Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 35
Bobos Apaixonados


Notas iniciais do capítulo

Olha quem está aqui, menos de uma semana depois!Em comemoração aos 2 anos da fic, decidi postar um capítulo hoje, dia 23-11-2016 (data bem pertinho do meu aniversário #sagitariana ♥). Espero que vocês gostem e muito obrigada por cada comentário e incentivo até aqui!



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— Aguardando a hora que esse sorriso bobo vai sair da tua cara às 8h30 da manhã, Rodrigo!

Clarissa também acabou indo para a agência, ainda mais depois do amigo ter enviado mensagem, dizendo que estava muito feliz.

— Então vai ficar aguardando, porque hoje nada me tira esse sorriso. Estou tão feliz, Clá!

— Estou percebendo... aliás o que é isso na tua mão? – A guria arregalou os olhos ao perceber que o loiro tinha uma aliança radiante na mão direita.

— Então... talvez eu tenha comprado pra selar nosso compromisso. E o Lucas aceitou.

— Aiwww, não acredito! Agora é sério mesmo! – Ela não se conteve e acabou lhe dando um abraço – Mas vocês conversaram? Rô, não quero te ver como naquela noite, nunca mais! Na próxima vez eu mesmo vou até o Lucas tirar satisfação.

— Ei, obrigado pela preocupação! Mas acho que dessa vez a gente conseguiu se resolver mesmo. Não que antes estivéssemos mal, mas eu sinto que agora o Luke vai estar mais entregue a mim. – A cada palavra que falava, o loiro não conseguia deixar de abrir um sorriso enquanto editava algumas imagens.

Clarissa o olhava com seus olhos perspicazes, percebendo que se Rodrigo estava falando aquilo, é porque realmente sentia que o mais velho se esforçaria mais para que ficassem bem.

— Acho bom mesmo, viu? Mas porquê me parece que não foi apenas a conversa e a aliança os responsáveis por este sorrisinho aí? Sei que rola sempre a conversa de que o sexo de reconciliação são os melhores, mas a tua alegria está invejável!

 Rodrigo acabou ficando um pouco vermelho. Ele não tinha outra pessoa pra conversar sobre certos assuntos, já que com os pais seria muito constrangedor. Então, quando ele e Luke tiveram sua primeira vez, foi pra Clarissa que ele acabou contando. Então ela sabia que eles já estavam neste estágio da relação, mas não tinha dado detalhes. E se deixando levar pela a alegria da amiga acabou respondendo.

— Digamos que a noite tenha sido ótima sim... eu acabei me entregando de fato pro Lucas, e foi... perfeito.

Após confessar, Rodrigo acabou sorrindo ao perceber que a amiga tinha entendido o que aconteceu. Clarissa ficou um tempo olhando o amigo, mas depois de segundos, correu até ele, mais uma vez, dando um abraço como quem diz “estou com você”. Ela tinha convivido com o loiro todo o tempo de sua descoberta, e presenciado como, apesar do medo, ele tinha se entregado como poucos ao sentimento que estava sentindo. Sabia o quanto Rodrigo era maduro, mas confessava que ficou surpresa no tanto de coragem que ele teve e tem.

— Ai não, eu preciso ver vocês dois juntinhos, ainda não tive esse prazer. Vamos almoçar todos juntos hoje?

— Clarissa, eu não sei – Rodrigo sabia o quanto o namorado era reservado – Vou falar com o Luke, tá bom? Nós ainda preferimos ser discretos, apesar de não querer mais esconder nosso relacionamento.

— Ei, eu sei disso! Mas você não falou que ele mora em um apartamento grande? A gente podia ir almoçar lá com ele e aquele amigo gato que ele tem.

Rodrigo acabou pensando e achou ser uma ótima ideia. Lucas já sabia quem era Clarissa, pois sempre falava dela, até já tinha visto ela de longe e informalmente. Estava na hora de apresenta-los.

— Está bem, vou ligar pra ele, tá? Agora vamos trabalhar porque viemos no sábado pra isso!

— Sim, senão o Daniel vai nos mandar pastar logo, logo! – Clarissa falou e já voltava para seu lugar quando sentiu Rodrigo segurar sua mão.

— Obrigado. – O loiro abriu um sorriso – Obrigado por estar sempre comigo. Eu nem sei o que faria se não tivesse tu aqui comigo nessa cidade. Contigo, o Lucas, a Solange... sinto que encontrei uma nova família.

