Unattainable reality ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 56
Amigos e irmãos


Notas iniciais do capítulo

OIWWWWWWWWWWEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
AI MEU CORAÇÃO, QUE EMOÇÃO, EU VOLTEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Nha, espero que tenham sentido minha falta, tbm se n sentiram... num ligo msm hm

CAP GIGANTE PRA PEDIR DISGLUPA PELA DEMORA, AMO VOCES, N ME MATEM, JESUS MANDOU PERDOAR OS AMIGUINHO! ♥



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White
~Há alguns anos, em copas~


Estiquei mais o braço para empurrar a última caixa e respirei fundo algumas vezes assim que ela estava em seu lugar, aquela era a última caixa enfim, do outro lado havia mais pilhas que eu havia organizado, a parte mais alta da pilha iria ser preenchida por outros, que talvez fossem mais altos que eu.
Apoiei-me em uma das caixas, sentindo minhas pernas doerem.
—Merda! - resmunguei quando tentei me sentar em cima da caixa, mas estava tão fraco que não me importei e praticamente me joguei em cima dela. Olhei para a casa a minha frente, uma grande mansão de um dos nobres de Copas, um dos comerciantes mais ricos e pai do Max, minha pior tortura era vê-lo todos os dias, principalmente depois do que ele havia feito ao Erick.
Respirei fundo, encarando o resto do jardim, alguns homens vinham carregando as caixas maiores, eles eram escravos como eu, só que muito mais velhos, eram do tipo que os nobres compravam e que eram exclusivos, seus para sempre. Eu era do tipo q eles contratavam o serviço à rainha e lá ia eu, servindo o ser até que se canse de mim e então eu seria mandado para outro.
—Terminou de empilhar? - Um deles perguntou a mim, ele tinha cabelo castanho e olhos negros. Rapidamente assenti e ele sorriu. —Nós terminamos por aqui, pode descansar e depois ir para casa.
—Tudo bem. - Murmurei e eles foram para o outro lado ver as caixas maiores, continuei sentado, esperando um pouco das forças voltarem.
—Ola! - Ouvi uma voz ao meu lado e quase me desequilibrei. —Desculpa não queria te assustar. —Olhei para o lado e me deparei com Jeffry, um dos meus colegas de treino, ele trazia consigo dois potinhos e me entregou um, peguei meio receoso e surpreso, não era como se eu o odiasse, eu só não confiava muito. —O que faz aqui?
Abri o potinho com cuidado e me deparei com um pedaço de pudim muito bem cortado, ele me entregou uma colherzinha.
—Trabalhando! - Respondi, cutucando o doce para ver se não explodia. — Trabalho aqui.
—Trabalha para o exército? - Ele me olhava nos olhos, balancei a cabeça de um lado ao outro.
—Ele é um escravo! - Max apareceu com seu típico sorriso cínico, Jeff lançou-lhe um olhar meio torto, mas nada disse. — Não se mistura muito!
Desviei o olhar dele para o chão, demorou um bom tempo, mas eu aprendi a não respondê-lo.
—Aham! - Jeff murmurou, pegando um pedaço do próprio pudim e comendo. Max suspirou e se virou, entrando pela porta principal da casa e a fechando de modo brusco.
—Educação passou longe! - Alguém reclamou, abrindo a porta em seguida, devo admitir que não pude conter um sorriso quando Eiri passou por ela emburrado e lançando alguns olhares fatais para trás. —Insuportável! - Ele resmungou e ao meu lado pude ouvir a risadinha de Jeff.
—Stress dá rugas, Eiri. Cuidado em, você devia ter menos espírito de velho. - Jeffry brincou, ainda rindo. —Me da agonia saber que uma criança é mais seria que eu.
—Não sou uma criança! - Eiri retrucou se aproximando de nós, certamente ele ainda não era adulto, mas optei por não resmungar nada, afinal eu tinha oito anos e nada de tamanho. — Olá Alli! - Ele sorriu de modo doce e eu retribui o sorriso da melhor forma possível, tomei um pouco de coragem e provei o pudim, estava ótimo.
