O Trono de Gelo escrita por DISCWOLRD


Capítulo 14
Sangue e Aço




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OST

Setenta metros acima do precipício estendia-se a Mansão Ork. Ele tinha sido construído por Lord Orik no século passado, cercado por campos mais baixos de todos os lados. Uma tática que faria com os inimigos nunca chegassem ao local sem serem vistos. Contudo com a morte do nobre, o local foi conquistado e tornando-se covil de bandidos. Mas Ashe os baniu e transformou o lugar em um entreposto. Ele fora em seu interior amplamente remodelado até se tornar uma mansão confortável, mas ainda sim era rodeada por muros de um metro de espessura, em linhas gerais, um lugar perfeito para armadilhas.

Sejuani levantou os punhos e todos pararam frente à entrada.

— Este é o local.

Olaf tomou a frente até que ficasse lado a lado com ela

— Fácil demais. Uma flecha não é um objeto de honra. Em uma batalha qualquer um pode se apoderar das setas de Ashe. Espalhadas entre os corpos dos inimigos.

Sejuani abanou a cabeça

— Está enganado. Admito que não se precisaria de muito esforço para conseguir uma das flechas dela, mas as flechas que são lançadas e as flechas que ainda repousam em sua aljava são diferentes. As flechas disparadas quando atingem o alvo, logo perdem o seu brilho e não passam de dardos congelados. Aquelas que estão em sua aljava brilham em uma luz radiante, uma luz pura e cristalina.

Sejuani entrou seguida por Olaf e uma pequena tropa de vinte homens no pátio, que se estendia por vários metros, algumas estátuas de três metros estavam espalhadas pelo local. Lord Orik também fora conhecido pelo seu narcisismo. Montada em Bristle, Sejuani coçava o queixo enquanto estudava o lugar. Observou com suspeita o sossego perturbador, algo estava errado. Além do mais. A construção a sua frente e o muro a sua volta dificultava qualquer rota de fuga. Ela ergueu-se alguns centímetros na sela, com o corpo tenso, Bristle fustigou o ar, e com uma ordem de Olaf os soldados formaram um semicírculo em torno de Sejuani.

— Eu sou Sejuani líder dos Garra da Neve. Segundo as tradições de Freljord, Ashe convocou uma reunião dando como prova uma de suas flechas glaciais. — Ela ergueu sobre a cabeça a flecha, ela brilhava.

Não ouve resposta. Os olhos de Olaf se estreitaram.

— É uma armadilha

Sejuani assentiu sem tirar os olhos da entrada da mansão, como uma boca hedionda e escura prestes a regurgitar crias do inferno.

— Ordens? — Perguntou Olaf

Os homens endireitarem os ombros, trincarem os dentes e cerrarem punhos. Os olhos de Olaf brilhavam em ansiedade pela aproximação do confronto. Aqueles eram homens que ela escolhera a dedo. Ela gritou e apontou para cada um deles, e estes responderam com rugidos.

— Preparem-se lobos! — Rugiu Sejuani.

OST

Algo zumbiu e uma flecha voou e cravou-se a alguns centímetros de onde Olaf estava parado. “ATACAR!” gritou uma voz de dentro do castelo. Só passando meio segundo que a palavra foi proferira vários guerreiros com espadas, lanças e machados na mão irromperam da porta em direção a eles.

Os inimigos se dividiram para esquerda e para a direita contornando o pequeno grupo de Sejuani, de forma a flanquear os soldados e a atacá-los por todas as direções e eliminar qualquer rota de fuga. A batalha irrompeu com gritos frenéticos, seguidos de uma de série golpes metálicos.

Alguns arqueiros inimigos recuados da batalha, continuavam a disparar as flechas sobre eles. Enquanto Sejuani e os seus homens rugiam no campo de batalha. Uma flecha chegou a ricochetear sobre o capacete de Sejuani. Ela o ignorou. Olaf havia chegado até eles, sem esforço os arqueiros foram trucidados.

