Eu nunca havia estado tão nervosa quanto agora. Meu Deus! Por que mesmo aceitei isso de ter um cerimônia de casamento? Ah, é... Peeta, se ele queria uma cerimônia de casamento, nós teríamos uma cerimônia.

— Acalme-se, Katniss, respira fundo, certo? — Annie ordenava levemente olhando nos meus olhos, eu apenas assentia.

— Se acalme mesmo, não tem nada demais, você já está praticamente casada, já tem uma filha lindinha e que não para quieta, não sei seu medo. — resmunga Clove, mas eu não julgo o resmungar dela, sei o quanto podemos ficar mal humoradas quando nossa barriga está grande, os pés inchados e o banheiro é quase um melhor amigo. Isso é porque passei por isso apenas uma vez, imagine para Clove que é a segunda?

— Falando em não parar quieta cadê Melody, ou melhor, cadê todas as crianças? — questiono preocupada, sei que Clove não são loucas irresponsáveis, mas estamos em uma praia, não quero ninguém se afogando.

— Finnick veio pegar eles um pouco, enquanto não começa a cerimonia, segundo ele, ficar olhando Peeta andar de um lado para o outro como se você fosse desistir cansa. — Annie conta olhando para as próprias unhas pintadas de rosa claro.

— Alias, por que não começamos logo?

— Serio que você está perguntando isso? Você é a noiva, você que manda nisso tudo! — Clove exclama. Eu sabia que o sol, mesmo que não no seu ponto mais forte, e a areia quente estavam irritando-a.

— Na realidade, Kat, estamos esperando o pai do Peeta, apenas, quer dizer, vocês não convidaram praticamente ninguém, então, vocês começam quando querem, terminam quando querem. A praia é de vocês. O tempo é de vocês. — Annie dá de ombros.

— Ah, pois não é não. — Bufa Clove.

— Clove, querida, vai se sentar em uma das cadeiras lá. — Aponto para algum lugar perto de onde Peeta e Cato devem estar. — O noivo não pode ver a noiva, mas você eu juro que eles vão adorar ver. — Ela vai resmungando algo, mas sei que ela gostou da ideia, irritar Cato virou a atividade favorita de gravida dela. — Annie, você sabe mais ou menos onde o pai de Peeta está?

— Aparentemente, o voo dele se atrasou um pouco, mas ele já está vindo para a praia. — ela conta e eu suspiro de alivio. — Mas, agora que estamos apenas nós duas, quero que me conte como está se sentindo?

— Hum... Eu estou bem.

— Ah, para, Kat! Seja sincera... Como se sente com tudo isso, quer dizer, sei que no início você não queria cerimônia. Sei que sua mãe te ignorou completamente quando foi atrás dela, mas... Eu não sei o que pensa ou sente, e eu sou sua amiga, estou aqui para isso. — Suspiro assentindo sutilmente.

— No início, eu realmente não queria uma cerimônia, nós já temos nossa garotinha, poderíamos apenas ir em um cartório assinar um monte de papeis e estava tudo resolvido, mas quando vi os olhos de Peeta brilhando com a expectativa de uma cerimônia, eu não pude simplesmente dizer não. Você sabe, eu... Eu não gosto de expectativas nas coisas, realmente não gosto, sei que agora eu e Peeta estamos juntos e nada vai nos separar, que temos Melody e ela é a prova do nosso amor, a junção perfeita de nós, mas eu não gosto de cerimonias, eu ainda sou uma covarde.

— Você fala assim, mas quando estiver perto de Peeta, não vai ter covardia alguma, vai estar com um sorriso maior que tudo.

— Você sabe que perto dele eu não sinto medo ou insegurança, apenas... Apenas felicidade e amor. Mas, no fim, esse frio no estomago pré-casamento é realmente bom. Acho que essa é uma das melhores coisas que existem. A partir do momento que pararmos de sentir esse friozinho, nada mais valerá a pena. — Suspiro levemente. Apesar de eu me esforçar para não querer tudo isso, eu estou amando.

