Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 14
Motivos Para Sorrir


Notas iniciais do capítulo

Fiquei tão feliz com os comentários do capítulo anterior, e o feriado ajudou também, que consegui concluir mais um capítulo.
Espero que vocês gostem!! :):)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/566314/chapter/14

Após algum tempo, Rodrigo decidiu que estava na hora de ir embora. Estava discando o número de um táxi quando Lucas insistiu muito que o deixasse levar em casa.

– Mas não há motivo pra isto, Lucas! Está muito tarde, eu chego de táxi rapidinho. – Tentava argumentar.

– Nada disso, eu te levo. Além do mais, não confio que você irá chegar bem, você liga e nem sabe quem é este motorista. Por favor, deixa eu te levar.

Rodrigo ficou olhando para os olhos do outro. Percebeu que estava ficando chateado com sua relutância. Mais uma coisa pra lembrar, tinha agora que lidar com Lucas ficando chateado, ao invés de bravo, quando ele nega uma carona.

– Tudo bem, vamos. Mas daí depois eu que ficarei preocupado com você na volta. – Ainda se assustava com o frequente número de assaltos que ocorria na cidade. Ainda mais com motoristas.

– Olha, eu já estou bem grandinho, sei me cuidar. – Lucas ficou em êxtase com a preocupação. Queria que ele ficasse ali com ele, assim nenhum dos dois teria motivos para se preocupar, mas achou melhor não perguntar, com medo de assustá-lo. Tinha que aprender a controlar estas emoções novas, não queria sufocar ele com seus cuidados.

– Eu sei que sim. Tanto que está querendo cuidar de mim. – disse sorrindo. Neste momento um silêncio se estabeleceu, e mais uma vez ambos ficaram apenas se olhando. Foi Lucas desta vez que quebrou o clima, senão iria querer mais ainda que ele ficasse.

– Então, vamos?

Antes de ir em direção a porta, Rodrigo deu mais um abraço em Lucas. Sabia que, por algum motivo, ele ainda ficava um pouco envergonhado em tomar a iniciativa e lhe fazer um gesto de carinho. Queria que ele se sentisse seguro consigo, e pensaria ainda em como fazê-lo. Mas agora tinha que ir embora, passar este tempo com o moreno havia sido tão bom, se pudesse, ficaria ali mais um tempo, toda a noite quem sabe. Mas ainda não era o momento.

***

Quando Lucas chegou de volta, ficou um tempo parado, encostado na porta, pensando em tudo que havia acontecido. As emoções que compartilharam aquela noite, tudo que haviam dito. E o que não havia sido falado também não saía de sua cabeça. Neste momento sentia uma dorzinha por ter deixado o loiro em casa. Longe dele, o medo, mais uma vez, de que no outro dia as coisas estivessem mudadas voltava com força. Mas percebendo que pelo menos ela não estava carregada da solidão que sempre estivera, já o fazia conseguir sorrir. Passando pela cozinha, não conseguiu deixar de sorrir mais ainda ao ver a louça na pia. Por um momento pensou em arrumar tudo, apenas para não ter que ouvir as perguntas de Solange, sua vizinha. Porém, não querendo perder a sensação de leveza que estava, decidiu ir dormir. Gostaria muito de conseguir ter uma noite inteira de sono, como poucas vezes tinha tido. Mais uma vez ele pensou que seria bom se procurasse alguma ajuda. Os pesadelos o deixavam com medo por um bom tempo quando ocorriam. E ele sabia, isso o fazia continuar reservado, sem saber lidar com o mundo e com as pessoas. Mas depois de hoje, queria muito conseguir se abrir para Rodrigo, de uma forma que nunca conseguiu com ninguém, pois, este sentimento de pertencimento era muito novo. Ele queria ser de alguém, apesar do medo que isso causava.

Pensando nisto, decidiu ir dormir, estava ansioso pelo dia de amanhã e tudo que estava por vir. Mais uma vez sorriu. As sensações de buscar e querer o futuro também eram novas pra ele. Mas eram tão boas... Ai, Rodrigo.... o que estás fazendo comigo?

