Can't Kill The Past (Hiatus) escrita por Gessikk


Capítulo 13
Boa noite, Lydia


Notas iniciais do capítulo

Lindos e lindas! Como estão? Eu posso demorar para escrever, mas como sou uma garota de palavra, estou postando já essa semana, do jeitinho que prometi.
Estou bem animada para saber a reação de vocês, então comentem o que acharam, pois esse capítulo finalmente trás algumas revelações!
Aproveitem



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— Você fica mais aqui em casa do que na sua.
— Como se meus pais se importassem com isso.— Lydia falou, revirando os olhos e se aconchegando em Stiles.— Sem contar que não é a minha culpa que você sempre precisa de uma babá.
— Verdade— O menino concordou, sabendo que de fato sempre precisava da ajuda da menina— Mas você sempre arruma uma desculpa para ficar me mimando e me agarrando a noite inteira.
— A minha vontade é de vir todos os dias cuidar de você no banho — Stiles riu com a provocação de Lydia, que sorria abertamente.— Existe poucas coisas melhores no mundo do que ver você no banho.
— Você fica me olhando no chuveiro?
— Só dou uma espiadinha no que é meu.
— Vou prestar mais atenção no banho — Murmurou rindo, apesar de levemente envergonhado.— E o que é melhor do que isso?
— O que?
— Você disse que existe poucas coisas no mundo que são melhores do que me ver no banho, então quero saber que poucas coisas são essas.
— Seu beijo, é bem melhor poder beijar essa boca linda do que ficar só olhando seu corpo de longe.— Sem conseguir se conter, Lydia mordeu o lábio inferior do garoto, chupando com força, fazendo com que sua boca grossa engolisse completamente o lábio fino do menino— Arrancar a sua roupa, tocar no seu corpo — Assim que liberou a boca de Stiles, Lydia continou a falar.— Beijar seu tronco, receber seus carinhos.
O humano tinha um sorriso torto, completamente satisfeito e a garota, de acordo com que falava, se ajeitava por cima de seu quadril, ficando sentada em seu colo.
— Eu ocupo toda a sua lista de "melhores coisas do mundo"?
— Por acaso existe algo melhor que Stiles Stilinski? — O sorriso torto do menino se expandiu para todo o rosto.— Só de ouvir esse nome imbecil, a definição que vem na minha cabeça é sexy, sarcástico, provocador e lindo.
Rindo, Lydia segurou na barra da blusa do garoto e a tirou alegremente, deixando o tronco marcado do garoto totalmente exposto. Logo em seguida, a Banshee se curvou sobre seu corpo e começou a beijar a clavícula do garoto sorridente.
— Depois você diz que eu sou o tarado.
— Nunca reclamei disso.— A Banshee beijava cada centímetro do peitoral do namorado.
— Você sempre reclama e se faz de difícil — O menino disse completamente dengoso e segurou o rosto da garota, a impedindo de continuar o beijando.— E apesar de estar tentado a deixar você continuar, eu sei que está evitando ter uma conversa séria comigo.
A menina fez um biquinho involuntário, olhando para o corpo bonito do garoto.
— Lydia, colabora.— A voz de Stiles era tão doce e suplicante que a menina suspirou e saiu de cima do garoto, sentando ao seu lado.
— O que você quer falar?
— Que tal dizer o que está escondendo de mim? Ou o porquê está estranha desde que perdi a memória? Ou contar o que estava fazendo hoje que me deixou aos cuidados de Isaac.
— Eu não posso falar tudo, Stiles.
A decepção que passou no rosto do garoto, foi insuportável para Lydia, que de imediato beijou a sua bochecha e se aninhou para perto dele.
— Depois de tudo o que já passamos, você não confia em mim?
— Stiles, não é isso.
— Então é o que Lydia? Já estou cansado de você me tratar dessa forma, eu nunca escondo nada, sou totalmente aberto e sempre tenho a sensação de que você não fala nada para mim, sempre esconde alguma coisa.
— Vai falar sobre o que está incomodado? Então porquê não aproveita e me explica aquilo que Nicole falou.
— O que?— Stiles perdeu a compostura com a mudança brusca de assunto. Os dois estavam tensos na cama, sentados, encarando um ao outro.
— Vai me dizer que por pura conveniência você teve o apagão justo na hora que ela disse "além de ser ótimo na cama"? — A Banshee imitou a voz da mulher, sentindo a raiva que tinha suprimido o dia inteiro, vir a tona.— Estou tentando esquecer isso, me preocupei com você e não disse nada, pois sabia que estava abalado, mas não da mais.
— Você acha que eu seria capaz de trai-la?— Stiles escutou a afirmação da Nicole e se assustou com isso, segundos antes de apagar, mas não podia acreditar que Lydia considerava aquela hipótese.
— Então me de outra explicação, Stiles. Você pode me dar a certeza de que não ficou com ela?
— Lydia, eu esperei a vida toda por você! Por que eu ficaria com outra mulher?
— Responda, Stiles. Você por acaso lembra? Você pode me afirmar e me mostrar as lembranças que tem de como conheceu a Nicole e que não ficou com ela?
O garoto não podia acreditar nas palavras de Lydia. Como a garota que ele amava poderia duvidar de sua fidelidade?
E no entanto, ele não conseguia lembrar, não sabia como conheceu Nicole, não recordava sequer de seu rosto. O que Stiles mais queria era ter suas lembranças de volta e usar a conexão para mostrar seus pensamentos a namorada, mas não podia fazer isso.
— Eu não lembro.— Após sussurrar essas palavras, Lydia levantou, sem se importar de estar de pijama e colocou um casaco— Lydia!
— Você tem razão, Stiles, eu durmo mais aqui do que na minha própria casa.
O humano não conseguiu impedir que a namorada saísse do quarto, mas a seguiu imediatamente, segurando no seu braço.
— Você não confia em mim.— A afirmação do menino saiu com tom indescritível de mágoa.
