, espalharam-se por toda a extensão da barreira de energia conjurada pelos gnolls. Kayan, então, forçou ainda mais e enviou a maior quantidade de energia que ele conseguiu para o feitiço. O fogo enegrecido transbordou pela defesa inimiga e começou a atingir o gnoll que estava mais na lateral.

Desesperado e ferido, o bárbaro atingido pelo feitiço de Kayan fraquejou e a barreira começou a desmoronar. Ao passo disso, o mago negro forçou ainda mais seu ataque e os demais gnolls também foram atingidos. Eles recuaram e saíram correndo em direção à montanha, abandonando todos os goblins à própria sorte. As criaturas de pele esverdeadas também se assustaram com a demonstração de poder e começaram a se retirar do combate. Mathen e Sarah os deixaram ir livremente.

– Missão cumprida. Vocês estão todos bem?

Kayan perguntou enquanto a equipe reunia-se junto de Spaak. Ele recebeu um aceno afirmativo de cada um de seus amigos.

– Não foi muito difícil, embora eu fui obrigado a utilizar o meu melhor feitiço. Fiz como o Arthuro me ensinou e moderei a força do fogo pra não matar os gnolls, só feri-los.

– Você agiu bem, Kayan, principalmente porque não tivemos nenhuma testemunha além de nós mesmos. Vocês todos estão de parabéns.

Spaak congratulou-os e os três magos, que ficaram muito felizes pelos elogios e reconhecimento de seu trabalho. Em seguida, eles começaram o caminho de volta para a vila Calcutia, onde acalmariam os aldeões. No meio do caminho, o mestre explicava-lhes qual seria a próxima missão.

– Daqui nós iremos direto para o oeste, numa região muito próxima a Ordem de Zeneth. Lá existe um grupo de ladrões que esta causando muitos problemas. Será outra missão de grau D para vocês.

– Próximo a Zeneth? Mas eles não deveriam cuidar das missões de sua área por si próprios? – questionou Sarah.

– Normalmente sim, mas a Ordem de Zeneth perdeu muito de seu poder e prestigio depois da Rebelião Negra, o poder eles já recuperaram, mas talvez leve algum tempo até que sua reputação volte ao que era. Nesse meio tempo, algumas cidades da região continuarão a confiar mais em Drugstrein para resolver seus problemas.

A explicação de Spaak foi simples e objetiva e todos a entenderam. Sem mais mencionar o assunto, os jovens magos continuaram para suas obrigações.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam dos goblins e gnolls? Foi possível imaginá-los da maneira como eu os descrevi?

Não esqueçam de comentar ali embaixo, isso é muito importante para mim.



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