O som invadiu o local, o som de espadas se chocando, armas batendo nos escudos, o ruído metálico de armaduras e os gritos derradeiros dos homens. Ela percebeu que mesmo em menor número a batalha prosseguia bem. Os seus soldados lutavam com uma fúria incontrolável, ficou satisfeita ao ver que a maioria dos seus homens ainda estavam de pé, e estes, não foram feridos com gravidade.

Era a vez dela. Sejuani enterrou os calcanhares nos flancos de Bristle e se preparou, enquanto o javali a conduzia em direção ao coração da batalha. Atacando dois soldados com as presas, Bristle partiu-lhes os braços com que empunhavam as espadas e Sejuani com um golpe devastador com sua maça, eliminou qualquer chance de reação deles. Ela abatia soldados atrás de soldados, sem que nenhum conseguisse resistir à ferocidade dos seus ataques.

— Em torno de mim! – Rugiu Sejuani ao ficar lado a lado com os outros sobreviventes. Eles encontravam arranhados e ensanguentados, mas de resto ilesos. Olaf estava mais distante liquidando com um grupo de guerreiros.

Mas o destino sempre tem os seus caprichos. Nesse momento, ouviu-se um zunido agudo. Sejuani sentiu uma dor fina em suas costelas. Logo depois a sua respiração começou a pesar e sua visão falhar. Ela se apoiou no dorso de Britle enquanto sentia uma pontada na costela. Passou a mão e para seu terror, encontrou o responsável, uma flecha negra. Estranhou a sensação de formigamento que se espalhou pelo corpo, ela tossiu e sua visão falhou. O mundo girou ao seu redor e ela tombou.

Suas suspeitas estavam se concretizando. Não era uma flecha normal. Tinha algo nela...

...Veneno

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OST

Ashe conduzia um grupo de quase vinte soldados. Passaram por um vale, o vento assoviava. Até chegarem a um vilarejo. Ela não gostou daquilo. Seus sentidos estavam alarmando dentro da cabeça. Ela levantou um punho fechado, forçou a vista para o campo nevado, procurando pegadas. Qualquer indicio.

Finalmente conseguiam ver a aldeia, com vinte casas no máximo feitas de madeira. Nós limites do seu território com o território de Sejuani. Quando eles alcançaram-na, tudo estava estranhamente calmo. Os homens foram através dela, arrombando as portas de cada casa certificando-se se haveria alguém escondido no interior. Mas nada acharam. Depois de revistarem todas as casas os soldados regressaram ao centro da aldeia, para junto de Ashe. Ela trouxe consigo seu cavalo de guerra. Eion. Ele não seria útil entre os muros daquela aldeia por isso o liberou.

— Eu não gosto disso, está calmo demais. — Alarmou-se Ashe

Tryndamare assentiu

— Talvez. É um bom ponto para um ataque surpresa.

Tryndamare agarrou a espada arrancando-a para fora da bainha. Os homens repetiram o movimento. Ashe analisava cada pedaço da paisagem. Nada podia escapar dos seus olhos treinados.

— Fique de cabeça baixa, Trynda. Você é um guerreiro de curta distância.

— Preparem os arcos. — Ordenou ele para os homens — Cubram o perímetro. Não deixem que ninguém encoste na rainha!

Vários homens surgiram numa formação espalhada. Eles estavam nos telhados das casas, sem fazer qualquer tentativa de disfarçar a presença. Não atacaram nem fugiram, simplesmente observavam lá de cima. Eram homens corpulentos com olhos e expressões selvagens. Cada um deles trazia consigo arcos-flechas, machados e espadas de duas mãos. Trajavam peles de animais e tinham o emblema do clã da Garra-do-Inverno sobre o peito.

— Esperem o meu comando. — Ordenou ela

Tryndamare tencionou os músculos ficando apreensivo. De qualquer modo, ele era praticamente inútil àquela distância. Ele já viu Ashe em ação, sabia do que ela era capaz. Ela estava analisando tudo enquanto suas mãos tencionavam a corda do arco. Eles estavam em desvantagem. A rainha usou de sua maior arma: A diplomacia.