— Da mesma forma que você não confia que escondo as coisas para seu próprio bem.
— Isso é completamente diferente Lydia, você sabe disso.— O garoto parou de falar por um segundo, dando uma respiração pesada— Eu a amo desde a época que não sabia sequer o que era "Stiles" e agora, acha mesmo, que eu seria capaz de fazer algo com outra mulher?
— Eu não sei— Lydia estava tão confusa quanto Stiles e extremamente insegura.— Mas como ela o conhece, Stiles? Você perde a memória dos quatro últimos meses e vêm uma mulher que o conhece e dando a entender que vocês já...— Ela não foi capaz de terminar a frase, apenas se livrou do aperto da mão do humano.— Se você mesmo fala que não esconde nada, por que você nunca falou dela? Eu não perdi a memória, Stiles e você nunca falou de uma Nicole.
O garoto ficou sem reação, os olhos de ambos adolescentes estavam repletos de lágrimas. Lydia desceu as escadas e foi seguida, com lentidão, por Stiles.
— Tem certeza que não quer ficar?
— Tenho.— Ela mordia a boca, desviava o olhar e ele encarava o chão, constrangido e sem reação.
— Precisa de carona?
— Meu carro está aí, posso ir dirigindo.
Lydia abriu a porta, mas antes que saísse, Stiles a segurou pelas mãos e beijou sua boca, com lentidão, um movimento seco, sem línguas. O mover de seus lábios foi extremamente curto e então, apenas se encararam por segundos.
Não conseguiam viver longe do outro e sabiam disso, sem precisar trocar nenhuma palavra.
— Boa noite, Stiles.
— Boa noite, Lydia.
Quando o garoto voltou a cama e deitou, percebeu o quanto ela parecia grande e fria. Lydia não estava lá para conforta-lo em seu peito e aquece-lo.
Olhou para o relojo e viu que passava das duas da manhã, ele teria que ir para aula no dia seguinte, o que para ele, que não lembrava dos últimos meses de escola, iria parecer o primeiro dia pós férias.
Pegou o celular na cômoda e encarou, sem saber com quem falar naquela hora. Até que um cabelo ruivo, de um tom diferente da namorada, invadiu sua cabeça.
Após cinco toques, a voz sonolenta e assustada da garota atendeu o telefone.
— Stiles?
— Lily!
— O que aconteceu?
— Acho que estraguei as coisas com Lydia.— E ao dizer isso, não suportou, chorou, sem conseguir dizer o que aconteceu para a amiga preocupada.
Stiles não tinha contado para Emily sobre o mundo sobrenatural, ela não precisava saber, podia ser poupada disso. Porém, o garoto lhe dizia coisas com explicações vagas, como falou da perca de memória e desse mesmo jeito, sem explicar completamente, disse sobre Nicole e a menina o compreendeu, apesar dos soluços que tornavam sua voz embolada.
#Abertura#
— Derek? Vem logo!
— Estou indo.
— Vai perder a melhor parte!
— Calma!
O homem revirou os olhos e voltou a sala, tendo a linda visão de Callie jogada no sofá, completamente descabelada, com uma blusa curta, deixando a barriga a mostra e o short tão enrolado que parecia uma calcinha grande.
— Você podia ter pausado.
— De novo? Assim não terminamos hoje!
— Vai mesmo fazer com que eu veja toda a temporada?
— Temos a madrugada inteira para isso.— O lobisomem suspirou, sabendo que cederia aos desejos da garota.
— Nunca vi alguém comer tanto, quando ficar gordo e flácido não venha reclamar comigo.
Todas as sete vezes que Derek fez a garota parar a série, foi para ir para cozinha e comer. Já tinha feito pipoca, batata frita, hambúrguer, pego chocolate e tudo isso é claro, depois da janta.
— Gordo e flácido? — A descrença era clara na voz do homem que ergueu a sobrancelha e encarou o próprio corpo, completamente definido. — Eu só fico com fome de madrugada.
— E de manhã, de tarde, de noite...— Callie falava, os olhos ainda fixos na série violenta, mas Derek pegou o controle e desligou a televisão, fazendo a garota soltar uma espécie de rosnado.— O que pensa que está fazendo.
— Um pequeno intervalo.
A garota sentou de imediato, os olhos irritados e avançou na direção de Derek, pulando para agarrar o controle de suas mãos. A única coisa que o homem fez foi erguer o braço para cima, impedindo que a garota, baixa, alcançasse.
— Derek!
O lobisomem sorriu abertamente, algo que não tinha o costume de fazer, mas que se tornava cada vez mais comum com a presença da caçadora.
A menina estava tão ocupada, encarando o controle e criando maneiras de o arrancar da mão de Derek, que não percebeu que o lobisomem se inclinava em sua direção.
Assim, Callie teve a grata surpresa da boca selvagem de Derek sobre a sua, iniciando um beijo nada inocente, com movimentos furiosos, raivosos, como se quisesse coagir a menina em vez de beija-la.
A garota não se deixou intimidar pela violência do beijo, ela gostava daquilo e ao sentir as mãos de Derek agarrando seu quadril com uma força absurda, sua reação foi empurra-lo com brutalidade, usando suas habilidades de luta para ser capaz de mover o homem muito mais forte que ela. O lobisomem riu sem parar o beijo, completamente satisfeito e foi encurralado pela garota, que o esmagou contra a parede.
— Já esqueceu sua série?— Foi a primeira coisa que Derek disse quando Callie começou a beijar o seu pescoço, o mantendo preso na parede.
— Só um intervalo e depois você volta a ver. — A caçadora não cedeu, mas estava muito entretida com as mãos no abdômen do lobisomem.
— Faço o que você quiser. — Murmurou já desconcentardo e então, finalmente tomou o controle.
Por mais que Callie enfrentasse o homem, ela não era capaz de vencer a excitação de Derek. Ele a segurou, a puxando para seu colo, de modo que suas pernas se cruzaram no quadril dele.
