Megan estava se deitando agora e um suspiro escapou de seus lábios, foi difícil controlar a ansiedade do pequeno Jack sobre a viagem de avião, ele estava super empolgado com isso. Teve que contar duas historias até ele conseguir dormir.

Megan apagou a luz do abajur do seu quarto e ficou admirando a lua pela janela, sua mente foi vagando pelas recordações da sua vida no Rio.

15 de outubro de 2014 - Rio de Janeiro, Brasil

Megan já tinha arrumado suas malas e agora estava esperando Ernesto aparecer para poder conversar. As passagens estavam compradas já iria passar um tempo com a sua Grandma em Nice, apesar de estar omitindo de todos aqui no Brasil sobre a gravidez ela precisava do apoio de alguém que sabia realmente sobre gravidez para poder auxilia-la.

– Oi Megan. – disse Ernesto entrando na sala das Parker.

– Oi Ernesto, preciso conversar com você.

– Pois não, em que posso ajuda-la?

– Ernesto, eu estou indo embora. – disso a moça vendo os olhos do amigo se arregalar. – É melhor assim, eu preciso me afastar disso, preciso encontrar o meu caminho.

– Mas e a Brazuca?

– É sobre isso que eu quero falar com você. Eu vou me afastar um pouco, eu não vou abandonar o serviço longe disso, o que eu puder fazer pela internet eu farei é só você mandar um e-mail e podemos fazer algumas vídeo conferencias também.

– Você tem certeza Megan, você pode ficar aqui e..

– No Ernesto, é melhor assim. Eu tenho que aprender a viver sem o Davi e trabalhando com ele todos os dias não é uma opção. – ela disse inconscientemente passando a mão pela barriga. – Eu preciso ir, mas como disse farei tudo a que estiver ao meu alcance pela Brazuca, estaremos sempre em contato na medida do possível Ok?

– Se você acha que é melhor assim Megan.

– É Ernesto, com certeza essa é a melhor coisa a ser feita.

Ela disse dando um sorriso suave, tentando passar confiança frente a sua decisão, Avelar não tinha como ganhar aquela batalha ele percebeu que talvez realmente fosse o melhor para a amiga se afastar do Davi, ainda mais agora que ele estava com Manuela.

– Vou sentir sua falta. – disse ele a abraçando forte.

Depois de se despedirem, Megan respirou fundo e voltou para o quarto, estava decidida a ter esse filho, não entrava em sua cabeça a possibilidade de tirar a vida de um ser humano, ainda mais um que era fruto do amor que ela sentia por Davi.

Já tinha se despedido da sua mãe, Dotothy, Brian e agora de Ernesto, mas nenhum deles sabiam do seu segredo. Quanto ao seu dad apenas ligou para ele falando que iria viajar. Ele agora morava com a jornalista.

Seu marraphone começou a tocar, tinha se esquecido de desliga-lo, viu o nome de Luene.

– Megan, colega como você está? Vi o Davi com aquele bicho de goiaba! – Megan não conseguiu prender a risada.

Acreditava que a aversão em comum sobre a nerdestina que as tinham tornando grandes amigas, no final das contas, ela com certeza sentiria falta de Luene. Alem de claro serem parecidas em alguns pontos da personalidade, serem diretas, falavam sempre a primeira coisa que lhes passassem pela cabeça e não mediam as consequências.

– Já estive melhor, mas isso vai passar.

– Ele com certeza vai se arrepender de ter lhe trocado Britney. – disse Luene tentando conforta-la.

– Eu não estarei aqui pra ver isso. Ele fez a escolha dele Luene.

– Como assim não vai estar aqui?

– Estou indo embora Lu.

– Mas você vai voltar né?

– Não tenho planos de voltar.

– Como assim? Você não pode deixar aquele bicho de goiaba ganhar essa.

– Não da mais pra mim Luene, ele fez a escolha dele e agora eu estou fazendo a minha. Vou sentir sua falta. – Luene respirou fundo do outro lado da linha.

– Também vou sentir sua falta.

Megan suspirou e enxugou algumas lagrimas ao encerrar a ligação.

Presente...

Na manhã seguinte, Megan acordou sentindo algo quente pressionado ao seu lado esquerdo. Ela olhou para baixo observando seu filho aninhado firmemente contra ela, com os olhinhos bem abertos e um sorriso, ela sorriu de volta.

– Bom dia, my little one. – disse cobrindo a boca logo após bocejar.

– Bom dia, mom.

Megan cobriu o filho de beijos, sabia que ele estava preocupado com a viagem de logo mais.

– Mom... o vião não vai cai? – sussurrou.

Megan teve que reprimir uma gargalhada, lembrando de uma época muito tempo atrás quando ela mesma tinha feito essa pergunta ao seu avó, quando viajou pela primeira vez de avião.

– Não, my little one, os aviões são como pássaros, eles não caem. – tentou explicar pacientemente. – Quanto o tio Tuca chegar pode perguntar, pois ele sabe bem mais que a mom sobre essas coisas.

