Living In The Moment escrita por Sra Manu Schreave


Capítulo 17
Capitulo 17 - Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores,
Bem, primeiramente me perdoem por não ter respondido os comentários, mas foi por causa da falta de tempo. Assim que minhas ferias começarem, responderei a todos.
Prosseguindo, sim, esse é o ultimo capitulo, mas ainda temos mais coisas, certo? Temos um epilogo e cerca de 5 bônus. O que acham? Bem, espero que gostem do capitulo.
Beijos,
Manu Schreave



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— Bom dia, Diana. — cumprimento a nova secretaria de meu pai ao, finalmente, chegar na empresa. — Meu pai já chegou?

— Sim, senhor Mellark, ele já está te esperando. — Diana respondeu sorrindo levemente, mesmo estando por aqui a pouco já conquistou a minha simpatia.

— Por favor, não me chame de senhor, deixe este termo para meu pai. — Abro um pequeno sorriso.

— Tudo bem. — A jovem de 21 anos sorri docemente. — Pode entrar.

Assinto e entro, porém antes bato na porta, decidi que abrir portas sem bater é algo perigoso. Mesmo sabendo que toda a situação se estabeleceu com o divórcio de meus pais e o relacionamento oficial dele com a ex-secretária, ainda considero abrir portas de supetão algo arriscado, muito arriscado. Entro apenas ao ouvir um “Pode entrar” de meu pai. Quando abro a porta de madeira envernizada posso vê-lo sentado confortavelmente em sua cadeira massagista, ao fundo posso ver pela parede de vidro, como as de minha sala, a paisagem de Chicago, os prédios altos e o céu azul com algumas nuvens brancas.

— Bom dia, Peeta.

— Bom dia, pai. — Sento-me na cadeira de frente à ele. — Por que fez questão que eu viesse aqui logo cedo?

— Bem, andei conversando com alguns sócios e nós concordamos que precisamos abrir novas filiais. — começa indo direto ao assunto.

— Seria realmente muito bom. Alguma ideia sobre o lugar onde deveríamos abrimos a primeira filial?

— Na realidade, já temos tudo decidido, será em New York, já temos tudo preparado. Contratamos grande parte dos empregados, transferimos alguns, começamos a preparar o prédio e decidimos quem será o líder lá.

— Eu imaginava que o vice chefe, geralmente, sabia das coisas com antecedência e tem influência nas decisões. — resmungo. — New York não é muito longe?

— Bem, o vice chefe, continua sendo vice, Peeta, quando você for chefe, poderá fazer o que quiser, se for apoiado pelos sócios, caso contrário, continuará sem poder agir. Mas, prosseguindo, temos de abrir filiais distantes mesmo, essa é a intenção. Os Estados Unidos são um país grande e com potências em todos os cantos, não podemos nos concentrar apenas em um lugar.

— Certo, e quem será o líder dessa filial? — questiono temendo que essa conversa tenha o fim que imagino que terá.

— Você. — responde sorrindo abertamente. — Tem muito talento para isso, conseguirá fazer nossa filial lá crescer rapidamente, tomará suas próprias decisões e coordenará diversas pessoas.

— Agora, me conte qual é a parte boa para mim.

— Bem, nos últimos dois anos aconteceram muitas coisas, filho. A minha separação da sua mãe, meu novo namoro, seu novo cargo, aquela garota... — lista, evitando citar o nome de Katniss, como se isso fosse um problema, como se ela fosse um problema. — Uma mudança seria bom para você, tenho certeza. Você é um ótimo funcionário, todos sabemos disso, mas pensei em você como filho para lhe enviar para lá, mesmo que eu sinta sua falta, sei que será o melhor para você, acredito que Chicago guarde mais lembranças que você possa aguentar.

— Então, o melhor para mim, é ir para um lugar longe onde não conheço ninguém, sozinho?

— Não, não... Pensei nisso, e já sei o que fazer. — Ergo minhas sobrancelhas esperando que me conte. — Temos vagas para todos seus amigos. Finnick é um ótimo engenheiro, com a Clove na contabilidade temos uma perfeita exatidão, Cato desde pequeno é um ótimo mentiroso, quis dizer, advogado e Annie é tão doce que não há ninguém que se saia melhor que ela com essa coisa de contato externo, a melhor assessora que podemos imaginar. Temos empregos para todos, ótimos salários e a mudança é por conta da empresa.

— Eu não sei...

— Olha, não vamos te enviar para lá se não quiser, mas você tem de se decidir, em três meses estará se mudando, caso aceite.

