– Mom... ele realmente vai voar? – Jack perguntou num sussurro, olhando para fora da janela do avião com os olhos bem abertos.

Ainda se lembrava como o garoto havia ficado surpreso ao ver o avião de perto quando chegaram ao aeroporto e enchido o Arthur de perguntas.

– Sim voa... Não lembra o que o Tio Tuca disse?

– Sim, mas.. é gande –disse abrindo os pequenos bracinhos para poder explicar seu ponto.

Megan bagunçou ainda mais os cabelos já revoltos do filho, que tanto lembrava o pai e beijou-o na cabeça.

– Voará... Não se preocupe. – lhe assegurou.

22 de agosto de 2014 – Rio de Janeiro, Brasil

Megan e Davi estavam indo para a casa do nerd, depois de passar uma tarde super agradável brincando com as crianças da Plugar, e dela defender sua tese sobre a soberania do Morango, tinham até dispensado o Ernesto e Megan estava dizendo ao Davi que estava doida para comer novamente o arroz de bagulho ao qual ele a corrigiu entre risos que era arroz de entulho, quando esbarram com a nerdestina, foi perceptível para Megan a mudança no comportamento do nerd, que passou a tarde ao lado dela rindo e brincando, para aquele sério parecendo quase sem vida.

Depois desse encontro o clima entre eles mudou visivelmente.

– E aí, já avaliou a minha tese do morango com a laranja? – disse se sentando em uma poltrona no quarto.

– A banca tá avaliando ainda. – respondeu o rapaz dando um leve aperto no ombro da moça.

Foi perceptível a mudança do humor do nerd, o que acabou magoando ela.

– Ok. – disse Megan se levantando, pegando sua bolsa e se posicionando em frente a Davi. – Já vi que nerd alem de filmes de ficção gostam de tramas chatos com finais infelizes. Eu não gosto muito do gênero, eu vou deixar o filme pela metade.

A garota estava se retirando, mas ele a impediu agarrando-a pelo braço.

– Megan, calma ai... – ela puxou o braço dela o interrompendo.

– Davi eu já entendi. – disse se afastando. – A gente estava aqui tendo momentos maravilhosos juntos e eu sei que você queria que a gente viesse para cá pra ficarmos juntinhos, eu to errada? – questionou sem ao menos olha-lo.

– Não, você está certa.. mas é que.. – disse se aproximando da garota.

– Mas é que você prefere trocar uma historia linda e nova por um drama chato e fracassado não é? – disse ela o encarando. – Um morango por uma banana podre. – disse ela se afastando. – To fora, perdeu bom moço.

Megan saiu batendo a porta e deixando Davi refletir no que ela acabara de dizer. O nerd não perdeu muito, logo se dando conta da besteira que estava fazendo e foi atrás dela, a alcançando já na rua.

– Megan, Megan espera...

Ela parou, quando ele ficou na frente dela ela o cortou.

– Ah Davi, chega, chega né? – disse suspirando. – Eu cansei de ouvir você dizer que sente muito que não quer me magoar, o que você vai dizer agora? Que só de ver a Manuela ali a velha chama reacendeu? C'mon, me diga alguma coisa que eu não sei!

– Megan eu preciso que isso fique claro, se não, não vai dar pé!

Respirando fundo, e um pouco curiosa o questionou.

– O que não vai dar pé?

– Eu e você. – ele disse sério.

– Desenvolva a sua tese. – disse dando um leve sorriso e recebendo em troca um sorriso dele.

– Eu queria sim, vim para cá e ficar com você! Eu acho que estou vivendo um momento muito confuso, mas eu acho que mereço ser feliz. – ele aguardou a reação dela.

– Continue. – ele deu um pequeno sorriso antes de continuar.

– Se você não tiver perdido a paciência comigo, eu queria dar uma chance para nós dois. Eu quero ver no que vai dar!

Megan respirou fundo.

– E o que é que tem que ficar claro pra mim Davi? Que você continua gostando da Manuela..

– Não, que eu quero esquecer a Manuela, você me ajuda? – ele disse olhando nos olhos dela.

Megan não resistiu e acabou o beijando até que ambos perdessem o fôlego e foi se beijando que eles voltaram para dentro do quarto do nerd e assim tiveram a sua primeira noite de amor, na qual Megan escutaria mais tarde a frase “We are together” sussurrada no seu ouvido.

