Can't Kill The Past (Hiatus) escrita por Gessikk


Capítulo 14
Apodrecido


Notas iniciais do capítulo

Lindos do meu coração, estou muito feliz com os comentários e espero que também estejam feliz comigo, afinal, voltei (finalmente) a postar rápido, um capítulo e por semana e bem, voltei as aulas, era para estar dormindo a muito tempo, mas estou acordada exclusivamente para conseguir postar hoje!
Confesso que estou bastante ansiosa e nervosa para que vocês leiam esse capítulo, vocês vão entender o porquê, então espero que aproveitem e falem o que acharam!
LEIAM AS NOTAS FINAIS



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Stiles Stilinski

— Melissa, fica atrás de mim.— Foi a única coisa que consegui dizer, empurrando o corpo da mulher, até que estivesse escondida atrás de mim.— Não se afaste de mim, se segura.— Não foi um pedido e sim uma ordem.
Senti a mulher segurando minha blusa, sabia que não concordava que eu me arriscasse, mas também entendia que eu era capaz de protege-la e que não poderia fazer o mesmo por mim.
— Stiles, cuidado!
Aquela voz era de Lydia, minha Lydia. Um sussurro alarmado, dolorido, mas nem assim desviei os olhos da figura a minha frente.
O corpo bonito, antes bronzeado, tinha um tom acinzentado doentio, exposto na roupa rasgada, suja de terra e lama. Porém o rosto permanecia igual, o formato do nariz, da boca, as sobrancelhas finas, linda.
O terror estava nos olhos, que possuíam o mesmo desenho, com cílios longos, mas não havia nenhuma cor. Era impossível ver os detalhes de seu olho, pois era uma escuridão sem fim, de um negro tão profundo e sólido que parecia impossível.
Não tinha como enxergar a íris, a pupila, não parecia olhos de fato. Era apenas uma negritude, como uma névoa negra, sem vida e aterrorizante.
A observei por tanto tempo e mesmo assim, demorei para perceber que seu corpo entrava em decomposição, parte da carne já havia apodrecido, o osso a mostra.
Finalmente tomei coragem de olhar para o seu peito, onde encontrei a visão doentia que me atormentava todas as noites. Havia aquele buraco no peito, onde o coração de minha melhor amiga foi arrancado, era possível ver o interior seco e decomposto do corpo.
Mesmo estando tão diferente, era tão igual aquela menina que eu amava que a dor que me invadiu foi insuportável. Meus ossos se corroeram, meu coração se atrofiou, desaprendi a respirar.
#Abertura#
— Ela não é a Malia, ela não é a Malia, ela não é a Malia, ela não é a Malia.— Depois de alguns segundos que percebi o mantra que repetia, com uma angústia de uma reza aflita.
Era o corpo dela, disso eu não tinha dúvidas, mas era apenas isso, o corpo. A personalidade selvagem e meiga, a garota protetora, desajeitada, a menina de personalidade forte e sorriso fácil, não estava mais ali.
A Malia que eu amava e continuava amando, morreu naquele dia, pelas garras de Kate, me protegendo. Só não sabia como o seu corpo podia estar de pé, diante de mim, como uma memória obscura que se erguia para me assombrar.
— O perseguidor é a morte— Murmurei as palavras de Derek, entendendo o que o lobisomem queria me avisar.— Ela é o perseguidor.
Minha cabeça era um quebra cabeça, com peças miúdas e completamente embaralhadas, que lentamente foram se encaixando.
A morte não foi embora, mas possuiu o corpo de Malia, se tornando algo físico e não apenas uma névoa.
O perseguidor de Isaac já era a morte no corpo dela e não o seguiu até Beacon Hills, mas o atraiu de volta aqui, provavelmente por causa do Nemetom que permiti que ela tenha essa poder e essa força.
Peter morreu achando que estava sendo assassinado pela própria filha. Os quinze alunos, esquartejados, esmagados, de fato foram vítimas do perseguidor.
Passei tanto tempo tentando resolver tudo, como simplesmente não liguei a morte ao perseguidor?
Movi minha cabeça lentamente e a cabeça de Malia se moveu na mesma direção, me acompanhado, os olhos negros pareciam me analisar.
Desviei os olhos da escuridão sem fim, olhando pela primeira vez para Lydia.
