Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 25
Capítulo 25 - Família (parte I)


Notas iniciais do capítulo

Lissa e eu entramos no carro e eu dirigi pelas ruas cobertas de neve o mais cuidadosamente possível. Quando estacionamos em frente ao tal clube, senti um friozinho no estomago – eu nunca mais tinha visto meu pai, desde que descobri que ele era meu pai, então não sabia como seria vê-lo novamente.



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Assim que Anita desapareceu, eu desci as escadas correndo – por mais que ela tivesse razão e eu concordasse com isso, eu não conseguia me manter calma como ela. Enquanto eu corria pelo corredor, ouvi a voz de Lissa bem lá no fundo.

-           Rose! Rose!

      Eu não parei.

Corri e corri até que a voz se foi, um momento depois, olhei para trás para ver se ela ainda estava atrás de mim, algo se colocou no meu caminho e eu dei uma trombada.

Quando me virei, não pude me conter. Pendurei meus braços no pescoço de Stan – eu não podia dizer nada á ele, mas precisava abraça-lo. Mais que isso, eu precisava que ele entendesse, mesmo que eu não pudesse dizer nada.

            Meus braços se enrolaram em torno do pescoço de Stan e suas mãos ampararam a minha cintura. Stan não disse nada, eu também não. Ficamos ali, abraçados, pelo que me pareceu um longo tempo. Tempo suficiente para que muitas coisas passassem em minha mente. Stan me lembrava tanto o velho Dimitri. E eu tinha recordações tão boas desse tempo.

-           Perdi algo?

A voz de Adrian foi como um balde de água fria em meu abraço – e olha que eu estava na Sibéria e água fria lá era fria mesmo.

Stan me soltou com cuidado, deixando que meus pés encontrassem o chão devagar. Seus olhos encontraram os meus por uma fração de segundos, mas eu pude sentir que Stan me compreendia. Embora não tivesse idéia do que eu tinha descoberto, ele sabia que era uma grande descoberta.

-           Bom dia para você também Adrian!

      Eu disse só pra quebrar o gelo.

            Para minha surpresa, Adrian não me abraçou, não tentou me beijar, nem mesmo estendeu a mão para mim – o que me deixou um pouquinho irritada e me sentindo mal e egoísta. Lissa chegou em seguida.

-           Eu gostaria de ver Ivan – eu disse olhando mais para Stan, mas fingindo olhar para todos.

-           O senhor Drosdov está descansando ainda, Hathaway – Stan respondeu da mesma maneira que eu.

-           Ivan está muito cansado Rose, é melhor deixarmos que ele se recupere.

      Meus olhos se perderam no chão – eu queria tanto resolver as coisas logo.

      Lissa me abraçou.

-                      Ah Rose eu imagino o quanto quer resolver as coisas logo. Eu sinto isso. Mas vai ter que ter um pouco de calma, é melhor assim. Precisamos que Ivan esteja em sua melhor forma.

Eu respirei fundo, mas pereceu mais uma fungada ou um relincho do que uma respiração. Lissa sorriu.

-           Agora sim! Essa é a Rose que eu conheço.

      Eu a abracei.

Lissa ainda era minha melhor amiga, apesar de qualquer coisa que estivesse acontecendo comigo e me transformando em um tipo de monstro mutante de coração mole.

-           Então Rose, o que quer fazer? poderíamos tirar o dia de folga.

Lissa fez a pergunta e começou a soltar fagulhas de excitação dos olhos – o que me deixava ainda mais sem jeito de acabar com os planos de compras e shoppings dela.

-           Liss, é que tem uma coisinha que eu queria fazer.

-           Ótimo! Eu vou com você.

      Eu engoli o nó em meu estômago.

-           É que não vai dar Liss – os olhinhos dela escureceram na hora – eu preciso ver uma pessoa. Uma pessoa que não gosta de visitas.

Lentamente, as mãos de Lissa escorregaram das minhas – ela me soltou.

-           Tudo bem, Rose. Eu entendo, juro – traduzindo, ela não entendia nada e estava triste o que me deixava triste também. E mal humorada.

      Segurei as mãos de Lissa entre as minhas novamente.

-           Eu preciso ver o meu pai Liss. É por isso que não posso leva-la. Você entende? Onde encontro ele, não é lugar para você.

            Lissa me encarou furiosa.

-            Rosemary Hathaway desde quando eu sou uma bonequinha de porcelana? Já se esqueceu de tudo que passamos juntas? Acha que eu não posso ir á uma boatezinha? Se eu bem me lembro enfrentei até alguns psyhounds com você! E fugi! Eu fugi, Rose! – nesse momento eu perdi a discussão – eu fugi com você da academia porque confiava em você! Porque pensei que éramos amigas e que você também confiava em mim, mas acho que enganei!

Lissa continuou praguejando contra meu comportamento, enquanto meus olhos corriam do chão par Adrian – que segurava um risinho bobo no canto da boca – e depois para Stan – que mal conseguia se conter.