O lobisomem deu poucos passos, ele tinha a intenção de leva-la para a cama, mas quando sentiu os dentes da caçadora mordendo seu pescoço com força, aquilo foi demais para ele. Então, o homem simplesmente a colocou no chão, com cuidado, deitou por cima dela e voltou rapidamente a agir com voracidade.
O controle da tevê foi completamente esquecido, juntamente com a série que a garota tanto amava. A única coisa que tinham consciência era das peças de roupas que os impediam de tocar no corpo um do outro.
Derek tinha um toque violento, agarrava a mulher com força, mordia, beijava, roçava a barba em seu corpo. Callie amava isso, com todas as suas forças e assim, o "pequeno intervalo", se tornou horas e horas seguidas, repletas de amassos, movimentos bruscos e suspiros.
O homem sorriu quando pouco depois de cessarem os movimentos, Callie caiu em um sono profundo, o corpo completamente mole e relaxado, se aconchegando a seu lado.
Derek segurou a mulher com extrema delicadeza e a tirou do chão, onde estavam, para que não dormisse lá. A colocou na cama e deitou em seguida, mexendo em toda extensão do cabelo loiro, desde a raiz claríssima, até as pontas, pintadas de verde.
Minutos depois de deitarem, algo incomodou o lobisomem. Ele se remexeu e percebeu que tinha uma bolsa de Callie jogada na cama, que estava machucando a sua coluna.
O homem revirou os olhos, a caçadora bagunçava o loft com todos os acessórios femininos existentes no planeta terra. Quando pegou a bolsa, por curiosidade abriu e se deparou com um único objeto: uma pulseira de couro com o feche quebrado.
Não demorou nem uma fração de segundos, para Derek reconhecer que era a pulseira de Malia.
A garota não tinha morrido com aquela pulseira? Como Callie estava com ela?
Quando a menina acordasse, ele lembraria de perguntar.
***
— Stiles, está tudo bem, ela não pode estar tão chateada assim.
— Ela mandou uma mensagem dizendo para não busca-la, Lily e eu sempre a levo para escola.
— Até agora você nem me explicou essa história direito, como simplesmente perde a memória e chega uma mulher dando a entender que dormiu com você e...
— Isso está na lista das coisas que não posso contar, lembra? Confia em mim, é melhor não saber.
— Sumo por um tempo e quando volto, esse Stiles misterioso está no lugar do meu melhor amigo.
O humano sorriu de lado,sem se abalar e a garota revirou os olhos, mas aceitou o braço que ele estendeu, assim, andaram de braços cruzados pelo corredor da escola.
— Vai ficar assim o dia todo?— A garota falou já irritada, Stiles estava com as mãos suando, olhar aflito, estalando os dedos e pulando no calcanhar o tempo todo.
— Até encontrar Lydia e poder beija-la, dizer que a amo e...— Stiles queria saber se ainda estavam namorando, mas a possibilidade era tão ruim que não teve coragem de pronunciar.
— Pode fazer isso agora.— A voz da garota que amava surgiu bem atrás de Stiles.
O humano saltou de susto, estremecendo e se virou na direção de Lydia. A primeira coisa que notou foi que os olhos verdes estavam furiosos, encarando fixamente os braços cruzados dos amigos.
Imediatamente, Stiles largou o braço de Emily e por um instante, ficou sem saber o que falar, olhando fixamente para Lydia. A boca carnuda com batom claro, os olhos bem marcados, enormes, do tom mais lindo de verde, a pele muito pálida, bochechas coradas e o corpo...aquelas curvas tentadoras, fartas, a cintura no formato perfeito para encaixar suas mãos.
Lydia abaixou a cabeça, analisando a própria cintura e só então, Stiles se deu conta que pensou em voz alta. Ele tossiu constrangido, encarando a Banshee, enquanto Emily se afastava discretamente para dar privacidade ao casal.
— Minha cintura é perfeita para suas mãos?
— E-eu não quis dizer isso— Murmurou constrangido— Você está muito irritada comigo.
— Estou, mas isso não significa que pode andar agarrado a Emily.— Stiles sorriu ao ouvir aquilo, então eles continuavam namorando.
— Fiquei com medo que...
— Eu terminasse com você, não sou estúpida o suficiente para isso, Stiles.— A menina, como sempre, parecia ler seus pensamentos— E não estou assim somente pelo o que Nicole falou, mas por não confiar em mim.
— Mas vcê não me fala nada, Lydia!
— Não vamos voltar a discutir.— A garota foi seca, desviando o olhar— Era isso que queria falar?
O garoto bufou, pois sabia que se ela não estava disposta a discutir sobre aquilo, jamais conseguiria. Lydia era complicada, mimada, de personalidade forte, difícil, insistente e Deus! Como ele amava tudo isso nela.
— Eu te amo.
— Hum.
— Lydia?
— Não espera que vá responder, não é?
— Posso ao menos lhe dar um beijo?
A garota não esperava que Stiles fosse perguntar aquilo e enquanto ponderava sobre a resposta,surpresa, o garoto se aproximou, antes que ela negasse e roçou suas bocas.
Era impossível Lydia permanecer naquela postura com os lábios do garoto sobre os seus, mas ela não queria ceder, então ficou imóvel, até sentir a língua molhada e gostosa entrando em sua boca. Ele estava com um chiclete de menta e fez a garota estremecer quando, com a língua, arrastou a goma, empurrando para sua boca.
Mesmo contra sua vontade, Lydia entrou naquela brincadeira estranhamente sensual, eles jogavam o chiclete um para o outro, as línguas em um movimento repetido de vai e vem, as bocas batendo uma contra a outra.
Stiles colocou uma das mãos no maxilar da garota, com muita delicadeza e a outra, deslizou por sua coluna, o indicador se esfregando contra a sua pele coberta pela roupa fina, fazendo Lydia se arrepiar. A menina permaneceu com os braços caídos ao lado do corpo, mas sem conseguir manter a postura forte, pois estava completamente entregue ao beijo saboroso.