Ela estava escondida atrás da Morte, mas finalmente pude vê-la, caída no chão, os braços e pernas estendidos, a roupa ensopada de sangue exatamente da mesma forma que eu estava. Não conseguia sequer enxergar seus lábios, devido a grossa camada vermelha que cobria toda sua boca e maxilar.
Os olhos verdes, estavam repletos de lágrimas, podia ver o pavor, a dor insuportável que ela sentia. Senti o desespero de correr até Lydia, abraça-la e protege-la, mas minha parte racional gritava que se eu fizesse isso, acabaria como ela ou até mesmo pior.
Virei a cabeça mais uma vez, para o lado oposto e me deparei com Scott, inconsciente. Estava tão horrorizado, assustado que não tinha percebido a sua presença até então.
Sangue escorria de seu nariz, apenas isso.
Encarei Lydia e movi a boca, formando as palavras sem nenhum som "eu estou aqui, vai ficar tudo bem".
Ela fez o mais inesperado naquela situação, que estava fraca, pálida, sangrando. Ela sorriu.
Os dentes sujos de vermelho, a expressão dolorida, mas seu sorriso estava lá, mostrando força e coragem.
— Stiles.— O sussuro receoso de Melissa me fez voltar para realidade.
Passei um braço para trás, de maneira que abracei a enfermeira de forma desajeitada, para ter a certeza de que estava comigo, protegida.
Não podia me distrair com minha namorada ferida, com meu melhor amigo inconsciente, com minha segunda mãe indefesa ou com o corpo da garota que morreu, possuído pela própria morte, apodrecida e atacando as pessoas.
Eu tinha que me concentrar em sair dali, em arrumar um escape e manter todos a salvo.
Vamos, Stiles, você é bom nisso.
O cheiro podre invadiu minhas narinas, minutos antes da voz rouca perfurar meu cérebro.
" Você precisa da minha ajuda, Stiles."
Abri a boca para pronunciar um "não", mas minha visão ficou embaçada, vários pontos surgiram diante dos meus olhos, se movendo como vermes, me cegando por alguns segundos e quando pude ver novamente, o demônio estava a minha frente.
Fazia meses que eu não o via e o encarar de tão perto, fez meu corpo estremecer.
O corpo enfaixado, a boca preta, os dentes afiados, o cheiro podre, que se assemelhava a um corpo em decomposição.
Nogitsune ergueu a mão em minha direção e eu não consegui sequer me mover. Os dedos enfaixados agarraram meu pescoço e se enroscaram ali.
Não conseguia respirar.
E então, ele desapareceu e pude sentir o aperto dentro de mim.
Meu corpo continuava imóvel, mas quase podia sentir minha alma se espremer, enquanto eu era invadido pelo demônio. Fiquei apertado, imponente dentro de mim mesmo, enquanto perdia o controle de meus movimentos.
Sabe quando em um filme, a câmera mostra o que o personagem vê? Você enxerga para onde o personagem está indo, sabe se move a cabeça ou se luta contra os vilões, mas não pode fazer nada para impedir. É apenas um observador passivo, mesmo que esteja vendo pelos olhos da mulher estúpida do filme terror que está andando pelo porão escuro, por mais que você grite com a televisão, não pode impedir que ela continue andando até o espírito maligno.
Era exatamente assim que eu me sentia, vendo meu corpo se mover. Meu braço se soltou de Melissa e caminhei com firmeza em direção a Morte.
Escutei algo como gritos, mas não podia discernir, pois não conseguia parar de encarar os olhos negros assustadores e por mais que tentasse impedir meus movimentos, eu me aproximava cada vez mais.
O corpo de Malia se moveu e a atitude foi tão delicada, cuidadosa, que senti meus órgãos afundando dentro de mim. Era tão diferente do movimento bruto da coiote que eu amava.
Parei de andar quando fiquei muito próximo da perseguidora, perto o suficiente para que ela erguesse a mão e agarrasse meu braço.
Continuei espremido, esmagado dentro do meu corpo, sentindo as garras de Malia afundando no meu braço, seu rosto não tinha nenhuma expressão. Os olhos negros estavam fixos em mim.
Novamente, meu corpo se moveu sem minha permissão, minhas mãos agarraram os ombros podres que a morte possuía e quase instantaneamente, um prazer indescritível me invadiu. Meus olhos se fecharam e eu aprovei aquela atitude, sem entender o êxtase que cobriu minha mente.