— Eu vim em paz — Ela ergueu o seu arco sobre a cabeça para que todos vissem — Eu sou Ashe B'nargin rainha de Freljord. Filha de Glóin B'nargin, Punhos-de-Ferro e de Hilda B'nargin. Este — Ela apontou para seu marido e este se aproximou para ficar ao seu lado — é Tryndamare Durin, filho de Odur Durin e Martha Duin. Meu marido.

Ashe ergueu o chifre do capacete de Sejuani

— Eis o presente, o convite para reunião como dita a tradição. Eu e meu esposo fomos convocados por Sejuani, a senhora da Garra-do-Inverno. Para negociar os termos de aliança. Agora não há necessidade de agressão. Onde está Sejuani? Eu peço para que me leve até sua líder.

Não ouve respostas. Ashe tentou mais uma vez empregando mais determinação na voz.

— Onde está Sejuani? Juntas decidiremos o futuro de Freljord!

Silêncio

— Ashe — sussurrou Tryndamare

Ele assentiu

— Eu sei. Precisamos sair daqui, isso é uma armadilha.

Ali eles eram alvos fáceis. Essa teoria se confirmou quando várias flechas cravaram-se sobre a neve perto dos pés deles.

— Nós precisamos de cobertura. Rápido! — Rosnou Ashe — Abriguem-se!

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OST

Uma flecha penetrou em seu ombro. Levou a mão até o local e com um puxão, livrou-se dela. O sangue escorreu pelo ferimento. Outra flecha ricocheteou no chão e outra penetrou em seu peito — mas uma armadura de couro o salvara de algo pior do que um simples corte — embora outras flechas tenha passado raspando por ele.

Olaf se jogou por sobre uma cobertura e projetou sua cabeça para fora até descobrir de onde vinha o ataque. Dois arqueiros passaram a disparar flechas o mais rápido possível quando viram que o alvo apontava para eles. Ele tinha que fazer alguma coisa, Sejuani foi atingida, ela tinha tombado e seus homens defendiam-na como podia do avanço dos inimigos.

Encolheu as pernas e em seguida disparou correndo de trás da estátua em direção à outra estátua com os projéteis zumbindo em volta da cabeça. Imediatamente algumas flechas se cravam junto aos seus pés no percurso. Assim ele prosseguiu de estátua em estátua do Lord Orik. Ele chegou até os argueiros. Um deles tentou golpear o peito de Olaf com uma lança. Ele conseguiu se defender. Depois arrancou a lança das mãos do homem com tanta força que ele caiu de cara no chão. Olaf golpeou-o e depois saltou para frente, matando os outros dois arqueiros com a lança.

Trabalho feito. Ele correu até Sejuani e se concentrou no ferimento. Era um ferimento considerável, mas não o suficiente para tirar a vida. Ela respirava com dificuldade, sua pele estava empalidecida e seu rosto transparecia uma dor cruciante. A respiração dela se acalmou. Ela o puxou para junto.

— Eu estou bem! — Rosnou — pegue eles!

Sejuani ficaria bem. Ele sorriu, era hora de caçar. Suas mãos envolveram os cabos dos machados com fúria e correu sem hesitar em direção à entrada da mansão. Ele explodiu as portas duplas do edifício com a força bruta, mergulhando para dentro do local.

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OST: https://www.youtube.com/watch?v=X0zoFQzLrok

Os inimigos tinham se posicionado nos telhados, pegando os avarosianos num fogo cruzado mortal com flechas. Ashe e Tryndamare estavam encurralados dentro de uma casa, enquanto o resto dos homens tinha conseguido abrigo em becos e muros. Por enquanto eles estavam mantendo os inimigos à distância com flechas. Logo a munição acabaria e depois disso restariam apenas pedras, punhos e espadas. Algo que não seria problema para Tryndamare. Ashe verificou que todos os seus soldados tinham conseguido agachar-se atrás das casas mais próximas, antes dos soldados dispararem. Os inimigos tinham encurralado-os. Se recuassem para campo aberto, seriam atingidos por tantas flechas que ficariam parecendo porcos-espinhos.