— Eu vou conversar com eles, se aceitarem, todos nós iremos.

Meu pai apenas assente e me despensa, sigo para minha sala, peço Glimmer para passar minha agenda mais tarde, tenho de fazer alguma ligações primeiramente. Faço uma ligação em grupo. E, aos poucos todos vão atendendo.

— Pessoal... — começo.

— E aí, Mellark? — Cato cumprimenta.

— Tenho propostas para vocês. — respondo direto.

— Almoço no Gene & Georgetti? — Annie questiona.

— É uma boa. — concordamos.

— Todo mundo lá 12:30?

— Certo.

Após nossa curta conversa, continuo a trabalhar. Glimmer vem passar minha agenda e percebo que hoje não tenho nada realmente importante para fazer, apenas alguns contratos que preciso ler, dar minha opinião, e caso aceite, passar para meu pai. Viro minha cadeira para o janelão onde posso ver a paisagem de Chicago. Apesar do céu azul, tudo parece tão cinza, a dois anos parece. Eu sinto falta do modo dela rir e apontar as nuvens no céu, sinto falta das metáforas dela. Sinto tanta falta dela que, ás vezes, me questiono por que não fui atrás dela, não importa aonde ou como, apenas ir, lutar, correr. Mas, no fim, é impossível encontrar alguém que não quer ser encontrado.

Tanta coisa aconteceu nos últimos dois anos. Após aquela noite de natal, meu pai percebeu a idiotice que estava cometendo de ainda estar ao lado de minha mãe, se alguém quisesse falar, que falasse, ele não a amava, não estava feliz ao lado dela, e é isto que importa, a felicidade. Felicidade. Uma palavra tão doce e tão acida. Em algum certo momento de minha vida acreditei que a felicidade era como o sol. Nos últimos dois anos percebi que até o sol tem manchas, e a mancha do meu sol possui nome. Katniss Everdeen. Como alguém consegue ser motivo tanto de minha alegria quanto de minha tristeza? Eis uma coisa que não consegui entender.

Nos últimos tempos, meus amigos fizeram todo o possível para me fazer supera-la, arrumaram diversos encontros, me levaram a diversos lugares, mas nada nunca dava certo. Havia um pouco dela em tudo, em todas as garotas, em todos os lugares. Cores, palavras, músicas, brincadeiras, objetos, lugares. Tudo me lembrava à ela, nada a superava, nenhum lugar era melhor que junto a ela. Tantas coisas já foram tentadas, pessoas encontradas, mas nada me fazia esquece-la, talvez, porque, no fundo, eu não quisesse esquece-la. Às vezes, penso que essa é a verdade, não a esqueci porque não quero, porque ainda tenho esperanças. Sinto que gosto daquilo que me desafia. No fim, o fácil nunca me interessou, mas o impossível sempre me atraiu, e agora, Katniss é o impossível. Mas, talvez, mais uma vez eu esteja enganado. Ela não é o impossível ‘agora’, ela sempre o foi.

*****

— Então, essa foi a proposta de meu pai. — termino de explicar à meus amigos, enquanto beberico um pouco de meu copo, observando a reação de todos.

— Deixe-me ver se entendi, você está nos fazendo a melhor proposta do século e questionando se aceitamos? — Cato questionava com os olhos estreitos em minha direção.

— Talvez, apenas sei que não vou se vocês não forem. Não consegui pensar nessa proposta como algo incrível, na realidade, não consegui pensar nela de forma alguma.

Estamos em um dos nossos restaurantes favoritos. O Gene & Georgetti tem uma das melhores churrascarias de Chicago. E, tem uns janelões, que vão do piso ao teto, dando vistas maravilhosas do rio Chicago e do contorno da cidade. Além da comida e da vista, ambos maravilhosos, o atendimento daqui é ótimo.

— Então, você vai. — Clove resmungou.

— New York é o melhor para nós, Peeta. Eu gosto da ideia. — Annie concorda sutilmente, observando seu anel de noivado. — É mais agitado e cinzento que aqui, mas eu não vou reclamar de me casar lá. — completou, fazendo-nos sorrir.

Recentemente Finnick pediu Annie em casamento, a ruiva disse milhares de ‘Sim!’, e me contou como se fosse uma novidade, mas para mim era uma notícia passada, afinal, eu havia ajudado da escolha do anel e no planejamento do pedido.

— E, criar nossos dez filhos, não se esqueça disto, Annie, estou pensando nessa ideia porque o salário é maior, e assim, te convenço a aumentar nosso plano de creche.