Foi Stiles que terminou o beijo e Lydia, sem perceber, lutou para continuar, mas o garoto apenas empurrou mais uma vez o chiclete para sua boca e mordeu o lábio inferior da menina, puxando, chupando e logo em seguida, soltando. Os olhos verdes se abriram, atordoados, confusos e o garoto deu um sorriso lateral, ao reconhecer o desejo naquele olhar.
— Eu te amo.— Repetiu, para a garota que novamente não respondeu, mas que começou a mastigar o chiclete com sabor de Stiles.— Se quiser continuar o que paramos ontem, é só passar lá em casa.
Aquele sussuro foi feito na orelha da menina e então, ele se afastou, finalmente satisfeito, com um sorriso se expandido por todo rosto e subindo aos olhos castanhos.
***
— Callie?— O homem a chamou pouco depois da caçadora acordar e se xingar por ter dormido a noite inteira em vez de ter continuado a assistir a série.
A mulher apenas virou o rosto na direção do homem, a sobrancelha erguida, para que ele continuasse falar, mas não pode evitar de se distrair com a bela visão do lobisomem.
Derek ainda estava nú na cama, deitado, completamente confortável, as pernas jogadas para os lados e os braços cruzados por baixo da cabeça. Callie não conseguia imaginar que visão no mundo podia ser mais linda do que aquela, o homem de olhos verdes, relaxado, feliz e sem roupas.
Como era possível que tanta gente tenha feito mal a ele? Desde cedo Derek foi traído, cercado pela morte, o que fez com que ficasse sempre na defensiva, rabugento, fechado, enquanto a única coisa que merecia era ser eternamente mimado e amado. O homem era fiel, protetor, surpreendia com atitudes meigas, a mulher sabia a sorte que teve por conseguir se infiltrar na vida dele e a única coisa que queria era o ajudar a superar cada momento de dor, da mesma forma que ele ajudava a superar os seus.
— Como você pegou essa pulseira? Ela foi enterrada com isso no braço.— Derek não dizia o nome da Malia, pois pronúncia-lo só tornava mais real o fato de que perdeu mais uma pessoa de sua família.
Fazia meses que a garota tinha morrido e todos agiam normalmente, mas a morte dela tinha um peso escondido no olhar de cada um da acalteia que tentava, o máximo que podia, não pensar naquela morte violenta. Em Derek e Stiles era onde o peso ficava mais visível, não somente no olhar, mas em pequenas mudanças em suas atitudes. Muitas vezes não tinham coragem de demonstrar, mas mesmo assim, todo dia, por mais feliz que fosse, se lembravam da menina.
O humano e o lobisomem eram completamente diferentes e ao mesmo tempo, iguais, apenas escondiam o sofrimento de maneiras opostas. Um com o humor, a ironia e o outro, com a expressão fechada, intimidando as pessoas próximas.
— Eu...— Callie suspirou pesado, encarando a pulseira que Brad tinha dado a Malia e logo em seguida, desviou o olhar para não se distrair com o corpo definido do homem— No dia que deixaram o corpo de Peter aqui.
— Mas ela já tinha morrido há meses, como..— O homem ficou tenso, perdendo a postura relaxada, encarando a garota que estava em pé, perto da cômoda, olhando para a parede.
— Depois que joguei a faca no perseguidor, você tentou o seguir e Isaac foi em seguida, eu achei a pulseira jogada no chão, arrebentada e com sangue, como se tivesse caído do braço do perseguidor.
Derek não soube o que responder, ficou calado absorvendo aquela informação que tinha acontecido há pelo menos quatros meses antes.
— E você não me contou por todo esse tempo? Mesmo depois dos ataques que começou a ter na escola?
— Eu não tive coragem de dizer, queria ter uma prova de que realmente fosse possível que ela estivesse viva. — A voz de Callie vacilou e seus olhos castanhos se voltaram ao rosto do homem, tentando analisar sua reação.
— Isso é impossível, vimos Kate arrancar o coração dela. Nós mesmos tivemos que esconder as evidências e colocar o corpo de uma maneira que parecesse ter sido ataque animal. Ela está morta.
— Eu sei, só não consigo pensar em outra possibilidade.
— Vamos a escola— O homem concluiu com um suspiro, levantando e surpreendendo a garota de roupa íntima.— Lá tem os arquivos dos alunos que morreram, vamos procurar algo em comum nas mortes dos últimos meses, ver como foi e qualquer coisa pedimos ajuda a Melissa para mais informações.
— E como pretende ter acesso a esses arquivos? Não é melhor invadir a escola de noite?
— Vou dar em cima da diretora, ela vive me secando. Consigo qualquer coisa com ela.
— Simples assim?
— Já parou para me olhar?— O homem encarou o corpo despido— As mulheres fazem qualquer coisa por mim.
— Convencido — Callie murmurou emburrada, apesar do alívio por Derek não ter se irritado com ela.
***
— Você realmente não lembra deles?
— Já disse que não, Scott.
Após o término das aulas, Stiles e Scott andavam em direção ao Jeep e a moto, que estavam estacionadas lado a lado. O humano tinha acabado de explicar ao lobisomem o que lembrava do conflito com Nicole e Tobias, já que Lydia não falou nada para ninguém, contando o que aconteceu antes de ter o apagão.
— Eu preciso arrumar algum jeito de recuperar a memória e resolver isso.
— Mas fica difícil com Lydia escondendo tanta coisa de você, ela não queria nem falar sobre o Nogitsune. — Depois que falou, Scott percebeu que disse o que não devia.
— Ela me contou sobre isso na ida por restaurante, mas, calma, como assim você sabia que ela queria me esconder isso e não me disse nada?
