Can't Kill The Past (Hiatus) escrita por Gessikk


Capítulo 11
Perguntas


Notas iniciais do capítulo

Heeey leitores! Olhem que apareceu, sim, eu mesma, a autora desnaturada.
Demorei muito mais do que o normal e por isso devo justificativas:
1. Semana passada tive minha primeira prova de vestibular, quem já fez sabe como é estressante e que você gasta um tempo infinito para estudar e se recuperar do "pós-prova".
2. Pouco depois de ter postado o capítulo anterior, eu adiantei uma parte enorme desse, mas quando fui ler, cismei que estava uma droga e que precisava rescrever. Gastei muito tempo com esse pensamento, até resolver usar o que já tinha escrito.
3. Eu não sabia qual rumo dar para a fic e precisava saber exatamente para concluir esse capítulo.
4. Sabia que estava demorando, mas só tive noção do quanto estava, quando leitores fantasmas surgiram para pedir um capítulo novo.
5. Esse foi o motivo mais estranho e preocupante, eu tive um problema na mão, que os médicos não souberam o que foi, ficou inchada, doendo muito, meio roxa, as duas mãos, porém principalmente a direita que eu escrevo. Fiquei sem conseguir segurar uma caneta, não podia escrever nada, então fiquei um tempo sem poder digitar uma palavra do capítulo.
É isso, espero que gostem do capítulo!
LEIAM AS NOTAS FINAIS!




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Lydia Martin

— Scott, prometa.

— Lydia, a gente não pode esconder isso.

— Eu vou contar, na hora certa, só por favor, imagina o quanto ele está assustado por ter perdido a memória.

— Mas esse talvez seja o motivo dele ter perdido e você não quer falar!

— Eu já disse que não vou esconder, só vou esperar ele se recuperar e quero ter certeza de que eu vou contar.

— Eu poderia contar muito...

— Acredite, eu tenho métodos muito melhores do que você para deixar o Stiles mais relaxado, a não ser é claro que você queira...

— Agrh! Ok, Martin, me poupe dos detalhes.

Não consegui deixar de rir, apesar do assunto sério e Scott revirou os olhos, dando um meio sorriso. Quando me afastei de Stiles, Scott, com toda razão, ficou muito irritado comigo, mas depois da viagem que planejou com Kira, aos poucos fomos recuperando a amizade, afinal além de sermos da mesma alcatéia, ambos só queriam o bem de Stiles e isso de certa forma nos unia.

— Só quero deixa-lo mais preparado para enfrentar isso, sem contar que precisamos descobrir o que ele ia te contar na noite que sumiu.

— Ele estava muito agitado, disse que tinha descoberto alguma coisa e então desapareceu.

— E aparece três dias depois sem lembrar dos últimos quatros meses.— Soltei o ar pela boca e parei de andar quando chegamos na porta da minha casa.— As tragédias parecem persegui-lo.

— Stiles é mais forte do que todos nós juntos, ele não tem consciência disso, mas se alguém é capaz de suportar tudo isso é ele!— Observei a confiança que Scott falou, sem nenhuma dúvidas de que o amigo conseguiria enfrentar tudo.

— Eu sei, é só que...— Não terminei de falar, pois não sabia o que dizer, simplesmente era impossível não me preocupar com meu menino.— Quando você for busca-lo no hospital, avisa que tenho que resolver uns problemas, mas que vou dormir na casa dele.

— Mas eu ia dormir lá! Eu também fiquei morto de preocupação quando ele sumiu e preciso con...

— Você vai ter a tarde toda para matar a saudade, mas de noite ele é meu.

— Você é uma chata possessiva sabia? E tem que parar com essa mania de me interromper no meio da fa...

— Ele merece um pouco de prazer depois de tudo o que aconteceu não acha? Creio eu que você não vai resolver esse problema para ele.— Pisquei para Scott que bufou de raiva e logo em seguida o abracei para me despedir. — Ah! Não esquece de dar a boa notícia de que o pai dele está pegando sua mãe.

Ri da minha própria provocação e Scott me soltou imediatamente, resmungando irritado.

Assim que entrei em casa, meu riso desapareceu. Cumprimentei brevemente meus pais e fui direto para o banheiro, arrancando as roupas e entrando no box, abrindo a água gelada em cima de mim.

— Fique bem por Stiles, pensa nele.— Falei sozinha, imóvel no chuveiro, desperdiçando água para por em ordem meus pensamentos.— Pensa nele.

E então, eu pensei. Lembrei dos meses que para Stiles, estavam apagados. Tanta coisa tinha acontecido, a começar pela sua mudança de comportamento, a maneira violenta que reagia as provocações no colégio assim que as aulas voltaram, os apagões de memória, sonambulismo, perca momentânea da lucidez em meio de uma aula ou conversa, em que ele simplesmente perdia a expressão, encarava um ponto fixo e não escutava nada a sua volta. Ele estava novamente se perdendo, mas lutava bravamente para continuar o mesmo, parando de chorar por medo, enfrentando cada situação e continuando com o mesmo sorriso, mesmo quando voltou a ouvir o Nogitsune.

Nogitsune, era isso que eu queria preserva-lo, foi o que pedi a Scott para não dizer, para ele ter a chance de se recuperar do susto de ter a memória parcialmente apagada, para depois saber que por algum motivo, era o demônio que tanto temia que tinha feito isso para que ele não pudesse contar o que tinha descoberto, algo que não teve tempo de dizer a Scott.

Lavei o corpo e o cabelo com tamanha lentidão, querendo prolongar os minutos antes de ver Deaton.

Ao finalmente sair do banho e me vestir, encarei a mim mesma no espelho. Como acontecia todos os dias, desde um pesadelo em que Allison e Malia foram protagonistas, eu não pude ver meu reflexo e sim a mesma imagem macabra que me atormentava há semanas.

No espelho, meus olhos estavam completamente negros, duas órbitas vazias, repletas de escuridão e meu rosto deformado por feridas. Eu usava um vestido branco e estava completamente suja de sangue, meu rosto, braços, pernas, o chão a minha volta, tudo estava repleto de um vermelho vivo.

Já tinha tentado me olhar em diversos espelhos, mas em qualquer lugar que tivesse reflexo, até mesmo no vidro do carro, eu me enxergava da mesma forma, com olhos negros e repleta de sangue. Não sabia o motivo daquilo, mas desde o maldito pesadelo eu não conseguia enxergar como de fato estava meu rosto, meu corpo.

Fechei os olhos com força, sem suportar a imagem refletida. No dia do pesadelo e de me ver pela primeira vez assim, eu liguei para Stiles e ele veio até minha casa durante a madrugada e quando percebi que não conseguia mais ver como estava, nem mesmo a roupa, pois no meu reflexo eu estava com o mesmo vestido, o mesmo rosto abatido, Stiles falou que sempre ia dizer como eu de fato estava.

