Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 36
Eu serei sua luz, sua casa, seu lar


Notas iniciais do capítulo

Oieee queridos! Como estão? Mais um capítulo! E antes de fazer um mês, que vitória! Espero que vocês gostem! Ele é mais de passagem para o próximo.. (ai está chegando ao fimmm. Mais uns dois ou três capítulos, que emoção).
Cahanibal disse no comentário do último capítulo ficar com curiosidade sobre o processo de cura do Lucas. Com isso, decidi relatar uma das consultas dele, o que vai acontecer no próximo capítulo. Vai ser um desafio, mas resolvi escrever. Espero que eu consiga!
Como sempre, obrigada por cada incentivo! ♥ E adoraria que mais pessoas escrevessem o que estão sentindo ao ler. Ficaria bem feliz. Comentários, criticas, um olá, sinal de fogo... só falar.
PS; eventuais erros, em breve dou outra revisada e arrumo. :)



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— Façam grupos de 4 alunos enquanto eu busco outras máquinas pra distribuir entre vocês.

Era segunda-feira e como já se espera, todos estavam meio sonolentos. Enquanto Lucas saia da sala para fazer isto, Rodrigo uniu sua classe com dois colegas, enquanto Maiara também se unia a eles, claro, formando assim o grupo de 4. Era segunda-feira, no dia anterior Marcus havia voltado pra casa, com a promessa que os visitaria em breve.

— Nossa, estou cansada e com preguiça. Podem responder o que quiserem em cada questão que eu nem me importo.

— E quando é que tu se importa com algum trabalho, Maiara? Com os contatos que teu pai tem, tu arranjas emprego até sendo reprovada em todas as matérias. – Disse Eduardo, um dos colegas que estavam no grupo.

— Nossa, nem é bem assim... Mas é bem verdade, acho que o pai vai me conseguir um estágio.

— Viu... vê se não esquece dos amigos!

Rodrigo ouvia a conversa meio aéreo, esperando o namorado voltar pra sala e perceber a reação dele ao vê-lo no mesmo grupo que a Maiara. Está certo que ele prometeu não ficar tão inseguro, mas sabia que não era tão fácil assim. Além disto, ainda tinha Roberto, que estava sentado, ainda sem fazer parte de nenhum grupo. Ele não tinha feito amizade com outras pessoas fora Rodrigo, e todos os grupos já tinham o número exato. O novato teria que entrar em um dos grupos, claro, mas Rodrigo preferiu não sugerir, já que não sabia a reação de Lucas, nem queria deixá-lo triste, ainda mais depois do fim de semana que tiveram.

— Até que o novo aluno é bem bonitinho, né? Ele poderia vir fazer parte aqui do grupo. – Claro que era a Maiara, mais uma vez.

— Não sei, o Lu...professor disse que é apenas 4 pessoas, seria bom perguntar. – Rodrigo respondeu, mas já imaginava a cena.

Neste momento Lucas entrou na sala, automaticamente olhando o grupo que Rodrigo estava, com Maiara ao seu lado, falando, como sempre, alguma coisa, perto demais dele. Mas como se tivesse sentido sua presença, o loiro levantou os olhos, deu um sorriso discreto e revirou os olhos, para deixar claro que não estava achando agradável a proximidade da guria. Lucas sorriu um pouco também, por perceber o quanto um simples gesto do mais novo já bastava para se sentir amado.

— Roberto, qual grupo você vai entrar? – Lucas percebeu que o garoto estava tímido, ainda no mesmo lugar.

— Pois é, os grupos já estão todos preenchidos... eu não posso fazer sozinho?

Lucas ficou um tempo olhando o mais novo, pensando que não tinha percebido o quanto ele era tímido, apesar da primeira impressão que teve. Talvez seja por isso que o namorado foi o colega que Roberto se aproximou de início. Luke sabia o quanto de vaidade havia neste meio da comunicação, e deveria ter imaginado que por ser do interior, Roberto se sentiria deslocado, assim como Rodrigo muitas vezes disse ter se sentindo por ali.

Se aproximando um pouco mais do garoto, Lucas tentou ser o mais simpático possível, pois sabia que por vezes alguns alunos sentiam medo de seu jeito reservado, apesar de sempre se mostrar solicito.

— Não queres entrar no grupo do Rodrigo? Acho que lembro de ter visto vocês trocando algumas informações aula passada, talvez você se sinta mais a vontade.