— Nós tivemos uma conversa, antes de ir no hospital busca-lo e bem, Lydia me convenceu de não falar, porque ela mesmo queria dizer depois de um tempo, dizendo que você devia estar abalado com a perca de memória.
— Você, você... É meu melhor amigo! Não sabe que é a sua obrigação me contar tudo? Como pode ajuda-la?
— Stiles, desculpa, eu só..
— Nós vamos agora para sua casa e você vai contar tudo o que aconteceu nesses meses, sem me esconder nada!— Apesar da palavra "agora", Stiles bateu na porta do Jeep, irritado e se apoiou nele, olhando ao redor.
— Tudo bem, você tem razão, prometo que não vou esconder nada.— O alfa falou com um suspiro e encarou com curiosidade o amigo. — Vamos?
— Eu só quero ver se a Lydia, sabe...
O amigo entendeu, suspirando, Stiles tinha esperanças que depois daquele beijo, Lydia viria até ele, pediria para ir na sua casa ou algo do gênero. Ele só precisava ter certeza que apesar de tudo, estavam bem.
— Cara, cadê a Kira? Ela não apareceu ontem no loft depois daquela confusão de me perderem e faltou hoje.— O garoto comentou quando viu Lydia ao longe, ela conversava com uma garota que Stiles reconheceu como a colega da aula de história da Banshee.
— Ela está meio estranha— A voz do lobisomem, fez o amigo olhar para ele, preocupado.
— Estranha como? Vocês estão bem?— Stiles sentiu a culpa cair sobre si, estava tão preocupado com o próprio namoro que não percebeu que podia ter algo de errado com Scott.
— Eu realmente não sei, faz algum tempo que está me evitando. Não atende minhas ligações, falta as aulas, eu cheguei a ir na casa dela, mas não me atendeu. — O moreno olhava para baixo, os olhos chocolates tristes e preocupados. — Quando você sumiu ela ajudou na sua busca, estava empenhada, mas mal me olhava e assim que Lydia o encontrou e soube que estava bem, parou de ver todos da alcatéia.
O humano franziu o cenho e estava prestes a dizer algo quando Lydia chegou ao seu carro, que estava estacionado a pouca distância do Jeep. Stiles a encarou com expectativa e a menina apenas deu um sorriso sem dentes, acenando em um breve "tchau".
—Ok, vamos agora para sua casa, temos muito o que falar!— Stiles disse desconcertado, sem acenar de volta para Lydia.
***
— É só me esperar aqui, que eu pego os arquivos ou a chamo e vemos juntos.
— Esperar enquanto você seduz uma mulher?
— Ciúmes?— Derek abriu aquele sorriso que se tornava cada mais frequente.
— Não, essa diretora nunca vai ser melhor do que eu— Apesar da negação, a fala mostrou sua irritação e leve insegurança — Sem contar que aqui tem uns professores bem bonitos.
Ela sabia como jogar, Derek tinha que admitir. Acompanhou o olhar de Callie e viu que ela encarava indiscretamente um professor moreno, de óculos e olhos claros.
O homem percebeu o olhar e encarou a caçadora com curiosidade. Ela sorriu e piscou para o professor que ficou claramente surpreso e interessado.
— Ok, ok, já entendi, pode parar com isso.
Callie riu quando o sorriso de Derek desapareceu.
— Se comporta. — A garota disse ainda rindo e deu um tapa nas costas largas do namorado que revirou os olhos.
O lobisomem entrou na sala da diretora, enquanto Callie esperava no corredor, espiando pela janela o que Derek fazia.
— Ei, Mary, não sei se lembra de mim— Derek fingiu uma falsa timidez e abriu um sorriso meigo.
A mulher de cabelo muito claro e olhos bem escuros, levantou a cabeça na direção de Derek e ajeitou o óculos redondo. O coração de Mary acelerou assim que viu o lobisomem, fazendo com que o sorriso dele se tornasse sincero.
— D-derek— Ela gaguejou, engoliu em seco. Bom sinal.
— Sim, o homem que já invadiu sua escola algumas vezes para ver seus amigos adolescentes— Mais uma vez, o homem fingiu constrangimento e mordeu o lábio infeior— Espero não estar atrapalhando, eu só queria pedir um favor.
— Não, não, pode falar.— Mary imediatamente esqueceu o computador em que trabalhava e empurrou os livros para o outro lado da mesa.
— Eu sei que pode parecer estranho, mas tem como ver os arquivos dos alunos?— A mulher claramente se decepcionou com o pedido, os ombros se curvaram e a cabeça abaixou.
— Os arquivos dos alunos? Você sabe que não posso dar acesso a uma pessoa que não trabalha...
— Dos alunos que morreram, especificamente. — Mary arregalou os olhos, a culpa e a curiosidade inundaram seu rosto ao pensar em todos os estranhos assassinatos que ocorreram no pouco tempo que assumiu a direção do colégio se Beacon Hills.
— Você é policial? Olha, se for, eu já dei todos os depoimentos que pediram e já olharam os arquivos e levaram o que acharam necessário.
— Não, eu não sou um policial — A postura defensiva de Mary relaxou um pouco— Sou amigo do xerife Stilinski e já vi os dados que tem lá, mas ainda falta algumas informações importantes que gostaria de conferir— Naquela fala foi uma das primeiras verdades que pronunciou, pois de fato tinha visto com o xerife e estava buscando por mais.
— Olha, me desculpe, mas não acho certo que eu mostre. Se você voltar aqui com o xerife eu posso resolver isso.
Derek não tinha esse tempo. Precisava ver os arquivos e tirar suas dúvidas de uma vez por todas, então novamente apelou para sedução, mas dessa vez, contando com o sentimentalismo da mulher.
— Por favor— Disse fazendo a melhor carinha de pedidão tristonho e logo em seguida, lembrou do nome de uma das vítimas — É que, Claire Stone, era como uma irmã para mim. Nossos país se conheciam, como era mais velho, praticamente a criei como caçula.