—Gostou? Foi a irmã do Max quem fez. - Jeff sorriu. —Ela é muito gentil até! - Eiri soltou uma risadinha e parou ao meu lado. —Aí céus! Nós somos amigos apenas, o que não posso dizer e você e do Allan, quer dizer, são apenas amigos não é? – O sorriso malicioso de Jeff apareceu e eu apenas pisquei sem entender nada. —E o que faz aqui?
—Claro! Claro! Só amigos! – Eiri conseguiu a façanha de se emburrar, olhar de modo assassino para Jeff e ainda soar extremamente calmo em seguida, como se o assunto não fosse com ele. — Vim trazer umas encomendas do exército, tenho um irmão pequeno para criar e preciso de dinheiro.
Jeff sorriu de lado e bagunçou meu cabelo, eu iria reclamar, mas acima de tudo estava com sono, então deixei quieto.
—Se quiser eu te dou uma grana depois, Eiri. Só não te dou meu pudim! Você não é merecedor.
—Fique com seu pudim, vai morrer cedo por culpa de tanto açúcar! – Eiri retrucou e Jef rapidamente deu-lhe um tapa não tão leve no braço. – Ai infeliz!
Eiri o retribuiu com um chute na perna.
—Mas que droga! – Jeff se contorceu um pouco. —Isso foi forte!
—Quer mais?
Eu sinceramente já havia me acostumado a isso, parece que a mente desses dois, quando estão juntos, não associava outra informação alem de provocações e estapeamentos.
—Nossa! Da licença viu... – Jef reclamou. —Vou até chorar nos ombros da minha amiga.
—Vá na fé. E não volte!
Jef mostrou a língua e começou a se afastar, Eiri apenas suspirou e voltou a me encarar.
—Já acabou por hoje Alli? - O sorriso dele conseguia ser um dos mais gentis que já vi e seu tom de implicância deu lugar a seu tom de gentileza.
—Uhum! -Murmurei e ele pareceu satisfeito. —To só descansando.
—Foi um dia difícil? - Ele perguntou, afagando meu cabelo, o gesto dele me fez fechar o olho e querer dormir ali mesmo. —Você parece cansado!
—Minha perna ta doendo um pouco! -Admiti. Terminei de comer o meu pudim e lhe entreguei o pote, Eiri o pegou e olhou ao redor, até que achou uma das empregadas e lhe entregou. A moça ruiva sorriu e tornou a se distanciar.
—Quer que eu te leve pra casa? - Ele propôs, erguendo os braços.
—Não precisa ter esse trabalho! - Resmunguei, tentando descer de cima da caixa. —To bem!
—Tem certeza?
Pisei no chão de concreto e minhas pernas tremeram um pouco, tentei não demonstrar nada, não queria que ele se preocupasse. Eiri me encarava meio desconfiado, mas não me abalei, ao menos visivelmente. Dei um passo à frente e senti minha perna doer, sem querer acabei resmungando um pouco alto e segurei meu joelho. No mesmo instante Eiri se ajoelhou a minha frente e me encarou.
—Alli eu sei que não quer preocupar ninguém, mas você pode confiar em mim. Sou seu amigo lembra?
Baixei os olhos, meio emburrado.
—Não quero que perca seu tempo comigo. -Resmunguei e ele sorriu.
—Você é o único amigo que o Mitch já teve desde que chegamos aqui, te vejo como um irmãozinho também. E olha... - Ele cutucou meu nariz. —Sou um soldado e, pode não parecer, mas sou forte. Vamos. Deixa eu te ajudar. - E novamente ele ergueu os braços.
Eu queria novamente negar, mas já estava quase desmaiando de cansaço então, sem dizer mais nada, me aproximei dele, segurando em seu pescoço, senti os braços dele me envolverem e ele se levantou, me ajeitando em seu colo, Eiri realmente sempre foi muito forte, chegava a ser surpreendente.
—Está bem assim? -Ele indagou, começando a afagar meu cabelo, eu assenti, fechando os olhos e deitando a cabeça no ombro dele. —Agora vamos pra casa então. Pode dormir se quiser.