— Eu posso? – Roberto abriu um sorriso, mas depois voltou a questionar –Quer dizer é que...

— Claro, vai lá. – Lucas falou de seu jeito polido, enquanto se voltava para a turma toda – Então, cada representante de um grupo vem aqui, me traz os nomes dos grupos e pega uma máquina pra responder algumas questões que eu passei.

Enquanto sentava, Luke percebeu que o olhar de Rodrigo pousava no seu, enquanto Roberto estava se ajeitando ao seu lado. Levantando levemente a sobrancelha, e mais uma vez fazendo menção de um sorriso, o mais velho olhou bem nos olhos do loiro, como quem questiona se haveria algum problema. Lucas sabia que sua atitude tinha sido surpreendente, mas tinha prometido ao loiro que melhoraria. E por mais que ficasse um pouco ansioso, por perceber que o namorado estava tão perto de duas pessoas que o causava ciúmes, suportaria pelo bem dele e de seu amor.

— Oi, Roberto! Já te aviso que o Rô é um baita CDF, então nem ter preocupas em responder nada. – Esse foi o jeito da Maiara encontrar um papo pra ter com o aluno novo.

— Ah... mas eu também sou. Meu pais me mantem aqui na cidade, não tenho tempo pra ficar colocando essa oportunidade tão rara que é cursar um curso na universidade fora. Preciso me dedicar.

Rodrigo acabou saindo de seu transe olhando o namorado ao ouvir essa resposta. Sentiu vontade de aplaudir, Roberto deu uma resposta que tantos sempre querem falar pra Maiara, mas se sentem intimidados pelo jeito dela.

— Ai, nossa... que gentil você hein?

— Oi Roberto, prazer – Eduardo resolveu intervir – Eu não sou tão estudioso assim, mas não estou a fim de ficar em exame, então vamos começar o trabalho? Deixa que eu vou lá entregar nossos nomes e pegar a máquina.

E na próxima hora, a sala ficou preenchida pelo falatório gerado em cada grupo. Assim que deu o horário do intervalo, como sempre, os estudantes saíram em busca de alguma coisa nos “enormes” 20min. de intervalo. Lucas continuou sentado, escrevendo alguma coisa no notebook que usava em sala de aula, mas sempre de olhos nos passos de Rodrigo, que agora conversava com Roberto, que ficou com o loiro em sala de aula, após ele dizer que não iria comer nada.

— Sério, eu acho que hoje termino de passar a limpo as matérias atrasadas. Não aguento mais não dormir.

— Que bom, Roberto! Agora só vai. Mas não tinha muitas coisas não, na aula de amanhã que tem o texto aquele que eu nem comecei ainda... – com a movimentação dos últimos dias, Rodrigo acabou atrasando esse trabalho.

— Nossa, é mesmo! E eu nem tirei o xerox! Cara, vou ali pegar, vai ficar por aí?

Rodrigo levantou os olhos e olhou para Lucas, que parecia bem concentrado pra tela, apesar dele saber que ele estava prestando atenção nos dois, ainda mais que estavam bem quase à frente de sua mesa.

— Vou ficar por aqui sim. Daqui a pouco o pessoal volta e a gente já começa a terminar o trabalho.

— Ok, vou correr lá porque não quero me atrasar... – Roberto disse isso fazendo menção com a cabeça em direção a Lucas, por ter aprendido que se atrasar na aula dele não era uma boa.

Assim que o garoto passou pela porta, Luke levantou seus olhos, podendo desfrutar da visão do namorado, já que não tinha ninguém por perto. Sorriu, mais uma vez, por perceber que ele o olhava também.

— Já disse que te amo hoje? – Rodrigo não resistiu em dizer ao ver aquele olhar tão protetor em si. Desde que tinha se entregado ao mais velho, parece que seu corpo, a todo o momento, queria dar a certeza ao Luke de que era seu.

— Eu acho que você me acordou hoje dizendo isso. – Lucas respondendo tentando controlar o frio na barriga que sempre sentia ao ouvir declarações como essa do namorado.

— Mas faz muito tempo então. Te amo, muito. – Rodrigo se sentia um piegas, mas nem pensava muito nisto – E obrigado, eu vi o que aconteceu aqui. Obrigado por confiar em mim.