Mordi o lábio inferior e permiti me perder nas lembranças da tarde em que ele disse como eu era....

"—Lydia, olha para mim.

Não conseguia parar de me encarar no espelho, mas ao ouvir a voz de Stiles, minha cabeça automaticamente pendeu em sua direção.

—E se eu nunca mais conseguir ver meu reflexo?

— Você vai conseguir.

— Mas e se eu não...

— Então eu vou falar por todos os dias de sua vida como você realmente está, como é.

Naquele momento eu já chorava, soluçando, o corpo tremendo e então, Stiles colocou o dedo indicador no meu queixo, levantando meu rosto até conectar os olhos nos meus.

— Você não tem ideia de como me vejo, Stiles. Eu estou tão macabra, meu rosto está desfigurado e tem sangue por toda parte, estou imunda. — Tentei desviar o rosto do dele, mas Stiles me prendeu com as duas mãos espalmadas na minha face.

— Quer saber como eu te vejo? — Ele parou de falar, como se esperasse uma resposta, mas eu não disse nada, então ele continuou:— Cabelos loiro morango...

— Loiro morango?

— Sim, é tom mais perfeito do ruivo.

— Como é essa cor?— Não pude deixar de me distrair, curiosa com o que ele falaria.

— Fecha os olhos, Lydia.— Obedeci o que ele pediu e imediatamente, senti sua boca em minha orelha.— Imagina o cabelo loiro mais lindo do mundo, claro, brilhante como o sol, dourado como o ouro e que extraíram a cor perfeita desse cabelo e o derreteu, o tornando líquido, depois despejaram em um vaso e expremeram os melhores morangos, manchando o dourado com o vermelho.

— É meio dific..— Tentei falar, mas Stiles apertou a boca contra a minha, pôs a língua nos meus lábios e quando os abri, pronta para o receber dentro de minha boca, ele nos separou.

Abri os olhos sem entender, mas os fechei imediatamente ao ver a expressão de Stiles e compreender que aquela era a sua forma de mandar calar a boca.

— Agora pensa na neve, branca e macia, tomando a forma de uma mulher, se transformando em uma pele delicada, saborosa— Ao dizer saborosa, Stiles mordeu o nódulo da minha orelha, antes de voltar a falar.— Com uma fragrância suave, doce.

Por mais estranho que parecesse a descrição, eu consegui imaginar perfeitamente cada palavra que ele dizia, por isso permaneci calada, me arrepiando com os movimentos de seus lábios em minha orelha, com aquela voz grave, irresistível e sussurrada, fazendo com que eu parasse de chorar.

— Essa neve foi moldada por um artesão habilidoso. A pele branca cobriu curvas exuberantes, pernas grossas, quadril largo, cintura marcada, seios fartos.— Stiles suspirou e beijou meu pescoço— E então, aquele loiro morango derretido, foi derramado sobre a neve cristalizada, sobre a cabeça do corpo recém formado e por acidente, um morango puro, caiu no rosto da boneca de neve e naquele lugar, surgiu lábios enormes, macios, vermelhos.

— Como o loiro morango não derreteu a neve?

—Shh, você vai estragar a melhor parte da história. — E novamente, o garoto selou nossas bocas, passou a língua no meu lábio inferior e voltou a orelha— A pele de neve estava prestes a se derreter, então o artesão pegou duas esmeraldas mágicas e colocou nos olhos da mulher e assim, o líquido quente se transformou novamente em cabelos que aprisonaram eternamente as chamas daquele calor, os tornando ainda mais brilhantes, como o próprio fogo e no entanto, graças a proteção das esmeraldas, a pele permaneceu perfeita e a boneca ganhou vida.

Stiles foi o primeiro a rir, uma risada gostosa, quase infantil e eu acompanhei seu riso, abrindo os olhos.

— Essa é a coisa mais estúpida e brega que você já falou na vida.

— Mas eu te descrevi perfeitamente.— Ele respondeu, dando de ombros e com um olhar que eu conhecia muito bem, repleto de desejo.— E consegui te fazer sorrir."

#Abertura#

— Ainda bem que hoje vou te ver, Stiles.

Suspirei saindo do transe e me virei, com cuidado para não olhar o espelho, peguei a minha bolsa e me despedi dos meus pais, que já sabiam que eu ia dormir na casa de Stiles.

Dirigi com atenção, encarando a pista iluminada pelo sol e cometi o grave erro de ligar o rádio do carro.

—Lydia, ele é meu.

O som de que saiu do rádio não era de nenhuma emissora, nem sequer as vozes que me atormentavam constantemente. Era pior, sim de alguma forma existia algo pior do que ser perturbada por meus dons.

— Vou provar que ele me pertence— A voz era rouca, arrastada, nojenta— A sua ultima visão será dos olhos que tanto ama, mas não encontrará o olhar de Stiles, você me achará dentro dele. Assim que você morrer, ele será completamente meu.

Desliguei o rádio, desconcertada e contei os segundos que levava para respirar, contando enquanto aspirava o ar e o expulsava pela boca, em uma tentativa de me acalmar.

— Ele é meu— Proferi as palavras como uma reza, espremendo os dedos contra o volante— Nem um demônio pode tira-lo de mim.

Cheguei na clínica veterinária com o pensamento fixo: "Nogitsune não tomaria o corpo de Stiles". Estava assustada por dentro, mas não como ficaria tempos atrás, eu era forte o suficiente para suportar aquilo sem chorar com uma garotinha, eu precisava ser.

— Deaton!

— Lydia.

Cumprimentei o veterinário que me ajudava constantemente, sorrindo para ele enquanto o seguia até o cômodo conhecido, sentando na cadeira de ferro de frente para ele.

— Veio treinar hoje? Soube que encontrou o Stiles ontem a noite, então achei que a essa hora fosse estar com ele.

— Na verdade...— Deixe a frase se prolongar, antes de continuar a falar, batendo as mãos nas pernas, em uma tentativa de me acalmar— Eu preciso falar com você, antes de conseguir vê-lo.

Deaton, que mexia nos remédios do armário, se virou em minha direção, o rosto subitamente interessado.

— Eu ouvi algo sobre ele ter perdido a memória.

Concordei com a cabeça, desviando o olhar para o chão.

— Melissa fez alguns testes com ele e parece que não se lembra absolutamente de nada dos últimos meses.

—Ele não lembra nada sobre seus novos dons.

— Nem sobre o plano para o livrar do Nogitsune, então ainda da tempo de voltarmos atrás, se eu...

— Lydia, foi uma escolha dele, ele que decidiu isso.

— Mas ele não lembra dessa decisão!

— Lydia! — A voz do homem se tornou severa, fazendo com que eu finalmente olhasse em sua direção.— Eu sei que é perigoso, mas é a única forma de o libertar. Você quer correr o risco dele ser possuído de novo? Da última vez ele matou a Kate, mas a qualquer momento ele pode matar um dos amigos, ou até mesmo você.