Clarissa apenas sorriu mais uma vez e fez uma piadinha, antes que seus olhos a traísse e começasse a chorar de emoção, e foi pro seu lugar.

***

— Que lindo, senhor Lucas. Isto são horas de chegar?

Assim que abriu a porta do apartamento, Luke foi recepcionado por um Marcus risonho, que sabia provocar o amigo como ninguém.

— Não sei onde você tirou que eu te devo satisfações... – Lucas estava de ótimo humor e quase nas nuvens. Lembrar de Rodrigo era apenas o acontecia com ele desde que o deixou no estágio.

— Ah sim, lembrei que apenas o Rodrigo pode saber onde você está, que horas que vai chegar... deixar seu amigo com fome esperando um sinal de vida não é tão trágico assim.

Marcus se divertia, levantando do balcão da cozinha e sentando ao lado do amigo no sofá.

— Então, vai me contar ou não? Vou ter que ligar pro Rodrigo pra saber mais detalhes?

Lucas, que estava de olhos fechados e recostado no sofá acabou abrindo os olhos.

— Desde quando essa intimidade assim com o meu namorado? Olha...

Lucas não conseguiu completar.

— Eu não acredito no que estou vendo. Sério, Lucas Mattos usando uma aliança na mão? É sério mesmo ou miragem?

Luke acabou esquecendo do que falava e sorriu.

— Quero saber por que esse espanto todo. Parece impossível? Achas que...

— Ei, para de viajar, eu acho o máximo! Parabéns, meu amigo. Estou muito feliz por você. E pelo Rodrigo também, ele é um ótimo guri, e vai te colocar na linha.

— Sim... na linha e nas nuvens. Eu estou... nem sei dizer. – Lucas não queria chorar, não tinha motivos, mas a alegria também provocava lágrimas nele neste momento. Estava tão feliz!

— Ontem quando eu fui na casa do Rodrigo eu percebi o quanto ele faz bem e é o responsável por essa mudança que percebi em ti – Marcus antes de seguir falando ergueu a sobrancelha para a cara que Lucas fez – Sim, eu tive o prazer de almoçar na casa dele. E como cozinha bem! De fome não vais passar!

Marcus estava se divertindo, não cabia em si de felicidade. Sempre se sentiu culpado por não conseguir ajudar o amigo de fato, mas sabia que um dia isto iria acontecer, e prometeu a sim mesmo que estaria ao seu lado, para o ajudar a enxergar. E ali estava ele, presenciando Lucas em um de seus melhores momentos da vida.

— Depois a gente vai conversar sobre isto, de ligações e visitas ao meu namorado... – Lucas adorava Marcus, por muito tempo ele foi sua única companhia e poder compartilhar este momento com o amigo era muito bom – Mas eu estou muito feliz mesmo. Inacreditável, de verdade. Eu ainda tenho medo que ele se arrependa de tudo isso, mas agora eu sinto que... – passou a mão no peito e percebeu que a dor latente, que sempre o acometia, não estava ali. Acabou sorrindo.– que eu sou capaz de construir com ele um futuro. Parece assustador falar assim, porque ele é tão novo... mas eu farei de tudo pra que ele queira estar sempre comigo e feliz. Eu prometo, Marcus, eu farei esse loiro o mais feliz do mundo!

Nem mesmo Marcus conseguiu se segurar. Apertando o braço de Luke, como um gesto de carinho, enquanto uma lágrima caia de seus olhos, o mais velho sorria também, percebendo o quanto Lucas estava mudado mesmo. Algum tempo atrás ele nunca falaria assim sobre sua relação com o mais novo, sempre estaria cheio de medos e dúvidas. Perceber que o moreno estava com a mesma garra que tinha para outras áreas de sua vida, como a profissional, e era muito animador.

— Eu acredito nisso, mesmo! E se servir de consolo, eu sei que ele está muito disposto! E a Solange também! Ela me disse que vocês são lindos juntos!

Lucas percebeu que o amigo tinha se emocionado, e não é como se não tivessem já chorado um na frente do outro, ainda mais Lucas. Mas isto normalmente acontecia quando já tinham bebido alguma coisa, diferente de agora. Não ficava envergonhado, apenas feliz em sentir que Marcus nunca tinha se afastado, mesmo ele já tendo pedido.

— Eu tenho que agradecer ela, ontem nós conversamos e o carinho dela me lembrou muito o que eu tive com a minha avó, e também o que eu queria ter tido com minha mãe. E parece que isso me encorajou ainda mais.

