O Trono de Gelo escrita por DISCWOLRD


Capítulo 24
Uma Triste Noticia


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, como sabem, a moderação deletou minha fic e tive que upar novamente tudo. Então, coloco finalmente um novo capitulo. Espero que gostem, comentem.



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OST

Ezreal abriu os olhos...

E percebeu que não estava em Freljord, mas ainda sim o frio permaneceu. Olhou em volta, até que seus olhos capitassem uma forma oval e brilhante. Esticou o braço e segurou-o na mão.

O ovo de Anivia.

O ovo reluziu e começou a desprender vapor. Ele soltou um gemido quando o frio lhe atingiu a mão, que lsubiu pelo braço. Forçou os dedos dormentes a se moverem e, com grande esforço, segurou o ovo. Até que todo o frio cessou.

Foi então que percebeu que uma nevoa o envolveu. Levantou olhar e prendeu a respiração quando algo se moveu no nevoeiro tomando forma de um homem. Mas ainda sim era irreconhecível, deixando-se ver apenas pela silhueta através da neblina.

A silhueta estava parada rente a Ezreal, cuja sua atenção se voltava há pouco tempo. Os motivos de tamanho interesse de Anivia por ele não estavam claros até Ezreal demonstrar suas habilidades alguma coisa no garoto era especial. O amuleto que ele trazia consigo.

Por fim ele disse.

— Eu sei que tem medo. Não é errado sentir isso, todos sentimos. É certo ser derrotado pelo inimigo, mas é errado ser derrotado pelo medo.

Ezreal forçou a visão

— Quem é você?

— Você saberá quem eu sou.

OST

Os dias passaram-se tranquilos para Ezreal, Lux, Riven, Nunu e Annie. Eles já tinham andando uma boa distância desde as confusões na vila de Sejuani e se encontrado com Braum no caminho.

Ezreal havia tirado a sorte grande como ele mesmo disse, e vencido Olaf com a ajuda de Anivia. O que causou uma terrível dúvida em Annie e Nunu, “Então tirou a Sorte grande, mas eu não entendo como isso é possível porque, para você tirar a Sorte grande, tem que participar de algum sorteio, é uma questão de Lógica.” Argumentavam os dois. Em todo o caso.
O caminho que percorriam era calmo e monótono, com poucas mudanças de cenário. Passaram pela Floresta Negra. Grandes troncos grossos e escamosos que se projetavam para céu; e que se alinhavam como muralhas em cada um dos lados ao longo da estrada de pedra que cortava a floresta ligando as extremidades. Assim todos foram prosseguindo, deixando para trás as regiões mais frias de Freljord, para as regiões de tundra e campos onde a temperatura assomava os cinco graus. Eles seguiam pelo caminho sendo guiados por Braum.

Era uma viagem sem muitos sobressaltos. As pessoas que têm uma configuração física como a de Braum geralmente viajam sem muito sobressalto. Ladrões saem de trás das pedras para pular em cima delas e depois dizem coisas como: “Oh, desculpe. Achei que fosse outra pessoa. Boa viagem!”.

Quando deixaram a floresta para trás, viram a estrada os levando para a paisagem ao céu aberto. Devido às condições climáticas, para suportar a forma de vida da floresta, favorecem o desenvolvimento de gramíneas. Observaram animais de pastoreio, aos quais eram guiados e cuidados por pastores. O solo se levantava através de colinas verdes salpicadas por neve. A estrada seguia sinuosamente por elas e depois por um vale mais amplo. O solo geralmente era cheio de túneis e tocas de animais. Uma rápida olhada viram raposas da neve, coelhos e animais maiores. Algumas famílias de poro cruzavam os campos através das gramíneas.

Conforme continuavam, o sol subia e o frio de Freljord amenizava. Por volta de meio-dia, chegaram a uma colina cujo topo era amplo e achatado. Ali no meio dele ficava uma única pedra, que se erguia sob o sol, e que naquela hora não projetava sombras. Encostaram-se na pedra. Comeram e beberam. Flocos e Gnar, aproveitaram para se familiarizarem com os poros da região.

O sol naquela tarde desceu preguiçosamente deixando um manto avermelhado no céu. A escuridão foi descendo rápido, enquanto iam avançando lentamente. Depois de algum tempo, e de um bom lugar para passarem a noite. Riven conseguiu acender a fogueira com um pedaço de madeira seca que soltou uma cascata de faíscas noite acima.