— Eu preciso dele vivo, Deaton e se ele souber que o Nogitsune tem falado comigo e que estamos aprendendo a controlar a nossa conexão...

— Ele vai perceber que se for possuído, corre o risco de você também ser.

— E que se treinarmos mais o controle da nossa conexão, ele pode morrer sem que eu necessariamente morra com ele.— Respirei trêmula, minha cabeça girava só de pensar naquilo. — Se ele souber disso, vai ficar desesperado para executar o plano, para me proteger, mas eu não posso correr o risco de perde-lo, não posso deixar que isso aconteça.

— Você já pensou que ele também não pode correr esse risco, Lydia? Se algo acontecer a você por causa dele, isso será ainda pior, é só se por no lugar dele.

***

Narrador

— Você está feliz, filho?

— Só de sair do hospital...— Stiles sorriu para o pai aliviado, ao perceber que apesar de tudo, seu garoto estava bem.

— Não pode ficar me dando esses sustos! Tem noção de como fiquei preocupado com você?

O xerife abraçou o menino pela décima vez e Stiles, correspondeu alegremente, se sentindo seguro nos braços do pai.

— Mas eu estou bem, pai. — O menino de olhos avelã, afastou o rosto do ombro do xerife para o encarar com uma expressão engraçada. — Você só vai ter que me atualizar sobre os acontecimentos dos últimos meses.

— Creio que vou poder ajudar nessa parte!— Scott, apareceu em frente a viatura do Stilinski, que estava estacionada na rua do hospital.

O menino sorriu para o melhor amigo e se surpreendeu quando o lobisomem o abraçou com a mesma intensidade do pai, demonstrando o quanto estava preocupado com o humano.

— Vamos levar logo esse magrelo para casa?

O xerife concordou, rindo a toa, como estava desde que visitou seu menino no hospital e percebeu que além de estar vivo, ele estava sorridente, alegre, como se nada de ruim tivesse acontecido. Melissa contou que ele acordou bem assustado, mas que aos poucos, conseguiu acalma-lo e que depois de falar que ele seria liberado no dia seguinte, o menino já ficou sorridente, dizendo que passaria um longo tempo com Lydia e Scott.

Scott, Stiles e o xerife, chegaram na casa dos Stilisnki e assim que entraram na sala conhecida, o humano foi mimado pelo pai e pelo amigo.

— Stiles! — Uma vez feminina gritou de alegria, minutos depois do garoto ter sentado no sofá e então, antes que reconhecesse a voz, uma garota se jogou em seus braços — Você está bem! Eu fiquei tão preocupada, como é que...

— Sabrina?— O garoto interrompeu a menina, completamente surpreso.

— Oh, meu Deus! Desculpa, você não lembra que somos amigos!

— Eu devia ter imaginado que você não ia resistir ao meu carisma.— O menino respondeu sorrindo irônico, fazendo com que Sabrina e Scott revirassem os olhos ao mesmo tempo.— Você está morando comigo? Aceitou que é lobisomem, ou se transformou em alguma outra raça maligna e está matando todos de Beacon Hills?

— Eu me mudei semana passada, mas passei todos esses meses aqui com você! — Sabrina parecia animada, sentando ao lado de Stiles enquanto Scott sentava do outro e o xerife pegava algo para os adolescentes famintos comerem.— Derek e Callie me ajudaram a conseguir um apartamento, é pequeno, mas é bonito e fica perto do loft.

— Isaac finalmente foi morar comigo, Callie quase explodiu de felicidade por ter liberdade com Derek— Scott riu, acrescendo o que Sabrina dizia e bufou ao pensar na mãe. — E Isaac e minha mãe se amam, estou até suspeitando que ela vai me colocar no orfanato para adotar Isaac!— O alfa falou completamente irônico e o humano, que estava prestes a responder o amigo, foi interrompido por Sabrina.

— E eu me transformei em lobisomem e não estou matando ninguém!

— Foi uma luta para essa garota aprender a se controlar— A forma como Scott falou, demonstrou que também tinha intimidade com a menina— Mas toda lua cheia, a gente se reuniu no loft e com todos a ajudando, ela finalmente achou a sua âncora.

— Então não se transformou em uma psicopata? Eu posso dormir tranquilo, sem medo de você me atacar durante a noite?

Sabrina concordou, o cabelo curto balançando no pescoço enquanto levantava os braços em sinal de rendição.

— Aqui meninos!— O xerife veio com um pote enorme, cheio de pipoca, obviamente queimada, ele era um desastre na cozinha, mas nenhum dos adolescentes se importaram com isso.

— Inclusive, é uma pena que você não lembre— Sabrina começou a falar, rindo a ponto de se contorcer e imediatamente, o xerife ficou vermelho, completamente constrangido e Scott ficou sério, a expressão zangada.— Você encontrou seu pai e Melissa se beijando no quarto dele!

— O que? Como assim? Vocês estão juntos?!— O garoto quase saltou do sofá, animado, encarando incrédulo o pai constrangido.

— Você começou a gritar igual um desesperado, jogou um pacote de camisinha em cima dos dois, não parava de rir e saiu correndo até a casa de Scott para contar a ele.— A menina gargalhava ao lembrar e a partir daí, o xerife foi o centro das conversas.

***

Lydia Martin

Eu estava nervosa, estupidamente nervosa.

Scott me ligou assim que saiu da casa de Stiles e falou que ele estava bem, alegre, mas que depois de um tempo não parava de perguntar sobre mim. Ele e Sabrina passaram quase a tarde toda com Stiles, até que Emily foi visita-lo e por causa da rixa que tinha com Scott, a menina ruiva que tinha dado os primeiros beijos do meu namorado, estava na sua casa e Scott e Sabrina saíram.

Estacionei o carro na frente da casa de Stiles, o céu já estava escurecendo quando parei na frente de sua porta, tomando coragem, respirando fundo e lutando para esquecer todos os perigos, todos os meus receios, para aproveitar meu namorado e seu bom humor.

Bati na porta assim que escutei uma música alegre vindo da casa e o senhor Stilinski atendeu com um sorriso no rosto, me cumprimentando.

— Ele está na sala com a Emily!

Tentei dar um sorriso sincero em resposta, mas acho que fiz uma expressão de "meu namorado está sozinho com a linda amiga de infância".

Quando cheguei na sala, vi que era a fonte da música alegre e Stiles ria abertamente, abraçado a Emily, eles dançavam desejaitados e estavam muito, muito próximos.

— Você sempre foi um péssimo dançarino!

— Eu acabei de perder a memória e você vem criticar a minha dança?— Não pude evitar, fiquei imóvel, escondida, escutando o que Stiles dizia. — Sem contar que a minha dança é muito mais sexy que a sua!