Estou com um vestido branco longo de um tecido leve e muito confortável, sem mangas e com detalhes em renda, um arco de flores em meus cabelos que estão soltos livremente. E, apesar de ainda não ter saído do carro, sei que Peeta não está usando gravata e vestindo branco, como o planejado. As garotas não me deixaram ver a decoração mais de perto, mas sei que o altar está montado de madeira com tecidos brancos esvoaçantes. Consigo ver um pouco de longe que os coqueiros ao fundo com iluminação especial para o casamento dão um charme especial, as poucas cadeiras estão forradas com tecido branco e flores brancas. Nosso bolo está longe de qualquer vista, mas quero vê-lo, não ele em si, mas os bonequinhos por cima dele, afinal, como de costume, fugimos do tradicional e em cima do nosso bolo branco temos uma estrela e um avestruz. O céu está especialmente azul hoje, como se quisesse nos prestigiar, o mar tranquilo de forma que parece que seria possível caminhar sob ele, as areias estão claras e belas. Eu não consigo ver um defeito em tudo isso, parece tão perfeito, tão bem planejado.

Em meio a tudo isso, a emoção de pensar “Uau, é o meu casamento! Eu sou a garota vestida de branco da vez.”, e saber que agora eu e Peeta seremos unidos mais uma vez, dessa vez por uma aliança, afinal, já somos unidos pelo amor um pelo outro, por Melody e o amor que sentimos por ela. Somos quase um, e falta apenas uma circunferência dourada em nossos dedos para sermos oficialmente um. Enfim, em meio a tudo isso, não consigo deixar de pensar neles. Imagino meu pai sorrindo e dizendo “Minha garotinha está casando!”, Prim correndo atrás de Melody em meio a sorrisos, fazendo cocegas na sobrinha e comemorando dizendo que finalmente alguém teve coragem de me aguentar. Mas, ela, minha mãe... Não consigo imaginar um momento sorridente com ela, não depois de tudo. Eu tentei perdoa-la, realmente tentei, afinal, quando me tornei mãe senti na pele o quão difícil é conviver com o medo de que seu bebê pode se ferir a qualquer momento. Eu a perdoei, fui atrás dela, esperava que as coisas mudassem, mas nada aconteceu. Ela não se importou com o fato de ser avó ou aceitou o convite para nosso casamento. Ela pouco se importava se eu estava vivendo em uma mansão ou no lixão, se ainda estava viva, ela continuava a mesma. Os olhos azuis, que um dia brilharam avidamente, completamente vazios, bolsas negras inchadas abaixo dos olhos indicavam que sua depressão não estava melhor e seu corpo magro como nunca, de uma forma longe de ser bonita e sim doente.

Esqueça isso, Katniss, esqueça tudo isso! Hoje é um dos dias mais felizes da sua vida, e todos que realmente importam estão aqui.

— Mama, mama! — Uma voz fina e infantil me chama, fazendo-me voltar minha atenção para um lindo ser de cabelos castanho claro e olhos cinzas azulados.

— Sim, meu amor. — Pego-a no colo mesmo a dificuldade graças aos vestidos, o dela e o meu.

— Você tá muito linda!

— Você está muito mais, meu bebê! — respondo dando uma leve apertadinha em seu nariz, de brincadeira.

— Obigada, mama, a titia Annie me arrumou, eu e Charlie. — conta se referindo à filha de Annie e Finn, sua melhor amiga.

— Oh, serio? E, quem arrumou o Christopher? — pergunto sobre o pequeno de Clove, que é o mais velho entre os nossos, já que ela passou todo o dia comigo.

— Não sei... — Encolhe os pequenos ombros em dúvida, esta claramente estampada em sua face.

— Kat... — Annie chama minha atenção. — Tá todo mundo aí, o padre e o juiz de paz também. Na realidade, eles já devem estar cansados de esperar.

— Então, vamos começar a cerimônia... — Puxo o ar profundamente, com todo aquele temor inicial voltando a me assolar.

— Você tá muito, muito linda, mama. — Mel beija minha bochecha suavemente, enquanto desço-a de meu colo, e isso me dá todo coragem que necessito. Qual é! Eu vou apenas atravessar um tapete de flores até o amor da minha vida, depois de tudo que passamos, dos dois anos separados, das manhãs que ele não me encontrava na cama e achava que havia ido novamente, depois de tudo, isso é fácil, é simples. Casamento não quer dizer amor, uma aliança não representa fidelidade. Somos nós que fazemos as coisas, não elas que nos fazem. Eu amo Peeta, e ele me ama.