E assim ele começou a caminhar lentamente até sair da casa de Max, a casa para qual eu voltaria no outro dia, abri os olhos um tantinho quando chegamos na rua, por ser um soldado e ser tão jovem já era de se esperar que Eiri chamasse atenção, porém depois de um tempo comecei a notar que os olhares não eram realmente pra ele e sobre mim. Senti um pequeno incômodo e cutuquei a bochecha dele.
—Oi?
Emburrei a cara e segurei uma das orelhinhas, olhando ao redor.
—Ah! Isso... -Eiri pareceu pensar um pouco. —Já sei, espera!
Ele me colocou no chão novamente, retirando a própria capa com capuz e, com um sorriso torto, colocou-a em mim, cobrindo as orelhinhas e o meu cabelo com o capuz. —Pronto. Assim ninguém repara em você.
Me senti quase completamente coberto pela capa, as vezes me sentia pequeno de mais, dessa vez foi apenas uma confirmação. Eiri sorriu e me pegou no colo novamente, devo admitir que foi um alívio naquele momento, estava realmente muito cansado e com a capa eu fiquei mais aquecido.
—E o Mitch? - Perguntei, novamente deitando a cabeça no ombro dele.
—Está com Ás. – Ele respondeu meio vagamente. —Ele está cuidando dele enquanto eu trabalho, me ajuda mais assim.
—Que bom! – Murmurei, com sinceridade, sentido meus olhos pesarem e se fecharem. —Você merece!
—Obrigado. Agora durma um pouco!
—Eiri... Posso dizer uma coisa? – Pedi, já começando a lutar com o sono.
—O que é?
Eu já estava perdendo a consciência e consegui murmurar antes de adormecer:
—Você é um dos amigos que mais amo!

~Atualmente~


  Renne nos encarava curioso, a criança que nos seguiu já estava pendurada no pescoço de Loke e ele parecia gostar da ideia, todos estavam meio confusos e observavam de longe sem saber se os novos visitantes eram amigos ou inimigos!
E tudo ficaria assim, até que Alice sorriu e abraçou o príncipe, como se ele não fosse... O príncipe!
—É bom te ver, mesmo que inesperado! – Ela comentou, sorrindo, Renne sorriu de lado e retribuiu o abraço, não era como se me incomodasse, mas...
—Tenho certeza que não vi nenhuma criança na hora de atravessar o portal! – Resmunguei e Alice pareceu lembrar da minha existência.
—Também não sabemos como Danny chegou aqui. Só o procuramos com o rastreamento de Eiri. – Ele respondeu meio manhoso, eu ainda não conseguia aceitar bem que aquele era o atual líder da colônia em Jadis.
— Já que estamos aqui podem entrar! – Cedrik sorriu. Jasper estava ao seu lado e se encontrava muitíssimo emburrado, ele começou a lançar olhares furtivos ao rival de atenção, Cedrik apenas riu mais e o pegou no colo, apertando sua bochecha.
Meu olhar desviou da expressão feliz de Alice puxando Renne para a imagem de um dos meus melhores amigos, Eiri olhava meio desconfiado ao redor, mesmo ele conhecendo bem essa casa. Tentei sorrir para anima-lo, mas ele abaixou a cabeça, isso era mal sinal.
De relance percebi Loke e Erick trocarem olhares preocupados entre si e quando os encarei os dois olharam para o céu, estavam escondendo algo de mim?
Decidi ignorar aquele detalhe e comecei a caminhar na direção de Eiri, ainda sorrindo, fazia tempo que não o via, fazia muito tempo mesmo.
—Eiri? – O chamei e ele me encarou por um segundo, depois desviou o olhar para o chão, desanimei um pouco, alguma coisa realmente havia acontecido. —Você está bem? - Meu amigo mordeu os lábios e cerrou os punhos, isso foi um claro não. Me aproximei mais um pouco e segurei o ombro dele - mesmo ele sendo mais velho que eu e um pouco mais alto, mas só um pouco, só um pouquinho... Bastante!
—Estou! – Ele respondeu tentando manter o olhar no chão.
—Mentiroso! – Resmunguei e devo ter feito um bico, já que ele me olhou de relance abriu um meio sorriso.