— Com certeza!— A garota riu, concordando e eu não pude evitar o ciume crescente.

Os dois riram e Stiles se afastou de Emily, fazendo uma dança típica sua, engraçada e estranhamente sensual, pelo menos ao meu olhar. Enquanto rebolava, desengonçado e lindo, eu finalmente apareci, com um sorriso forçado.

— Oi!

Stiles e Emily ainda riam, mas quando falei, a menina parou de rir imediatamente e me direcionou um sorriso constrangido. Nas primeiras vezes que nos vimos, ela foi muito simpática comigo, até que percebeu que eu realmente não gostava dela, então toda vez que nos encontravamos ela ficava constrangida.

— Lydia!— Tive a alegre surpresa de Stiles me agarrar imediatamente, me dando um abraço reconfortante e apertado— Meu pai disse que você vai dormir aqui.

Eu ia concordar, mas os lábios carinhosos de Stiles selaram minha boca delicadamente.

Dessa vez, dei um sorriso sincero, feliz por ele me beijar na frente de Emily.

—Ham.. Então, já vou indo, Stiles.

O menino sorridente foi até a garota e a abraçou, beijou a sua testa e a levou até a porta.

— Algum dia, a gente tira um tempo maior para se ver, mas é que agora..

— Você tem que aproveitar sua namorada.

E então, Emily finalmente foi embora. Eu ainda estava irritada com a dança dos dois, pretendia brigar com Stiles e também, tinha muito o que falar com ele, mas o garoto não parecia disposto a conversar.

— Vem!

Stiles me chamou e segurou minha mão, praticamente me arrastando pela escada e logo em seguida nos trancando dentro do seu quarto.

O garoto me empurrou contra a parede e veio aflito em minha direção, mordendo meu pescoço com força, fazendo com que eu estremesse.

— Stiles, a gente precisa conversar!

— Eu sei, você me deve muitas explicações, mas vamos conversar depois.

Os olhos avelã me encararam. Suas pupilas estavam dilatadas, as bobechas vermelhas como sempre ficavam quando ele estava excitado e a boca entre aberta.

Arfei quando suas mãos me seguraram repentinamente e ele fez com que eu virasse de costas, me esmagando na parede e logo em seguida, roçou o quadril contra as minhas costas de maneira extremamente provocante.

— Não, Stiles! Não é justo, você conversou com todo mundo e eu queria...

— Já conversei muito, Lydia, agora eu quero outra coisa.— Ele rosnou no meu ouvido e então, contra a minha vontade, meu instinto foi erguer o quadril, me empinando em sua direção como uma resposta automatica ao seu desejo explícito.— Pelo que estou vendo, você também quer.

Tentei me mover, sair daquela posição, mas uma mão de Stiles segurou firmemente em meus braços e a outra, deslizou com liberdade pelo meu quadril, aproveitando a maneira como eu estava empinanda, me oferecendo para ele.

— Stiles..

— Se você falar que não quer, eu paro na hora.

Mordi o lábio inferior com força, eu estava desesperada de saudade e extremamente sensível com tudo. Tinha enfrentado três tenobrosos dias sem saber se ele estava vivo, escutava o Nogitsune constantemente, ainda tentava aprender meus novos dons e descobri que Stiles tinha perdido a memória. É óbvio que eu queria, precisava que ele tocasse meu corpo e me fizesse esquecer de tudo, que me deixasse desconcertada, bêbada de prazer.

Fiquei calada, sem me mover, permanecendo na posição que Stiles claramente apreciava. O carinho que recebia no quadril, se tornou mais intenso, mais maldoso.

— Ficou com saudades de mim, Lydia? Sentiu falta disso?

Concordei com a cabeça.

— Fala.

Sua voz se tornou uma ordem e quando abri minha boca, saiu um som rouco, fraco, mas obedeci, falando que estava com saudade de varias indecências. Enquanto eu falava, encarando a parede, sem poder ver o rosto de Stiles, as suas mãos tiraram a minha blusa lentamente, logo em seguida abriu o feche do meu sutiã que desabou no chão.

Estremecia com o contato de sua pele na minha e sempre me assustava ao sentir sua mão pesada contra meu corpo. Minha saia e a calcinha foram ao chão e assim que fiquei exposta, os dedos longos do garoto me tocaram intimamente, fazendo com que as indecências que saíam da minha boca fossem substituídas por um gemido.

E então, ele fez com que eu esquecesse minhas preocupações.

As mãos de Stiles puxaram meu quadril em sua direção, fazendo com que meu tronco tombasse. Deixei minha coluna reta e pus as mãos espalmadas na parede, só conseguia enxergar a madeira do chão e foi assim que permaneci.

Era estranhamente excitante a falta de visão, fazia com meu meus outros sentidos ficassem aguçados. Minha pele estava fervendo, com o mínimo toque do garoto eu me arrepiava e estremecia, minha audição aguçada permitia que eu ouvisse com perfeição os sons graves, falhos, que Stiles fazia enquanto movimentava o corpo.

O garoto beijava minha nuca, lambia minha coluna, acariciava minhas pernas e apertava meu quadril. Seu suor pingava em minha pele e os seus movimentos faziam com que eu esticasse o braço para agarrar a cômoda perto de mim, para evitar que eu desabasse devido a falta de equilíbrio.

No fim, eu já era incapaz de controlar os sons de minha boca e Stiles agarrou meu cabelo, puxando com força, fazendo com que minha cabeça se inclinasse para trás.

— Você está tão linda— Foi a primeira coisa que Stiles falou quando nossos movimentos cessaram.

Minhas pernas tremiam de um jeito constrangedor, Stiles precisou me segurar com firmeza, puxando meu corpo contra o seu e agarrando minha cintura, andando até a sua cama e me colocando lá com delicadeza.

— Não foi melhor do que uma conversa?

Minha voz não saiu e não consegui responder o humano de sorriso provocante, que me ajeitou na cama e me cobriu com um lençol, antes de deitar ao meu lado.

— Você está tão diferente— O garoto sussurou assim que deitou e só então, reparei que ele estava completamente vestido.

— Você não tirou a roupa!

— Você não ia ver mesmo.— Stiles piscou ao dizer aquilo e de alguma forma, ele conseguiu me deixar ligeiramente sem jeito, mas não deixei que percebesse.

— Não é justo você está observando meu corpo e eu não poder ver o seu.

— Mas você sabe como eu estou, já eu, perdi 4 meses e isso foi o suficiente para seu corpo mudar.— Ele começou a fazer um carinho gostoso no meu cabelo bagunçado — E o seu cabelo também, você está tão linda.

Sorri quando ele repetiu o elogio, eu ficava encantada como Stiles se preocupava comigo e como era carinhoso, gentil. Com minhas experiências desastrosas com homens, ainda parecia estranho a forma que ele me tratava.

— O que você queria falar comigo?

