A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 19
Primeiros Passos - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

O sistema de Drugstrein será explicado à Kayan e o rapaz terá seu primeiro contato com seu tio: Radamanthys.



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Capítulo 018

Primeiros Passos (Parte 1)

Jovens magos em Drugstrein estavam conhecendo seus mestres referenciais naquele momento, mas um certo trio de magos já conhecia muito bem aquele que seria o mestre deles.

Spaak sorria para eles enquanto contornava uma grande mesa de madeira e sentava-se em uma poltrona avermelhada. Assim que o fez, convidou Kayan, Sarah e Mathen a fazer o mesmo.

O jovem Atreius foi o primeiro a se acomodar e, assim que o fez, seus amigos o seguiram. Ele olhou para o mestre a sua frente, ainda mantendo o sorriso.

– Então os boatos são verdadeiros, você deixou o cargo de mestre de elite.

– Sim, de outra maneira não poderia ministrar o teste que vocês prestaram nem ser o mestre desta equipe em particular.

– O senhor deixou a elite só pela nossa equipe? – Sarah perguntou-lhe, incrédula.

O Firyn ergueu a mão em sinal de censura, em seguida, deu-lhes o motivo.

– Quando estivermos só nós quatro gostaria que me chamassem apenas de você. Guardem o senhor e mestre apenas para as ocasiões sociais e oficiais. E, sim, deixei a atual formação dos mestres de elite pra treinar a equipe de vocês. – Decidiu não revelar que o principal motivo era que Kayan estava nela, mesmo que todos já suspeitassem disso.

A garota acenou-lhe afirmativamente antes fazer mais uma pergunta.

– Mas o que viria a ser um desses mestres de elite?

Mathen explicou-lhe antes que o Firyn se desse ao trabalho. Queria mostrar-se prestativo para o mestre.

– São os doze magos mais fortes da ordem. Eles formam uma espécie de conselho para auxiliar os granmestres.

– Muito bem, Mathen, eu mesmo não poderia explicar melhor – disse em meio a um sorriso aprovador que o garoto lhe retribuiu. – Mas, deixando minha carreira de lado, vou explicar-lhes como são formadas as equipes aqui em Drugstrein e em outras ordens. Todas as equipes são formadas por três magos. Elas podem ser compostas por três mestres; liderada por um mestre e com mais dois magos de apoio; ou formada por três magos. Vocês formam um tipo especial de equipe. Já são magos, mas inexperientes, por isso serão acompanhados por um mestre em suas missões. A cada três luas eu entregarei uma avaliação aos granmestres e direi se vocês três estão aptos a continuarem sem a minha tutela. Creio que isso vá acontecer nas primeiros três luas.

Kayan encontrou uma brecha na explicação do amigo para tirar uma breve dúvida.

– Então nós já faremos missões? Elas podem ser de todos os tipos?

O mestre riu da ansiedade que o garoto demonstrava para testar suas habilidade. A seguir, voltou com suas explicações.

– Sim, vocês farão missões, mas não de todos os tipos. Nós dividimos as missões em seis categorias, de acordo com a dificuldade de cada uma. As categorias são E, D, C, B, A e S. As de tipo S são as do tipo vital para a sobrevivência da ordem e executadas apenas por mestres de elite e granmestres, embora haja exceções.

– Quer dizer que nós vamos fazer só as missões do tipo E, que são mais fáceis? – indagou Sarah.

– Não necessariamente – Spaak voltou a explicar. – As equipes com três mestres fazem as missões de classe A e B; as equipes compostas por um mestre e dois magos fazem as classes B e C; e as formadas apenas por magos fazem as classes C e D. No caso de vocês, nós vamos começar com as do tipo E, reservadas aos iniciantes, mas logo poderemos partir para alguma da classe D.

Apenas pelo mestre mencionar uma missão um pouco mais difícil Kayan sentiu-se um pouco animado com o desafio. Ele não se conteve e perguntou o que queria saber desde quando ele havia passado naquele teste e entrado definitivamente para a ordem.