—Aonde tem doce? – Ouvi a voz de Dee, ele era do tipo que fazia quase um escândalo para pedir alguma coisa e em seguida ouvi também a risadinha de Dum.
—Tem biscoito aqui! – Loke propôs, causando risos em Cedrik e Erick. —Podem ir ver la dentro, estão em potes perto da mesa! Eu vou depois!
Dum pegou na mão do menino loirinho e Jas quase se jogou no chão para conseguir pegar a mão de Dee e ir junto, ainda muitíssimo emburrado.
Tentei ignorar o fato dos dois ficarem por perto e ainda ficarem me encarando, porém nem Loke e nem Erick pareciam ter a intenção de se moverem para longe, a essa altura os outros seguiram Renne, curiosos, e só restamos nós cinco.
Erick abriu seu melhor sorriso falso e correu até nós.
—Eiri! – Ele se aproximou e diminuiu um pouco o sorriso. —Há quanto tempo! Espero que esteja bem.
Eiri apenas deu de ombros, como fazia quando não estava em condições de falar, e vi o sorriso do meu primo... Desaparecer? O que no mundo era tão ruim ao ponto de fazer o Erick deixar de sorrir?
—O que houve? – Indaguei, atraindo a atenção de todos para mim.
—Meninos por que não vamos tomar um chá? – Cedrik caminhou lentamente em nossa direção. —Os outros arrumaram mais o que fazer, e-
—O que houve? – O interrompi, Eiri olhou em meus olhos e abriu a boca, mas se interrompeu, olhando para alguém atrás de mim.
Segui o seu olhar até a pessoa que nos encarava a distancia: Ás!
—Eiri... – Ele sussurrou, sua voz estava um pouco trêmula, vi de relance quando Cedrik ameaçou dizer alguma coisa, mas desistiu, encarando Loke. Eiri sempre foi muito apegado a Ás, sua reação ao vê-lo era sempre de empolgação, com sessões seguidas de abraços, risadas e piadinhas por parte do mais velho, mas dessa vez ele se limitou a dar um passo atrás, sem olhar para nenhum de nós. —Por favor, me escuta! Eu não sei o que te disseram, mas-
—Não! – Eiri o interrompeu, balançando a cabeça. —Não diga... Não diga nada!
—Por favor! – Ás tentou se aproximar, mas Eiri se afastou mais. —Pelo menos olhe para mim, nem tudo o que te disseram é verdade.. - Eiri não falou nada, apenas permaneceu negando sem parar. —Por favor Eiri, me escuta! Eu não queria que acabasse daquele jeito!
—O que houve? – Perguntei, recebendo o olhar atordoado de Loke.
—Eu amo tanto vocês! – Ás murmurou, seu olhar parecia um pouco perdido e seu tom era de suplica, por mais que por um tempo eu acreditei que ele servia a rainha, eu nunca duvidei desse amor.
—O que houve? – Tentei de novo, Cedrik parou atrás de mim e me abraçou, senti minha confusão aumentar e para piorar vi quando algumas lágrimas escaparam dos olhos de Ás. —Chapeleiro? – Estava começando a ficar com um mal pressentimento. —Eiri? – Encarei meu antigo amigo, ele não chorava, não, não por fora, eu o conhecia tão bem que era como se ele tivesse legendas traduzindo cada passo que iria dar.
—Como pode dizer algo assim? – Ele se manifestou, uma mecha de cabelo caía sobre o olho esquerdo, mas pude ver seu olhar de dor e de confusão, Eiri sempre foi assim, não chorava por fora, raramente chorava, pois já estava muito quebrado por dentro. —Como... Pôde? Mentiu ao dizer que nos amou a vida toda... Porque... Se o amasse...
Ás apenas abaixou a cabeça e eu cerrei os punhos, já com raiva, não entendia o que estava acontecendo e, céus, ver Ás assim não era algo agradável.
—Parem... – Murmurei, me afastando de Cedrik. —Parem! POR QUE ESTÃO AGINDO ASSIM?
Todos me encararam, odiava ser o centro das atenções, mas odiava mais ainda não entender a situação.