Alguns guerreiros tinham conseguindo entrar na casa onde estavam. Tryndamare atacou um com a espada, um segundo golpe derrubou o homem de joelhos, o terceiro o matou. Mas, enquanto lutava contra um deles, o segundo surgiu por trás com um ataque que quase o pegou de surpresa. Contudo, este caiu sem vida no chão com as costas cravejadas de flechas. Trydamare sorriu para Ashe. Ele se lançou para frente e engalfinhou outro que tinha surpreendido a sua esposa. Não demoraram muito e todos os inimigos jaziam mortos no chão.

Uma flecha de fogo voou sobre a janela, queimando o piso de madeira da casa junto aos pés deles. Os inimigos em vez de tentar invadir a casa, estavam jogando projeteis flamejantes por cima. Com o tempo eles teriam que sair ou seriam queimados vivos.

Ashe escolheu um ponto. Abrindo as pernas para ter mais estabilidade e mirou para fora da janela.

Ela torceu o arco e atingiu um homem com a flecha entre os olhos. Com um rápido movimento acertou mais três que tentavam cercar o local. A arqueira viu que seus homens estavam sem nada com que atirar. Alguns já travavam em uma peleja corpo a corpo pelas ruas. Mas alguns deles eram mortos pelos arqueiros espelhados pelos telhados.

— Droga! — xingou Tryndamare. Eles teriam de se mexer. A qualquer segundo essa casa iria queimar, o calor já estava insuportável. O bárbaro apagou as chamas como pode, mas logo elas se alastraram saindo totalmente do controle. Mas se saíssem dali seriam alvos fáceis.

— Precisamos sair! — Rosnou Ashe

Tryndamare assentiu.

— No final dessa rua, tem uma encosta. Poderemos tomá-la como abrigo!

Ashe agarrou o seu marido pelos ombros.

— Preciso que você guie os homens.

— Deixá-la para trás?

— Não vou ficar para trás. Eu irei com vocês, mas irei acertar os inimigos ao longo do trajeto.

— Isso vai atrasá-la!

Ashe olhou Tryndamare nos olhos

— Não se preocupe com os inimigos. Preocupe-se com meu pé se chocando com o seu traseiro se você for devagar.

Tryndamere riu. Ele a puxou pela cintura e a beijou

— Essa é minha mulher!

OST

Outra flecha de fogo. Dessa vez mais perto. Levantando mais fumaça preta. Eles saíram direto pela porta. Algumas flechas voaram zumbindo perto de suas cabeças enquanto outras cravaram no chão. Os soldados sobreviventes estavam esperando, abrigados atrás de um muro. Cinco homens com escudos e espadas e dois arqueiros. Os inimigos atiravam. Uma saraivada voou cravejando a lateral e o telhado da casa com flechas. Com um comando de Ashe, eles avançaram pela rua. Um novo ataque foi disparado.

“Para a casa!” – Gritou Ashe. Todos eles recuaram, até ficarem longe do alcance das flechas dos inimigos, correndo para a casa mais próxima. No caminho, os inimigos atingiram e mataram dois avarosianos, o muro estava recoberto de flechas. Ashe encostou-se na parte lateral da casa, tentando recuperar o fôlego e se preparando para a ultima etapa.

— Para encosta. AGORA! — Rugiu Tryndamare

Eles correram com tudo que tinham. Uma chuva flechas voou sobre os soldados, forçando-os a cobrir-se com os escudos. A cabeça de Ashe se projetou para a frente quando uma flecha passou zumbindo por seu cabelo. Ela se virou e sem mirar — Não era necessário — Matou três homens em uma sucessão de disparos e transpassou dois com um só lançamento. Logo à frente um de seus soldados caiu morto com uma flecha na cabeça o outro teve o tronco varado. Os escudos dos seus homens pareciam uma almofada de agulhas.

— Entrem na encosta. AGORA!