Quando Rodrigo entrou em casa, foi direto tomar um banho e deitar. Já não era muito cedo, e no outro dia, 7h estava já de pé. Mas antes ficou pensando na vinda deles pra casa. Os minutos incontáveis que permaneceram no carro, em silêncio, apenas tentando manter o clima que haviam compartilhado durante à noite foram tão especiais quanto o jantar. Quando abriu a porta do carro para sair, teve a sensação de estar deixando algo muito importante para trás. Isto o fez lembrar daquilo que sentiu quando estava por sair da casa de Lucas, a vontade de querer ficar ali com ele. Com um sentimento bom de saber que tinha agora alguém por perto, que estaria ali para ele como ninguém estivera nos últimos meses, desde que viera estudar ali naquela cidade, se virava de um lado para o outro. A noite estava fria, pensava agora se o moreno havia chegado bem em casa. Após rolar um pouco pela cama, enviou um sms para ele perguntando se havia chegado bem e desejando boa noite. A resposta não veio, então imaginou que ele estaria já dormindo, e resolveu fazer o mesmo. Que amanhã fosse um dia tão bom quanto aquele. Estava feliz!

***

Lucas não conseguia enxergar muito bem. Sabia apenas que desta vez o que estava sendo levado dele era algo muito mais importante. Ele tentava ir em direção a escuridão, lutava contra as forças que o bloqueavam, mas não adiantava. Ele começou a chutar e dar golpes, precisava ir em busca do que mais uma vez estavam tentando tirar dele, mas não conseguia. Começou a chorar e neste momento tudo desapareceu.

E ele acordou. Novamente os pesadelos voltaram com força, e desta vez mais reais impossíveis. Sentia uma dor em seu peito, sensação de perda. Não conseguia lembrar o que estavam tentando lhe tirar, mas não era tão burro para não perceber que era Rodrigo, tinha certeza. Ele não tinha mais ninguém. E pensar nisto o deixou muito mal. Estava ansioso, pensando se ele estaria bem em casa, mesmo o deixando na porta e tendo visto ele entrar. Coisas poderiam acontecer em casa mesmo, não? Achava que não conseguiria dormir novamente e decidiu procurar o celular para ver as horas. Como era inverno, demorava para o sol aparecer, mas pela luz, já estava amanhecendo. Que bom, não estava com paciência de voltar a dormir. Quando visualizou o celular, percebeu que tinha uma mensagem, pensou ser o Marcus, mas não era. Foi Rodrigo que enviou. E quando viu do que se tratava a preocupação com ele, diminuiu um pouco o medo que estava sentindo. Pela hora, ele havia enviado um pouco depois que ele havia conseguido pegar no sono. Respondeu da forma mais normal possível, pois, ainda estava com as sensações do pesadelo, por mais que tentasse ignorar, e levantou. O loiro veria quando acordasse.

Bom dia!

Sim, eu cheguei bem, obrigado.

Beijo, Lucas.

Rodrigo estava sentado no balcão de sua casa tomando café. Milagrosamente, mesmo tendo dormido tarde, acordou antes do despertador. Agora estava com tempo, e assistia as notícias da manhã antes de sair, quando recebeu a mensagem. Estranhou, Lucas disse que, normalmente, não acordava tão cedo assim. Pareceu até ser um pouco preguiçoso. A princípio pensou que talvez ele tivesse algo para fazer, mas decidiu responder pra tentar descobrir. Queria muito saber sobre ele, precisava que soubesse que se importava. Não haviam ainda estabelecido que tipo de relação tinham, mas queria que ele sentisse que podia contar com ele.

Bom dia, que bom!

Estou tomando café da manhã já, daqui a pouco saio para o trabalho.

Mas e tu, caiu da cama?

Você me disse que não acordava tão cedo...

Resolveu esperar pela resposta. Rodrigo achava estranho mandar mensagem para celular, normalmente se comunicava através de redes sociais e aplicativos. Mas Lucas, aparentemente, não dava atenção a isto, e usava um celular simples. Pensou que talvez pudesse lhe dar um e ensiná-lo a mexer. Sorriu com a ideia, faria isto hoje mesmo. Sabia que ele iria responder assim que visualizasse. E isto não demorou a acontecer.

E não sou mesmo de acordar cedo.

Mas hoje tive um sonho ruim, só isto.

Após pensar um pouco, já indo ao trabalho, Rodrigo decidiu respondê-lo. Havia achado a resposta um pouco seca, mas sabia que o outro não se abriria assim, em uma mensagem de texto, às 8h da manhã. Pensando nisto, resolveu marcar de almoçar com ele. Um pouco mais tarde do que o normal, já que iria comprar o presente dele antes.

Bom, aproveita pra ver o sol neste horário então. É bonito com este céu azul.