Megan ainda fica surpresa com a facilidade que Arthur tinha de lidar com o seu filho, os dois tinham um laço de amizade pelo qual ela seria eternamente grata.

– Mom..

– Sim. – Megan já estava acostumada as questões do filho. Sempre curioso frente às coisas, às vezes se pegava tentando saber de quem ele puxou isso.

– A grandma é boa? É igual a bisvovó?

Megan segurou a respiração por um tempo. Era muito grata a sua avó Berenice por ter a acolhido tão bem e ajudado. E quando Jack chegou, ela simplesmente amou conhecer em primeira mão o bisneto.

– Sim, ela é. Contudo, ela pode inicialmente ficar um pouco chateada por não ter lhe conhecido antes.

– Por que nunca fomos?

Megan estava se preparando para responder quando o som do celular a salvou. Achou o celular e teve que respirar fundo quando viu o nome da mãe no identificador. Acenou para Jack fazer silencio e atendeu.

– Hey Mom.

– Sweeti.. a que horas seu voo chega?

– Acredito que chegue no meio da tarde.

– Eu quero busca-la no aeroporto querida, já são praticamente quatro anos. Sinto tanto a sua falta baby girl.

Megan suspirou, não foi nada fácil fugir da sua mãe nesse tempo, claro tiveram conversar pelo Skype, ligações frequentes, mas visitas nunca. Ela preferiu assim. As únicas pessoas que realmente sabiam da existência de Jack era sua avó e Arthur, e isso estava preste a mudar, coisa que a assustava um pouco.

– Mom. – disse com uma voz quase inaudível.

– Sim, Megan?

– Não precisa ir me buscar, o Edmilson pode fazer isso.

– No, sweetie. Eu faço questão de ir ao aeroporto.

–Ok mom, hum.. você poderia arrumar aquele quarto de hospedes próximo ao meu? Vou levar companhia.

Pâmela ficou um tempo calada do outro lado, mas depois um leve sorriso apareceu nos seus lábios não sabia que Megan estava namorado sempre que conversava com a filha ela apenas falava que estava bem e trabalhando, falando em como se envolveu em alguns projetos beneficentes, como tinha conseguindo alguns novos investidores para a Brazuca, mas nunca sequer tinha comentado sobre um novo namorado. Sabia que sua filha tinha amadurecido bastante com o termino do relacionamento com Davi, e viu em primeira mão o quanto a filha tinha se machucado, afinal aquele tinha sido o primeiro homem que a filha realmente amara.

– É um rapaz? Ele é hot? – ela perguntou eufórica.

– É um rapaz mom. – Megan se limitou a dizer praticamente sussurrando e sorrindo para Jack.

– And you like it?

Megan olhou para Jack sorrindo para ela e seu coração parecia que iria explodir de tanto amor naquele momento.

– Eu o amo...

– Megan. Já cheguei. – ouviu Arthur gritando no corredor. – São quase 9h, se não se apressar não poderemos tomar café antes de ti levar ao aerop.. – ele ficou paralisado ao ver Megan ao telefone, suas bochechas ganhando um leve tom rosado.

Megan simplesmente riu, Arthur tinha acesso livre pela casa da avó dela, afinal tinha dias que ele ficava com Jack para ela quando tinha que participar de alguma reunião ou fazer pequenas viagens, era comum ele se permitir entrar e chegar gritando assim. Ela simplesmente balançou a cabeça para mostrar que não estava chateada.

– Nos vemos em algumas horas mom. – disse ao telefone.

– Ok sweetie, god trip! – disse Pâmela rindo um pouco.

Megan rolou os olhos antes de desligar o celular.

Jack rompia em gargalhadas vendo as caretas que Arthur fazia para ele.

– Então companheiro, o que acha do tio aqui lhe dar um banho e te arrumar enquanto sua mamãe se arruma também?

O menino simplesmente balançou a cabeça e bateu palmas, saindo da cama da mãe e indo com Arthur para o banheiro. Megan suspirou e se levantou indo para o banho, ao entrar apoiou-se na porta fechada e suspirou, Arthur era um cara surpreendente, desde o momento que lhe contou sobre a gravidez ele ficou ao seu lado lhe ajudando sempre que precisava.

20 de outubro de 2014 - Nice, França

Megan já tinha chegado a casa da avó a alguns dias, foi tão bom receber o carinho dela e tinha que admitir que ficou com medo dela não ajuda-la, mas tinha que contar a avó que estava grávida e que ninguém poderia saber disso. Um pouco relutante a avó aceitou isso, Megan explicou tudo o que estava passando e a avó vendo a angustia da garota a acolheu de braços abertos.

Ernesto já havia lhe mandado alguns e-mails para que ela resolve-se uma parte do marketing e desse seu aval em outro projeto que já estava pronto para ser divulgado, ela gostava dessa parte porque a mente dela afastava um pouco de tudo, o trabalho quem diria seria bem vindo.