— Eu confio é na gente, assim como você me pediu. – Lucas sentia era vontade de ir até o mais novo e dar um beijo, mas não queria correr o risco de causar uma cena ali na Universidade – Mas confesso que é um teste de resistência. Mereço até recompensa depois.

— Aé? – Rodrigo ouviu vozes se aproximando, então falou mais baixo. – Posso saber tipo o que?

— Dorme comigo hoje? – mesmo que ele dissesse que não poderia, Luke sempre o convencia.

O loiro sorriu, nem se imaginava ficando longe do mais velho, não nestes dias, ainda tão recente da última conversa que tiveram. Claro que ficaria com ele! Mas não teve tempo de responder, já que alguns alunos já entravam na sala. O máximo que fez foi abrir um sorriso, enquanto Lucas voltava seu olhar para a tela do computador.

***

— Não acredito! Desde quando tu estás comprometido?

Era terça-feira, Lucas não estava no campus naquele dia. Por isso, Rodrigo acabou indo pra cantina com os colegas, ouvir os assuntos enfadonhos de sempre. E foi justamente no meio do intervalo que a Maiara veio com essa pergunta, deixando o loiro até surpreso, já que ontem ela não tinha percebido.

— Maiara, desde quando isso te interessa? – Roberto acabou respondendo pelo loiro, já que percebeu o quanto aquela garota era inconveniente e o quanto Rodrigo era reservado.

— Gente, mas vocês estão sempre me atacando, nossa. Eu só perguntei. Fico até feliz, tá... Eu só queria saber, nunca te vejo com ninguém e achei estranho...

— Sim, eu estou namorando, e estou bem feliz. E acho que não te devo mais satisfações, não é? – Rodrigo sempre foi muito educado, mas Maiara extrapolava, ela havia deixado ele nervoso com esse grito e alarde todo. Não iria esconder, mas também ser atacado em meio a cantina não era nada confortável.

A guria apenas ficou parada observando ele, como se tentasse desvendar alguma coisa. Mas por dentro, ela apenas lamentava não ser a escolhida, já que seu pai tinha gostado de Rodrigo, assim como toda a sua família. Também tinha o fato de que, pesquisando, tinha descoberto que a família dele era uma das principais produtoras da região, apesar do jeito simples e a tendência de Rodrigo por sempre falar com os mais humildes, ou escolher as coisas mais simples da vida.

 – Espero que ela tenha mais sorte que eu contigo. – Maiara falou e levantou. Em seguida o resto do pessoal também fez isto, já que estava perto de acabarem os minutos de intervalo.

Rodrigo apenas ficou observando Maiara andar, enquanto pensava que talvez tivesse exagerado na resposta. Mas sentia que ela falou aquilo para constrangê-lo, não para desejar sorte como fez.

Pensando nisso, nem percebeu que Roberto continuava ao seu lado, com um ar pensativo, como se quisesse questionar sobre algo, mas não soubesse como.

— Obrigado por ter sido mais rápido que eu e respondido a Maiara. Eu ainda fico sem reação perante a falta de noção dela.

— Tudo bem... – Roberto respondeu, ainda parecendo pensar no que falar. – Percebi ontem no grupo como ela pode ser... difícil.

— Sim, essa é uma ótima palavra pra explicar ela. Eu não acho ela a pior pessoa do mundo, mas pode ser bastante irritante sim ficar perto. – Rodrigo disse e acabou sorrindo ao falar.

— Rodrigo, eu posso te perguntar uma coisa? – Roberto nesse momento levantou seu olhar para o colega.

— Claro, apesar de que daqui a pouco temos que voltar.

— Por acaso a pessoa que tu está é o Lucas? – Roberto era direto como uma pessoa do interior é, e Rodrigo admirava isso, porque o fazia autêntico. O loiro hesitou um pouco em responder, porque não sabia até que ponto poderia confiar nele, apesar de ter percebido que poderiam ser grandes amigos.

— Olha, desculpa se eu estou sendo intrometido... mas é que vocês parecem estar sempre muito juntos. E eu percebi ontem que ele está usando uma aliança, parecida com a tua. – Rodrigo apenas continuava olhando pra o colega, pesando nas palavras que usaria. Mas resolveu ser sincero, já que tinha dito que não esconderia os dois.