Presente...

Megan suspirou, não poderia dizer que voltaria atrás e não faria exatamente tudo o que havia feito, afinal foi àquelas escolhas que lhe deu o bem mais precioso da sua vida...

– Olha mom – chamou Jack – eu pintei essa flor de azul..

Megan assistia enquanto seu filho coloria alegremente o livro. Arthur tinha preparado uma pequena mochila com livros para colorir e giz de cera e alguns livrinhos de atividade, ele era um grande tio para Jack e ela tinha certeza que no futuro ele seria um grande pai também. Por um momento ela sentiu medo, quando saiu do Brasil anos atrás tinha certeza sobre a decisão que ela tinha tomado e agora esperava estar certa da escolha novamente, de expor seu filho as diversas reações que ele enfrentaria. Não podia sequer imaginar como seria a reação das pessoas a conhecer seu baby, sua mãe com certeza após passar o susto iria amar, seu dad era uma completa incógnita para ela, ela sabia que ele tinha mudado muito depois de tudo e agora além de estar com a jornalista ela sabe que tem um irmão, afinal seu dad descobriu que pode ter filhos.

Esperava que Jack não sofresse as consequências de não ter lhes contato que abandonara o Brasil grávida. Estava na torcida para que para ele fosse um passeio tranquilo e feliz conhecendo seus pais e claro Brian e Dorothy.

Mas tinha um medo maior: Davi Reis. Jack em alguns aspectos lembrava muito o pai, os cabelos rebeldes, a curiosidade e o jeito de lidar com a tecnologia, Megan o apresentou ao Jr e o que ela pode dizer mais? O garoto mesmo com pouca idade se deu muito bem com a tecnologia. Mas Davi era um homem de seu passado, alguém que ela aprendeu a viver sem.

– Senhores passageiros, informamos que em poucos minutos estaremos aterrissando no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim, muito obrigado e espero que tenham gostado do seu voo. – disse uma voz masculina pelo alto-falante.

Megan suspirou de novo e olhou pela janela... Estava perto... Sentia que sua vida iria mudar novamente quando o avião pousasse!

Abraçou a Jack, jurando a si mesma que não deixaria nada abalar seu filho, beijou os cabelos dele e aspirou o seu aroma. Isso sempre a tranquilizava.

23 de agosto de 2014 – Rio de Janeiro, Brasil

Megan estava levando suco para os garotos que estavam na piscina da sua casa, depois da conversa com Pâmela, que infelizmente não pode ajudar lançando o Jr no programa Geração Nem Nem, e Megan estimulou os garotos a aproveitarem um dia de piscina, afinal se algo o seu dad havia lhe ensinado era que as melhores ideias nasciam na piscinas.

– Hey gyus! – disse chamando a atenção dos meninos que estavam brincando no meio da piscina para se aproximarem da borda na qual ela estava se sentando. – Estou tento uma ideia e se a gente lança-se o Jr em uma party em Vegas?

– Uhur.. – disse o jovem Avelar, se divertindo com a ideia da amiga. – Essa ideia é muito doida! Podia até ser minha.

– Não entendi, qual a relação do Jr com Vegas a cidade do jogo?

– Are no. – disse Megan distribuindo os sucos de laranja para Ernesto e morango com laranja para ela e Davi. – Pense que poderia está tocando Tomorrow of People. – disse ela dando uma palinha e logo rindo.

– Você me deu uma ideia boa. – Ernesto a interrompeu. – Pessoas do amanhã, as crianças são as pessoas do amanhã, como elas veem, que futuro elas querem... – disse o jovem olhando para os amigos.

– Um futuro de sonhos né.. esse é um caminho, a gente pode fazer uma campanha mostrando que o Jr pode realizar o sonho dessas pessoas do amanhã...

– Campanha pessoas do amanhã... – disse o jovem Avelar perdido em pensamentos.

– Bem que você falou. – disse Davi sorrindo e estendendo a mão para Megan. – que as melhores ideias do Vale do Silício nasceram nas piscinas.