Quando os olhos verdes de Derek se encheram de lágrimas, Mary acreditou facilmente na mentira.
— Oh, meu Deus! Eu não sabia!
— Eu sei o que os policiais falaram, que estão procurando quem foi, mas só queria ter a oportunidade de olhar, procurar algo em comum. Mesmo que não adiante, queria me sentir útil de alguma forma.
Callie, do lado de fora, ria enquanto via Derek chorar e a diretora o consolar, o abraçando. E riu ainda mais quando realmente funcionou, o lobisomem teve acesso a todos os arquivos e ficou por muito tempo na sala, analisando caso por caso, ainda por cima tirou foto da papelada.
— Não sei nem como agradecer.
— Está tudo bem, espero que descubra algo.
Mary ainda parecia muito sentida, os próprios olhos lacrimejando e no impulso, abraçou Derek, que com certa resistência, retribuiu.
— A gente se vê.— O lobisomem falou ainda cabisbaixo e acenou para a mulher que perdeu brevemente a respiração e mais uma vez, seu coração disparou.
— Seu descarado! Não tem pena da mulher não?— Foi a primeira coisa que Callie disse.
— O que importa é que consegui.— Murmurou com um sorriso lateral, erguendo o celular na direção da loira.
***
— Obrigado, Melissa, eu estava morrendo de saudades da sua comida. — Stiles falou de boca cheia, coisa que tanto Scott como a enfermeira, estavam acostumadas a ver o humano fazer.
— E eu estava com saudades de ver você aqui— Respondeu sorrindo e bagunçou o cabelo do garoto que devorava o almoço — Ainda bem que hoje não tenho plantão, assim posso mima-lo.
— Você mima o Isaac, o Stiles e eu, que sou seu filho, ganho o que?
— Ela tem que me mimar, está pegando meu pai, lembra?— Melissa corou com o termo que Stiles usou e Scott franziu as sobrancelhas — E fica calado, pois ainda estou com raiva.
Dessa vez a única coisa que Scott fez foi suspirar, pois sabia que o amigo tinha razão de estar irritado.
— Ok, meninos, melhor deixar vocês se resolverem— A mulher aproveitou a chance de fugir do assunto dela com o xerife e saiu rapidamente do cômodo.
— Esses dois estão evitando falar sobre isso— Stiles falou com a expressão desconfiada, se referindo a Melissa e ao pai— Assim que eu chegar em casa, meu pai vai passar por um interrogatório.—Scott não respondeu, continuou entretido com sua própria comida.
— Pode começar a falar— Stiles disse após o almoço, quando se jogou na cama de Scott, deitando confortavelmente.
— O que quer saber?
— Tudo sobre os últimos quatro meses.
— Hã...Eu não sei por onde começar — O amigo respondeu pensativo, sentando em uma cadeira em frente a cama.
— Soube que teve algumas mortes de alunos— Começou Stiles, lembrando que Lydia disse que ele tinha medo de ter sido possuido e matado aquelas pessoas.
— Quinze mortes.
— Quinze?
— Sim, de pessoas completamente diferentes, a única ligação era que todas estudavam em nosso colégio.
— Como foi que aconteceu? Onde achavam os corpos?
— Cada caso foi diferente, primeiro uma garota na floresta, depois um calouro na estrada, teve até mesmo no campo do lacrosse.A maioria tinha marcas de mordidas, hematomas, alguns foram encontrados partidos ao meio, esquartejados.
— Ninguém descobriu nada? Por que nós não estamos procurando o assassino?
— Você ficou obcecado com isso, fazia de tudo para descobrir. Pegavamos as pistas da delegacia para procurar, mas parecia simplesmente impossível descobrir qualuquer coisa, um cheiro sequer. — Scott respirou fundo antes de continuar— Os corpos fediam somente a morte e apodreciam muito mais rápido do que o normal, era claro que o assassino era um ser sobrenatural.
— Então por que não estou vendo vocês o procurando?
— Porque depois da décima morte, as pistas que encontravamos, só nos levava a você.
— O que?
— Você acordava sujo de sangue, um dos assassinatos foi feito com taco de baseball e o seu, sumiu. Perto do local começou a surgir pegadas do tamanho do seu calçado.
— Mas Lydia disse que depois eu mesmo não achava que tinha sido o demônio— A voz de Stiles mal saia e não teve coragem de dizer "sido eu", pois era doentia a ideia de ter matado quinze adolescentes inocentes.
— Você ficou ainda mais desesperado quando começou o sonambulismo, os apagões— Scott disse o mesmos sintomas que a Banshee tinha dito na ida ao restaurante — Mas com suas teorias, você finalmente concluiu que era o perseguidor.
— Como eu conclui isso? E o sangue? As pegadas?
— Você tem uma mente brilhante, Stiles— O amigo foi capaz de dar uma risada rouca ao dizer isso, balaçando a cabeça — Na maioria das vezes eu não consigo acompanhar seu raciocínio, mas você teve certeza de que era o perseguidor e bem, eu já cometi repetidas vezes o erro de não acreditar em você e agora já aprendi a lição que quando cisma muito com alguma coisa, está certo.
Stiles não acreditava que o amigo estava falando isso, em outra situação, ficaria admirado por longos minutos com o fato de Scott finalmente aprender a o ouvir, mas naquele momento, estava atordoado demais com as novas informações que recebia.
— E na noite que liguei para você dizendo que descobri alguma coisa, desapareci e perdi a memória. — Concluiu lembrando do que Lydia tinha falado, sobre os três dias que sumiu.
— Sim, por isso temos quase certeza de que descobriu quem era o perseguidor.
— Mas se eu não matei aquelas pessoas, de quem era o sangue? Por que minhas pegadas estavam nas cenas dos crimes e eu tinha tantos apagões?
— Eu realmente queria poder responder.
— E Scott, eu nunca falei sobre Nicole? Nenhum dia desses quatro meses eu mencionei que conheci uma mulher?