— Deixe de ser bobo, Finn, nunca teremos dez filhos. — Ela olha para ele com um meio sorriso nos lábios. — No máximo, dois, máximo.

— Certo, casal açúcar, se eu entendi bem, todo mundo concordou?

— Exato.

— Então, em três meses estaremos de mudança para New York? — questiono novamente.

— Não, Peeta, em três meses, terá início em New York o melhor período que aquela cidade já viu, com as melhores pessoas, e as maiores histórias.

******

— Vamos, garotas, vocês que decidiram andar hoje para conhecer melhor algumas partes da cidade, não podem ficar se arrastando. — Finn resmunga.

— Mas, é tanta coisa para comprar... — Annie choraminga.

— Sem mais compras para as dondocas por hoje. — Cato reclama exibindo seus braços cheio de sacolas das garotas, tantas sacolas que sobraram até para mim.

Assim que chegamos em New York, organizamos cada um em seu novo lar, ou melhor, cada casal em seu novo lar, e eu em um bom apartamento. Como os apartamentos são mobiliados, as únicas coisas que tivemos de arrumar foram nossos itens pessoais, assim, tivemos pouco trabalho e conseguimos tempo para aproveitar a cidade. Como cavalheiros que somos, deixamos as garotas escolherem nosso primeiro ponto, imaginando que visitaríamos algo como a Estátua da Liberdade ou o Empire State, mas muito diferentemente do que pensamos, elas consideraram uma das várias avenidas de compras de New York um ponto perfeito.

— Certo, sem compras, mas eu quero uma coisinha... — Annie fala com sua voz de criança tentando amolecer os corações, a maldita voz que ela sabe que funciona.

— O que é?

— Todos vocês têm tatuagens. Nenhuma exceção, sou a única, únicazinha sem. Eu quero fazer uma.

— Tatuagem, Annie? — Finnick questionou nada alegre. — Mas, sua pele já é linda assim, natural, cheia de sardas, perfeita, Annie, não há necessidade de tatuagens.

— Obrigada, querido, mas sua tentativa de me bajular não funcionou. Bem, a muito tempo, tenho vontade de fazer uma, e quando falo muito tempo, é muito mesmo. Então, uma vez, pedi ajuda à Katniss, e ela me deu ideias e alguns desenhos. Eu cheguei a escolher, mas nos últimos dois anos, não achei o momento certo, mas agora parece o momento. Uma mudança com meus amigos. Não há momento melhor.

Quando ela citou Katniss todos olharam rapidamente para mim, apesar de eu já ter repedido bilhões de vezes que ouvir o nome dela não me fazia mal. Eu apenas senti uma sensação diferente, não pelo nome. Mas, pela situação. Uma tarde de passeio entre amigos, uma fase de mudanças, uma tatuagem, Katniss. Eu já havia vivido aquilo, de uma maneira completamente diferente, mas havia vivido.

— E qual tatuagem quer fazer? Qual parte do corpo? E, aliás, em que studio? — questionei antes que começasse aquela baderna de perguntas.

— Bem, eu já havia planejado tudo. — Sorri vitoriosa, observando-nos. — Quero um delicado “Be Happy” no pulso acompanhado de alguns contornos fofos, e também já marquei meu horário em um studio. — conta, fazendo-nos arregalar os olhos sem acreditar que tudo estava realmente preparado.

— E onde é esse studio? Como sabe se ele é bom? — Finn questiona, deixando claro em seu tom de voz a clara discórdia com essa ideia.

— Ele é logo na outra esquina, se chama Madeen’s Studio, sei que é bom porque pesquisei intensamente sobre.

— Tem certeza disso, Annie? — Finnick olha para ela com seu famoso olhar de gato do Shrek.

— Tenho, Finn, total certeza. Eu passei o olhar por milhares de tatuagens, corações, pássaros, flores, estrelas, mas me apaixonei por essa. — conta, Finn suspira alto, mas assente por fim.

— Vamos lá fazer a tal tatuagem e ver você ser feliz. — concorda, por fim.

Andamos até a tal esquina que não é tão próxima quanto imaginei, todos envolvidos em algum assunto banal, e eu me sentindo sugado por aquela cena. Tudo aquilo era tão nostálgico. Me fazia pensar na Katniss que eu pensava conhecer, em todo aquele mistério, loucuras, diversões. Me fazia pensar naquela noite, e no fato daquela garota nunca ter saído do meu coração. É uma babaquice pensar isso, ela foi embora, ela mentiu, e aqui estou eu, pensando nela, novamente. Tão tolo.