— Tudo bem, eu não me importo em responder. Sim, estamos namorando. Eu comprei as alianças na última semana. – Como era bom contar sobre o seu relacionamento para alguém.

— Nossa, que tri! Parabéns pra vocês! Eu perguntei apenas porque... sei lá, eu percebi algumas coisas... e acho que deve ser complicado tudo isso pra vocês. Mas quero que saibas que eu não acho nada errado ou algo assim. – Roberto tinha um sorriso fácil, que fez Rodrigo acreditar de verdade nele – E pode deixar, eu não vou contar pra ninguém, está bem? Te dou minha palavra.

Rodrigo apenas concordou, enquanto pensava que teria que contar para Lucas essa conversa. Como será que ele reagiria? Ainda não sabia dizer como o moreno iria reagir às diversas situações que ainda passariam juntos e ficava com um pouco de receio. Mas deixando pra pensar depois, o loiro apenas sorriu e disse que era melhor que retornassem para a aula, já que a professora já deveria ter retornado.

***

— Lucas, cheguei! – Rodrigo falou ao abrir a porta do seu apartamento.

O namorado tinha dito que o esperaria ali. O loiro estranhou, já que Luke sempre preferia ir buscá-lo, mas resolveu não questioná-lo muito. Até gostou, porque mostrava o quanto ele confiava nele e sabia que sempre voltaria. Mas claro, havia chamado um táxi de um senhor que á tinha usado para busca-lo, exagerado ever!

Foi em direção ao banheiro lavar as mãos e depois foi até seu quarto, imaginando que Lucas estaria por ali. E estava certo. Ao abrir a porta, sempre deixavam, quando estavam ali, fechada por causa do ar condicionado, ainda mais Lucas que ainda estranhava o frio. Encontrou o namorado com o computador aberto, com uma roupa leve e meias, mexendo em seu computador. Vê-lo sempre o fazia se sentir em casa. Sempre.

— Oi, Rodrigo. Desculpa, eu estava aqui editando umas imagens e não consegui finalizar tudo. Mas eu pedi comida, já chegou faz um tempo, mas dá pra aquecer.

Rodrigo sorriu com as explicações de sempre de Lucas. Se aproximando, o beijou com seu jeitinho de sempre, como se fosse uma carícia e um modo de o fazer se sentir amado.

— E tu comeu o que desde a hora que eu sai?

Lucas ainda tinha sérios problemas com a alimentação, apesar de não resistir mais quando Rodrigo estava por perto. O loiro sabia que seria algo que apenas melhoraria após ele recomeçar seu tratamento, apesar de nunca ter avançado muito nas consultas. Mas sempre dizia a Lucas que ele tinha que tentar, e que agora era diferente.

— Estava esperando você pra gente comer juntos. – Lucas tentou se safar de mais questionamentos sobre a alimentação. – Além do mais, eu sai pra fazer umas coisas.

Rodrigo sabia que ele iria fazer algo, mas não o que.

— Aé? Posso saber onde tu foi?

— Bom, primeiro eu fui em um consultório... o médico com quem eu consultava antes me indicou um colega dele daqui pra eu continuar meu tratamento. É um psiquiatra que parece ser bastante conceituado na região.

— Mas amor, eu queria ter ido junto... por que não me disse?

— Rodrigo, não precisava. Além do mais, você tinha aula... e eu sentia que precisava fazer isso sozinho, entende?

O loiro não concordou muito, mas entendia. Chegou para mais perto do moreno, deitando a cabeça em seu peito, enquanto ouvia seu coração bater. Adorava fazer isto.

— Mas então, já consultou com ele?

— Na verdade não... é tão difícil conseguir falar. Eu fui mais para conhecê-lo e fiquei de voltar na quinta-feira pra uma consulta real. Como fui indicado, e parece que eles dois eram muito amigos, ele arranjou horário para me atender já nessa semana.

— E eu posso ir com você? – Rodrigo perguntou, mas depois lembrou que Luke queria fazer isso sozinho. – Quer dizer, acho melhor não, né? Eu posso te esperar no teu apartamento e...

— Claro que você pode me acompanhar. Apenas não pode participar da sessão comigo, prefiro tentar sozinho. Mas vou adorar saber que você vai estar bem perto de mim.

— Tem certeza?