Marcus se surpreendeu mais uma vez. Ver Lucas falando assim, de algo tão sensível, como a relação dele com a mãe e a avó, de forma mais aberta, era um marco!

— A Solange é muito especial! E me disse que cozinha muito bem. Ainda mais lasanha...  

Neste momento o celular de Lucas tocou, era Rodrigo, claro.

— Oi, tudo bem?

O loiro não deixou de sorrir. Até mesmo o tom de preocupado do moreno o fazia sentir frio na barriga. Revirou os olhos para o pensamento piegas.

— Estou bem sim, e tu? Chegou bem em casa?

— Sim, cheguei... estou aqui conversando com o Marcus. O serviço está muito puxado?

Neste momento bateram na porta de Lucas. Marcus foi abrir a porta e era Solange que, como todo sábado, aparecia por ali. O moreno não deixou de pensar, mais uma vez, em como as coisas mudaram rápido. Ele, que sempre esteve quase que sozinho após a morte dos avós, agora tinha esse “bando” de gente em sua casa, sábado pela manhã.

— Sim, está ótimo! Estou conseguindo adiantar várias coisas. Mas já estou com saudades. E queria estar aí contigo.

Lucas sorriu e ficou envergonhado por sentir os olhos dos dois amigos nele.

— Eu também, muita.

— Então, eu estava pensando, se não for incomodo, podíamos almoçar todo mundo junto hoje... – Rodrigo não sabia o que o moreno acharia, já que quase ninguém vai no apartamento dele. – A Clarissa quer muito te conhecer e eu também quero que vocês se conheçam. Também seria legal ter a companhia do Marcus, e da Solange... então pensei que podíamos almoçar aí no teu apartamento. Eu posso cozinhar. – Rodrigo falava rapidinho, porque não sabia o que ele pensaria – Mas pode ser outro dia também, ou no meu apartamento, é que...

Lucas sentiu vontade de sorrir ao perceber que o loiro estava quase envergonhado pelo pedido. Que parte ele ainda não percebeu que diria sim pra tudo?

— Ei, calma! Está tudo bem, eu gostei da ideia. Peraí que eu vou falar com eles – disse Lucas, se virando para os amigos, que o observavam com um sorrisinho – Solange e Marcus, vocês aceitam almoçar aqui em casa? O Rodrigo vai trazer uma amiga dele também e...

— Claro que sim! Deixa que eu faço o almoço, já volto com os ingredientes porque teus armários não são dignos de minhas receitas, está sempre vazio.

Lucas quase tomou um susto pela rapidez da senhora. Mas já estava acostumado.

— Podia ser a lasanha, não é? – Marcus gritou, para que Solange ouvisse ele enquanto se afastava em direção a sua casa.

Lucas olhava a cena, se perguntando quando eles tinham ficando tão próximos.

— Bom, acho que você ouviu. Eles aceitaram. E a Solange que vai cozinhar.

— Não precisa, eu podia fazer algo pra gente...

— Deixa, ela vai ficar feliz. Além do mais, sobra mais tempo de eu ter você comigo enquanto a gente espera ela aprontar tudo.

Rodrigo ria ao celular, e Clarissa o observava. Estava feliz da vida pelo amigo.

— Está bem então. Vamos sair daqui umas 11h30, tá?

— Eu vou ir buscar vocês.

— Não precisa, fica com o Marcus que a gente... – Rodrigo estava falando, mas sentiu, mesmo de longe, que Lucas diminuiu o sorriso ao ouvi-lo – Mas se tu quiser, pode vir sim. Estou com preguiça de pegar ônibus mesmo.

— Eu... desculpa, se vocês quiserem vir sozinhos eu vou entender. – Lucas ainda ficava em um impasse por não saber o que Rodrigo esperava dele, o que achava desses seus cuidados extremos por ser mais novo.

— Amor, vou te esperar aqui na frente, tá? Vou adorar ter tua carona. Só não me responsabilizo pela tagarelice da Clá.

Clarissa ouviu e mandou a língua pro amigo.

— Está bem, eu vou sim. E não vou me atrasar, ok?

— Claro que não... Tá bem, beijo.

— Tchau... te amo. – Lucas não conseguiu deixar de acrescentar.

— Eu também, até mais.