Eles correram pela neve até o abrigo da saliência de gelo. Eles mergulharam debaixo, apertando-se contra a parede da geleira. A cúpula de gelo tinha uma espessura suficiente para aguentar tiros de qualquer arma convencional. Um soldado arriscou-se a dar uma olhada para cima.

— consegue vê-los? — perguntou Tryndamare

— Longe demais. Não consigo vê-los direito.

O soldado se concentrou um pouco, até as figuras ficarem mais nítidas.

— Eles têm um canhão móvel. Estão disparando!

Os olhos de Ashe se arregalaram

— Mas...

— Mas o quê?

— Eles estão errando de propósito, atirando bem acima das nossas cabeças.

Ashe sentiu o sangue gelar

— É uma armadilha! — Rugiu — Todo mundo para fora! Para fora, AGORA!

E foi então que os tiros deslocaram uma grande parte da geleira, fazendo toneladas de gelo, rocha e neve despencarem. Eles correram com toda a força para evitar de ter ser esmagados pelo peso do gelo caindo.

Os soldados estavam correndo para fora da saliência. O lugar abalou com um som de trovão, o gelo compacto acima deles desprendeu-se. Enormes pedaços de rocha e gelo despencaram esmagando os soldados como insetos. Como que um golpe do acaso, uma pedra se desprendeu e atingiu Ashe na cabeça. Ela caiu desacordada ao chão. Tryndamare pegou Ashe nos braços e com uma velocidade sobre-humana se projetou para frente. Logo atrás dele rochas e gelo caiam em uma chuva mortal bloqueando o caminho. Com um salto Tryndamare conseguiu pular para fora da encosta com sua mulher desacordada em seus braços. Contudo, Freljord estava disposta a ficar com suas vidas e então parte da geleira caiu sobre os dois e logo depois tudo se apagou.

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OST: https://www.youtube.com/watch?v=B4VHP5snBck

Olaf tropeçou por sobre um corpo do seu ex-adversário.

Ele vacilou tentando escutar alguma coisa, seus ouvidos zuniam pelos gritos de batalha e o choque do aço. Apesar do frio o suor ardia em seus olhos. O som de metais se chocando ditava o ritmo da batalha.

Ele cuspiu.

Ele estava cercado por um punhado de guerreiros. Eles o encararam com lanças, machados e espadas nas mãos. Ele não lhes deu tempo. Olaf arremessou um dos seus machados por sobre um guerreiro e a lâmina cravando entre os olhos. Se jogando para frente, desafiando a formação inimiga, agarrou o primeiro soldado pela garganta. Com força moveu o pescoço do homem para um ângulo não natural. Arrancou dele sua espada e cortou o antebraço de outro inimigo que acabara de investir contra ele. O sangue quente irrompeu pelo coto cortado.

Ele se virou para os demais. Olaf rugiu guturalmente e atacou, suas lâminas deixando para trás um rastros de sangue. Um homem tombou com a garganta cortada. O outro teve a cabeça partida. Ele, então, correu adiante e soltou um grito de guerra ao investir contra os remanescentes. Recompondo-se comprimiu corte em enorme peito e sorriu com escárnio. Para ele, eram medalhas de honra. Marcas de sua coragem.

Olaf examinou o prédio, nada escaparia de seus olhos atentos. Algo se moveu mais para dentro, entre os corredores da mansão. Ele estreitou os olhos e viu figura correndo no longo corredor. Com toda a força nas pernas o bárbaro iniciou a perseguição. O sujeito pulou por cima de uma mesa e a jogou bloqueando caminho, para logo depois vê Olaf explodindo a mesa com um golpe poderoso. O homem se projetou para dentro de um cômodo lacrando a porta logo atrás dele.

Olaf seguiu rapidamente pelo corredor, se enchendo de adrenalina e força bruta. Com um rugido, atacou a porta, concentrando toda a sua força no ombro. Era um golpe que poderia ter derrubado um toro. A porta se arremessou para dentro da sala.