OST

A noite avançou pacificamente e logo todos se recolheram para o sono. Menos o jovem explorador. Ezreal estava sentado rente à fogueira, acariciava o pequeno poro no colo. Envolto numa tristeza impenetrável. Memórias de seu passado invadiram sua mente, varrendo-lhe todos os outros pensamentos. Ele foi arrancado dos pensamentos quando percebeu uma mão sobre seu ombro.

— Lux?

Ela sorriu carinhosamente sentando-se ao seu lado

— Algum problema?

— Eu não consigo parar de pensar no meu tio.

Ela segurou o rosto dele e virou na direção do dela, Ezreal olhou diretamente para olhos dela.

— Não se preocupe — Disse Lux — Nós vamos encontrar o seu tio, acredite, ele vai te receber de braços abertos.

Ezreal esboçou um sorriso. Lux o abraçou por um tempo. Então suspirou suavemente. Ezreal puxou o rosto dela para si, curvou-se e beijou-a. Os dois ficaram ali, sentados por um tempo olhando fixamente para as chamas dançantes.

— Será se ele vai gostar de mim? — Perguntou Lux

Ezreal sorriu

— Com certeza. Capaz de até marcar um casamento e perguntar quando terá um netinho.

Lux sorriu

— Pode me falar dele?

Ezreal levantou o olhar

— Ele certamente gostava de ouvir a própria voz. Ninguém contava uma história como ele.

— Aposto que você tem mais do seu tio do que imagina. Quando chegarmos, eu adoraria conhece-lo.

— Ele é tão brilhante quanto ranzinza. Sempre ficava dizendo: “porque você não arranja um trabalho de verdade, Ezreal, e vem trabalhar comigo nas minhas escavações”; ou, “Quando eu tinha a sua idade, Ezreal, eu já era um professor”. Lembro-me de certa feita quando ele me deu esses óculos, ele disse que era de minha mãe — Ezreal riu como se revivesse o momento — Depois de um algum tempo ele partiu para Freljord. Todos esses anos eu não o vi mais, mas ele me manda cartas e descrições de seus achados.

O garoto fitou por um estante para a fogueira, ela prendeu a sua atenção e se manteve olhando fixamente para o fogo crepitando. As memórias irromperam em sua mente, desde pequeno ele esteve com o seu tio. Logo essa relação se tornou mais intima, Lyte o via como um filho e Ezreal o via como um pai. Por anos eles se comunicavam com cartas, Ezreal fez uma promessa em umas delas, que apenas voltariam a se ver quando tivesse achado algo desse orgulho ao seu tio. Vagou durante anos, vasculhando escavações e ruínas, essas buscas o levaram até Demacia a procura de um lendário vaso. Logo um emaranhado de acontecimentos o levou até ali onde estavam.

Ele sorriu e abraçou Lux novamente, assim os dois ficaram até que a noite terminasse.

Dez anos antes…

OST

— Não é assim meu jovem — Disse o senhor apontando para algumas palavras no livro

— Mas tio, eu odeio ficar aqui é chato! — Disse a criança inchando as bochechas — Eu odeio livros!

Lyte riu

— Chato? — Perguntou ele com um sorriso na voz

Lyte suspirou e olhou as intermináveis estantes da biblioteca. Os livros estavam simetricamente posicionados nas estantes que corriam por diversos corredores como paredes rebocadas de palavras e historias. Livros grandes, pequenos, grossos, finos e das mais diversas cores, podiam ser vistas pelos corredores na enorme biblioteca de Piltolver. Deliberadamente Lyte pegou um livro da estante e o aproximou de seu rosto.

— Você pode ouvir Ezreal, pode ouvir ele falando?

O garoto fez uma cara emburrada

— É só um livro tio, livros não falam — Respondeu a criança

— Ai que você se engana Ezreal. Eles falam sim. Todos eles. — Lyte girou no calcanhar apontando para estantes que pareciam muralhas de livros — Todos eles nos contam uma historia. Revelam-nos segredos. Seus personagens Homens, mulheres...

— E crianças! — propôs Ezreal

— E crianças assim como você — Complementou Lyte acariciando com afeto a bochecha do seu sobrinho — São eles que nos ensinam. O mundo guarda muito segredos, existem mais segredos entre a terra e o mar que estrelas no céu, Ezreal, todos esses segredos apenas esperando serem revelados e estudados.