Assim que o moreno desligou, percebeu que Marcus o olhava, com o sorriso bobo, e Solange já voltava, começando a preparar o almoço. Lucas acabou fazendo algumas arrumações para receber pela primeira vez visitas, já que o apartamento foi organizado apenas pra ele, apesar de ser grande. Enquanto fazia isto com a ajuda do amigo, não deixava de se sentir nervoso por ele e Rodrigo, já que seria a primeira vez que teriam a companhia de alguém enquanto estavam juntos, tirando a vez na casa dos pais de Rodrigo e com Solange. Esperava que tudo ocorresse bem.

***

— Não canso de dizer, que sortudo você é hein migo?

Lucas estava parado fazia uns 15 minutos em frete a agência. Não gostava de chegar atrasado, mas não se importava nada de esperar pelos dois jovens, que estavam atrasados 5min. Apenas em ver que Rodrigo caminhava em sua direção, junto com a amiga, uma jovem morena, de cabelos compridos e sorriso fácil, seu coração já se alegrava.

— Clá, o Luke é reservado. Olha esses comentários...

— Aham, claro. Mas ele é lindo, Rô!

O loiro sorria, imaginando que caso ela falasse algo, e ela falaria, em frente ao namorado, Luke ficaria bastante envergonhado. Chegando mais perto de Lucas, foi inevitável sentir todos os sentimentos que o permearam na noite anterior. Involuntariamente, Rodrigou, assim que se aproximou, pegou a mão direita de Luke e fez carinho onde a aliança estava. Sentia que o moreno se segurava para não lhe dar um abraço forte ali mesmo. O mais novo percebia que ele ainda ficava em dúvida em como agir, pois não tinham falado com detalhes sobre carinhos em público, apesar de combinarem de não se esconder.  

— Clarissa, esse é o Lucas. Luke, essa é a Clarissa, a tagarela que te falei. E minha amiga e colega.

— Muito prazer, o Rodrigo fala muito bem de você.

— O prazer é todo meu, estava muito curiosa pra encontrar você. – Ela falava com um sorriso disfarçado, seus olhos iam de um para o outro, analisando cada movimento.

— A Solange e o Marcus já estão lá? Espero não ter sido muito em cima da hora. – Rodrigo dizia, olhando Lucas bem de perto. “Tão óbvios”, pensava Clarissa.

— Está tudo bem, a Sol ficou muito feliz por poder cozinhar lá em casa e ter uma louça pra lavar depois, assim como, uma sala pra organizar. Ela insiste em dizer que o valor que pago pra ela não vale o pouco serviço.  

Falando isso, os dois já se dirigiram ao carro, com Rodrigo sentando no banco carona e Clarissa atrás.

— Espero que você goste de lasanha, Clarissa. Meu amigo Marcus está lá em casa e quase implorou pra Solange cozinhar isso.

Rodrigo sorriu, enquanto ouvia o namorado falar com a amiga, dando partida no carro, enquanto segurava sua mão esquerda entre seus dedos.

— Eu adoro lasanha! É bem difícil eu comer algo decente morando longe dos meus pais aqui na cidade. Quem me faz comer coisa saudável é esse teu namorado aí.

— Sei bem como é, ele faz o mesmo comigo...

— Eita, já vi que juntou o clube dos que comem bobagens pra me chamar de certinho...

— Claro que não, migo. Sabes que eu adoro tuas dicas alimentares.

Ao longo do caminho Lucas falou algumas coisas, mas mais o papo entre os dois mais novos, pensando o quanto Rodrigo era maravilhoso. Já tinha visto sua relação de perto com os pais, e perceber que ele era atento também com os amigos apenas fez seu coração se aquiescer mais ainda.

***

— Solange, você está de parabéns! Sério, nem minha mãe faz uma lasanha dessa! – Clarissa falava enquanto se servia de mais um pedaço. Desde que chegou, ela e Marcus tinham se dado muito bem, até porque, os dois se divertiam fazendo piadinha com o casal.

— Pode comer mais, querida! Eu fiz bastante porque vocês são todos jovens e precisam se alimentar.

— Obrigado pelo jovem, Sol, mas eu já não estou tão novo assim. Nem o Lucas... – Marcus disse isto, para provocar o moreno, pois, sabia que ele se sentia incomodado pela diferença de idade com Rodrigo, o que era uma bobagem, claro.

— Besteira, claro que estão jovens! Aliás, o Lucas, como sempre, comendo feito formiguinha...

Solange passou a refeição inteira usando seu tom maternal entre todos. Ter ela ali ela um alento para o coração de quem estava longe dos pais, ou não os tinha mais.