—Alli... – Ás começou, mas se interrompeu, ele parecia não poder falar.
—Não sabe não é? – Eiri começou a falar, friamente? Não, eu vivi essa vida o suficiente para saber que não era frieza, era estar tão imerso a dor que ela se torna parte de você. —Ainda não sabe?
—Eiri, por favor! – Loke se manifestou pela primeira vez. —Por favor...
—Ainda não sabe o que ele fez? – Eiri me olhava nos olhos e eu neguei silenciosamente. —Ainda não sabe...
—Eiri! – Outra voz surgiu no meio de nós, dessa vez foi a de Renne, Alice e Sinara apareceram em seguida, Alice me lançou um olhar preocupado e o ruivo tinha os olhos fixos no amigo. —Já falamos sobre isso, não é mesmo?
—Ele tem o direito de saber que o amado professor dele mentiu!
—Eiri... – Renne também tentou se aproximar, suas mãos tocaram o rosto do companheiro. —Por Deus, ouça o que está dizendo, não parece você mesmo!
—Mas o que aconteceu afinal? – Eu já estava ficando emburrado.
—Ás aconteceu!
—Eiri! – Renne tentou mais uma vez, porém Eiri me encarou e soou o mais claro o possível, afastando lentamente a mão dele e se afastando:
—Aconteceu e matou Mitch!
Parei onde estava, olhando fixamente para ele, tentando associar o que ele dizia.
—Não... Não Ás não faria... – Me virei para encarar os outros. —Não faria não é? – Minhas mãos começaram a tremer um pouco. —Não faria... Ás?
—Eu... Eu não queria... – Ele murmurou, já voltando a chorar em silencio.
—Não, isso não pode ser verdade... Porque, Ás... Eu não entendo... Não...
—Al! – Alice me chamou, ela segurou meu rosto e me olhou nos olhos. —Renne acabou de nos contar e Sinara confirmou, é verdade, mas-
—Não tem mas! – Eiri a interrompeu. —Só tem meu irmão morto!
—Eiri! – Renne o chamou de novo. —Lembra o que eu te disse? – Os dois permaneceram se encarando por um tempo, até que Eiri desviou o olhar e correu para longe. —Eiri!
Senti minha visão embaçar um pouco por causa das lágrimas, mas as impedi, enterrei minha cabeça no ombro de Alice e a abracei.
Eu não iria chorar, porque não queria acreditar que era verdade.

~ # ~
—Alli? – Ouvi a voz do meu pai e me arrastei mais para perto da cama, tentando fazer o coelhinho se mover junto comigo. —Filho, você está ai?
Permaneci em silencio, olhando para o quarto que estava, era grande, com duas camas, lotado de brinquedos e livros coloridos e de varios tamanhos, ao meu lado havia três livros infantis empilhados, um gatinho meio laranja passou a cabeçinha perto da minha mão e miou baixinho, rapidamente eu o peguei e comecei a imaginar onde escondê-lo.
Ele miou novamente e se jogou da minha mão.
—Volta aqui, manhoso! – Pedi, quase sussurrando, mas o gatinho apenas deitou ao lado da pilha de livros, me encarando. —Seu dono devia te doutrinar! – Resmunguei e ele miou, mas é claro que um gatinho adotado pelo Erick não teria doutrina.
—Alli? Eu sei que está ai filho!
Encarei a porta, ainda sem dizer nada, o coelhinho se aproximou mais de mim.
—Não Tupui, não quero brincar agora! – Resmunguei, mas ele não pareceu entender. —Tupui, depois! - Ele não se mexeu, permaneceu me encarando. —Céus! Coelho burro! – Me encolhi mais, começando a pensar em coisas inevitáveis.
Quando cheguei em copas me sentia perdido e confuso, pessoas que eu não conhecia mandavam e desmandavam na minha vida, as pessoas que eu conhecia estavam distantes ou mortas. Ter um amigo era uma coisa que jamais imaginei, eu sempre fui um escravo sem direito a nada e pensei que tudo seria um inferno para sempre, até o dia em que um menininho de Neal entrou aos tropeços e emburrado na sala de treinamento, fazendo questão de cair bem em frente a mesa de Ás, eu o ajudei a se levantar e ainda me lembro de como seus olhinhos brilhavam quando perguntei se ele estava bem.