— Absoluta. Eu te amo, Rodrigo. E confio em ti, muito. Ainda tenho meus medos... – Lucas falava, enquanto pegava na mão do namorado – Mas eu quero ser capaz de acreditar em nós e no que a vida pode me oferecer, sem estes medos alarmantes e idiotas. E sei que contigo do meu lado eu vou conseguir.

Rodrigo não conseguiu resistir e avançou sobre o moreno, enquanto seu coração, mais uma vez, pulava no peito por ouvir aquelas palavras do mais velho. Ficaram alguns minutos trocando caricias, até Luke parar antes que eles avançassem demais.

— Está na hora de jantar, você precisa se alimentar, não quero te ver desmaiando mais na minha frente, por favor... – Ele falava enquanto tentava resistir.

— Mas olha quem fala senhor “não estou com fome?”.

Lucas acabou dando uma risada alta, daquelas ainda bem raras, que ecoou em toda a peça que estavam.

— Mas é claro que eu vou jantar também. – Lucas sempre tentava pra não preocupar o mais novo – Mas antes eu tenho uma coisa pra te dar.

Levantando da cama, Luke foi até a escrivaninha de Rodrigo e pegou uma caixa que ele não tinha percebido ali, com um sorriso nos lábios.

— Eu comprei pra você, espero que goste. Se não gostar, pode trocar também, não precisa aceitar apenas porque eu estou te dando. – O moreno dizia envergonhado e com receio que o namorado achasse um exagero.

— Ei, quando tu vais perceber que eu adoro tudo que vem de ti? Obrigado pelo presente, já estou adorando sem nem mesmo ter visto o que é.

Lucas ficou parado, observando enquanto ele abria a caixa. Quando o loiro estava prestes a abrir pra ver o que era ele disse.

— Eu vi que você gostou do meu, e eu adoro usar pra trabalhar... já que você está também editando imagens e, às vezes, não consegue adiantar algumas coisas por não conseguir fazer no seu notebook e ficar com receio de usar o meu, resolvi te dar um todinho seu. Gostou? – Luke acabou de falar assim que Rodrigo puxava de dentro da caixa um macbook lindo e personalizando.

O loiro nem sabia o que dizer, estava pensando em comprar um, mas ainda não tinha conseguido, já que recebia dinheiro por trabalhar, mesmo à distância, com os negócios do pai, mas não era de esbanjar.

— Luke... eu amei! Nem sei o que dizer... muito obrigado!

Lucas sorriu ao ouvi-lo, percebendo que ele não se ofendeu com seu presente. Ver o sorriso que formou nos lábios do loiro fazia seu coração sorrir e perceber, cada vez mais, o quanto ali ao seu lado era seu lugar. Que os medos que sentia eram tolices, por mais que não conseguisse evitá-los, e que logo tudo estaria bem. Aliás, já estava.

— Não precisa agradecer! Eu já pedi pra instalarem vários programas de edição, antivírus e tudo mais. Mas se quiser acrescentar algum não tem problema, passo o número do lugar que fez o serviço pra mim e pode mudar o que quiser.

— Amor, não vou mudar nada, está ótimo! Além disso, o estagiário aqui sou eu. Se tu diz que já tem tudo que eu preciso, eu confio. Estou louco pra mostrar pra mãe, eu tinha mostrado pra ela um vídeo das funcionalidades do mac um dia e ela achou também muito legal, apesar de nem mexer com informática nem internet.

Lucas não conseguia tirar o sorriso do rosto ao ouvir a empolgação tão jovial de Rodrigo. Perceber que dos mais simples aos mais grandes atos seus eram capaz de fazer o loiro sorrir o fazia se sentir a melhor pessoa do mundo!

— Agora eu acho que está na hora de jantar, né? Eu pedi comida saudável dessa vez, já que você reclamou da pizza que almocei.

— Sim, porque almoçar pizza é supernormal, né? Aliás, onde estava a Solange que não viu isso? Nem à tarde ela apareceu. – Rodrigo falava sorrindo, enquanto puxava o moreno para a cozinha, querendo ver o que ele pediu.

— Devia estar bastante ocupada assistindo novela ou algum programa de receita na TV que eu comprei pra ela. – Luke falou, como se não fosse nada de mais presentear alguém do nada – Ela quase teve um negócio quando eu cheguei na porta dela com uma caixa grande de 50 polegadas.

— Ai meu Deus, ele resolveu antecipar o Natal pelo jeito.