Um gemido de satisfação brotou de minha garganta e escapou por minha boca.
Continuava exprimido, inalando o odor pobre, preocupado com as pessoas que amava e sem controle sobre meu corpo, mas o prazer que subia por minhas mãos, caminhava por meus braços e se espalhava por cada centímetro de pele era tão intenso, sombrio, libertador, que deixou meus pensamentos completamente atordoados, substituindo o medo, o horror por um desejo consumidor.
O demônio se agitava dentro de mim, podia sentir ele se mover, com força, possuindo minha mente de maneira cada vez mais profunda, como se estivesse se fortalecendo, se fundindo com meus pensamentos, sentimentos, tomando posse de tudo, enquanto eu cedia aos poucos, deixando que ele tomasse o controle. Nogitsune não parecia ser algo tão perigoso quando os espasmos prazerosos subiam, fazendo meu corpo tremer e clamar por mais.
Mais, mais.
Quanto mais o tempo passava, me sentia mais fraco e no entanto, mais relaxado, calmo, me embriagando com aquela sensação mórbida de prazer e conquista.
O que é isso? De onde vem esse prazer?
As perguntas vieram tão repentinamente que me fizeram despertar da minha tranquilidade. Minha mente saiu do torpor aos poucos, fazendo com que o horror, a preocupação e o medo me dominassem novamente.
Tive forças para abrir os olhos, aproveitando que o demônio, que estava estranhamente silencioso, concentrava toda a sua força nos meus braços. Assim que encarei os olhos negros, entendi o motivo.
Minhas mãos ainda apertavam os ombros podres, com uma força imensa e de meus braços, pulsavam veias negras, que eram a razão dos espasmos do prazer enlouquecedor. Nogitsune se alimentava da morte, eu estava deixando que ele se fortalecesse e o prazer e saciedade que me preenchiam, era por causa do demônio.
O que você está fazendo? Se alimentando pelo corpo apodrecido da Malia?
Não tive forças para gritar, o som cortante e desesperado só soou em minha cabeça, porém o desespero e a agonia de perceber o que estava fazendo, fez com que eu tivesse forças para largar os ombros de Malia, cambaleando para trás.
Tudo ao meu redor girava, estava embaçado, era impossível me manter lúcido sentindo os movimentos do demônio.
— Sai daqui! Sai daqui! — Minha voz estava grave, rouca. — Agora! — Finalmente consegui gritar, colocando as mãos sobre a cabeça— Agora, me deixa em paz! — Puxei meu cabelo com força o suficiente para sentir ele sendo arrancado do couro cabeludo.
A risada nojenta do demônio ecoou, doendo em meus tímpanos, aumentando meu desespero. Tentava mover minhas pernas, mas só tinha controle de meus braços.
Seu corpo já me pertence, Stiles entre as risadas, foi a única coisa que Nogitsune disse.
Segundos depois, pude mover minhas pernas novamente. Olhei confuso ao redor, sem achar Malia, até me virar para trás e ver Melissa no chão, com o nariz sangrando como Scott e o corpo apodrecido da minha melhor amiga correndo, saindo da rua sem saída.
— O que está acontecendo? — Falei comigo mesmo, encarando minhas mãos com tufos de cabelo. Meu cabelo.
Fiquei parado, perdido, confuso, sem conseguir decidir se corria até Melissa, Scott ou Lydia, até que escutei o gemido dolorido e perdi as dúvidas, indo até a ruiva que permanecia consciente.
— Lydia, eu estou aqui. — Os olhos verdes se moviam por todos os lados, agoniados, ela sangrava desesperadamente. — Lydia, olha para mim.
Ela me encarou, estava ainda mais pálida do que minutos atrás, parecia estar prestes a desmaiar, o tronco subia e descia em sua agonia. Aquela visão era tão horrível que congelei por alguns segundos, preferia ser torturado novamente, ter minha pele rasgada por Kate, quebrar todos os ossos do meu corpo, do que ver a pessoa que eu mais amava, sentindo uma dor tão insuportável.
— Por favor, fique comigo, você tem que ficar bem, está ouvindo? — Implorei tirando o cabelo ruivo de seu rosto— Eu amo você, Lydia Martin, preciso que seja forte, continua comigo.
