Era quase de manhã quando ele foi embora. Oliver queria ter ficado com ela, mas sabia que não era possível, tinham que manter a encenação.

Antes de ir lhe prometeu que voltaria....lhe jurou proteção.

Ela aceitou suas promessas porque sabia que seriam cumpridas.

Quando Feclicity finalmente se rendeu ao sono, tinha o coração mais tranqüilo.

Oliver chegou ao hotel e foi tomar um banho gelado, o que em nada contribuiu para melhorar seu estado de espírito.

Dig o encontrou na ante sala e o olhou percebendo a tensão no amigo:

– Manhã difícil?

Oliver olhava para a cidade e seu movimento matinal.

– Deixá-la naquele lugar foi à coisa mais difícil que já fiz....

– Eu imagino...

– Preciso de algo para tirá-la de lá e logo...tenho que levá-la pra casa!

– Vamos achar um modo, ok? Porque você não vai descansar um pouco. Depois conversamos sobre as minhas impressões do lugar.

– Ok.... – e foi para o seu quarto.

Seu sono foi agitado e repleto de imagens dela...dos dois....de lençóis....de beijos....

Acordou assustado com o telefone tocando.

– Alô?

– Ollie, é a Sarah...

– Oi...

– Você não está com uma voz muito boa. Não a encontraram?

– Encontramos, mas a situação dela não é das melhores.

Oliver contou a Sarah sobre o plano que tinham armado e como ele confiava muito nela abriu o jogo sobre o quanto aquela encenação toda estava lhe custando, emocional e fisicamente.

– Eu não sei mais o que fazer Sarah! Eu só queria mantê-la em segurança....e agora estou numa situação em que a segurança dela exige que eu me aproxime de um modo irremediável....porque não serei mais capaz de me afastar dela agora....

– Ollie...mas essa questão de segurança nem vem mais ao caso...pensa em tudo o que ela já passou do teu lado...e pense que ela suportou tudo de cabeça erguida. Ela também deve ter seus próprios demônios para enfrentar e está sempre do nosso lado, mas principalmente do teu....e ela não é tão mocinha indefesa. O que ela fez contra o Slade? Você já parou para pensar que não seria qualquer uma que enfrentaria e faria o que ela fez sem nem pestanejar.? Ollie a tua Felicity é uma guerreira...a deixe alcançar teu coração...precisamos de alguém que não use máscaras do nosso lado...mas que aceite quando precisamos usá-las...e a Felicity é essa pessoa para você...

Conversaram mais um pouco e ele prometeu ligar se houvesse novidades. As palavras de Sarah não saiam de sua cabeça.

Ele e John foram almoçar no restaurante do hotel. Seu humor estava um pouco mais leve.

E o assunto foi sobre a segurança do clube de Vigo.

– Oliver, eles não são tão espertos assim...no corredor onde a Felicity está só fica um capanga de Vigo. Os outros estão espalhados na boate. Do lado de fora do quarto dela tem uma janela que é trancada...mas não seria difícil de abrir se houvesse a distração suficiente.

– Hoje vou voltar lá e dar uma boa olhada no corredor...se houver uma chance de sairmos por ali sem chamar muita atenção melhor.

– Podias chamar o Anatoly para criar a distração....ou a polícia...

– Seria muito arriscado...

– Oliver, não vejo muito saída...e ela não vai agüentar muito tempo lá sem tentar nada por si só...você a conhece melhor que eu...

– Já pensei nisso...vou conversar com ela hoje a noite.

Felicity acordou e percebeu que havia alguém no quarto, era Katrina arrumando o café.

– Bom dia!

– Bom dia! Pelo jeito a noite foi agitada! E então você gostou do seu americano?

Felicity corou e sem graça respondeu:

– Ele tem jeito com as mulheres...

– Ele exigiu que você fosse dele a semana toda...exclusividade.... – a moça falava como se aquilo fosse comparável a ser escolhida para rainha!

– E isso é bom? Quer dizer...sei lá... – Felicity sabia disso, Oliver já havia lhe dito que era a forma dele a proteger.

– È bom...assim você não tem que agüentar outros homens que não tem tanto jeito com mulheres....se é que você me entende.

Engolindo em seco ela só concordou com a cabeça.

Nesse momento entram no quarto, Olga e Vigo. Felicity estremece, mas reza para que não tenham percebido.

Vigo a olha com desdém, como se fosse uma mercadoria.

– Depois do americano vou fazer um bom dinheiro com ela, Olga...

– Com certeza, meu querido...então não a machuque muito, ok?

Felicity olhou assustada de um para outro.

Igor entrou no quarto e a agarrando pelo braço a levou para uma sala mal iluminada e com somente uma cadeira.

Ele a senta ali a amarra seus pulsos e os pés.

Vigo entra na sala e chega perto dela e agarra seu rosto.

– Então loirinha...agora você vai me dizer quem mais está envolvido naquelas pesquisas sobre meus negócios....

Mesmo assustada ela responde com a voz firme:

– Eu não sei do que você está falando...

Ele lhe dá um tapa no rosto, ela grita sem querer e sente o gosto de sangue.

– Não me faça de idiota! Eu sei que você estava pesquisando sobre mim e meus sócios...está tudo no tablet que estava com você...

– Eu não sei de nada....juro!

Irado ele a pega pelo braço puxando os braços e forçando os pulsos amarrados na cadeira.

– Tua sorte é que não posso machucá-la do jeito que eu gostaria...o americano é um homem que não devo desafiar...mas espero que você esteja pronta para me contar algo amanhã! Igor!

– Sim chefe!

– Leve-a de volta ao quarto e mande Katrina deixá-la bonita para nosso amigo....

Ele a desamarrou e a levou para o quarto.

Katrina já esperava por ela e já tinha alguns bálsamos para as marcas que já apareciam nos pulsos e no rosto.

Felicity não disse uma palavra, suportou tudo o que lhe era feito. Comeu, pois precisava manter-se forte e seu único consolo era saber que logo mais Oliver estaria ali e então ela poderia se jogar em seus braços e sentir-se segura.