– Uma Stard Up, nasceu na piscina de Jonas. – disse Ernesto fazendo graça, dando uma volta na piscina. – Se não nasceu, temos que fundar a nossa firma agora e vai ser lendária. – disse batendo a mão com Davi e sorrindo animados com a ideia. – gente acabei de lembrar, de uma coisa agora. Vocês não vão acreditar, eu registrei um nome para uma Stard Up, chamada Brazuca.

– Uai Ouriço você esqueceu, mas Brazuca você lembrou. – disse Davi achando graça do amigo.

– Foi.. – disse aos risos. – Ouriço eu não lembrei.. mas Brazuca é bom né?

– É bom.. até porque Brazuca é a Stard Up que rola!

– Genial! E o que é que a Brazuca quer? Vender o Jr, deixar a gente rico. – disse Ernesto empolgado com a ideia.

– Yes! Provar pro meu dad que eu não preciso dele para nada.

– Não, mostrar para o seu Dad, que eu não preciso dele pra nada. – disse Davi sorrindo pra Megan.

– Nós não precisamos. – Completou Ernesto, afinal ele também tinha sido excluído por Jonas. – Se bem que essa piscininha pode ser.

Davi mostrou o suco para ele.

– Oh, oh..

– Suquinho, suquinho..

– Então um brinde. – sugeriu Megan levantando o copo de suco. – A Brazuca. Gyus vocês estão vendo, que esta acontecendo uma coisa aqui que pode ser a nova Marra.

E foi a vez dos garotos cantarolar “Tomorrow of people”.

Aquele dia foi marcante para eles, afinal ali estava nascendo a Brazuca.

Presente...

Megan segurou com força a mão do filho, que andava no seu ritmo, olhando para todos os lugares com atenção e segurando sua pequena mochila. Ela estava um pouco apreensiva com o que enfrentaria a partir de agora, recordar esses momentos.. tinham mexido com ela. Mantinha contato frequente com o Ernesto, sempre o deixando a par das conquista que ela fazia para a Brazuca mesmo morando em Nice, Arthur a ajudou bastante e ela até se envolveu com algumas coisas de moda, claro que isso foi depois da gravidez e quando Jack já estava com 1 ano, ela simplesmente não conseguia ficar muito tempo longe do filho e o fato dela poder fazer vídeo conferencias ajudava bastante, ela nunca foi tão grata por ter vindo de uma família rica, apesar do dinheiro do pai ter ficado congelado por um tempo, ela pode contar com a parte da herança que o avô deixou pra ela o que diga-se de passagem já era muito. E a Marra estava conseguindo se firmar novamente no mercado depois de todos aqueles escândalos no passado. E essas consultorias de moda que ela estava dando também ajudava, assim como os novos investidores que ela e o Arthur arrumavam para a Brazuca.

Jack tropeçou e Megan o segurou no ar antes de atingir o solo, a experiência lhe ensinou a ser agiu e por isso sempre segurava a mão dele com firmeza. Pegou o menino no colo e o viu bocejando, tadinho do seu anjinho, mesmo com o cochilo que ele teve no avião provavelmente estava muito cansado.

– Durma campeão. – disse beijando a cabeça do filho e o acomodando nos braços, ele não era tão leve quanto antes, mas era extremamente prazeroso poder carrega-lo no colo, às vezes Arthur a questionava como ela conseguia fazer isso em cima dos saltos que ela voltou a usar, nos quatro últimos meses de gestação ela não subia em um salto de jeito nenhum, alem de não conseguir a avó e Arthur não permitiam então ela fez uma grande coleção de sapatilhas nesse tempo, mas logo que pode voltou ao salto já era acostumada e na opinião dela dava uma charme e elegância a mais as mulheres.

Com Jack nos braços foi buscar um carrinho para as suas malas, colocou o pequeno no cesto superior e o envolveu em seu casaco para que ele não encostasse no metal frio do carrinho e acordar. As malas demoraram um pouco a aparecer, mas consegui localiza-las logo e começou a se dirigir para a saída procurando pela sua mãe. Não demorou a encontra-la, Pâmela continuava sendo aquela mulher que sempre chamava a atenção pela sua beleza, à eterna Princesa Shelda, seus cabelos loiros caindo suavemente pelas costas, o sorriso grudado no rosto buscando por ela entre as pessoas que saiam.