— Posso falar depois. — Murmurei, tentando ao máximo, através da manha, esconder o receio na minha voz.

— Você e Scott estão me escondendo alguma coisa, não pense que eu não percebi.

— Não é nada...

— Não precisa falar agora, Lydia, mas não me olha com essa cara. Você não pode esconder nada de mim, eu conheço essa expressão — O polegar do menino foi a minha testa e desceu até a boca— Eu sei que aconteceu alguma coisa ruim e agora não preciso saber, só quero aproveitar a noite com a minha ruiva predileta — A expressão séria de Stiles, se transformou novamente naquela alegria inocente que eu tanta amava e sentia falta.

— Tem certeza que sou a sua ruiva predileta? — Aproveitei o que Stiles disse, para provoca-lo e sair de vez do assunto "eu sei que está escondendo alguma coisa".

— Tenho.

— Não sei, não... Quando cheguei aqui você e Emily pareciam estar muito entretidos.

— Vocês não conseguiram se entender? Quer dizer, nesses meses que eu não lembro, vocês podiam ter ficado amigas.

— Amigas? — Revirei os olhos e pensei nos últimos meses. — Vocês sempre ficam com piadas internas, agarrados, ela senta do seu lado na aula de geografia, foi a primeira garota que você ficou, como você acha que eu reajo a isso?

— Por favor, Lydia, diz que você não brigou com ela.

Fiquei calada, lembrando da vez em que me descontrolei e discuti com ela na escola, pelo simples fato dela estar segurando a mão de Stiles. Eu tinha exagerado, sabia disso, mas era impossível não ter ciúmes de Stiles.

— Lydia!

— Foi só uma vez.

Fiz uma voz mansa, me aproximando do garoto e ele bufou, me puxando para que me ajeitasse em seu peito.

— Você acha mesmo que eu seria capaz de trai-la?— O garoto olhava para mim e eu suspirei derrota.

— Não, eu sei que nunca faria isso.

— Então do você tem medo?

— Não é medo, eu só odeio que fique muito perto de outras garotas. Você é meu.

Stiles sorriu e me beijou. Foi um beijo gostoso, lento que durou mais do que o esperado.

As mãos de Stiles entraram por debaixo do lençol e ele começou a apalpar minha nudez, em um carinho íntimo e delicioso. Tentei encontrar seu corpo exposto, mas lembrei que ele tinha feito sexo vestido e novamente me irritei com o impencilho de suas roupas, mas não fui capaz de interromper o beijo para despi-lo.

O garoto me tocou até meu ventre se contorcer e espamos tomarem meu corpo, gemendo baixo em sua boca que não parou por nenhum instante de me beijar.

— Eu te amo, Lydia Martin.

Stiles sorriu, parando o beijo delicioso e eu não fui capaz de responder, meu corpo estava mole e minha mente confusa depois das descargas de prazer.

Fechei os olhos e apreciei a mão do garoto em minha barriga, brincando de subir e descer por longos minutos.

— Além de mais magra, você está ficando definida?

Ri baixo com a pergunta do garoto e abri os olhos.

— Você por acaso parou para ver seu próprio corpo?

— Não, só percebi que engordei.— O rosto do menino estava confuso, como se imaginasse quais mudanças poderia ter em seu corpo.

Com preguiça, ergui meus braços e tirei lentamente a blusa do menino. Ele tinha engordado bem, até alcançar seu peso normal, em nada se assemelhava ao garoto anoréxico que tanto sofreu, Stiles estava de volta ao seu corpo magrelo natural, mas ligeiramente mais definido, os músculos do abdômen contraídos e expostos, apesar dos braços permanecerem pouco volumosos.

Quando tirei sua camisa, o menino arregalou os olhos ao encarar o próprio tronco. As cicatrizes, continuavam lá, mas não tinham tanto destaque e a sutileza de sua definição tornava seu corpo lindo.

— O que nós estamos fazendo?— A boca perfeita do garoto, formou um grande O.

— Começamos os treinamentos, lembra que íamos começar?

— Eu estou lutando?

— Está. — Concordei rindo. — Continua preguiçoso e completamente desengonçado, mas de alguma forma você está indo bem.— Meu tom era de zombaria, para implicar com meu garoto, mas ele não percebeu, parecia encantando com a ideia de lutar.

— E você? Já virou uma lutadora sexy e perigosa?

— Talvez...

— Meu Deus! Eu preciso ver você lutando!

— E ver meus novos dons. — Acrescentei bem baixinho.

— Novos dons? O que você pode fazer agora?

— É difícil explicar, mas tenho mais poder do que poderia imaginar.

— Eu falei que você ia ser sair bem.

Sorri, concordando e novamente, fui beijada.

— Tem algo diferente na nossa conexão, não vi através dos seus olhos, durante o...— O garoto, que era inteligente o suficiente para perceber todas as mudanças ao seu redor, ficava constrangido ao falar do nosso sexo, não importava quantas vezes fazíamos e ele tomava atitude, em várias situações ele tinha ataques de timidez. Por algum motivo, eu amava isso.

— Nós temos treinado isso também, não sei agora como vai funcionar. Talvez seu subconsciente ainda saiba controlar como aprendeu.

— Como...

— Podemos não falar sobre isso agora?

Stiles ficou confuso, mordeu o lábio fino, mas concordou.

— Então, o que você quer fazer?— O menino ergueu uma sobrancelha sugestiva e eu, correspondi com uma expressão incrédula, virando de barriga para cima, os olhos arregalados.

— Como você tem tanta disposição?

O garoto riu, engatinhando na cama até ficar em cima de mim, sem tirar o lençol que cobria a minha nudez.

— Eu não falei nada demais, mas se você pensou assim, deve estar querendo uma segunda vez.

— Talvez.— Cedi por um instante, parando de me fazer de difícil e em retribuição, ganhei um sorriso deslumbrante do garoto.

— O que você acha, de depois de realizar seu desejo— O menino começou a falar, retirando o lençol e beijando meu colo— Nós assistimos um filme do Star Wars, depois a gente desce, eu preparo uma comida bem gostosa e enquanto comemos, podemos ver aquela série de garotinha que você gosta.

Não prentendia, mas abri um sorriso enorme, a ponto das minhas bochechas doerem e meus olhos ficarem espremidos.

— E para terminar, vemos Diário de uma Paixão.

— Claro, não pode faltar.— O menino riu docemente, me transportando novamente para longe de todo medo.

— Mas ai vamos faltar aula de novo. — Lembrei e o garoto que estava prestes a beijar meus seios, parou, fazendo uma careta.

— Não acredito que perdi o final das minhas férias — Primeiro, falou consigo mesmo, depois me encarou, sem ter noção do quanto era sexy vê-lo com o rosto próximo do meu corpo exposto— Mas vamos faltar por um bom motivo, me da um desconto.

— Tudo bem, só porque estamos com boas notas em todas matérias.