Eu precisava ligar para o hospital, ou para qualquer outra pessoa, pedir ajuda. Sabia disso, mas não podia me mover, precisava ajudar ela de alguma forma.
Passei a mão desesperadamente sobre a boca carnuda, limpando seus lábios, tirando parte do sangue espesso e ergui sua cabeça, colocando no meu colo para que pudesse respirar.
Uma vibração em minha cabeça, arrepio na coluna, foi o que sentir quando a lucidez invadiu os olhos de Lydia e então, a senti dentro de mim, com aquela presença mansa, completamente distinta do demônio que violentava minha mente.
É isso, Stiles, use a conexão.
Lembrei do som do mar, batendo contra as rochas, pensei na sensação de beijar Lydia, nos movimentos de sua boca, no prazer de segurar a mão, o nervosismo que sentia quando nossos corpos se roçavam.
Busquei fundo em minha mente lembranças, sensações boas para mostrar a ela e mesmo machucada, seu corpo relaxou. Acariciei seus cabelos com uma mão e com a outra, pressionei a ferida em seu abdômen, sem desviar o olhar do seu, trazendo conforto com meus pensamentos.
Abandonei meu próprio pavor, confusão, terror, para acalmar a garota que era a única capaz de fazer com que continuasse a viver.

Terceira Pessoa

Fazia cerca de uma hora desde a ligação de Derek até o momento que Stiles começou a usar lembranças boas para acalmar Lydia.
O lobisomem e a caçadora demoraram esse tempo até descobrir onde Stiles estava e no exato momento que entraram na rua sem saída, tiveram a visão do humano com uma Lydia ensanguentada, Melissa e Scott caídos, sem consciência.
— Callie, vê como Melissa e Scott estão e liga para o hospital!—A mulher concordou imediatamente e o homem correu até Stiles e Lydia.
O humano estava tão atordoado e concentrado na menina, que só percebeu o lobisomem, quando foi agarrado pelo ombros.
— Estou aqui, Stiles.— Derek falou, sentindo o cheiro de desespero do humano— A ambulância vai vir buscar Lydia, pois não posso arriscar movendo ela, pode piorar a ferida.
O garoto concordou, o rosto sem expressão e os olhos atordoados encarando somente a namorada. Derek se aproximou de Lydia e segurou delicamente nas mãos da garota, que estava absorta, encarando Stiles em um misto de dor, medo e alívio por estar com o humano e vendo através da mente dele, imagens que diminuíam seu sofrimento.
O humano apenas lançou um olhar agradecido ao lobisomem, quando viu que ele sugava a dor de Lydia. A menina, que continuava a jorrar sangue, deu um suspiro entrecortado, a dor diminuiu consideravelmente.
Eles permaneceram daquela maneira por minutos que pareceram eternos. Stiles conectado com Lydia, segurando sua cabeça, Derek segurando suas mãos e tirando a dor e Callie cuidando de Melissa e lutando para acordar Scott, já que por ser lobisomem, não seria uma boa ideia parar no hospital.
— Você a viu, não viu? Malia?— Derek tomou coragem de falar, dizendo o nome proibido — Desculpa, eu tentei avisar que ela era o perseguidor, que a morte estava nela.
Stiles não respondeu. Não conseguia.
Callie precisou quebrar o braço de Scott, acelerando o processo de cura e só assim, o lobisomem acordou, arfando, olhando para os lados completamente confuso.
Ele encarou a caçadora loira e logo em seguida, se assustou ao ver a mãe caída perto de si.
— O que aconteceu?
Antes que alguém pudesse responder a perguntar do alfa genuíno, a ambulância chegou, com luzes piscando e um barulho ensurdecedor.
Os enfermeiros agiram com rapidez, em uma maca levaram Lydia e na outra, Melissa, que aos poucos, abria os olhos, completamente grogue.
— Só família. — Foi o que o enfermeiro mais velho disse, encarando Stiles, Scott, Callie e Derek.
— Nós somos filhos dessa mulher e a garota é namorada dele.— Mesmo atordoado e completamente mudo, Stiles se assustou quando Scott disse que eram filhos de Melissa.
O enfermeiro os encarou em dúvida, mas pelo visto não conhecia Melissa e não sabia que tinha um único filho. Assim, os adolescentes entraram na ambulância, enquanto Callie e Derek foram logo atrás, no Jeep do humano.