Como já deves ter percebido, no meio da tarde, já não

há sol nesta cidade. Estou chegando no trabalho.

Aceita almoçar comigo hoje?

Lucas ficou surpreso com mais este convite. Talvez fosse porque Rodrigo era jovem ainda, (não que fosse velho). Ele parecia estar lidando com tudo isto da melhor forma possível, mesmo nunca tendo tido um relacionamento com outro homem. Nestas horas se sentia um tolo analfabeto sentimental. Precisava aprender a surpreender o outro, até porque, se não fizesse isso, as chances das coisas nem começarem eram grandes, ainda mais pra ele que não era a pessoa mais socialmente ativa do mundo. Decidido, afastou estes pensamento, literalmente balançando a cabeça, ainda sentindo os reflexo do pesadelo. Decidiu responder e acrescentar o que estava sentindo. Tinha que começar a ser sincero consigo mesmo, para ser com o outro.

Claro que aceito... quando sair daí me liga.

Já estou com saudades.

bom trabalho, Lucas.

Rodrigo entrou sorrindo na sala, olhando feito bobo o celular. Clarissa percebeu assim que o loiro entrou que alguma coisa havia mudado de ontem para hoje. Mas como sabia que ele era reservado, resolveu dar um tempo, já que sabia que era invasiva quando queria, e isto deixaria ele mais envergonhado ainda. Quando o meio da manhã chegou, ela foi tomar um café e resolveu chamar o loiro. Havia uma lanchonete no andar anterior ao deles ali no prédio, e o pessoal sempre se reunia lá uns 20 min. Era o tempo necessário para que conversassem. Assim que sentaram na mesa, ela ficou olhando Rodrigo. Quando ele percebeu, ficou vermelho, como ela havia pensado.

– Ah não, nada de ficar vermelho. Pode ir falando o que aconteceu ontem depois que conversamos. Acabou com a lambisgóia? Foi falar com o professor gato? – decidiu ser direta, não conseguiu se controlar.

– Clarissa, mais discreta não existe, né? Posso saber o motivo de tanto interesse? – Mas Rodrigo não conseguia ficar bravo com ela. Sabia que o interesse era sincero, já que ela percebera que ele não havia ainda se acostumado com a vida por ali. E também, sabia do primeiro encontro conturbado dos dois...

– Pare de me enrolar, o tempo hoje não vai ser muito então fale! Então, vocês estão juntos, namorando? – disse sorrindo como sempre.

– Namorando? Não... – nem ele sabia na verdade. Será que estariam? Se bem que estava até pensando em presenteá-lo... – Estamos nos conhecendo. Se bem que depois da janta na casa dele ontem...

– Oi??!! Como assim! Você foi jantar na casa dele ontem? Me conta!! – falou alto o bastante para que muitos olhares se dirigissem a eles. Era melhor contar, ela seria capaz de dar mais berros como aqueles se não fizesse isto.

– Calma! Vou contar sim, mas seja discreta. – Disse olhando para os lados. – Sim, jantamos na casa dele ontem. – falou, começando a sorrir feito bobo novamente – Na verdade, ontem depois que eu terminei com a Maiara, eu fui conversar com ele, à tarde. Dai eu disse que gostaria de tentar... você sabe.

– Ai, meu Deus! Rodrigo, que fofo, vocês estão junto? Mas me conta, e o jantar?

– Ah, nada demais. Fomos depois da aula. Acabei descobrindo que era aniversário dele ontem, então disse que cozinharia na casa dele. Ele aceitou. Acho que foi tudo bem... – concluiu sorrindo.

– Ai, fico tão feliz! – disse, abraçando o amigo. – Quero conhecer esse Lucas, hein? Saber se ele é tudo isto que parece mesmo.

E continuaram ali conversando, ela fazendo as perguntas mais indiscretas possíveis, como Rodrigo já imaginava. Enquanto ela falava, ele pensava como estaria o moreno. Resistiu em mandar uma msg. Após ler o que ele havia dito, que estava com saudades, percebeu o quanto já estavam ligados. Pensou nos pais, e no que eles pensariam se descobrissem. Mas não era momento para pensar isto, agora queria mesmo era ver mais vezes o sorriso que o moreno lhe dedicava sempre que estavam juntos. E queria também conversar com ele sobre seu sonho, já que pensando, percebeu que não devia ser algo isolado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aguardo a opinião de você sobre mais este capítulo.
beijos,
Agidoce.