Lucas se divertia, ao mesmo tempo em que tinha seus minutos sério, enquanto encarava Rodrigo, como se não acreditasse no que estava acontecendo. Estava agora em um desses momentos, tendo que ter Marcus cutucando ele pra que acordasse.

— É que o Lucas se alimenta da presença do Rodrigo, sério! Até o humor dele melhora quando você está perto. – disse olhando para o loiro.

Marcus estava em êxtase ao presenciar os dois juntos. Desde que chegaram ambos não se largaram um minuto sequer, apesar de serem bastante contidos. Mas cada troca de olhares, carinho, gentilizas, era vista pelos três que presenciavam como um grande passo.

— Ele também me faz muito bem. – Rodrigo disse enquanto chegava ainda mais perto do moreno – E a Solange tem razão, não queres mais nada Lucas? Ela foi tão gentil em cozinhar pra gente. Aliás, muito obrigado, Sol. Está muito bom, mesmo.

— Não precisa agradecer, eu fiquei muito feliz em ajudar.

Lucas acabou dando mais umas garfadas, comendo mais do que o normal, mas ainda assim não em uma quantidade aceitável. Mas Rodrigo resolveu não insistir.

— Eu já estou com saudades do teu tempero, Solange. Acho que vou levar você comigo! – Marcus se acabava literalmente na lasanha. Ainda mais que o clima ali era mais frio do que ele estava acostumado, por ser e morar em outro estado. Então, a vontade de comer aumentava e muito.

— Deixa disso, menino. Sempre que tu vieres aqui, pode me avisar que eu preparo pra ti vários pratos. Meus filhos moram longe, e o Lucas não come quase nada. São poucos os momentos que tenho de cozinhar para alguém.

— Ai, mas se é assim, também já estou me convidando pra vir toda semana aqui. Sério, está muito bom! – Clarissa ainda não tinha cansado de elogiar.

Em meio às risadas, eles terminaram a refeição. Rodrigo já estava levantando para ajudar na louça, assim como Lucas, que estava envergonhado por não fazer nada pra ajudar, apesar dele não gostar muito. Mas antes que pudessem fazer algo, surpreendentemente, Clarissa e Marcus se ofereceram em ajudar com a arrumação da cozinha, mesmo Solange insistindo que poderia fazer sozinha. Com isto, os três acabaram indo arrumar tudo.

— Então, já incomodado com essa invasão na tua casa?

Lucas, aproveitando a ajuda dos outros, sentou com Rodrigo no sofá, enquanto o abraça firme em seus braços. Estava com saudades de fazer aquilo, sentir seu cheiro de perto.

— Com você eu enfrentaria até mesmo uma festa aqui dentro, com várias pessoas, inclusive a Maiara. Desde que ela estivesse bem longe de você, claro.

— Olha que eu convido mesmo, sábado à noite, ótimo dia pra...

Nisto, Lucas não resistiu e beijou o namorado, como estava querendo desde que se encontraram em frente da agência. Enquanto o beijava, fazia carinho em seus cabelos, pescoço, costas... assim como Rodrigo, que não resistia nunca em fazer um cafuné no moreno, já que seus cabelos estava levementes cumpridos. As carícias acabaram quando Lucas deu um beijo na aliança de Rodrigo, unindo a mãe de ambos, ficando a observar o gesto.

— Eu estou muito feliz com tudo isso que está acontecendo. E só me vejo querendo agradecer por tudo. Eternamente. Queria ficar a vida inteira assim com você

— E eu fico muito feliz por fazer parte da tua felicidade. E agradeço muito também por me deixar te atingir e me aproximar dessa forma. – Rodrigo olhava bem dentro dos olhos do mais velho, para que não restassem dúvidas.

— Eu acho que preciso tomar meu remédio. Não queria, porque está tão bom aqui com vocês. E me sinto um idiota também tomando eles.

— Ei, amor tudo bem. Tenho certeza que todos vão entender. E se te faz sentir melhor, ok. Mas quem sabe podemos pensar nas tuas consultas na próxima semana, hum?

Os dois já tinham falado sobre isto, mas o moreno sempre relutou. Não se sentia preparado pra conversar sobre o que sentia com alguém estranho. Mas agora percebia que teria Rodrigo ao seu lado, e por ele queria sim melhorar, apesar do medo.