—Nunca.— O alfa respondeu sem entender a repentina mudança de assunto.
"E se Lydia tiver razão? Se não aconteceu nada, por que não falei dela para ninguém?" O garoto lutou para expulsar os pensamentos e não foi capaz de expo-los para Scott.
— Lydia também falou que o Nogitsune se comunicou comigo.— Stiles estava tão preocupado pensando em quem era Nicole, que teve coragem de pronunciar "Nogtisune".
— Sim, ele o atormentou bastante.
— E só isso? Desde que Lydia me encontrou na floresta não aconteceu mais nada, não vi, nem escutei Nogitsune. Ele não desistiria assim, então o que está planejando? E como ainda pode se comunicar? Eu fui invadido pela morte e ele continua dentro de mim?
Mais uma vez, o amigo não tinha o que responder, mas estava pronto para dizer para Stiles que podia falar sobre lembranças melhores, como os treinamentos, em uma tentativa de relaxar o garoto, quando o humano começou a sangrar.
— Stiles, você está sangrando!
— O que?— O humano se assustou com o amigo que se sobressaltou e passou a mão pelo queixo, só então percebeu que pingava sangue de sua boca.
— Mãe! — Scott gritou, sabendo que a mulher podia ajudar o amigo e se levantou imediatamente, sentando na cama ao lado de Stiles— Você está sentindo alguma dor? Começou do nada! Eu nem senti cheiro de sangue até começar a pingar.
O sangue que gotejava, aumentou e repentinamente, sua camisa também estava molhada, suja de vermelho. Scott levantou a blusa do garoto e viu que não tinha nenhuma ferida e no entanto, o sangue continuava a surgir do vazio.
— Não tem nada de errado comigo.— O garoto engasgou na frase no instante que Melissa entrou afobada no quarto —Lydia. Algo aconteceu com ela.
***
— Derek, o que estamos procurando? — Callie falou cansada, apoiando a cabeça no ombro do homem.
— Algo que a gente não tenha percebido antes, algum detalhe que deixamos passar.
— Nós já analisamos isso tantas vezes e faz horas que estamos vendo essas fotos — Murmurou encarando o celular, onde tinha as fotos do arquivos da escola.
— Mas antes eu não sabia sobre a pulseira dela— Novamente, não falou "Malia", mas Callie entendeu de imediato— Você encontrou há pelo menos quatro meses atrás e não tinha a intenção de me mostrar.
— Desculpa.
— Tudo bem, eu só quero achar algo que de alguma forma se encaixe com ela.
— Você acha que o perseguidor desenterrou o corpo dela?
— Não sei, mas precisa ter uma explicação lógica para essa pulseira ter surgido. Você jogou a faca na direção do perseguidor, ele rosnou e depois acha essa pulseira no chão, com o feche quebrado e com sangue, então provavelmente ele estava usando a pulseira.
— Só precisamos descobrir como— A garota falou sem expor o primeiro pensamento que teve ao encontrar a pulseira " seria possível Malia ressuscitar? ".
— Não consigo entender qual a motivação das mortes, esses alunos são completamente diferentes e a cada corpo tem uma pista falsa que leva a Stiles, por que essa obcção de culpa-lo? E tantas mortes em apenas quatro meses, o tempo exato que perdeu a memória, é como se isso já estivesse planejado.
— Temos certeza de são pistas falsas né?— Callie odiava aquela possibilidade, mas temia que tivessem procurando tanto e que o verdadeiro perigo fosse o Stiles possuído.
— Temos.— Falou rígido, sem nenhuma dúvida.
— Ok, então essa coisa perseguia Isaac e o seguiu até Beacon Hills, desenterrou o corpo de Malia e tentou incriminar Stiles. Matou Peter, deixou o corpo exposto aqui para nos chocar e depois matou mais quinze adolescentes e apagou a memória do Stiles.
— Falando assim parece mais confuso.— Derek falou bufando e passou o braço ao redor do corpo da caçadora.
— Não consigo ver nenhum motivo aparente para tanta morte, por que um ser sobrenatural ia querer fazer isso e culpar um humano? Não faz sentindo nenhum!— O casal estava frustado de não chegar a resposta— Parece que o único motivo é a morte.
— O que?— Derek ficou repentinamente tenso, mudando a postura e olhando para a mulher.
— Talvez seja um psicopata, que só busque a morte e tenha cismado com a gente e...
— Não, é isso.— Derek interrompeu os pensamentos de Callie.
— É isso?!— A mulher tentava entender o lobisomem.
— A morte, o que aconteceu com a morte?
— A Lydia a expulsou com o grito?— Callie não pretendia, mas sua afirmação se tornou uma pergunta.
— Não tem como simplesmente expulsa-la, Callie.— O lobisomem raciocinava rápido — Nós relaxamos, esquecemos o ataque, só pode ser isso.
— Você acha que o perseguidor é a morte?
— Seria a melhor explicação da pulseira de Malia e o porquê está nos rondando.
— Por que perseguiria, Isaac? Não pode ser.
— Preciso ligar para Scott.— Callie ainda não alcançava os pensamento rápidos que se encaixavam na mente de Derek, mas a certeza de que era a morte o invadiu junto com um mau presságio, precisava avisar a Scott o quanto antes.
O lobisomem pegou o celular e digitou rapidamente o número do alfa, olhando para Callie que continuava confusa.
— O perseguidor é a morte.— Murmurou mais para si mesmo do que para a garota.
***
Stiles Stilinski

— Stiles, você sabe onde ela está? Tenta se concentrar, você aprendeu a senti-la de longe, mesmo que não lembre, sabe como fazer isso.
Concentre. Pense em Lydia.
E eu pensava, a única coisa que conseguia pensar era nela, mas era difícil me concentrar em acha-la quando me perguntava como ela estava, o que tinha acontecido. Lydia, minha Lydia, que estava brigada comigo, que não aceitou minha carona, agora estava sozinha em algum lugar, ferida.