– E quando será nossa primeira missão?

Spaak riu novamente da ansiedade do rapaz e, a pós isso, respondeu.

– Calma, será em breve, mas antes teremos uma breve cerimônia de iniciação aos novos magos. Durante esses primeiros dias nós treinaremos um pouco o trabalho de equipe de vocês três.

* * *

– Esse mistério todo está me intrigando, Spaak, você poderia falar logo quem é essa pessoa que eu deveria conhecer?

Os lábios do mestre se curvaram em um sorriso, entretanto, ele nada disse ao jovem mago.

Os primeiros seis dias desde concluído o teste de aptidão e formada as novas equipes de Drugstrein estava chegando ao final. Eles haviam treinado um pouco durante esse tempo e se divertido nas noites vagas. Naquela noite em especial, porém, o Firyn chamou Kayan para uma das torres mais altas do castelo, dizendo-lhe que ele devia ser apresentado à uma pessoa. Desde então o garoto subiu todos os lances de escada em uma curiosidade lacerante.

Chegaram quase ao final do corredor e o mestre virou-se para a penúltima porta dupla de madeira. Tomou a liberdade de abri-la e entrar no recinto, convidando o rapaz a fazer o mesmo logo em seguida.

O ambiente estava quase na penumbra, pois não havia qualquer tipo de luz além do luar que atravessava a janela com as cortinas entre abertas. Havia uma mesa muito bonita no centro da sala que combinava com as várias estantes de livros encostadas nas paredes. Sentado atrás da mesa contemplando a lua e de costas para os recém-chegados havia uma pessoa. Kayan pode apenas ver os cabelos castanhos cheios de mechas esbranquiçadas, pois a cadeira era alta e revelava apenas isso.

Spaak fechou a porta assim que eles entraram na sala e, quando a pessoa sentada estalou os dedos da mão direita, duas lamparinas mágicas se acenderam nos lados da sala. O homem se levantou de sua cadeira e se dirigiu ao dois que acabaram de entrar. Seu olhar se concentrava apenas em Kayan, que se sentia um pouco nervoso com aquilo.

O rapaz reparou em como ele era alto e, principalmente, na cicatriz que ele trazia no lado esquerdo do rosto. Ele ficou imaginando como aquele olho ainda podia estar intacto com o tamanho daquela feia marca.

– Eu sou Arthuro Magnum. Prazer em conhecê-lo.

O mais velho estendeu sua mão em cumprimento e o rapaz correspondeu ao gesto.

– O prazer é meu. O senhor é um mestre de elite – foi uma observação, não uma pergunta.

– Muito observador, vejo que seguira os passos de seu pai. Você percebeu que sou um mestre de elite pelos detalhes prateados na minha capa, não é?

– Na verdade, além disso, o brasão também muda um pouco.

Os dois mestres trocaram olhares um tanto quanto surpresos. Em seguida, Spaak voltou sua atenção para o rapaz.

– Arthuro pertencia à equipe de seu pai há muitos anos. Nós dois trabalhamos juntos em várias missões quando eu também era um mestre de elite. Mas o mais importante para você saber é a esfera primordial dele.

O jovem Atreius não poderia imaginar qual poderia ser a especialidade daquele mestre, por isso, simplesmente aguardou a resposta para aquela pergunta.

– Então eu irei lhe mostrar – Arthuro disse enquanto sobrepunha o antebraço direito com a outra mão. – Giudecca.

Uma lâmina negra completamente perfeita surgiu como um prolongamento de seu braço. O Atreius observou aquilo incrédulo; sua própria versão do mesmo feitiço parecia ridícula perante aquela. Aquele feitiço lhe assustava e ele recuou um passo diante do mesmo. Sabia que não estava sendo ameaçado, mas, mesmo assim, aquilo lhe causava uma grande agonia.