Olaf fitou o homem com uma raiva vulcânica. O sujeito desembainhou uma espada curta e atacou com tudo. Olaf segurou o punho dele detendo a lâmina a poucos centímetros de seu rosto. O bárbaro torceu o punho dele deixando a espada cair no chão. Acertou uma joelhada no estômago do homem, que desabou. Ele tentou se recuperar e levantou o olhar a tempo de ver a mão o golpear.

Olaf estava de pé sobre o ele e a fúria estampada em seu rosto. A ponta do machado pairava sobre a garganta dele.

— Qual o seu nome? — Rosnou

O homem tossiu sangue

— Njord

— Quem o mandou? — berrou Olaf.

Njord olhou para o bárbaro, na outra extremidade da lâmina. Soltou um gemido involuntário quando a ponta do machado lhe tirou uma gota de sangue.

— Eu quero nomes! — Berrou novamente.

O homem folegou sangue e disse.

— Ashe

A revelação pegou Olaf de surpresa

— Porque ela fez isso? Tínhamos uma reunião!

Njord sorriu e atacou, mas Olaf revidou a tempo separou a cabeça dele do corpo. O bárbaro ainda estava tentando dissolver a informação quando um dos homens de Sejuani entrou no salão com o capacete na mão. Sua armadura estava ensanguentada e ele tinha um pequeno corte no ombro exposto.

— Senhor... Sejuani — Falou ele.

Olaf se virou para vê o homem ofegante e atemorizado.

— O que tem Sejuani?

— Ela...

Ele pareceu digerir a notícia. Empalideceu e a sua boca abriu-se algumas vezes recolhendo força para falar.

— Diga lobo! — Rosnou Olaf

— Ela está...

Os olhos de Olaf arregalaram-se e uma expressão choque invadiu o rosto dele.

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OST

Ashe forçou os olhos, sua cabeça doía. Tentou organizar as ideias, juntar os fatos em uma lógica. Mas a dor era insana. Passou as mãos sobre a cabeça até sentir o ferimento. Forçou o corpo dolorido a ficar de pé. Sua cabeça latejou quase fazendo-a perder a consciência. Foi então que se lembrou, a armadilha, os soldados mortos, Tryndamare, pelos deuses, onde está Tryndamare?

Ela viu o corpo dele caído sobre a neve, ela se jogou no chão para examinar a situação. Felizmente ele ainda estava vivo, estava suado e ofegante. Um pedaço de gelo tinha cravado sobre o abdômen, mas por capricho do destino não atingiu nem um órgão vital. Ele havia perdido muito sangue. Ashe colocou as pontas dos dedos no pescoço sobre a artéria: Pulsação Fraca. Ela inclinou a cabeça dele para trás. Com a outra mão, puxou o queixo e abriu a boca. Apertando as narinas, assoprou o máximo de ar para os pulmões dele. Logo depois bateu com força sobre o peito.

— Vamos seu brutamontes! — Gritou

Repetiu o movimento

— Você não vai morrer, eu estou ordenando como sua rainha!

Repetiu o movimento

— Vamos querido, vamos meu amor... eu não vou te perder!

Tryndamere folegou. Com dificuldade, mas ainda sim respirava. Ashe arrancou a sua capa e comprimiu o sangramento, enfaixando-o. Ele golfou sangue. A rainha pressionava a mão contra a ferida em uma infrutífera tentativa de estancar o sangue. Mas o liquido irrompia ininterruptamente, o sangue jorrava escorrendo até o chão.

Ela procurou os responsáveis, não havia mais ninguém. As perguntas invadiam a sua mente. Isso não fazia parte do estilo de Sejuani. Ela era cabeça dura e arrogante, mas jamais trapaceira. Ela era uma inimiga que demonstrava força pelas mãos e atitudes não por táticas covardes. Mas mesmo assim, não podia deixar de sentir ódio. Seus homens assassinados e seu marido abeira da morte. Ela trincou os dentes. Esta não era a hora de deduções inteligentes, era hora de ação. Não iria deixa-lo morrer. Ela assoviou.