Quando chegamos ao local, observamos o lado externo antes de sequer pensar em entrar, e era realmente o tipo de local que parecia ‘bom’. Quer dizer, o que eu sei sobre estúdios de tatuagem? Até porque, no fim, nada é por dentro como se parece por fora. Uma placa grande indicava que aquele era o “Madeen’s Tattoo Studio”. Aos poucos, fomos todos entrando, um por vez, começando com Annie e terminando comigo. Entrei desatento, mas logo ergui a cabeça curioso ao detectar uma voz, eu havia escutado aquela voz uma vez na vida, em Los Angeles, como algo poderia acontecer assim. Duas vezes na vida fui à um estúdio de tatuagem, duas vezes encontrei Johanna.

Olhei atentamente para ela, parecia a mesma de dois anos e meio atrás, seus cabelos haviam crescido um pouco, apenas, fora isso, parecia a mesma. Ela sequer havia percebido minha presença, estava demasiada ocupada com Annie, conversavam animadamente sobre a tatuagem, soltando diversas gargalhadas. Ainda sem me perceber, Johanna apoiou-se na mesa da recepção, pegou um telefone fixo, discando alguns números e logo sorriu abertamente, conversando com alguém.

— Ah, por favor, morena, vem ver... Eu sei, mas quem sabe ela não seja a grande rainha do grito. É uma ruiva baixinha, quero ver se é tão forte quanto diz, eu sei que a sessão é minha, e que daqui a pouco é sua hora de ir embora, mas vem cá, por favor, morena. — Johanna implorava ao telefone. Um lado meu também implorava por algo, implorava que fosse Katniss, mas meu outro lado tinha certeza que não era, afinal, Kat é loira e não está aqui. Eu sei que não está, é impossível Johanna tê-la encontrado pela terceira vez, afinal.

Pelo sorriso na face de Johanna após o fim da ligação, pude perceber que a suposta morena havia aceitado vir aqui. Será que... Poderia, talvez, ser ela. Não, Peeta, pare, pare de alimentar falsas esperanças. Estava tentando me controlar quando ouvi o rangido de uma porta, não era porta de vidro de entrada, certamente não era, olhei então para onde vinha o rangido e tudo parou.

Lá estava ela, olhando para mim que correspondia o olhar. E todo o resto havia sumido, meus amigos, Johanna, tudo. Era apenas ela. Seus cabelos estavam castanhos, quase negros, e estava visão era diferente, mas não decepcionadora. Seus olhos possuíam um tom de cinza diferente, sua pele estava mais pálida e seu corpo mais magro. Creio que nem todos perceberiam esses detalhes, mas eu percebi. Percebi porque os conhecia de cor, os via o tempo; antes de dormir, na hora de acordar, enquanto trabalhava, enquanto dirigia, enquanto dormia, eu os via. Durante um tempo, ao vivo, durante dois anos, por ilusões cerebrais.

A única coisa que era a mesma, se mudança alguma, nem mesmo na cor de batom, era sua boca. Aquela que durante tempos desejei beijar. Aquela que quando colei aos meus lábios, não quis separar. Era a mesma, com seu batom alaranjado, leve formato de coração e de lábios avantajados. Ao olha-la, quis tê-los juntos aos meus, como dois anos atrás.

— Peeta? — questiona em tom de sussurro, como se não tivesse certeza de fosse mesmo eu a sua frente. Sua voz possuía o mesmo tom melodioso. O tom melodioso que eu esperava ouvir naquela manhã. E, é essa constatação que me traz de volta a realidade.

— Katniss! — exclamo, e é como se fosse uma confirmação para ela, que sai do estado de choque, voltando-se para porta pela qual entrou e voltando com pressa. Me deixando para trás com cara de tolo e sem saber o que fazer, mais uma vez.

— Vá lá! — Johanna me convida. — Ela ficou realmente nervosa em lhe ver, apesar de estar superando tudo, ver você é uma coisa grande para ela.

— Acredito que é o contrário. — murmuro.

— Eu te entendo, Peeta. Também fiquei para trás uma vez, as únicas diferenças é que eu não recebi uma carta, nem a amava da forma que você ama, e também não tinha o sentimento correspondido da forma que o seu é. Vá lá! Ela deve estar lá em cima, quando passar pela porta vai ver a escada. Dê uma chance para ela.