Pâmela quando viu a filha simplesmente correu a apertando em seus braços dizendo como estava com saudade dela, principalmente de abraça-la, afinal vídeo conferencia não dava pra poder fazer isso, e apesar de conversarem toda semana ela sentia falta de ter a filha próxima a ela, ainda não entendia como conseguiu ficar tanto tempo longe da sua baby girl assim.

– Hey My Baby Girl. – Pâmela sussurrou no ouvido da filha, completamente emotiva pelo encontro. Megan não estava diferente, era tão bom sentir o carinho da sua mãe novamente.

– Olá mom. – disse com a garganta seca, devido a emoção.

Pâmela se afastou um pouco para poder admira-la.

– Uau Megan Lily, você já era linda, mas está simplesmente spectacular sweetie. – disse orgulhosa. – está com um ar mais maduro, até sua postura está mais confiante do que nunca. Com certeza o rapaz que você trouxe tem muitos concorrentes hem.

– Ele é único mom.

– E cadê ele? – disse Pâmela olhando ao redor, procurando.

– Mom. – ela chamou, sentindo a garganta seca. Pâmela olhou pra ela arqueando uma sobrancelha. – ele estava muito cansado e acabou dormindo.

– Como sleeping weel?

Megan respirou fundo e levou a sua mãe até o carrinho e levantou a borda do casaco mostrando o rostinho de Jack. Sentiu Pâmela congelar ao seu lado e apertando sua mão.

Uma criança? Megan tinha um filho? Mas como? Sua mente estava a mil por hora... porque ela não contará? Mas agora vazia sentido o estado dela um pouco antes de ir embora do Brasil, o quanto ela estava emotiva... como ela não percebeu? Ela tinha que ter estado do lado da filha dela nesse momento, entretanto Megan foi embora e nunca revelou nada.

– Mas.. – ela tentou dizer algo, mas sua cabeça fazia mil suposições.. não sabia ao certo por onde começar, mas sabia que no meio de um aeroporto não era local para essa conversa. – Megan..

Megan já tinha voltado a chorar a essa altura.

– Sinto muito não ter lhe contado antes mom. – disse entre soluços.

Pâmela apenas a abraçou apertado, imaginando o que a sua baby girl tinha passado durante a gravidez, ela fazia ideia de como pode ter sido, afinal havia perdido o pai de Megan quando estava no segundo mês de gestação da mesma e não imaginava como poderia seguir sem ele.. até que lhe apareceu Jonas para lhe dar suporte, alem do seu dad é claro e Dorothy sua madrinha. Mas Megan.. ela pela ao menos ficou ao lado da grandma dela, mas porque não confiou a ela esse segredo?

– Mom... – uma voz pequena sussurrou.

Megan se afastou da mãe e pegou seu filho nos braços. Pâmela olhava encantada para a criança agora no coloco da filha e não podia deixar de sentir que a cena era surreal para ela, sua filha agora era mãe.

– Baby.. você lembra que eu te falei sobre a sua grandma Pâmela? – ela perguntou suavemente ao filho, que acenou concordando. – Bem, a grandma quer conhecê-lo. – seu filho lhe deu um sorriso radiante de expectativa, ele já tinha visto fotos da avó e disse que ela era linda, era um pequeno galanteador o garoto.

Pâmela se aproximou deles sorrindo e com os olhos marejados.. era o seu neto! Ela tinha um neto, que por sinal é muito lindo. O sorriso só se expandia.

– Como se chama meu querido? – ela questionou com voz suave.

Se possível o sorriso do garoto se expandiu ainda mais e ele se endireitou orgulhosamente.

– Meu nome é Jackson Parker, mas mom me chama de Jack. – disse com a sua voz alegre.

Pâmela não se conteve e chorou, Megan homenageara seu pai. Ela sabia o quanto o pai havia sido presente na vida da filha, mas nunca imaginou que ela lhe prestaria uma homenagem tão bonita.

– Você tem um belo nome. – disse sorrindo tanto para o neto quanto para a filha pela homenagem.

Jack balançou a cabeça feliz com o elogio, mas virou para a mãe coçando os olhos.

– Eu to com sono..

– Então durma meu bem. – Megan acariciou os cabelos do filho e o apoiou melhor para que ele dormisse.

– Vamos para casa querida. – disse Pâmela, colocando a mão nas costas da filha, enquanto Edmilson empurrava o carrinho com as malas dela.