Os olhos de Ezreal brilharam com intensidade

— Então, todos esses livros contam alguma coisa? — disse ele olhando para os lados

O senhor pegou um livro da estande ele puxou a cadeira e se acomodou ao lado de seu sobrinho. Com ternura ele olhou para Ezreal com seus olhos cinzentos e sua longa barba

— Venha até aqui, eu irei te contar uma historia — Disse com um tom convidativo

Ezreal se acomodou no lado de seu tio, sua pequena cabeça se apoiou no seu braço e observou atentamente enquanto ele com suas mãos enrugadas folheavam o livro. Lyte pigarreou e começou a ler

— Meu nome é Maximus sou um cavaleiro e essa é minha historia — Leu ele — há muito tempo em um reino distante...

A cada pagina que passava o jovem transparecia em empolgação. Eles passaram assim todas as tardes, juntos, durante semanas, lendo e lendo livro após livro.

— E foi assim que a pirata Tyr conseguiu a sua espada de volta e retornou para sua família — Disse Lyte fechando um livro — Fim

— Eu quero mais! — Protestou Ezreal

— Certamente você quer. Mas sabe Ezreal, o que aprendemos em todas essas tardes com essas grandes historias?

– Que livros são bons?

— Não — Respondeu — Aprendemos que mesmo em situações difíceis eles não desistiram. Aprendemos que homens e mulheres como Maximus e Tyr, mesmo repleto de perigos, onde perguntamos como eles conseguiriam seguir em frente, como eles teriam um final feliz com tanta coisa ruim acontecendo. Mas eles não desistiram, não voltaram atrás, porque acreditaram até o fim, acreditaram no que queriam.

Os olhos de Ezreal brilharam com grande intensidade olhando para cada livro com sede de lê-los. Ele subitamente levantou e apontou para um livro em particular que estava em cima da mesa junto dele.

— Eu quero aquele ali!

Lyte pegou o livro de tamanho mediano, "Uma breve historia do mundo de Runeterra - Doutor Lyte"

— Tem certeza que quer esse livro? — Lyte franziu a testa — Ele é complexo demais pra você

— Tenho! — Afirmou Ezreal com empolgação — Quero saber sobre o meu mundo! Quero estudar ele, quero me aventurar nele. Um dia serei tão inteligente quanto o senhor!

— Com certeza, com certeza será. — Disse ele com um sorriso carinhoso — Com certeza, com certeza será

OST

A noite passou lentamente. O sol vermelho surgia da serração que pairava espessa sobre o mundo. Os topos das colinas pareciam como ilhas em meio um oceano de névoa. Prosseguiram viagem através da estrada que descia íngreme até desaparecer dentro da névoa. Andaram descendo a colina e subindo de novo, mantendo-se nesse ritmo até que o sol estivesse no topo do céu.

— Eu estou vendo alguma coisa! — Gritou Nunu

Riven estreitou os olhos

— É uma construção... não, parecem ruinas!

Ao longe, colunas gêmeas se erguiam em direção ao céu, Ezreal começou a descer a encosta em direção às colunas. Ele vibrava cheio da energia. Era ali, só podia ser ali. Alguns anos atrás seu tio havia partido para Freljord, para as ruinas de uma antiga civilização. Lyte havia com empolgação descrito com detalhe em sua carta, sobre o seu local de estudos.

“Como de costume te escrevo novamente, meu sobrinho.

Gostaria que você estivesse aqui e desse uma bela olhada nesse local. Têm tantas coisas para serem estudadas, as runas nas paredes, antigas cerâmicas. Cada objeto revelando sua própria história do passado.

Vi que está indo rumo a Demacia na procura de algo importante. Espero que esteja comendo bem, e tome vergonha e venha trabalhar comigo, em um local gelado acompanhado por um robô inútil!

Em todo o caso. Estou guardando alguns artefatos em meu escritório que sei que vai amar. Você é jovem e acho que já tenha contato com novos métodos de analise. Às vezes penso possa me ver como um ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender. Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas. Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu. Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente...

Seu Velho tio Lyte.”