— Eu estou com boa nota em matemática?— A surpresa era evidente em sua voz, Stiles sem dúvida era um gênio, com uma inteligência acima do normal como a minha, mas ele tinha sérios problemas com determinadas matérias.

— Com essa professora particular maravilhosa— Acenei com a mão em direção ao meu corpo.— Eu tenho ótimos métodos de ensino...— Pisquei para o menino que sorriu travesso e logo em seguida fiz uma expressão séria — Agora volte ao trabalho.

O sorriso que Stiles deu, foi o maior da noite, rindo quando segurei sua cabeça para continuasse a explorar meu corpo com sua boca deliciosa.

***

— Sai daqui!— Grunhi, me recusando a abrir os olhos.

— Ei, por que esse mau humor todo?

— Porque você está me acordando, Stilinski!

— É que eu acordei e não estou mais com sono!

— Mas eu estou!

Contei os segundos, sabendo que ele falaria novamente. Dez, dez segundos foi o tempo que levou até Stiles cutucar minha costela.

— Fica acordada comigo!

Dei uma espécie de rosnado, abri os olhos irritada e joguei um travesseiro, acertando seu rosto.

— Que droga, Stiles! Nós fomos dormir as seis da manhã e você vem me acodar!

— Não fica irritada comigo.— Sim, ele teve a audácia de fazer biquinho para mim e para piorar, estava sentado com as pernas cruzadas, usando somente uma cueca cinza, estampada com histórias em quadrinhos de diferentes heróis.

Girei na cama, deitando de bruços e bufando, decidida a voltar a dormir, mas meu tronco vou erguido pelas mãos de Stiles em meu quadril.

Debati nos seus braços, agindo com infantilidade, mas sem me importar com isso e ele apenas riu, me aconchegando em seu peito.

— Você fica linda quando está brava. — Sorrindo, com o rosto amassado de quem tinha acabado de acordar, Stiles acariciou meu cabelo— Só quero aproveitar o tempo que temos juntos, o que acha de sairmos para comer fora, ein?

— Eu te odeio, Stiles.— Murmurei fazendo minha melhor expressão de irritação.

— Você me ama.— E com aquele sorriso torto, típico do Stiles, ele finalmente venceu e eu levantei para me arrumar.

Uma coisa eu tinha que reconhecer, Stiles tinha muita paciência para esperar uma garota se arrumar. Tomei um banho demorado, escolhi uma roupa dentre as que eu já deixava na casa dele, prendi o cabelo, sem usar o espelho e a última façanha, foi me maquiar sem poder me olhar.

O garoto estava deitado na cama, já vestido, mexendo no celular com um sorriso enorme e cantarolando a música que colocou para eu escutar, quando finalmente percebeu que eu me maquiava sem usar o espelho.

— Desde quando você não se olha no espelho?

Engoli em seco, ele não se lembrava da visão que eu tinha.

— Isso é um dos assuntos que precisamos conversar.— Não tive coragem de olhar para ele, tendo certeza que percebeu a insegurança na minha voz.— Como estou?— Falei novamente quando achei que minha maquiagem devia estar boa e levantei, finalmente encarando Stiles.

O menino, ainda deitado, tinha uma expressão curiosa e desconfiada, mas me analisou criticamente, da cabeça aos pés e foi na minha direção, colocando as mãos em minha cintura.

— Está linda, Lydia— Estava prestes a reclamar, precisava que ele desse mais detalhes já que não podia me ver— Não sei como é possível, mas cada vez que te vejo assim, tão linda, fico ainda mais apaixonado por você.

E então, com a surpresa agradável de suas palavras doces, permeti que nossas mentes se conectassem e senti a paixão dele por mim. Seu estômago se revirava, o coração estava acelerado só ao me observar e eu senti essas sensações exatas no meu próprio corpo.

Fiquei na ponta dos pés, beijei o malixar pálido, rocei o nariz em seu pescoço, sentindo a fragrância natural de sua pele e dei um beijo delicado na maçã do seu rosto.

Quando entramos no velho Jeep, esperei alguns minutos de silêncio, para então ter coragem para falar. Stiles percebeu minha insegurança e dirigia com apenas uma mão no volante, a outra estava entrelaçada com meus dedos frios.

— Há algumas semanas, quase um mês, eu tive um pesadelo— Respirei antes de continuar e Stiles não demonstrou nenhuma reação, continuava encarando a pista.— Com a Allison e Malia, elas me alertavam sobre um novo perigo e continuavam a falar sobre a morte, como as vozes diziam quando a névoa começou a atacar.

Silêncio, foi a única resposta.

— Quando acordei e fui me olhar no espelho, no reflexo, meu rosto estava distorcido, machucado, os olhos negros, com um vestido branco e completamente suja de sangue.— Minha garganta se fechou, mas segurei o choro para continuar a falar— Agora, toda vez que me olho vejo esse mesmo reflexo e não sei o que significa.

— É estranho — Foi a primeira coisa que Stiles falou, o rosto confuso, apertando minha mão com força, para me passar conforto.— Como uma sensação de déjà vu, como se meu subconsciente ainda lembrasse de você me contando sobre a imagem no espelho.

— Talvez sua memória não esteja completamente apagada, apenas adormecida.

— Você me ligou quando isso aconteceu, não foi?

— Sim, era bem tarde e você foi na minha casa me consolar.— Stiles tinha um dom incrível de tornar as situações mais dolorosas e difíceis em suportáveis, mesmo sem dizer uma única palavra de conforto. Era um dom que a sua presença tinha, a forma como o seu olhar transmitia segurança e o aperto em minha mão me lembrava de que ele estava comigo, para enfrentar o que fosse preciso.

— Você tem alguma ideia do que foi que fez minha memória desaparecer e do motivo disso acontecer.

Não foi uma pergunta e naquele momento, não podia ficar adiando as respostas, Stiles tinha direito de saber. No mínimo aquela parte da história, mas ainda tinha um peso que devia guardar em segredo comigo, algo que nem Scott sabia, somente Deaton sabia em parte e eu precisava manter assim, até o dia de executar o plano que o próprio Stiles teve e que agora, não lembrava.

— No dia em que você desapareceu, tinha ligado para o Scott, você estava muito aflito, dito que tinha descoberto alguma coisa e pediu para ele encontrar com você no posto de gasolina, quando Scott chegou, você não estava lá.

— E só apareci três dias depois.— O garoto concluiu baixo.— Você sabe o que eu ia falar?

— Não, mas você estava obcecado para descobrir quem era o perseguidor,porque teve novas mortes na escola e só havia duas possibilidades. Ou era você com o Nogitsune, ou esse misterioso que perseguiu Isaac e matou Peter.

—N-nogitsune?

Stiles soltou minha mão e agarrou o volante com força. Seus olhos estavam lacrimejando, mas a expressão demonstrava sua firmeza.