Então surgiu um barulho de ruído abafado de patas. O cavalo de batalha de Ashe galopou até ali com a crina balançando ao vento. Com esforço se curvando, apoiou o ombro no estomago de Tryndamare. Inclinou-se para trás cuidadosamente, bufou recuperando o equilíbrio, e finalmente, com algum esforço conseguiu se levantar e jogar Tryndamare atravessado na armação da sela. Ela colocou o pé no estribo e com um impulso se jogou para cima do seu cavalo.

O cavalo avançou pela neve, com força ela segurou as rédeas, agitando e batendo na lateral com gritos ferozes. O animal disparou correndo o mais rápido que podia enquanto ela mesma afundava a cabeça na crina.

— Vamos Eoin - Disse ela para seu cavalo — Corra como nunca, vamos!

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OST

Olaf saiu da mansão e o sol feriu-lhe os olhos. Ele piscou algumas vezes até se acostumar à claridade. A luta tinha acabado e eles tinham vencido. Estendiam-se sobre local corpos por todos os lados. O vento frio bateu contra o seu rosto levando o cheiro de ferro. Ele cuspiu e avançou por entre os corpos. Os sobreviventes estavam em pé em um semicírculo, pareciam tensos e estavam imóveis. Ele colocou a mão sobre o ombro de um deles e puxou para ter passagem.

Sejuani estava deitada e Bristle fustigava gentilmente com o focinho o rosto dela na tentativa de reanima-la. Dava algumas baforadas sobre o rosto, mas sua dona não parecia reagir. Bristle ronronou tristemente e levantou o olhar preocupado para Olaf, este passou a mão sobre o pelo dele para tranquiliza-lo.

— O que aconteceu? — Perguntou se debruçando sobre Sejuani

— Encontramos isso — Um dos homens entregou-lhe a flecha negra que foi retirada, a ponta estava embainhada em algum liquido viscoso.

Olaf baixou o olhar em direção as suas feridas. Analisou o estado, Ignorou hematomas e feridas que não representavam risco de vida. Não podia deixar de notar que apesar de todas aquelas feridas seu corpo era extremamente belo. Mas não se deixou levar por isso, ele tinha assuntos mais importantes. Apesar do frio Sejuani suava, estava pálida e sua respiração era lenta e pesada. Seus olhos estavam revirados. Ela gemeu de dor, um frio começou a se espelhar pelo seu corpo enquanto a palidez aumentava. Ele procurou o ferimento nas costelas dela, e seu rosto ficou mais sério quando achou a ferida.

— Senhor o que podemos fazer? — perguntou um dos homens — A situação parece piorar cada vez mais.

Olaf analisou o ferimento puntiforme. A ferida causada pela flecha foi pequena, mas estava inchada com aspectos roxeados e amarelados. Ele sabia por experiência que o veneno tinha se espalhado a partir daquele ponto.

— Não há nada que possa fazer, não aqui. Eu irei leva-la de volta para a vila. Cuide dos feridos e retornem a vila. Depois mande alguns homens voltarem e trazerem de volta os corpos dos que caíram. Eles merecem um enterro digno.

O homem assentiu e se retirou. Ela era forte, Sejuani estava determinada a superar os efeitos do veneno. Mas mesmo toda a sua força e coragem não seriam o suficiente. Olaf tinha certeza de que algo devia ser feito para ajudá-la ou ela iria morrer. Ele se curvou e conseguiu se levantar com Sejuani despojada sobre seus braços. Montou no cavalo e acomodou-a na frente, entre os seus braços.

Com um grito de Olaf o cavalo saltou para frente sendo seguido por Bristle. Galopando o mais rápido que podia, ele tinha que chegar o mais rápido somente uma pessoa ajudaria, Udyr. O vento assobiava em seus ouvidos, Sejuani não escutou nem viu mais nada.

As suspeitas e desconfianças foram plantadas e o ódio gerado. O plano de Vladimir havia dado certo...


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Notas finais do capítulo

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