Desde então ele virou quase uma sombra, sempre ficava ao meu lado nos momentos de explicação, sempre dividia os doces que tinha comigo, sempre saia me puxando para todo canto, sempre que arrumava confusão ele fugia dos mais velhos e se escondia atrás de mim, o que eu poderia fazer para protegê-lo? Absolutamente nada! Mas eu poderia fugir ao lado dele e isso parecia bastar.
Mitch nunca me perguntou se poderia ser meu amigo, ele nunca precisou.
Depois dele veio Loke, com sua gentileza que nunca esquecerei, no começo os dois brigavam por ciumes, mas com o tempo tudo pareceu se tornar mais significativo pra nós, nossas implicâncias começaram a se tornar necessárias, quando estávamos juntos era como se o mundo parasse um pouco para nos observar.
Respirei fundo e sem perceber estava chorando.
Eu não queria chorar, não queria acreditar, mas era inevitável!
—Bua! – Quase infartei ao ouvir uma voz infantil, a minha frente um pequeno menino loirinho havia surgido. —Bua! – Ele resmungou, levando a mãozinha até o meu rosto e secando uma lágrima.
—Danny?
—Danny! – Ele repetiu, animado, sorrindo inocentemente. —Apu? – Ele apontou para o Tupui. —Apu? – E depois apontou para o manhoso.
—É um coelho, Tupui, é o meu coelho, e o outro é o gatinho que meu primo adotou, Manhoso!
Danny se abaixou e encostou a mãozinha na cabeça do manhoso, o bichano nem pareceu se incomodar.
—Como chegou até aqui? – Indaguei quando ele se ajoelhou para puxar manhoso para mais perto. —Em?
O menininho me encarou e riu, voltando a fazer carinho no gatinho.
—Apu! – Ele murmurou de novo.
—Você já deveria saber falar. Só sabe falar seu nome?
—Danny! – Ele colocou a mãozinha no pescoço e puxou uma correntinha que usava. —Apu! - O pingente era estranho, parecia uma rosa vermelha, mas cada espinho era enorme e negro. —Bua! - Ele balançou o pingente e fez uma carinha triste. —Danny Bua!
—Não gosta dele? – O menino assentiu. —Quer tirar?
—Bua!
Eu me adiantei e segurei a corrente e o pingente, quem havia colocado aquilo nele?
Olhei bem aquele pingente de rosa, a parte de trás era totalmente negra, mas havia algo gravado nela, passei a corrente pela cabeça do Danny e tirei do pescoço dele, no mesmo instante o menino respirou fundo e começou a soluçar.
—Danny bua! – Ele repetiu, já com voz chorosa, manhoso o encarou e miou.
Olhei novamente o pingente e comecei a ler o que havia sido gravado: “Sonho das trevas!”
—Danny alguém colocou esse colar em você? - Perguntei, minhas mãos estavam tremendo um pouco. Ele montou um pequeno bico e se arrastou até mim, ainda agarrado a manhoso. —Colocou Danny?
Ele assentiu calmamente e encostou a cabecinha no meu ombro, chorando baixinho e agarrando a correntinha do colar com a mão.
Eu o segurei e me levantei, o trazendo para o meu colo, Danny balançava o colar e parecia com raiva, certamente na intenção de destruir o objeto, manhoso miava sem parar e me encarava de um jeito meio assassino.
—Não me culpa, eu não fiz ele chorar! – Respondi me sentido estupido por estar falando com um gato amarelo irritante, ele se ajeitou mais nos braços de Danny e eu decidi focar no mais importante. —PAI! – Gritei andando até a porta e a abrindo.
—Filho? – Ele estava sentado em frente a nós e Cedrik havia parado ao seu lado também. —O que houve?
Eu ergui a mãozinnha de Danny que segurava o colar e os olhos dos dois se arregalaram.
—Sabem o que é isso não é? - Eu indaguei, Cedrik já havia comentado sobre objetos amaldiçoados uma vez. —Alguém colocou esse colar nele!