Os enfermeiros tentavam descobrir com os adolescentes o que tinha acontecido, enquanto socorriam Lydia e lutavam para descobrir o que tinha de errado com Melissa, mas Scott não sabia o que dizer, escondendo o sobrenatural e Stiles parecia estar em uma espécie de transe, não falava e mal se movia, encarando o próprio corpo ensanguentado, sem coragem de olhar a garota que amava.
Assim que a ambulância chegou ao hospital, os enfermeiros sumiram de vista com a menina e a mulher que ficava cada vez mais lúcida.
— Stiles! Você a viu? Como ela saiu? O que aconteceu com minha mãe? — Afoito, Scott despejou as perguntas ao melhor amigo, segurando no rosto do garoto, incapaz de dizer o nome de Malia — Stiles?
Então ele percebeu que o humano não tinha condições de falar, os olhos castanhos encaravam o vazio, o rosto pálido e sem expressão. Ao entender o estado do garoto, o alfa o abraçou, esmagando o menino magro, envolvendo seus ombros com força.
— Vai ficar tudo bem, as duas vão ficar bem.— Ele não podia ter certeza daquilo, mas no instinto falou, desesperado para acalmar o amigo.— O que aconteceu com seu braço? — Novamente Scott tentou inutilmente perguntar, olhando os furos que sangravam na pele pálida — Ela o machucou.
Scott chamou uma enfermeira para que olhasse o ferimento do garoto, a mulher apenas enfaixou e perguntou porquê ele estava tão sujo de sangue, o alfa apenas disse que era de outra pessoa.
Fazia tempo que Scott não se sentia tão agitado, ele não conseguia parar, andava de um lado para o outro e falava sem parar, mesmo percebendo que era inútil, já que Stiles permaneceu inerte no banco de espera, completamente mudo no tempo angustiante que se seguiu.
Melissa foi liberada cerca de meia hora depois, pois constataram que ela só demaiou por queda de pressão. O que eles não sabiam era que tanto ela, quanto o filho, foram vítimas da morte.
A mulher foi ao corredor, encontrando os dois adolescentes e agarrou Scott e o largou na mesma rapidez, para logo em seguida abraçar Stiles com a mesma força e preocupação.
— Vocês estão bem! Onde está Lydia?
— Em cirurgia. — O lobisomem respondeu estalando os dedos, ele odiava ficar tão imponente, sem ter o que fazer para ajudar.
— Onde está meu filho? — A voz do xerife, da porta do hospital, estava tão alterada que ecoou pelos corredores.
Assim que o homem fardado viu o filho, deu mais um abraço devastador ao garoto que não conseguia corresponder a nada, continuava imóvel, deixando o corpo ser esmagado pelos braços reconfortantes e familiares do pai.
— Mas o que diabos aconteceu dessa vez? Recebi uma ligação e assim que soube que aconteceu algo com vocês, vim o mais rápido que pude.
O homem de olhos claros, segurou o maxilar de Melissa, analisando seu rosto com extrema preocupação, como se procurasse alguma ferida.
— Alguém machucou você? Por que Stiles está assim?
— Não, eu estou bem, mas Lydia está em cirurgia. Stiles conseguiu expulsar a Malia de lá, se ele não tivesse me protegido, algo pior teria acontecido. — Melissa estava quase tão agitada quanto o filho e se assustou ao receber um beijo no rosto, bem próximo da boca, do xerife preocupado.
— Calma, você disse Malia?— Questionou perplexo.
Stiles teve a impressão que as pessoas ao seu lado conversavam, mas ele simplesmente não conseguia escutar. Os pais de Lydia chegaram algum tempo depois e tentaram falar com o humano, mas ele permaneceu encarando a parede, tão fixamente que começaram a se preocupar com ele.
— Ele está em estado de choque.— Foi a primeira coisa que Derek disse, quando chegou ao hospital e encarou o humano.
— Sua mãe está bem?— Callie perguntou a Scott.
— Sim, ela e o xerife estão conversando com os pais de Lydia.
— Precisamos falar sobre o que aconteceu o mais rápido possível.— Derek disse mudando o assunto.
— Assim que Lydia estiver bem, vamos nos reunir— Scott falou concordando— Stiles provavelmente não vai conseguir ir, mas precisamos entender o que aconteceu e falar para Isaac e Sabrina.
