– Senhorita, acorde! - Disse alguém me balançando. Quem está interrompendo meu sono?

– Sim? - Respondi, sonolenta.

– A senhora tem que levantar rápido, rebeldes invadiram o Palácio! - Após está notícia eu dei um pulo da cama, e minhas três criadas começaram a me vestir.

Foi então que eu acordei para vida, e percebi que o palácio estava um caos, eu só ouvia gritos, e barulhos de pessoas correndo, o medo começou a tomar conta de mim.

Estava prestes a sair do quarto com as criadas, quando um homem sujo, gordo, e com uma arma na mão, entra.

– Ora ora... como será que o príncipe vai reagir quando ver uma das suas garotas e as criadas dela estão mortas? - O homem veio andando em nossa direção. Se ele conseguiu entrar nesse quarto, que é no terceiro andar, então pode ter rebeldes por todos os lados.

Quando ele chegou perto de mim, colocou a ponta da arma na minha testa, eu já suava frio. Minhas criadas só olhavam petrificadas. Eu iria morrer agora? Sério?

– Se doer me fala, tá? - Disse ele zombando. Idiota.

– Fala você! - Em seguida eu vejo o homem cair no chão, todo ensaguentado. Imediatamente, uma sensação se alívio me percorreu.

– Vocês estão bem? - Perguntou o homem que nos salvara. Era um guarda do palácio.

– Sim - Respondemos juntas.

– Venham logo, vocês já estão mais que atrasadas.

No caminho para o abrigo, eu estava apenas com o guarda, segundo minhas criadas, elas tinham seu próprio abrigo.

– Seu pai me mandou até o palácio, para que eu ficasse de olho em você! - Confessou. Logo percebi tudo: meu pai estava tranquilo no dia da viagem, pois sabia que este guarda estaria aqui. - Bem, eu sirvo à família Real, claro. Mas se algo como isto acontecer, eu devo logo vir a seu socorro.

– Qual seu nome?

– Miguel.

– Ok Miguel, muito obrigada, salvou minha vida! - Eu realmente era grata pelo o que ele tinha feito.

– Por nada, senhorita. Bem, chegamos. Se cuide! - Nem reparei que tínhamos passado por escadas e passagens secretas. Apenas entrei no abrigo.

Lá era até grande, e todas as Selecionadas já estavam lá ao que parecia, pois percebi a aflição de todas assim que me viram. Com certeza estavam preocupadas, pois eu era a única que não tinha chegado.

– Lissa, até que enfim! - Disse Charles, vindo até meu lado. Ele me abraçou... - Achava que tinha acontecido o pior!

– Quase aconteceu, mas não! - Eu disse, então ele olhou para mim e começou a entender.

– Graças a Deus você está bem! Venha, sente-se. - Ele foi me puxando pela mão até uma cadeira. Sentei lá, e ele ficou na cadeira ao lado. Neste momento, percebi que Dexter nos observava, e rainha também, mas ela tinha um pequenino sorriso no rosto, e me olhava como se estivesse me avaliando.

Charles e eu começamos a conversar, e logo me esqueci da minha quase morte. Era incrível como ele me fazia esquecer dos meus problemas. Algumas Selecionadas nos observavam, nós dois falávamos baixo, porém uma vez ou outra, soltamos risinhos abafados, então ficava meio óbvio que nossa conversa estava muito boa. E em quanto isso, eu só ouvia muito barulho vindo dos outros andares.

Por um tempinho, paramos de conversar, e eu comecei a pensar, o porque Dexter não perguntou como eu estava, nem para mim, e nem nenhuma das Selecionadas.

Comecei a observar o lugar, Selecionadas choravam outras se encontravam duras como pedra. Muitas precisavam de ajuda ali. Então levantei da minha cadeira, e fui acalmá-las, uma por uma. Não era o meu dever, mas eu não ligava.

Enquanto falava com as garotas, percebi que muitas eram até amigáveis, mas já outras dispensaram minha ajuda. Logo cheguei em minha única amiga: Andrea.

– Olá, como você está? - Pergunto.

– Estou muito bem, acho que agora as coisas estão se acalmando - Diz ela, e era verdade. o Barulho já era um pouco menor.

Andrea tinha chorado, e isso era evidente, percebi que ela era uma garota um pouco frágil. Acho que todas nós temos alguma fragilidade.

– É verdade! - Digo.

– Sabe Lissa, o príncipe ficou com uma expressão horrível enquanto você e Charles conversavam...

– Mesmo?

– Sim - Disse Andrea rindo. Bem, ele com expressão horrível para mim já não é novidade.

– Não acha que ele deveria ajudar todas nós? Mas olhe para ele, parece até que ele nem se importa. - Digo.

– Eu também notei isso, até Charles veio ver como nós estávamos, ele é um amor.

Também acho, pensei. Quem dera se Dexter fosse como ele.

***

Mais tarde, já em meu quarto, pronta para dormir de novo, já deveriam ser umas 3:00h da manhã, alguém bate na porta. Deve ser algum guarda para saber como eu estou, talvez seja até Miguel.

Mas eu estava errada, era Dexter.

– Oi, posso entrar?

Uau, que educado. Apenas dei espaço para que ele entrasse.

– Como você está? - Perguntou.

– Bem!

– Fiquei sabendo que você quase morreu hoje... - Algum guarda deve ter falado para ele.

– Sim, mas agora já está tudo bem!

– Você foi quase morta, e ainda chegou no abrigo como se não tivesse acontecido nada, logo depois ajudou as Selecionadas. Coisa que nem eu fiz, então, obrigada!

Cara, ele estava me agradecendo? Ele está bem diferente.

– De nada!

– Sei que está meio tarde, mas não quer ir dar um passeio pelo jardim amanhã?