Ezreal sorriu repassando cada detalhe das diversas cartas recebidas. Ele desceu a encosta chegando rente as colunas. Fileiras de colunas em variados estágios de erosão se postavam em linhas gêmeas até chegar ao que já fora o portão frontal de um grande templo. Estruturas rachadas se erguiam. Enormes blocos de pedra, lascados e desgastados. Jaziam semienterrados no lugar em que tinham caído. Ezreal sentiu o coração bater mais forte e as palmas das mãos se umedeceram à medida que avançava.

— Vocês precisam ver ele, meu tio vai adorar conhecer todos vocês — Disse Ezreal virando-se para todos.

Eles prosseguiram andando por um longo corredor. Depois de alguns minutos viram um conjunto de degraus de pedra descia até as trevas. Lux iluminou o caminho, depois começaram a descer devagar, com cuidado. Pararam diante de uma estatua, Ezreal ativou um mecanismo e ouviu-se um longínquo ruído metálico rangente, feito panela sendo raspada. Seguiram-se algumas pancadas fortes no interior da parede e a parede moveu-se pesadamente para o lado. Havia uma passagem atrás dele.

— Meu tio criou essa parte — comentou Ezreal — Ele era muito... — procurou a palavra certa — criativo.

— Se vocês acham que eu vou entrar aí... — começou Lux.

— Afastem-se — pediu Riven. — Eu vou primeiro.

— Pode haver armadilhas... — advertiu Annie

— Não se preocupem — garantiu Riven, dando uma olhada no túnel escuro. — Não há armadilha que eu não consiga localizar.

— Muita experiência na área?

— Bom, tinha uma parte daquele folhetim que dizia sobre isso. Tinha ilustrações —informou ela, e se enfiou nas sombras.

Os demais aguardaram, durante vários minutos, no que teria sido um silêncio medonho, não fossem os sons de baques ocasionais que vinham do túnel. Por fim, a voz de Riven ecoou a distância.

— Não tem absolutamente nada — disse. — Vasculhei tudo. É firme como pedra.

Lux e Ezreal entreolharam-se

— Seja como for, não temos muita escolha — Disse Ezreal, e se meteu na passagem com os demais.

OST

Eles prosseguiram em total silêncio. Mas no meio do trajeto ouviram algo, como tilintar de uma pesada armadura. Todos se detiveram quando saindo da escuridão do templo. Um homem atarracado com mãos grandes e um peito troncudo. Os ombros largos sustentavam uma pesada armadura e sobre sua cabeça, um elmo do qual se projetavam dois grandes chifres de touro. Mas isso não era a sua maior característica, o seu corpo era transparente e brilhante, não como vidro, mas algo mais denso tal qual uma nevoa azulada. Seus pés flutuavam alguns centímetros sobre o chão. Era um fantasma.

Ezreal adiantou-se

— Você... você esteve em meu sonho... na névoa.

— Estive esperando. — Ele os fitou com um olhar penetrante — Eu sou glassinata. O eterno guardião. — proclamou com uma autoridade incontestável — Meu nome é Gregor. Finalmente chegou Ezreal.

— Você sabe o meu nome?

— Eu sei sobre muitas coisas — Respondeu ele — e está é hora de você saber também.

Mesmo que Gregor, falasse com autoridade, havia um pesar na voz. Ele contou um pouco sobre si, e cada detalhe ao jovem de como Anivia havia se sacrificado na antiga guerra, e como ela pessoalmente pediu a ele que encontrasse Lyte para revelar as antigas histórias dos Observadores e dos Glassinatas. No começo as rixas e desconfianças entre os dois eram tudo que se tinha. Mas com o tempo uma amizade e respeito surgiram entre o fantasma e o velho.

Contou-lhe de como conheceu o seu tio e das longas conversas que ambos tinham. Por fim, ele revelou a verdade. Ponderando cada palavra e proferindo-as com o maior cuidado possível. Um silêncio dominou o local. Annie e Nunu apenas se mantinham olhando para Ezreal e para o fantasma. A revelação pareceu oprimir Riven que colocou sua mão sobre o ombro de Ezreal para conforta-lo. Lux segurou a mão dele e o trouxe um pouco para mais para perto tentando aliviar a dor da melhor maneira possível.

Ezreal nada disse, na medida em que a revelação deixava ainda mais abalado. Não parecia conseguir digerir a dimensão daquela revelação de uma só vez. Deu um passo para trás, as lágrimas rolavam no rosto ao mesmo tempo em que uma sensação horrível tomava conta dele.

— NÃO! — Gritou com toda a força — ISSO NÃO É VERDADE!