-           Okay! – eu gritei.

Lissa não parou de tagarelar.

Segurei seus ombros com as mãos e a chacoalhei um pouco.

-           Eu disse “okay” Vasilissa Dragomir! Se você quer vir comigo, então “okay”.

      O sorriso no rosto dela me fez perceber que tinha tomado a decisão certa.

-           E como pretende se encontrar com Zmey, Rose? – Stan perguntou.

Saquei o celular do bolso e disquei um numero que eu não usava á muito tempo. Depois de alguns toques, minha amiga atendeu do outro lado da linha.

-           Pronto.

-           Sidney! Graças a Deus é você.

-           Alguma emergência ou só estava mesmo com saudades de mim?

-           Há, há. Muito engraçado! Achei que não gostava de meio-vampiros.

-           Eu perguntei se você estava com saudades e não o contrário.

Essa sem dúvida era a Sidney que eu conhecia.

-           Preciso que consiga um encontro para mim.

-           Ah é mesmo? Que interessante! E com quem?

-           Zmey.

O telefone ficou mudo do outro lado – eu sabia exatamente o quanto Sidney temia o meu pai, eu só não entendia porque.

Depois de alguns segundos de silêncio, Sidney respondeu.

-           Daqui uma hora no “Clube Queens”.

-           Estarei lá.

      Fechei o telefone e encarei Stan.

-           Se queria um encontro com Abbe devia ter pedido, Hathaway – disse Stan tirando o celular do bolso – eu tenho o telefone dele.

-            Engraçado, muito engraçado! E agora que você me diz isso?

-           Você não me perguntou.

      Dei um soco de ombro em Stan e peguei a chave do carro em sua mão.

-           Vamos apenas Lissa e eu.

-           De jeito nenhum!

-           Ah nós vamos sim! Eu sou a guardiã da princesa e estou dizendo que vamos!

Stan parou em minha frente com os braços cruzados no peito e mostrando toda a sua altura e robustez.

-           Eu sou muito mais experiente que você guardiã Hathaway e estou dizendo que não vão.

Lissa parou entre Stan e eu.

-           Sim nós vamos, guardião!

Com toda a sua doçura e delicadeza, eu a vi usar compulsão em Stan como quem rouba pirulito de criança – e nem me importei, Lissa e eu precisávamos mesmo de um momento sozinhas. Além disso, o que poderia acontecer em plena manhã? Nós estaríamos no conforto do hotel antes que anoitecesse, certamente.

Lissa e eu entramos no carro e eu dirigi pelas ruas cobertas de neve o mais cuidadosamente possível. Quando estacionamos em frente ao tal clube, senti um friozinho no estomago – eu nunca mais tinha visto meu pai, desde que descobri que ele era meu pai, então não sabia como seria vê-lo novamente.

Descemos do carro e Lissa apertou a minha mão – essa era a maneira dela de me dizer que estava ao meu lado.

Entramos.

Lá dentro, as cortinas vermelhas e o chão de carpete da mesma cor faziam com que tudo parecesse tão vulgar e de mal gosto que eu custei a imaginar meu pai ali. Tudo bem que eu não gostava dele, mas não podia negar que o homem tinha classe.

Antes que meus pensamentos se ordenassem, Zmey saiu de dentro de uma porta estreita, acompanhado por dois outros homens.

-           Precisa de escolta para atender duas mocinhas? – eu o provoquei.

-           Se uma delas for você Hathaway, sim eu preciso.

Embora fosse uma piada, ele não sorriu. Eu continuei olhando para ele como se esperasse uma reação mágica. Na verdade nem eu mesma sabia o que queria dele. Não conseguia entender se queria que ele me abraçasse e me chamasse de filhinha, ou se preferia que ele nem soubesse da minha existência.

      Zmey ainda me olhava com a mesma estranheza que eu tinha em meus olhos.

-           O que quer Rosemary Hathaway?

      Eu engoli em seco – abraço com certeza não sairia dali.

-           Quero que me ajude a encontrar Anita.

      Os olhos do meu pai se perderam no carpete vermelho.

-           Ela anda procurando por você, não é? Eu disse á ela que ainda não era hora, mas Anita é tão... É tão...

-            Parecida comigo? – eu o provoquei novamente.

-           Sim Rose. Parecida com você. E com Diana.

Uh agora eu estava confusa! Quer dizer que eu havia puxado minha tia então? Achei que meu temperamento fosse tão “Jeanine Hathaway”!

-           Se Diana tivesse me escutado! Se ela tivesse ouvido pelo menos um pouco do que eu disse á ela! – não era comigo que ele estava falando.

Meu pai começou a andar pelo salão como se lembrasse de outro tempo. Lissa e eu permanecemos no mesmo lugar, olhando e não entendendo nada, enquanto ele brigava com seus próprios fantasmas.


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