— Que engraçadinho meu namorado é – Lucas sorriu mais uma vez ao usar essa palavra. – Eu queria apenas agradecer pelo fim de semana. Foi um dos melhores dias dos últimos anos que passei na vida.

Ao ouvir isso, Rodrigo parou de abrir as embalagens para olhar Lucas. Pensou em falar algumas palavras de incentivo, referindo-se aos momentos alegres que eles ainda teriam, que bastava ele acreditar que seriam capazes. Mas resolveu apelar para um gracejo, pois sempre funcionava. Passou seus braços pelo pescoço do moreno, beijando seu pescoço e depois o olhando fundo nos olhos.

— Aposto que os outros melhores momentos são os de bebedeiras teu e do Marcus. Pensa que eu não ouvi vocês conversando no domingo pela manhã na cozinha?

Lucas apenas sorriu, apertando Rodrigo mais forte em seus braços.

— Pois saiba que a noite de sexta-feira está de lavada em primeiro lugar. – Luke usava um tom malicioso de brincadeira, enquanto provocava o loiro com o olhar. Ele referia-se à noite que Rodrigo se entregou a ele.

Rodrigo acabou ficando um pouco vermelho por saber do que o namorado estava falando, ao mesmo tempo que revirava os olhos, lembrando de como Lucas era imbatível em provocações desse tipo quando estava feliz como agora.

 – Um dia eu ainda venço essas tuas provocações. – O mais novo se virou, quanto voltava a olhar as embalagens, tendo sua cintura ainda envolta pelos braços de Luke.

Entre uma brincadeira e outra os dois jantaram juntos, indo mais tarde para a cama, já que o loiro acordava cedo. Estavam um tempo conversado, quando Rodrigo lembrou que precisava contar algo para Lucas.

— Luke, eu tenho que te falar uma coisa. – Disse enquanto passava a mão nos cabelos do mais novo, como um cafuné – E espero que tu não fiques bravo comigo.

Rodrigo sentiu o mais velho enrijecer e achou melhor falar logo, antes que ele pensasse que fosse algo ruim ou relacionado direto a eles.

— Hoje eu acabei indo pra cantina com a turma, e como já era de se esperar, a aliança que estou usando chamou a atenção... mais precisamente da Maiara. E ela perguntou se eu estava namorando alguém.

Lucas se sentiu enrijecer ao ouvir o mais novo, mas resolveu esperar que ele concluísse.

— Eu confirmei que estava sim com alguém. Acho que ela ficou até brava comigo. – Rodrigo usou um tom de deboche. – Quer dizer, ela me desejou sorte e depois que voltamos todos pra aula, nem me dirigiu a palavra, como sempre faz.

Lucas resolveu sentar na cama, olhando o mais novo nos olhos. Sentia que tinha algo a mais.

— E tu se incomodou com a pergunta? É normal que as pessoas vejam pela aliança. Se quiser a gente pode tirar e esperar mais um tempo. – Ele tentava entender o que o mais novo sentia ao falar.

— Lucas, para com isso? Eu já falei que não me importo. Ela que perdeu a oportunidade de ficar calada. Mas nem era isso que eu queria contar na verdade. – Ele disse, pegando as mãos do namorado – O Roberto estava com a gente na mesa, e acabou até dando uma resposta pra Maiara, já que eu fiquei tão surpreso com a pergunta dela, do nada, que não consegui responder de imediato.

Inconscientemente, Lucas começou a passar o dedo na aliança de Rodrigo, já que os dedos estavam entrelaçados. O loiro tinha percebido que ele fazia isso, desde que colocaram a aliança, quando se sentia ansioso. Parecia que sentir o objeto o fazia se sentir seguro.

— E quando todos levantaram pra voltar pra aula, o Roberto acabou me perguntando se a pessoa que eu estava namorando era tu... – Rodrigo tentava captar as ações do namorado – E pensando na hora, e vendo que ele não estava perguntando pra fofocar ou algo assim, mas apenas porque tinha percebido algo, acabei concordando. – Assim que falou, o mais novo sentiu Luke ficar nervoso de verdade, já que sua expressão demonstrava confusão. Ele parecia ter ficado incomodado com o eu disse, mas ao mesmo tempo, parecia que não queria estar.

— Rodrigo... esse garoto recém veio pra cá. Como ele á sabia disso? Será que fui eu que não consegui disfarçar? Será que era o momento de confirmar pra ele? Logo pra ele...