— E Kira?— Callie perguntou com a testa franzinda, fazia tempo que não via a Kitsune.
— Ela não atendeu minhas ligações, mas deixei mensagens dizendo que era urgente e falando que Lydia estava na emergência. — Scott disse escondendo o fato de que a garota já não o atendia há semanas.
Derek ia falar algo, quando uma médica, com roupas de cirurgia parou no corredor onde estavam e olhou para uma ficha em suas mãos.
— Lydia Martin?— A médica apenas disse o nome da garota e todos, inclusive Stiles, se sobressaltaram e encaram a mulher. — Os responsáveis dela estão aqui?
— Vou chama-los.— Callie falou apressada, indo procurar onde eles estavam conversando com o Xerife e Melissa.
— Ela está bem?— Scott perguntou, enquanto Stiles se colocava de pé, com os olhos arregalados, encarando a doutora.
— Está viva, mas não tenho notícias boas— A doutora falou de uma vez, a voz firme, olhando fixamente para o lobisomem.— Desculpa, mas só posso falar com os pais dela.
Scott tentou argumentar, mas foi inútil, então apenas segurou Stiles pelos ombros e esperou em silêncio, até que Callie veio com os pais de Lydia e eles foram conversar em outro lugar com a doutora.
Algumas lágrimas escorriam dos olhos do humano, mas ele permaneceu no silêncio absoluto, sem dar um suspiro sequer, grato pelo abraço do amigo.
Callie e Derek, Melissa e o senhor Stilinski, inconscientemente, ficaram praticamente na mesma posição, ambos os casais abraçados, em silêncio, esperando.
Natalie, a mãe de Lydia, apareceu depois de muito tempo, os olhos vermelhos, do mesmo tom do nariz, denunciando seu choro. Ela foi diretamente até Stiles e segurou nas mãos do garoto.
— Ela pode ficar com um acompanhante, para passar a noite aqui— Falou trêmula, sem dizer a notícia que a médica deu— Só pode familiares, mas eu convenci a deixar que você ficasse. Eu sei que ela vai preferir estar perto de você quando acordar.
Stiles estremeceu, concordando rapidamente com a cabeça. Apesar de não ter uma relação muito boa com a Lydia, principalmente depois de esconder da filha o mundo sobrenatural, Natalie se preocupava com a menina e sabia o quanto Stiles era bom para ela.
— Ela já deve acordar amanhã e não vai receber uma notícia boa, eu preciso que seja forte, por ela.— O humano apenas a encarou, sem ter reação — Você pode fazer isso por mim, não pode? Eu não tenho condições de estar perto dela, vou deixa-la mais nervosa.
E ao falar isso, a mulher chorou novamente, o que fez com que Stiles se soltasse rapidamente de Scott e abraçasse a mãe desolada.
Depois de alguns minutos, Natalie se recompôs, agradeceu a Stiles, disse em que quarto Lydia estava e sumiu novamente no interior do hospital.
— Filho, é melhor você passar em casa, comer alguma coisa, tomar um banho e depois voltamos.
Stiles negou com a cabeça, as lágrimas descendo com maior rapidez de seus olhos.
— Eu posso arrumar um chuveiro e comida, só traga roupas e travesseiro.— Melissa falou— Vou tentar descobrir o que aconteceu com ela.— Murmurou por fim, indo em direção a alguns colegas de trabalho.
— Tudo bem, Scott, pode ficar com ele?— O xerife disse preocupado.
— Não vou sair do lado dele por nenhum segundo. — Disse, dando alívio ao pai que saiu do hospital a passos rápidos.— Tentem se comunicar com Isaac, Sabrina e Kira, por favor e podem ficar tranquilos, vou cuidar do Stiles.— Acrescentou para o lobisomem e a caçadora.
— Eu vou descobrir o máximo que puder sobre a morte.— Derek disse rápido e abraçou Callie, saindo com ela.
***
Stiles só não recusou o banho, pois estava inteiramente sujo de sangue. Ele se lavou rapidamente, depois Melissa fez questão de refazer o curativo de seu braço e o obrigou a comer uma refeição horrível do hospital.
O garoto acabou tudo o mais depressa e só se tranquilizou, um pouco, quando chegou ao quarto de Lydia, vendo a garota inconsciente, ligada a muitas máquinas, vestida com roupa de hospital e um fino cobertor sobre o corpo.