— Infelizmente sou o arauto dessa noticia. — Disse Gregor

— NÃO!

Ezreal empurrou Lux para longe quase a jogando no chão e correu as cegas pelo extenso corredor.

— EZREAL! — Chamou Lux

— Deixe-o um pouco só, ele precisa disso. — Aconselhou Riven

— Deixar só? Quem é você pra dizer isso? Está sempre sorrindo e alegre, por acaso sabe o que ele está sentindo?

Riven esboçou um sorriso melancólico

— Se você tivesse sofrido o tanto que sofri e perdido tantas pessoas como eu perdi, então aprenderia que sorrir é a melhor coisa a se fazer — respondeu ela.

OST

Ezreal correu tropeçando no entulho que quase bloqueava a entrada da sala de estudos do tio. O chão de pedras estava chamuscado. Aqui e ali, restos de alguma estante jaziam em cinzas.

Ele corria por entre os montes de entulhos, subindo desesperadamente neles, jogando longe os objetos carbonizados, livrando-se dos pedaços de teto caído com força sobre-humana. O desespero cada vez mais claro em seus olhos. Parou uma ou duas vezes para recuperar o fôlego, mas logo mergulhava novamente nos escombros, cortando as mãos em cacos de vidro. Ele parecia soluçar.

Ezreal jogou para o lado uma viga queimada do telhado, avançou aos trancos por uma porção de madeiras partidas e olhou para baixo. Naquele local, meio esmagado pela viga e queimado pelo fogo. Ele gritou por seu tio até que sua voz falhasse. Chamou e chamou, mas não havia respostas. Irrompeu em lágrimas, saiu para o vento frio da noite andando as cegas. O estômago ameaçava devolver o almoço, enquanto a sua mente repetia as palavras continuamente: Ele está morto... o meu tio está morto...

Havia um turbilhão de sentimentos. Desesperança, medo, terror, solidão e tristeza. O seu tio era sua única família, ele alimentava a esperança de velo novamente um dia. Mostrar suas descobertas mostrar como ele era importante. Mostrar como tanto o amava.
A memória invadiu sua mente.


Ele se lembrou de uma violenta tempestade que se abatera sobre uma cidadezinha que estava ele e seu tio. Ezreal era pequeno, e os dois haviam saído para estudar alguns artefatos, o vento assobiando pelas casas, erguendo as tendas e arremessando-as para longe. Lyte corria para casa, segurando forte a mão de Ezreal enquanto as gotas caiam com violência contra o chão de terra batida. Então vieram os raios e os trovões. A luminosidade rasgando o céu negro e logo depois estrondos ensurdecedores. Lyte pegou o seu sobrinho nos braços, Ezreal o segurava com toda a força com o rosto assustado comprimido em lágrimas contra o seu peito, o velho correu até a sua casa. Lá, Lyte contou histórias e contos para seu sobrinho, enquanto acariciava o seu cabelo, prometendo que a tempestade logo passaria e que tudo ficaria bem.


NÃO!

Cerrou os punhos, a aflição, a frustração e a raiva o dilaceravam por dentro e explodiam em seu peito. A sua mente não conseguia processar aquilo. Com toda força ele gritou, um grito de raiva. Ele gritou e gritou, cada vez mais forte até que cobrisse tudo a sua volta. Seus pés cederam e seu corpo se envergou. Seu rosto encostado contra o chão lamacento. Ele gritou até que a sua voz falhasse e sua garganta doesse.

Ele era meu tio. Minha família. Meu... pai!

Era o que Ezreal acreditava. Era tudo. O simples fato que o seu tio se foi, era suficiente para machuca-lo tanto quanto um corte profundo. O jovem se sentiu destruído por dentro, completamente sozinho.

Não conseguia dizer mais nada, sua mente estava nebulosa. Os olhos distantes encharcados em lágrimas. Ele estava lutando contra a dor aterradora que tomara conta dele. Afundou seu rosto encharcado em lágrimas no chão e socou e socou solo. Batia no chão com mais força, como se tentasse trazê-lo de volta, como se a força de seus punhos faria a terra trazer de volta o seu tio. Os ouvidos zuniam, o corpo anestesiado. Nada mais importava, tudo a sua volta parecia distante. Mesmo soluçando e gritando o mundo a sua volta havia desaparecido. Apenas restava...

A tristeza.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem!