Back Together escrita por Cahmy


Capítulo 8
O retorno.


Notas iniciais do capítulo

Está aí um novo capítulo, espero que gostem.
Não se esqueçam de comentar e falar o que vocês acharam, cada opinião de vocês vale MUITO para mim.
Beijos



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– Gostou Katniss? – indagou Effie com o semblante curioso. Ela a olhava com ansiedade, expectando pela resposta.

Ambas estavam ao pé da porta que dava entrada ao quarto de Katniss. Neste meio tempo, a garota em chamas não disse sequer nenhuma palavra, apenas deu dois passos para frente e adentrou seu aposento, deixando suas malas para trás.

Estava incrédula com o que presenciava. Encontrava-se tudo tão transformado... As paredes estavam mais limpas e claras, o quarto estava reluzente e suas janelas agora possuíam claras cortinas azuis. Aliás, tudo parecia tão asseado e novo, bem diferente do antigo quarto que havia deixado antes de sua partida ao hospital,

– Então? – perguntou Effie novamente, havia resquícios de nervosismo em sua voz, pois, no fundo, tinha medo da sua desaprovação.

– Está tão...- respondia atônita, pensando na palavra certa - diferente. – completou, virando-se para ela. – Parece outro quarto- falou, fitando outra vez de um lado para o outro o "novo" quarto.

Katniss pôs sua mão direita no ombro dela, apertando-a. – Obrigada- agradeceu sinceramente e então a abraçou, o que encantou e aliviou Effie. Ela retribuiu apertando-a.

Katniss não era do tipo de pessoa que deixava transparecer seus sentimentos tão facilmente, tampouco demonstrar afeto. Haymitch sempre dizia que ela na maioria das vezes era uma garota fria, o que não deixava de ser uma verdade incontestável. Mas neste momento, estava verdadeiramente agradecida pelos cuidados que ela lhe concedeu.

– Está tudo muito bonito, Effie Trinket, você realmente é uma mulher muito virtuosa. – disse ela, sorrindo.

Um dos maiores prazeres da vida que podia agraciar, para Effie, era receber algum elogio. Apesar de tudo, ainda era a velha mulher vaidosa da Capital, só que mais humana, instantaneamente, um enorme sorriso estampava seu maquiado rosto.

– Ah querida, obrigada- Ela bateu as palmas freneticamente – Temos muito trabalho para frente! Ande, pegue suas malas! – falou entusiasmada, e assim Katniss fez.

–---

A garota em chamas já se achava sozinha em seu quarto deitada. Estava sonolenta e seus olhos iam se fechando vagarosamente. Porém mios do outro lado da parede a fizeram despertar subitamente. Era Buttercup que miava com alvoroço, o que a fez levantar e abrir a porta.

– Gato idiota. – disse enquanto se agachava o pegando do chão. – Não me deixa dormir. Ela sentou na cama com o gato em seu colo.

O gato miou como se pedisse desculpas, esfregando sua pequena cabeça de pelos negros na barriga de Katniss.

– Você sente falta da Prim, não é?- ele chiou ao ouvir seu nome. – Bem, você não é o único. – suspirou penosamente, já com os olhos inundados. O gato novamente esfregou-se na sua barriga. Katniss fez carinhos em sua macia pelagem, molhando-o com suas lágrimas eminentes.

–------

Uma hora mais tarde, depois de muitas lágrimas, tanto dela como do gato, banhou e então desceu. Estava faminta.

Ao mesmo passo que descia as escadas escuras seu olfato foi inundado por um cheiro delicioso, o que levou a sua barriga roncar cada vez mais forte.

Sabia bem de onde e de quem este aroma vinha.

Peeta ia adentrando a casa pela sua entrada carregando um farto saco com pães e alguns doces. Katniss ao ver tal cena esboçou um pequeno sorriso de canto. Desceu e foi ao seu encontro, sorriram um para o outro timidamente.

– Trouxe sua encomenda- Anunciou ele indo em direção à cozinha, ela o acompanhou.

Katniss sentou-se e o garoto do pão a serviu. Pôs um prato com um belo pedaço de bolo de chocolate e com um crocante pão junto ao um copo de suco de laranja. Ela comeu calmamente saboreando cada mordida de sua refeição, como sempre, tudo o que Peeta cozinhava era divino.

Ele estava na cadeira em sua frente observando-a a comer. Ao perceber sua fixação ela rapidamente ruborizou.

– Estava delicioso, Peeta. Obrigada – disse, erguendo-se para lavar suas louças.

– Quer mais? – perguntou.

– Eu vou ficar gorda Peeta – respondeu dando leves risadas.

– Espero que sim.

Ela o olhou por um momento, confusa, mas virou-se para lavar seus pratos. Peeta se divertiu mentalmente com sua confusão.

Permaneceram ali, conversando amenidades, embaraçadamente.

–-----

Após alguns minutos, Haymitch entrou abruptamente na casa, surpreendendo os dois. Ele aparentava estar alarmado e caótico.

–Aconteceu alguma coisa, Haymitch? - inquiriu Peeta com preocupação, correndo até ele.

– Aconteceu, garoto. - respondeu, parecendo estar com receio ao falar. - Melhor vocês sentarem. – afirmou com a expressão séria.

Sentaram lado a lado no sofá da sala, no entanto, Haymitch ficou em pé diante deles. Olhou para os dois em silêncio e por alguns longos segundos, pensou nas melhores palavras para proferir o que havia de dizer. Tinha receio, pois tinha quase absoluta certeza de que o que estava prestes a transmitir não seria algo agradável de ouvir para os amantes.

Peeta e Katniss trocaram rápidos olhares, já preocupados.

Por fim, ele abriu sua boca.

– Vão fazer um tipo de comemoração para celebrar o fim dos Games e a libertação dos distritos. - enquanto proferia tais palavras, os dois arqueavam suas sobrancelhas. – E mais, vocês serão os principais homenageados. – falou simplesmente, esperando a reação dos dois.

Permaneceram calados presos nos seus pensamentos.

– E quem vai providenciar isso? – indagou Peeta com o semblante rígido.

– Ora, o Presidente Paylor é claro – respondeu Haymitch, com traços de ironia em sua voz.

Finalmente, Katniss, depois de processar a ideia, falou algo.

– Eu não vou, está decidido. – disse com maior firmeza que conseguira reunir em uma única sentença. A velha Katniss que tanto desafiava a Capital estava presente ali, numa única frase.

– Ah minha Querida, você têm que ir. - Haymitch falou irritado, não com ela, mas sim com toda a situação. – É uma ordem judicial – falou ao mesmo tempo em que tirava um documento de seu bolso- Aqui está- deu o documento de cor branca reluzente para ela, que o pegou abrindo apressadamente - Vocês dois estão intimados a comparecer.

Ela leu as palavras douradas do documento desacreditada, passando os olhos repetidas vezes para confirmar o que estava lendo. Suas chamas estavam ali presentes, mas agora eram acessas com raiva. Katniss largou a carta para o lado, que caiu ao colo de Peeta, e bateu fortemente os punhos na mesa de centro, erguendo-se.

Pensar em reviver o passado que tanto queria esquecer era uma possibilidade que lhe dava nojo.

– EU NÃO QUERO SER CELEBRADA POR MATAR PESSOAS NUMA MALDITA HOMENAGEM. – Katniss gritou com toda a sua força, assustando Peeta e Haymitch, que deu um passo para trás. Seu estômago doía, ela apertou sua cintura na esperança de afugentar sua dor.

– Olha Katniss, você não grite comigo, pois não fui EU que vou obrigar você a ir nessa maldita homenagem, como você mesmo falou. E quer saber? Ela é uma porcaria mesmo! – Haymitch também gritava com exasperação impaciente- Mas EU não sei o que o que o maldito dessa Presidente é capaz de fazer, então VOCÊ minha cara, VOCÊ VAI, pelo bem de uma nação, então não pense em si mesma, pense nas pessoas que estarão em perigo se você despertar a porcaria da fúria do presidente, você me ouviu? – Ao terminar de falar, ele se sentou exausto.

Ela ficou imóvel em pé na mesma posição de antes. Estava com fervendo de raiva. Sentia seu corpo incendiar com o ódio.

Peeta se levantou e com cuidado tocou em seu ombro.

– Ei, eu vou com você Katniss. Você não estará sozinha. – Peeta a abraçou – Eu prometo que vou estar ao seu lado, e eu sei que não vai ser fácil para nenhum de nós dois estar ali revivendo tudo, mas eu vou estar com você Katniss, eu prometo. – ele disse, murmurejando em seu ouvido. Para ela, ouvir tais palavras foi como refúgio em meio a toda essa tempestade. Seu coração já estava menos pesado.

– Tudo bem, obrigada. – respondeu com a voz sussurrada ao ouvido do padeiro e então, os dois saíram do abraço. Peeta, com o polegar, delicadamente enxaguou a lágrima que estava prestes a cair de seus olhos cinzentos.

A garota em chamas virou-se para Haymitch e o encarou irritadamente. Ela suspirou.

– Eu vou – falou simplesmente.

Ele ergueu-se e a fitou por um momento com condolência. Sentia compaixão, sabia que nada disso era sua culpa e que depois de tudo ainda era obrigada a reencontrar um passado tão indesejado de ser recordado por ela.

– Olha garota, eu sinto muito, não quis gritar com você.

– Tudo bem, vamos esquecer e acabar com isso de uma vez por todas, ok?- disse extenuada.

Ele esboçou um sorriso e acenou para ela, que o retribuiu.

– Ok garota em chamas, já tinha até me esquecido do quão fervorosa pode ser – disse Haymitch em tom de escárnio com seu usual humor de bebum. De início, isso a irritou, porém estava exausta demais para brigar outra vez, por isso apenas ignorou e sorriu de volta.

Decidiu subir e acabar com essa conversa de uma vez por todas. Sentia que havia acabado de sair de um combate. Simplesmente deitou-se na cama cansada e cerrou os olhos. Mas Peeta bateu na sua porta.

– Posso ter a honra de entrar? – perguntou com seu inerente tom de gentileza.

– Claro – falou ainda com os olhos fechados.

Ele adentrou. Ficou surpreso com a mudança do aposento de Katniss, parecia até mesmo outro.

Ela se sentou na cama e lá estavam os olhos cintilantes como pedra azuis a cravando.

– Lamento por isso Katniss.- articulou compadecido- Eu só queria ter certeza de que você não vai se sentir culpada por ir ao evento. Sabe, as pessoas estão sentindo esperança agora , nós não temos o direito de tirar isso delas, não podemos as expor ao risco por nosso individualismo ou qualquer coisa do tipo, mesmo que machuque, e eu sei que vai vai. Você ainda é a esperança para todos.Peeta articulava suas palavras cautela a mirando. Sim, ele tinha razão, os distritos sentiam fé na paz, voltavam lentamente á vida com a crença de que tudo iria curar-se.

–Eu vou tentar – falou ela com sinceridade, mas sabia que seria uma tarefa árdua, pois a culpa era um sentimento que constantemente estava presente em seu coração. Ser esperança? - pensava- Como poderia ser tal coisa se mal tinha fé em si mesma.

Olharam-se um ao outro em absoluto silêncio, e assim continuaram por alguns momentos. Seus olhos plúmeos transmitiam exaustão.

Katniss rompeu-o falando.

– Peeta? – o chamou

– Sim?

– Quando você me vê, o que lhe vêm em mente? - indagou de uma vez só.

Aquela pergunta o afligiu em cheio. Tinha ciência muito bem da resposta, mas falá-la não era algo que estava interessado a expor.

– Muitas coisas Katniss, a Capital fez um belo trabalho comigo. – ele disse com ironia, mas a sua resposta não a satisfez.

– Coisas como o que? – ela o encarou novamente, suplicando pela verdade.

Peeta estava desconcertado quanto ao proposito daquelas indagações. Sentia um embrulho desconfortável em seu corpo e hesitou muitas vezes em falar. Mas ela o olhava implorando, então ele teve que lhe responder.

– Coisas como você sendo um monstro. – falou num só fôlego secamente. Ele a olhou na tentativa de decifrar sua reação, mas apenas Katniss mantinha os olhos mirado na parede bege inexpressiva.

– Mas eu não sou isso Peeta? Eu não sou um monstro?

Ela em nenhum momento o olhou. O padeiro aproximou-se da cama da garota em chamas e a tocou levemente no braço. Ela o fitou com seus úmidos olhos cor de cinza.

– Não. Eu sei que não.


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