Stiles colocou o traveiro sobre o sofá que tinha no quarto, onde tecnicamente, era para ele dormir, mas puxou uma cadeira e colocou bem ao lado da cama de Lydia, se debruçou perto de sua cabeça, começou a fazer um carinho delicado nos cabelos ruivos e permaneceu a noite toda daquela maneira.
Desde os acontecimentos, o humano não pronunciou uma palavra sequer, o que demonstrava a confusão e o pavor que dominavam sua mente atormentada.
Durante toda a noite, seus pensamentos estavam voltados a tudo o que aconteceu. Malia, Nogitsune, Melissa, Scott, Derek que tentou avisa-lo e principalmente Lydia, se perguntando qual era a notícia tão terrível que fez a mãe chorar daquela maneira.
Amanheceu, alguns médicos vieram ver Lydia e o garoto não saiu daquela posição e continuou inteiramente calado. Não quis comer nada e nem saiu por um segundo sequer do quarto, apesar de um dos enfermeiros ter avisado que seus amigos estavam em uma sala de espera.
Por volta do meia dia, a Banshee finalmente acordou, suas pálpebras tremeram por alguns segundos e finalmente abriram, mostrando os olhos verdes completamente lúcidos, apesar da anestesia e remédios que tomou para a cirurgia.
— Você me chamou de amor— Foi o que Lydia disse, rouca, sem se surpreender ao ver Stiles.
— O que?— Depois de horas em silêncio, o garoto de olheiras profundas finalmente falou.
— Você nunca me chamou de amor antes.
As engrenagens enferrujadas do cérebro de Stiles, finalmente funcionaram e ele entendeu, recordando que no Jeep, com Melissa, por meio da conexão ele perguntou " Onde você está, amor?" a Lydia.
— Você gostou?
A menina deu um meio sorriso, concordando e apesar de tudo, Stiles foi capaz de corresponder o sorriso.
O casal teve apenas alguns minutos de privacidade, que aproveitaram em silêncio, um encarando o outro. Eles não estavam prontos para falar do ocorrido, nem mesmo sobre a cirurgia e a ferida recém fechada de Lydia.
Ela, por medo da gravidade do ferimento e ele, pela culpa, pensando que estivesse com ela, podia ter evitado que se machucasse.
— Licença.— A doutora do dia anterior, que conversou com os pais da Lydia, entrou no quarto. — Acordou bem, querida? Está sentindo algum incômodo?
— Só um pouco dolorida.— A menina respondeu desconfortavel, percebendo o pesar nos olhos da mulher. — Como foi a cirurgia?
— O ferimento foi profundo — A doutora começou, lançando um olhar indiscreto a Stiles, que certamente teria que passar por um interrogatório, já que ninguém sabia como aquele ferido tinha acontecido.— E você perdeu bastante sangue, teve que passar por uma transfusão, para recuperar o que tinha perdido e foi uma cirurgia complicada.
O casal permaneceu em silêncio, percebendo que a doutora respirava fundo, se preparando para dizer algo.
— Infelizmente, a perfuração feita por...— Ela pareceu procurar palavras, mas suspirou, sem saber o que poderia ter a ferido daquela maneira. — Seu útero foi parcialmente perfurado — Remeçou a frase, fazendo Lydia parar de respirar — Fizemos o possivel, conseguimos fechar o ferimento e você não terá complicações maiores, mas devido a lesão, você se tornou infértil.
— O q-que?
— Você está estéril, Lydia.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente: Não me matem, ok? E digam o que acharam, pois sim, sofri para escrever isso, acredite que senti em mim a dor dessa notícia que o Stiles e a Lydia receberam.
Segundo: Façam com que eu fique feliz novamente com os comentários que amo de paixão, pooois no próximo capítulo terá Xerife e Melissa, com direito ao tão esperado flashback, vou mostrar a reação do Stiles e da Lydia e se tudo der certo, vão descobrir o que está acontecendo com a Kira!
Sim, estou tão feliz que quis dar esses minis spoilers.
Terceiro: Como devem ter percebido, a partir daqui a fic vai entrar em um ritmo mais frenético e vou finalmente revelar mais mistérios a vocês!
Quarto: Espero não ter decepcionado muito vocês com o lance da Malia hehe...