— Você deu os mesmos sinais que teve na primeira vez que foi possuído. Sonambulismo, perca recente de memória, ficava fora de si por minutos, paralisado e sem consciência das pessoas lhe chamando e o próprio Nogitsune falou diversas vezes com você. — Eu queria preserva-lo de todas as informações, mas com o rumo que a conversa tomou, desepejei tudo de uma vez— Mas eu não acho que tenha sido você que matou aqueles alunos e depois de um tempo, você mesmo estava convencido de que foi esse perseguidor. Stiles, eu acho que você descobriu quem ele era e por isso, alguém, ou até mesmo o próprio Nogitsune fez com que perdesse a memória.

O humano estacionou o carro em frente a um restaurante simples e charmoso. Stiles estava com o queixo trincado, os olhos fixos a sua frente, controlando a respiração.

— Eu não queria falar, mas por favor, não deixe que isso estrague a sua felicidade, eu preciso dessa força que você tem para suportar tudo.

— Você é a minha força, Lydia.— Como fazia várias vezes, Stiles novamente me surpreendeu com suas palavras doces, olhando em minha direção, mas não encarava meus olhos.

Abaxei a cabeça, em direção do seu olhar e só então, percebi que olhava para o cordão que havia me dado tanto tempo antes, com o pingente de coração. O colar de sua mãe, que apelidou de "minha pequena força" e que eu usava a toda instante, a ponto de esquecer de seu peso em meu pescoço.

— Vamos almoçar?— Fiz esforço para colocar em minha voz o tom mais animado possível, querendo tirar Stiles do seu estado pensativo e desesperada para vê-lo sorrir, mesmo após as respostas horríveis que teve para saciar algumas das inúmeras perguntas que podia ver claramente que rondavam a sua mente.

— Vamos.

Stiles ficou sério, mas apenas isso, nada de lágrimas, nem mais perguntas. Nós pedimos a comida e falamos pouco, porém nos olhamos muito, era como se nossos olhos tivessem em uma conversa particular, um dando força e ânimo para o outro.

Enquanto comiamos, ainda em silêncio, Stiles deviou o olhar do meu e encarou algo atrás de mim por um tempo excessivo. Ele não demonstrava em sua expressão, mas eu o conhecia o suficiente para saber que tinha algo errado.

— O que foi?

Automaticamente, falei sussurado, com medo de que alguém ouvisse e Stiles estava tão concentrado no que analisava, que pulou no banco de surpresa quando eu falei.

Estava prestes a perguntar novamente, mas o humano pegou o celular e digitou rapidamente, logo em seguida o entregando para mim. "Tem um casal na mesa atrás de você que está nos observando e escutando o que falamos."

Ao ler, arregalei os olhos e contive meu instinto de olhar para trás, sabendo que o tal casal perceberia.

"Lobisomens?", digitei a pergunta e Stiles respondeu, tirando o celular da minha mão. "Talvez, acho que conheço a mulher."

— Estou satisfeita! — Falei em voz alta, sorrindo e agradeci mentalmente por Stiles ter entendido na hora a minha deixa para sairmos o mais rápido dali.

— Vou pedir a conta.

O garoto forçou um sorriso da mesma forma que eu e chamou um garçom, pagando a conta com uma rapidez impressionante.

— Perto da janela.— O menino sussurou no meu ouvido quando levantamos e com a maior discrição possível, olhei para o casal perto da grande janela do restaurante.

No mesmo instante que olhei na direção, a mulher me encarou fixamente, em um momento seus olhos eram castanhos e no outro, se tornaram vermelho vivo.

Tropecei nos meus próprios pés e esbarrei em Stiles, devido ao nervosismo.

— Desculpa!— Minha voz soou estranhamente alta e esganiçada e antes que Stiles pudesse dizer alguma coisa, senti uma mão em meu ombro.

— Stiles, que surpresa te encontrar aqui!— A voz feminina era melodiosa e ao mesmo tempo, cortante.— E essa deve ser a Lydia, não é mesmo?

Virei em direção a voz da dona do aperto cada vez mais forte em meu ombro.

Ela era alta, com cabelo castanho claro, longo e com diversas mechas loiras que vinham da raiz até as pontas onduladas. Seus olhos estavam de volta ao castanho escuro, mas por trás do sorriso imenso que exibia na pele muito clara, podia enxergar a ameaça de sua proximidade.

— Desculpa, mas não consigo lembrar do seu nome.— Stiles agarrou minha cintura e me puxou para trás, dando vários passos para nos afastarmos da mulher.

— Não lembra de mim, Stiles? Parece que alguém está com problemas de memória.

Ela sabia. Ela sabia o que tinha acontecido com ele. Meu Deus!

O homem que estava com a mulher na mesa, apareceu atrás dela com o mesmo sorriso largo da desconhecida, me encarando descaradamente da cabeça aos pés.

— Eu já paguei a conta, Nicole, agora podemos continuar a conversa do lado de fora. O que acham?

Olhei em volta, em desespero, perdida, alguns clientes nos olhavam estranho, como se percebessem o perigo iminente do casal sorridente.

— Ótimo.— Encarei Stiles com surpresa, eu estava muda, mas ele tinha um sorriso de deboche nos lábios, como se não estivéssemos correndo perigo.

Ainda abraçados, saímos do restaurante e andamos para a outra calçada, com Nicole e o homem de cabelo preto, bem atrás de nós.

— É uma pena não lembrar dos nossos últimos encontros, Stiles, eles foram realmente empolgantes.— A maneria como falou "empolgantes", fez com que a palavra se tornasse extremamente maliciosa e sugestiva. — Ah! Que falta de educação a minha, sou Nicole e este aqui é o meu irmão, Tobias.— Ao apresentar, Nicole olhou para mim de maneira provocante e colocou as mãos sobre a boca, fazendo uma conchinha como se fosse contar um segredo para mim e falou bem mais baixo: — Ele estava muito ansioso para ser apresentando formalmente a você.

— Não sabia que já tinha me observado antes.— Com a segurança do braço de Stiles a minha volta e em resposta a provocação da mulher, falei olhando diretamente para Tobias.

— Tenho um interresse especial por você há algum tempo, Martin, mas não deve ser preocupar com isso, já que tem um...— O homem ridiculamente bonito e de olhos tão escuros quanto os da irmã, se virou para Nicole.— Como eles estão o chamando mesmo? Ah, sim! Perseguidor, não é mesmo?

— Por que não vão direto ao ponto e falam o que querem?— Stiles interviu.

— Para que tanta pressa, queridinho?— Nicole se aproximou consideravelmente de nós e dessa vez, Stiles não se afastou, apenas ergueu a cabeça e trincou o queixo, a encarando.

— Prefere brincar de quem sabe ser mais debochado? Acredite, eu ganho fácil.

Nicole riu abertamente e Tobias bufou, fechando as mãos em punho, como se buscasse auto controle.