– Foi um desses que causou essa minha cicatriz. Eu consegui evitar o pior e me protegi com aura, mas isso não evitou a continua degeneração dos tecidos do meu corpo. Se Kattus não tivesse assumido o duelo contra o myar que fez isso, eu provavelmente não estaria mais aqui.

– Mago negro... o senhor é um mago negro e ainda assim foi indicado como mestre de elite!

– Sim. Mas essa confiança que eles têm em mim eu levei muitos anos para construir.

– Foi o que eu te disse, Kayan, em pouco tempo você poderá revelar sua esfera para todos na ordem sem temer coisa alguma.

O cérebro do garoto já havia encontrado a resposta para o motivo de Spaak estar lhe apresentando à Arthuro Magnum. Entretanto, apesar da empolgação que lhe tomava posse, ele queria a confirmação daquilo e ela não tardou a chegar.

– A partir de agora você será discípulo de Arthuro. Mas você não deverá revelar isso pra ninguém, exceto, talvez, para sua equipe.

– Eu lhe enviarei uma mensagem sempre que estiver disponível e você deverá subir nesta sala quando for a ocasião. A magia negra é muito perigosa, porém muito útil e já que você tem capacidade para ela deverá utilizá-la sabiamente.

O rapaz prestava atenção em tudo o que o mestre lhe dizia. Estava ansioso para aprender mais sobre a própria esfera que mal percebeu o quanto a hora estava passando.

A primeira coisa que fez ao encontrar-se com os amigos foi lhes contar o que lhe aconteceu. Foi parabenizado pelo mestre que teria, pois Arthuro era muito talentoso e um dos possíveis granmestres quando Grendolow deixasse o cargo.

* * *

O dia da cerimônia de introdução aos novos magos de Drugstrein havia chegado e o salão principal estava todo adornado para a ocasião. Haviam dezenas de peças de tapeçaria com o brasão da ordem espalhados pelo recinto. A parte elevada onde os granmestres iriam aparecer recebia uma atenção especial em sua decoração.

Os magos estavam todos espalhados pelo recinto e praticamente todos juntos de suas respectivas equipes. Os mestres orientadores estavam na parte do fundo do salão, sentados em suas cadeiras de madeira nobre e acolchoadas, de onde assistiriam a cerimônia.

Kayan começou a prestar a atenção em seus ex-colegas que haviam passado pelo testes e também fariam parte da ordem. Havia pelo menos uns dez que não haviam estudado com ele, o que ele achava uma quantidade relativamente alta para um total de vinte e sete novos magos.

A equipe dos irmãos Wigg seria orientada pelo mestre Luen Gastler. A em que Thays estava era completada por Ellien e Bren – Sonnya, que fez o primeiro teste com ela não passou pelo segundo – e orientada por Aghata Willis. O Atreius concluiu que os três mestres que ministraram a seleção escolheram as equipes que julgaram mais promissoras.

Onze dos doze mestres de elite passaram pelo portal atrás da elevação finamente adornada – um deles devia estar em uma missão e não pôde comparecer. Após isso, todos os quatro granmestres também entraram no recinto e cumprimentaram os jovens magos e seus respectivos mestres.

Grendolow, sendo o mais velho, presidiu quase toda a cerimônia, que foi breve. Ele explicou as regras da ordem e como funcionava o sistema que elas utilizavam por toda a Wesmeroth. Explicou, também, como as guildas eram subordinadas indiretas das ordens que dominavam a região a que pertenciam.

Durante todo o tempo Kayan manteve-se concentrado em Radamanthys, que observava a todos de cabeça erguida e orgulhoso. Fazia mais de um ano que o rapaz estava no castelo e ele não conseguiu conversar com o tio sequer uma vez. Iria aproveitar aquela oportunidade.