Poucos dias depois da sua chegada ela começou a lidar realmente com os famosos sintomas da gravidez, náuseas e tonturas, era praticamente lei sentir náuseas ao acordar. Já podia perceber uma leve mudança no corpo nada muito notório, mas ela que conhecia seu corpo como ninguém já percebia. E às vezes se pegava pensando se realmente estava pronta para ser mãe, se ela seria uma boa mãe.

Em um dia de sol forte, ela decidiu dar um passei sozinha, afinal sua avó tinha coisas para resolver e não poderia ficar com ela o tempo todo e ela precisa conhecer um pouco mais da adorável cidade que agora seria o seu lar e do seu filho também.

Parou em um café e se sentou na área livre admirando a paisagem local. Estava se levantado para voltar a caminhada, quando alguém lhe chamou.

– Megan.

Por ter se virado rápido para ver quem a tinha chamado, acabou sentindo uma leve tontura e se apoiou na mesa respirando fundo.

– É você mesma. – dissera Arthur a olhando. – Você está bem? – a questionou ao perceber que ela estava um pouco pálida.

Megan olhou atentamente ao rapaz, e se perguntou como poderia ter tanta sorte em cruzar com Arthur Nigri logo em Nice, ele não deveria estar no Brasil? O que ele estava fazendo ali.

– Sim... – Megan assentiu levemente. – deve ser o cal..

Mas não conseguiu completar a frase, seus joelhos fraquejaram e ela não viu mais nada.

Arthur que estava na frente dela, a aparou antes que ela caísse no chão. Perguntou a uma garçonete se tinha algum lugar por ali que ele pode-se deitar a garota em seus braços e a moça prontamente o levou a uma área que tinha um banco mais reservado. Arthur a deitou ali e pediu um pano úmido para poder ajuda-la a acordar.

Megan aos poucos foi recobrando os sentidos.

– Está bem Megan? Acho melhor ti levar a um médico para saber o que você tem, não é normal ficar desmaiando do nada assim. – disse Arthur a olhando um pouco preocupado.

Megan não entendia o por que da preocupação, afinal os dois nunca se deram muito bem. E ela também não queria um médico, sabia muito bem o que estava acontecendo, não precisa de Arthur a chamando de Pirralha e lhe dizendo o quanto foi irresponsável.

– No.. não é preciso. – murmurou lentamente.

– Mas você desmaiou... – começou a protestar.

– Não preciso de nenhum médico.. sei muito bem o que ta acontecendo. – disse ela um tanto ácida.

– Calma Megan, só estou tentando lhe ajudar. – disse o rapaz levantando as mãos em um gesto de rendição. – Mas porque você não quer um médico?

– Eu sei o que eu tenho Arthur, não estou doente. Não precisa se preocupar.

– E o que é que esta acontecendo? – questionou o rapaz, pegando as mãos dela entre a sua. Megan suspirou e abaixou os olhos.

– Estou grávida. – disse em um sussurro quase inaudível.

O rapaz ficou paralisado, olhando pra Megan sem conseguir acreditar direito no que ela acabara de dizer.

– Tem certeza disso Megan?

– Sim, tenho.

– O pai é o... – Megan o cortou.

– Ele não tem pai. – disse com o olhar sério.

– Sua família tá sabendo? – Megan negou com a cabeça.

– Quer dizer, apenas my grandma sabe, estou na casa dela. Mas no Brasil ninguém está sabendo. – admitiu.

Sem mais palavras Arthur a abraçou, longe de se sentir incomodada como achou que sentiria, Megan se sentiu bem pelo conforto daqueles braços, ela precisava tanto disso...

– Acho que precisamos conversar afinal.

E realmente conversaram. Arthur lhe contou que também havia deixado o Brasil, era melhor assim e que estava ali em Nice por causa de uma reunião para um novo projeto dele. Megan também explicou o porquê ter saído do Brasil o que não foi muita novidade para ele, o que o fez admira-la foi o fato de ter saído grávida sem contar a ninguém, ele não conhecia esse lado dela. Megan que acreditou que ele iria recrimina-la, passou bem longe disso, disse que entendia a escolha dela naquele momento e que se ela permitisse ele estaria ao lado dela.

Presente...

E foi desse encontro em um café em Nice, que eles se tornaram inseparáveis... Ambos saindo de relacionamentos dolorosos e se ajudando e apoiando.

Megan suspirou e terminou de se arrumar depois de um banho relaxante. Quando saiu do banheiro encontro Jack correndo já de calça e tênis pelo seu quarto com Arthur correndo atrás dele com a blusa em mãos.

– Você é um malandrinho. – disse Arthur divertido correndo atrás dele. – quando te pegar vou fazer tantas cosquinhas que você não vai esquecer.

– Lá, lá, lá você não me pega!! – ria Jack buscando esconderijo atrás das pernas de Megan.

– Isso não vale. – se queixava Arthur entrando na brincadeira. – você não pode arrumar um escudo.

– A vamos boys, chegaremos tarde assim. Chega de brincadeiras. – disse Megan pegando a blusa da mão de Arthur e colocando no filho.

– Sim mom. – disseram os dois juntos caindo na gargalhada e fazendo Megan revirar os olhos apesar de um sorriso adornar os lábios.