— Eu não sei ao certo o que ele percebeu. Mas ele disse que com alguns sinais, e depois vendo a tua aliança ontem, ele achou que poderia ser. Mas amor, eu não soube o que fazer na hora. Além do mais, ele não vai falar pra ninguém, eu percebi no olhar dele, estava sendo sincero.

Lucas tinha ainda receio em confiar nas pessoas. Queria que tudo acontecesse em seu tempo, e ficava com medo de que, com os colegas descobrindo, Rodrigo repensasse a relação deles e resolvesse acabar por ali. Era bobagem pensar isso, pois prometeu que não teria mais esse tipo de insegurança, mas não conseguia segurar sua mente. Ele tentou levantar, mas o loiro, prevendo, segurou ainda mais forte suas mãos, ao mesmo tempo em que o deitava novamente e sentava sobre seu corpo.

— Lucas, me fala o que tu estás pensando. Se abre comigo, não guarda estes sentimentos que estão te assolando.

— Não é nada, é só que eu fico pensando o que isso acarreta em ti, na tua vida acadêmica, eu não quero que teus colegas saibam e pensem que estás comigo pelos motivos errados ou algo assim, e que te deixem de lado...

Rodrigo deu um suspiro, pensando que claro, o moreno estava preocupado no que acarretaria em sua vida, não na dele. Ao perceber essa intenção em Lucas, se perguntou quando é que os sentimentos que sentia por ele iriam parar de aumentar. A cada dia amava mais o namorado, e o carinho que ele demonstrava.

— Pois eu iria adorar que eles soubessem! Sabe, é bem entediante ficar ouvindo algumas colegas te elogiar ou acreditarem que na próxima festa que tu fores elas vão conseguir ter algo contigo.

— Rodrigo, sério. Acha mesmo que o Roberto não vai falar nada? Se quiser eu posso falar com ele e...

— Shiiiuuu, tu não vai falar nada. Está tudo bem. Eu conversei com ele ao fim da aula e ele me prometeu que não vai falar.. E ele é muito parecido comigo, tu sabes, não é de ficar alardeando pela universidade. Além do mais, ele é bem legal, está sempre disposto a ajudar e...

Lucas ao ouvir os elogios ao outro aluno apertou Rodrigo mais em seus braços, o beijando de um jeito bastante possessivo, como fazia quando queria extrapolar seus sentimentos.

— Não precisa elogiar ele tanto, tá. – Quando o ar se fez necessário, Luke acabou dizendo.

— Tá. – Rodrigo sorriu ao ouvir o namorado – Mas está tudo bem, não é? Quer dizer, não estás bravo comigo?

Em momentos assim, Lucas sempre lembrava que o loiro era mais novo e que, se Luke tinha seus medos por conta dos traumas que passou, Rodrigo tinha inseguranças normais por ser jovem.

— Está tudo bem sim, ok? Se você confia no Roberto, eu também vou confiar. E caso ele fale algo, eu sempre posso sumir com alguns pontinhos dos trabalhos de alguns alunos, não é verdade?

— Ei, não fala isso! Daí sim que iriam querer minha cabeça! – Rodrigo disse, brincando, sabendo que Luke nunca faria isso. Ele era o melhor professor que tinha conhecido. Ele era dedicado e adorava cada aluno, apesar de ser reservado.

Lucas não respondeu, apenas se aconchegou mais no loiro e esperou seu corpo se acalmar enquanto tentava dormir. Estar com Rodrigo era como um sonífero natural, não tinha problema nenhum em dormir. Apesar de às vezes acordar à noite ainda, os pesadelos tinham diminuído bastante. Mas não sabia se caso dormisse sem o namorado, eles não voltariam. Isso o fez, antes de pegar no sono total, pensar e mentalizar que a consulta da próxima quinta-feira fosse o inicio de uma nova vida pra ele. Que fosse a porta para a sua liberação rumo à felicidade.


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Notas finais do capítulo

Era pra ser apenas um capítulo de presentinho de natal e acabou sendo um dos maiores até agora! hehehe Até o próximo capítulo!! E Feliz Natal pra vocês! Muita esperança e renovação em seus corações! Você gostam de Natal? Eu amo!
Espero que sintam vontade de comentar o capítulo!
bjo
Agridoce