Assim que a cerimônia terminou, a maioria dos magos começou a sair junto de seus mestres. Sarah e Mathen também estavam prestes a sair quando Spaak pediu para que esperassem; o mestre imaginava o motivo pelo qual Kayan havia ficado para trás e se aproximado um pouco mais do elevado onde os granmestres ainda estavam.

– Granmestre Radamanthys Atreius – chamou quando percebeu que o tio iria se retirar do local. – Gostaria de falar com o senhor por um minuto.

Ele estava muito ansioso e um pouco nervoso, mas conseguiu esconder isso de sua voz com certa naturalidade. O mago de cabelos negros e rebeldes olhou-o com grande arrogância e respondeu-lhe com rispidez.

– E o que um simples mago teria a tratar com um granmestre?

As pesadas palavras fizeram com que o nervosismo do rapaz aumentassem ainda mais. Assim mesmo ele prosseguiu em seu intento.

– É que... bem, nós somos os dois últimos representantes do clã Atreius e acho que devíamos... não sei... nos aproximarmos um pouco mais.

– O clã Atreius não existe mais desde a Rebelião Negra, pois sou o último representante de tão nobre casta. Você não pode ser considerado um de nós, não tem nem um vestígio de nossa cultura ou princípios, assim como seu pai parecia não o ter.

Radamanthys virou-se sem qualquer pesar e seguiu pelo arco que dava para o restante do castelo. Kayan olhou-o se afastar sem qualquer reação possível, a não ser serrar os punhos em meio a grande raiva. Por fim, ele também se virou e saiu do salão.

– Kayan...

Sarah tentou chamá-lo, mas foi em vão.

* * *

O vento gelado parecia não incomodar Kayan, que permanecia sentado sobre uma pedra do lado de fora da imponente torre principal do castelo de Drugstrein. Ele observava o horizonte sem qualquer interesse, pois sua mente divagava pelo que acabara de acontecer entre ele e seu tio; seu último parente vivo.

Ele mal percebeu quando Sakuro aproximou-se de maneira silenciosa. A capa do granmestre agitava-se com a ventania da noite enquanto ele recostava-se ao lado do jovem mago.

– Granmestre Sakuro, por que o granmestre Radamanthys me odeia?

– Não acho que ele te odeie de verdade. Acho que ele tem um certo medo de você.

As palavras do Cyren deixaram o rapaz ainda mais confuso. Ele encarou o granmestre antes de fazer a próxima pergunta.

– Como assim, tem medo?

– Radamanthys sempre invejou seu pai, porque ele era mais poderoso e por outras coisas mais. Provavelmente ele teme que você venha a superá-lo em um futuro não tão distante.

– Granmestre...

– Não precisa ficar me chamando de granmestre quando estivermos apenas nós dois, Kayan, já lhe disse isso.

O rapaz absorveu o que o amigo disse, mas retomou sua frase sem se incomodar com isso.

– Sakuro, acha mesmo que eu seria capaz de superar o poder do meu tio? Ele é o mago mais poderoso da atualidade de Wesmeroth.

– E o seu pai era um dos mais poderosos de todos os tempos. Você tem capacidade, Kayan, e tem demonstrado isso desde que entrou para a ordem.

O garoto ficou pensativo por algum tempo, depois voltou a fitar o granmestre.

– Já que você diz, eu irei superar até mesmo você Sakuro. E um dia irei vestir uma capa igual essa que vocês usam.

Ele, então, saltou da rocha onde se sentava e seguiu em direção ao castelo.

– Aqui fora está frio, vamos pra dentro. – O Cyren o seguiu. – Obrigado Sakuro, você tem sido mais meu tio que o Radamanthys.

O granmestre não conseguiu evitar de sorrir. Ele estava determinado a ajudar Kayan e não iria medir esforços para isso.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam de Radamanthys? Aposto que a maioria não curtiu muito ele, mas eu gosto muito deste personagem.

Enfim, deixem aí seus comentários, é muito importante para um autor receber uma opinião de seus leitores, então não me deixem no vácuo.



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