— Nossa! Eu quase esqueci o porquê gosto tanto de você, Stiles. — A mulher colocou a mão no peito de Stiles, com as garras expostas e o empurrou. Meu humano resistiu, apenas cambaleando alguns passos para trás, o que foi o suficiente para desfazer o contato de nossos braços. — Além de ser ótimo na cama, não tem medo de me enfrentar.

O medo que sentia foi substituído pelo ódio. Respirei fundo, sentindo o poder se agitar em meu estômago, era como um milhão de maribondos furiosos atingindo minha barriga, ao mesmo tempo que chamas consumiam meus braços e garganta.

— Acho melhor se afastar dele.

— Se não vai fazer o que, Lydia? Vai gritar?

A expressão de Nicole era divertida e a de Tobias, admirada. A mulher se aproximou ainda mais de Stiles, me encarando ao aproximar a boca de seu queixo e o homem, se apoiou em uma árvore e cruzou os braços, como se ver a minha reação o divertisse.

— Eu mandei você se afastar!

Minha voz mudou drasticamente, sem precisar gritar, o tom grave e violento que saiu da minha boca foi o suficiente para os irmãos franzirem o rosto em sincronia e vacilassem um passo para trás.

O homem andou em minha direção com um olhar atento e Nicole, afastou alguns passos de Stiles, parecendo não se importar com minha presença. Me permeti ficar distraída por alguns segundos e pude ver que Stiles estava petrificado, o rosto completamente sem emoção e os olhos fixos no vazio. Ele estava tendo um apagão.

Voltei a atenção a Tobias, reprimindo meus pensamentos, se eu focasse na possibilidade do Nogitsune estar tomando Stiles, isso faria com que ficassemos completamente expostos aos irmãos.

Ergui minhas mãos em direção a Nicole e senti com clareza o vento ao meu redor. Era uma sensação inexplicável de controle, como se a gravidade estivesse na ponta de meus dedos, os átomos eram atraídos na direção de minha palma e tudo o que precisava fazer era concentrar essa força na direção que eu queria e então, a mágica acontecia diante dos meus olhos.

Impulsionei as mãos erguidas como se fosse empurrar a mulher, mas antes de sequer encostar nela, seu corpo foi lançado para longe, com uma força transparente e no entanto visível e brilhante no ar.

Estava prestes a fazer o mesmo com Tobias que estava bem próximo a mim, mas ele foi mais rápido e fez algo que não pude compreender. Os olhos escuros se tornaram azuis brilhantes e as mãos enormes foram as laterais do pescoço, mas ele não apertou, apenas encostou e em resposta, pude sentir meu corpo fraquejar, como se minha força desaparecesse.

— Tobias, não a mate!

Meu corpo parecia incapaz de se mover, como se meus músculos tivessem atrofiados, mas ainda sim, fui capaz de escutar a voz de Nicole, fazendo com que Tobias me soltasse.

Fechei os olhos, zonza, perdendo a noção do tempo. Pareceu durar uma eternidade, apesar de provavelmente ter se passado segundos, até eu ter forças para levantar minhas pálpebras caídas e assim que encarei novamente a rua, os irmãos tinham simplesmente sumido.

— O que...?

A pergunta surgiu em minha mente instantemente, como eles tinham desaparecido? O que tinha acontecido? Tudo foi muito para rápido para que eu pudesse ser capaz de dirigir os fatos, mas assim que olhei para trás e me deparei com Stiles inconsciente, caído no chão, as perguntas desapareceram.

Agachei no chão e segurei os ombros de Stiles, precisei arrasta-lo com dificuldade até o Jeep estacionado, com medo de que alguém nos visse e o coloquei com dificuldade no banco do passageiro.

Botei o celular no viva voz e iniciei uma ligação, antes de começar a dirigirir, controlando a respiração. Após cinco toques, a voz masculina falou do outro lado da linha.

— Lydia?

— Isaac. Onde você está?

— Na escola, tentando aprender a matéria da prova de amanhã.

— Me encontra na porta de entrada daqui dez minutos.

— Eu vou querer saber o porquê?

— Eu preciso de sua ajuda.

Pude ouvir o suspiro de Isaac, enquanto eu lutava para manter uma voz calma.

— Tudo bem, eu nem estava afim de estudar mesmo.

***

Narrador

Os olhos negros, vazios, observavam a cena.

Stiles paralisado, perdido em seus próprios tormentos e sem nenhuma consciência do perigo que ele e a garota que amava, corriam. Nicole, alta, magra e ferroz, agindo com seu típico encanto misturado a provocação e Tobias, como sempre, sem ter olhos para qualquer outra coisa que não fosse a linda Banshee abraçada ao humano.

O corpo apodrecido não tinha nenhuma intenção de perambular vigiando a vida contubarda do grupo de adolescentes de má sorte, mas o espírito que habitava na pele antes bronzeada, era extremamente cauteloso e detalhista.

Os irmãos que causaram aflição em Stiles e Lydia, sabiam quem era o verdadeiro perseguidor, o causador das infinitas mortes que aconteciam em Beacon Hills. Na verdade, todos o conheciam bem perto, afinal o que habitava o corpo conhecido, era a própria morte, a chamada de névoa que era capaz de derrotar qualquer um.

A personificação da morte, foi atraída a cidade,primeiramente, pelo Nemeton, no entanto, depois de ter sido enfrentada pela Banshee capaz de afugentar a névoa, algo ainda mais improvável do que a morte fugir, aconteceu. O garoto, humano, que deveria ter morrido pela própria névoa, compartilhava a vida com a da Banshee, desafiando todas as leis da própria natureza.

Agora, a névoa assumiu novas identidades, se apossando de corpos até finalmente se identificar com um, que usava para matar de uma forma diferente da que lhe era costume, com as próprias mãos.

O perseguidor implacável, impossível de ser contido, era o próprio espírito insaciável que tinha como único objetivo, eliminar a anomalia que escapou de seu domínio.

Os que morriam, deviam permanecer no mundo dos mortos e os vivos, apenas aguardar sua condenação.


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Notas finais do capítulo

Olá novamente, linduxos!
Queria pedir que nos comentários vocês me ajudassem, dêem idéias que eu sei que escondem em suas mentes criativas e digam o que acham do rumo que a história está tomando e o que querem que aconteça!
Ah! Essa personagem, Nicole, é inspirada em uma amiga minha que ajudou muito no avanço da história..e ela fez um pedido especial, que eu dissesse a vocês: "Fala que se eles reclamarem de mim, é porque estão com inveja." sim, rsrs com inveja dela com o Stiles...
E por favor, também não me odeiem ok? Eu sei que respondi algumas perguntas e criei muitas outras e bem, estou ansiosa para ver a especulação de vocês!
(P.s- Estou louca de ansiedade para a quinta temporada!! :D)





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