Sorrio para Annie.

— Quem vai entrar primeiro?

— Você sabe a ordem, queremos algo rapidinho e nada exagerado, palavras da noiva. — Pisca para mim.

— Muito sabia ela. — brinco.

Então, logo começaram as entradas, não sei se fico nervosa por logo ser minha vez de entrar ou animada porque seria minha vez. Era minha vez, meio que por estarmos na praia não há porta para se fechar ou coisa do tipo, mas a marcha nupcial toma conta do lugar junto ao som do mar que mesmo calmo não era silencioso, seguro firme no braço do pai de Peeta, Ryan havia se sentido honrado quando convidei-o para entrar comigo. Olho para frente, e automaticamente um sorriso tomou meu rosto quando pude ver meu futuro marido. Ele está perfeito do jeito que está, com uma camisa social branca com o primeiro botão aberto com uma flor em seu bolso e uma calça preta. Ele está simples como é esperado para uma cerimônia na praia. Meu caminhar em maio ao tapete de flores foi mais suave que imaginei, a presença de meu sogro era confortante e o sorriso gigante de Peeta mais ainda. Antes que percebesse, eu estava ao lado de Peeta, Ryan beijara minha testa e Peeta minha mão.

— Estamos aqui para... — O padre começou a dizer, mas eu não me importava, não mesmo. A mão quente de Peeta segurava a minha e nada além disso importava. Às vezes, eu olhava para o lado em busca daquelas orbes azuladas que eu tanto amava. Sabia que a cerimonia seria curta, afinal, estávamos em meio ao calor da praia, ninguém aguentaria por muito tempo. Minha atenção voltou para aquilo quando por fim o padre falou dos votos. — Os noivos decidiram por fazer seus próprios votos, vamos começar pelo noivo.

— O que eu poderia dizer à você que eu não diga todos os dias? — Peeta começou questionando. — Eu te amo, apenas Melody compete de beleza com você. Bem, posso dizer que no dia que te conheci, eu pensei que seu sorriso poderia iluminar Las Vegas em caso de falta de energia, mas agora percebo que mesmo que seu sorriso possa iluminar todo um universo da mesma forma que faz o sol, ele tem um proposito maior. Ele ilumina meus dias, ilumina minha vida. Você não sabe o quão incrível é acordar pela manhã e ver o seu sorriso, o quão incrível é saber que você está ao meu lado, o quão feliz eu fico por saber que você ficou. Algo tão certo quanto o nosso principal conceito de existência, esse é meu amor por você, a minha principal certeza de vida. Sei que tudo pode acontecer a qualquer momento, a vida é cheia de incertezas, e no fundo essa é a graça, mas estou completamente certo de que amo você. Eu te amo muito, mais que possa imaginar ou sentir. Obrigada por me levar naquela viagem maluca. Prometo sempre te apoiar em suas loucuras e cantar suas músicas temas desafinadamente, prometo sempre te levar para ver as estrelas, e principalmente, prometo sempre viver o momento ao seu lado. — terminou ele com um sorriso no rosto e lagrimas nos olhos, mas meu estado era muito pior. Graças a Deus, Clove me ajudou na preparação, caso contrário eu teria passado uma maquiagem comum e estaria toda borrada.

— Eu sei que mesmo que tente muito, jamais conseguirei falar tão bem quanto você falou. — Dou de ombros levemente. — Devo dizer que te amo e ponto. Acho que essa é a verdade. Eu tenho mil coisas para te agradecer. Pela nossa filha linda, por estar sempre ao meu lado e me amar. Sei que poderia contar mil histórias, mil pensamentos que tive sobre você, mas sei também, que nenhum deles diria o bastante. Eu, Katniss Everdeen, simples e verdadeiramente te amo, Peeta Mellark. Te amo daquela forma infantil, sabe? Aquela forma em que o céu pode cair sobre meus ombros que não faria diferença se estivesse ao meu lado. Daquela forma adolescente, que eu não consigo passar um minuto longe de você sem me sentir incompleta. Eu apenas te amo, Peeta. Obrigada por me fazer superar tudo, por me ensinar a ser apenas eu, obrigada por me amar, obrigada por me aturar. Eu prometo que na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, eu sempre vou ficar, até que a morte nos separe.