— Vá busca-la! Sinta o cheiro dela, vai agora, Scott!— Gritei para o lobisomem, ele já tinha perdido minutos falando comigo.— Não sei como acha-la, mas você pode encontrar!
Scott não esperou nem mais um segundo, os olhos vermelhos brilharam, o rosto se transformou na besta furiosa e correu para fora do quarto, sem nem olhar para mim ou para Melissa que permanecia paralisada ao meu lado.
— Esse sangue é de Lydia.— A enfermeira sussurou, enquanto eu criava forças para levantar.
— Sim.
Ao falar, cuspi sangue e uma dor aguda atingiu meu abdômen, onde mais líquido espesso e vermelho jorrava. Sentia meu corpo ficar cada vez mais fraco, uma tontura invadiu minha cabeça.
— E-eu vou tentar me conectar com ela, achar junto com Scott.— Murmurei, procurando a chave do Jeep.
— Eu dirijo, Stiles.—Olhei surpreso para Melissa que segurou o chave do Jeep e me olhou com segurança, o rosto sério, analisando o sangue que brotava de meus lábios e barriga.— Lydia vai precisar de mim.
Por sua expressão, tive certeza de que Melissa tinha ideia da proporção do ferimento de Lydia, pela quantidade de sangue que saía de mim e sujava o chão. Não tive coragem de perguntar a gravidade, a minha imaginação era terrível o suficiente.
Melissa digiria meu carro, pois me sentia mais seguro no Jeep. Com uma mão ela segurava firme no volante e a outra, segurava meu braço de uma maneira tão maternal que me dava mais vontade de chorar.
Prendia as lágrimas, mas o choro lutava para sair, pela dor horrível em meu abdômen, pelo sangue que preenchia minha boca com sabor de ferrugem, por Lydia e por naquele momento atordoante, que não sabia o que fazer, como ajudar, ter um referencial de mãe que mesmo em silêncio, me dava segurança.
Fechei os olhos com força.
Vamos, Stiles, não pensa em mais nada. Tentei me concentrar em Lydia, mas o desespero me fez imaginar ela chorando e gritando de dor.
Arfei, abri os olhos e os fechei novamente.
Se concentra em outra coisa. Pensei na dor, aquela pontada aguda na boca do estômago, foquei no sabor do sangue, na sensação molhada, grudenta e quente no meu abdômen.
"Stiles!" A voz de Lydia gritou em minha mente, estremeci e me apeguei com todas as minhas forças no som de sua voz.
— Onde você está, amor?— Sussurrei e flahs de visão invadiram minha mente.
Meus olhos estavam fechados, mas podia enxergar uma rua pequena e sem saída, havia alguma pessoa em pé, próximo a ela. Estava vendo através dos olhos de Lydia.
— Vire a esquerda!—Quase gritei para Melissa, abrindo os olhos e o carro virou bruscamente.— Ela está em uma rua sem saída, perto daquele mercado.— Orientei reconhecendo que lugar era aquele.
A enfermeira apertou meu braço com mais força e percebi que o sangue diminuía enquanto chegavamos mais perto de onde Lydia estava.

"Compartilhamos a mesma vida, Stiles, é natural ficar mais fraco quando estamos longe."
"Então precisamos estar perto para lutarmos?"
"Eu diria que juntos ficamos mais resistentes. Meus poderes aumentam, conseguimos lutar melhor e quem sabe até se curar."
"Até mesmo eu?"
"Você ressuscitou, Stiles. Por que não conseguiria fazer com que se curasse?"

Aquele breve diálogo foi como um murro na minha cabeça, que trouxe uma dor quase insuportável e certeza instantânea de que tinha acabado de ter uma lembrança.
— Derek?
— Melissa, onde está o Scott?
— Procurando por Lydia, eu estou com o Stiles no carro, aconteceu alguma coisa com ela e ele esqueceu o celular comigo.
Estava tão absorto na breve lembrança, que só percebi que o celular de Scott tinha tocado, quando Melissa atendeu, colocou no viva voz e começou a conversar com Derek.
— O que você descobriu, Derek? — Intervi na conversa, conhecia o lobisomem o suficiente para reconhecer o tom de sua voz.— Acelera, Melissa, por favor.— Acrescentei, implorando baixinho.
— O perseguidor é a morte, Stiles— A voz dele era preocupada e séria — E onde está Lydia? Vocês tem que tomar cuidado se eu...
— Você tem certeza disso?
— Tenho, mas Stiles, você não entende, a morte não está atacando da mesma forma, eu acho que...
— Chegamos! — Não me preocupei em ouvir Derek, poderíamos falar sobre o perseguidor depois— Preciso chegar até Lydia.— Disse mais para mim mesmo, pensando na breve lembrança. Ela ficaria mais forte comigo perto.
— Não, você não entende...— Desliguei a chamada sem escutar e sai do carro, cambaleando junto de Melissa.
— Você tem certeza que é aqui?
Não consegui responder, a dor, o sangue, a súbita lembrança, o que Derek falou, tudo confundia minha mente. Estava imundo com o sangue, preocupado com Lydia, morto de medo do que tinha acontecido e tentando não pensar no pior, apesar de ser impossível manter um pensamento otimista.
E foi assim, repleto de sangue, com dor na cabeça e no abdômen, confuso, tonto, desesperado, que entrei na rua sem saída e a vi.
Minha melhor amiga.
Malia.


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Notas finais do capítulo

Heyy! É isso heheh...Falem o que acharam *-*
E ah! Para quem não lembra, o Brad que a Callie disse que deu a pulseira de couro é aquele carinha que gostava da Malia, que foi com ela no baile (sim, aquele desastroso que a Kate atacou).
Sempre que não lembrarem de alguma referência que eu fizer de capítulos anteriores, quem sabe até mesmo da primeira temporada, podem me perguntar por mensagem ou comentário que eu vou ter prazer em falar!