Assenti, fechando os olhos por dois segundos e me questionando, para ter certeza, era isso que eu queria? Sim, é! Uma segunda chance, a oportunidade de tentar novamente. Tomo impulso, passo pela porta, podendo ver a escada como Johanna havia dito, e corri degrau por degrau como se fosse a coisa mais necessária de minha vida, e no fundo, realmente era. Quando cheguei ao fim da escada vi que era um ambiente aberto, um tipo de telhado, olhei ao redor procurando por ela quando a vi sentada em um muro, olhando para o além, como se nele obtivesse a resposta para tudo, tentei me aproximar silenciosamente, mas falhei.

— Era uma rotina viciosa, sabe? Ir para algum lugar, me tornar uma nova versão de mim, me aproximar e recomeçar. Era para mim da mesma forma que é para você acordar diariamente e colocar um terno para trabalhar, é normal, é rotina. Então, eu te conheci e as constelações saíram de seus lugares, tudo se tornou algo novo. Não havia um planejamento, e a pior é que eu estava gostando, estava feliz daquela forma. Eu sentia tanto medo. Medo de me apegar. — contava comigo sentado a seu lado quando se interrompe com uma risada irônico. — O mais engraçado é que quanto mais eu me apegava, mais segura me sentia.

Enquanto gesticulava pude perceber que o Maktub de seu braço agora possuía a companhia de um pequeno e delicado avião.

— Eu... Custei compreender, e as vezes, ainda não compreendo, mas isso é passado. Eu acho que te entendo. Você nunca quis nada daquilo, e se foi embora foi desejando o melhor. Por um tempo, vi tudo como uma farsa, mas aos poucos, te entendi, e tudo que queria era te encontrar, abraçar e... Dizer que está tudo bem.

— Por favor, faça isso, não sei nem dizer o quanto preciso disso. Segundo o psicólogo, faz bem se sentir seguro, e nesse momento, você é o único que pode fazer eu me sentir assim. — Abri um sorriso ao perceber que ela está indo ao psicólogo, está buscando ajuda, tentando deixar o passado para trás e tentando ser simplesmente ela.

Sem pensar muito mais, abracei-a de forma firme e quente, e... Porra! Eu havia me esquecido do quão bom era abraça-la, da forma que ela se encaixava tão perfeitamente à mim, de como mesmo em um simples abraço meu coração batia mais forte, simplesmente por tê-la ali.

— Te esquecer não é nada fácil, nem um pouco fácil, e no final de tudo isso, espero não ter de tentar te esquecer novamente. — murmuro baixo, mas audível. — Diz pra mim, que não vai embora, diz que eu não vou acordar sozinho mais. E, se não puder simplesmente não ir, apenas fique um pouco antes de partir sem mim. Apenas me diga porque tem de ir. Porque eu não consigo viver sem você, meu mundo parece sempre preto e branco, as piadas tão sem graça. Eu... — Antes que eu possa terminar de falar, ela se soltou levemente de mim, olhou nos meus olhos, e eu podia jurar que seu cinza havia voltado a ser o cinza animado que eu conhecia. Seus lábios estavam puxados em um sorriso, e interrompendo a minha fala, se grudaram aos meus.

Era isso, era essa sensação. Assim que eu queria me sentir novamente, como se tudo tivesse vida no mundo e valesse a pena estar nesse mundo, como se o mundo fosse incrível, simplesmente por ela estar ali. E, no fim, a verdade era que o mundo existia apenas porque ela estava ali, seus lábios estavam nos meus e eu podia sentir seu cheiro. No fim, ela era meu mundo, ela era a cor, e a música, ela era as risadas. Ela era ela.

— Eu prometo não ir embora, porque eu não posso ir embora. Geralmente, ir embora sempre parecia difícil, até eu realmente ir. Mas, naquela manhã, ir embora deixou um pedaço, um grande pedaço. Eu passei cada dia após aquele torcendo para que um dia nos reencontrássemos, e que você me perdoasse, mesmo que fosse necessário implorar de todas as maneiras possíveis. Então, você aparece aqui pedindo para que eu fique. Se lembra daquela frase “Não é difícil lutar pelo que se deseja, difícil é desistir do que mais se quer”? Nesse momento você está me pedindo para lutar pelo que desejo, e eu garanto, isso não é difícil, e eu prometo, estar ao seu lado todos os dias, até você se cansar de mim. — terminou com sua promessa, e olhos cheios d’agua, e eu acreditei. Afinal, ela estava ao meu lado, e enquanto ela estivesse ao meu lado, eu iria acreditar.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Foi o que esperavam? Acho que não, né? Mas, o que acharam? Por favor, comentem, opinem. Prometo responder todos vocês.
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Beijos,
Manu Schreave