— Eu acho que pode ser sim. Mas podemos falar disso quando a semana começar? – Lucas disse, enquanto pegava e tomava o remédio em uma gaveta ao seu lado e tomava. Eles eram prescritos por um médico que ele frequentava antes de se mudar. Eles nunca tinham conseguido avançar muito nas consultas, mas Lucas sabia que tinha ao menos conseguido aprender a dominar algumas coisas, apesar dos pesadelos, medo e fobias que permaneciam.

— Daqui a pouco vou ficar com sono... – Lucas disse manhoso, deitando no pescoço do loiro.

Neste momento, como se tivesse apenas observando os dois, e talvez estivesse, Marcus surgiu na sala, junto de Clarissa.

— Casal, essa moça aqui me convidou pra conhecer a cidade, já que meu amigo nem isso tem tempo pra fazer comigo.

Rodrigo sorriu olhando os dois, enquanto Lucas levantava a cabeça, continuando abraçado ao loiro.

— Você tirou o dia pra falar mal de mim, não é verdade? Mas se quiser a gente pode ir em algum lugar, eu não conheço muitos, apenas os que o Rodrigo me mostrou, mas...

— Ei, eu estou brincando. – Marcus sabia que o amigo normalmente ficava mais sonolento à tarde por causa dos remédios, o que já rendeu madrugadas inteiras acordado, já que ele tinha uma insônia grande à noite – A gente já está indo, ok? Mas mais tarde eu volto, ou podemos combinar alguma coisa. Infelizmente, amanhã, vou ter que ir embora. Mas quem sabe eu não volte, adorei a cidade. – E falando isto, Marcus olhou sorrindo para Clarissa, que acabou trocando um olhar com Rodrigo. Será...?

Lucas acabou entendendo o que acontecia ali e levantou a sobrancelha.

— Marcus...

— Tchau pra vocês, pombinhos! Até mais! Antes de chegar prometo que ligo, pra não atrapalhar nada. – E saiu junto com Clarissa.

Antes que algum dos dois pudesse comentar a cena, Solange acabou também aparecendo.

— Bom, eu também vou indo. O que sobrou, coloquei no forno, tá? Qualquer coisa, vocês sabem onde me encontrar.

— Obrigado, Sol! – Rodrigo se desvencilhou do moreno e foi até ela – Obrigado por sempre estar aqui com a gente.

Solange deu um sorriso para os dois, um abraço no loiro e saiu.

— Vamos descansar? Ao contrário de ti, que nem sei como consegue, se tu dormir, não consigo te carregar pro quarto.

Rodrigo falou isto com uma expressão meio chateada, o que fez Lucas abrir um sorrisinho ao pensar no quanto ele era um bobo. Já o carregava de tantas outras maneiras.

Levantando, Lucas o agarrou forte, enquanto não resistia e o levava andando de costas, ao mesmo tempo em que se beijavam, até o quarto.

— Achas que o Marcus e a Clarissa... – Entre um dos beijos Rodrigo acabou dizendo.

— Olha, talvez. O Marcus é de se envolver seriamente com alguém. Mas levando em conta que eles moram longe, não se preocupa, ele não fará nada que possa magoar ela.

— Ele é muito querido mesmo.

— Aé?

— Sim, é. Gostei muito de ver o quanto vocês são amigos e interagem entre si. Obrigado pelo almoço.

— Mas eu nem fiz nada...

— Fez sim. A partir do momento que tu bateu ontem, na porta da minha casa, eu sabia que começava uma nova fase pra gente. Como essa, de podermos interagir com nossos amigos. E te tendo mais sociável... – nisto os dois já estavam deitados, um de frente pro outro – Sim, porque quando eu te conheci, achei que nunca conseguiria atingir aqui. – Disse o loiro, fazendo carinho e beijando o peito do moreno.

— Tudo isto foi graças a você. Eu te amo... – A voz do moreno já estava sonolenta.

— Eu também te amo. Agora pode dormir descansado, ficarei aqui contigo até tu acordares.

E confiando no namorado, tendo a certeza que teria a presença dele assim que acordasse, Lucas fechou os olhos, sentindo o mais novo se abraçar nele. Ainda conversaram por mais alguns minutos, até ambos serem pegos pelo clima de calmaria que os permeavam e dormir. Aquele dia tinha sido mais um grande passo na vida dos dois, e não viam a hora de poder ter mais e mais momentos assim, junto daqueles que os apoiavam e acreditavam em seu amor.  


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Gostaram da dupla Marcus e Clarissa? A Solange é um amorzinho, né?
Att
Agridoce