Danny ainda mantinha seu bico gigante, meu pai segurou meu ombro e Cedrik tentou pegar o colar.
—Parece que ele não quer soltar! – Meu pai observou, sorrindo de lado, quando o menininho balançou o colar com mais força e acertou o braço de Cedrik, manhoso se incomodou seriamente e pulou para o chão, miando novamente, olhei pra trás e percebi que Tupui estava colado aos meus pés, ainda me encarando, era uma especie de revolta?
—Ele deve estar com medo! – Eu afirmei, pensando tanto em Danny como em Tupui. —Vamos achar o Eiri!
—Pod-
Mas Cedrik foi interrompido por uma ventania repentina, fechei meus olhos e senti meu pai me segurar quando eu ameacei cair.
Eu conhecia essa sensação, o mundo pareceu girar um pouco. Logo ouvi o som de pássaros e senti a grama sob meus pés.
Quando abri os olhos me surpreendi com a paisagem, estávamos perto de uma floresta, o gramado estava bem cortado, a casa do chapeleiro estava próxima e, quando olhei para frente, me deparei com Renne e Eiri nos encarando chocados.
—Então é assim! – Cedrik chamou a atenção de todos. — É assim que ele aparece nos lugares, com esse objeto!
Eiri estava sentado na grama com os olhos vermelhos e marejados, Renne estava ao seu lado, com uma expressão curiosa. Danny quase se jogou do meu colo, escorregando para baixo, eu o coloquei no chão e ele correu até Eiri, o abraçando no mesmo instante.
Meu pai e Cedrik pareciam em choque e se encaravam como se tentassem decifrar um mistério.
—Eiri! – Corri até ele e me ajoelhei a sua frente, ele abraçava Danny e tinha voltado a chorar, Renne agora havia pegado uma mecha do cabelo dele e a puxava com calma. —Eu realmente não sabia... – Consegui dizer, Danny pareceu gostar da ideia de Renne, mas ao invés de atacar Eiri o pequeno se jogou em cima do ruivo e começou a puxar o cabelo dele.
—NÃO! NÃO! – Renne tentava se arrastar para longe. —NÃO DANNY! JÁ DISSE QUE MEU CABELO NÃO! – Mas o menininho não parecia desistir.
—Alli! – Eiri chamou minha atenção e, subitamente, me abraçou. —Desculpa te contar desse jeito! Eu fui imaturo!
—Não! – Senti que novamente iria chorar, Eiri sempre foi muito protetor e seu abraço sempre foi acolhedor pra mim. —Eu... Eu... Entendo.
Cedrik se aproximou de nós e se sentou ao lado do Eiri, a essas horas meu pai já tinha ido atrás de Renne para socorrer o príncipe. Meu amigo encarou Cedrik de relance, ainda abraçado a mim.
—Eiri, sei que pode não parecer o momento certo para falar disso, mas eu estive ao lado de Ás até agora... – Eiri virou a cara e enterrou o rosto em meu ombro, ele ainda estava prestando atenção, só não queria chorar diante de ninguém. — Eu vi a dor dele... Eiri, eu não sei o que te contaram, mas eu sei a verdade, Loke também pode te confirmar isso. Seu irmão estava no meio da equipe de rastreamento, ele ameaçou matar o Jasper e-
—Não! NÃO! – Eiri agora chorava de vez. —MITCH NÃO FARIA... NÃO!
—Eu te entendo, o choque também foi grande, mas Ás não tinha escolha. Eiri... – Cedrik passou a mão pelo cabelo dele, Renne conseguiu engatinhar até nós de novo e tentava de todo modo fazer Eiri levantar a cabeça. —Ele encontrou seus pais!
Um momento de silêncio se fez e todos nós encaramos Cedrik, incluindo Eiri.
—Mas... – Renne parecia confuso... —Os pais dele... Estão mortos!
—Era uma mentira! – Cedrik esclareceu. — Porque é isso que a rainha faz, te conta mentiras, distorce a realidade e assim usa o seu ódio a favor dela. Não sei o que ela te contou do Mitch, mas é mentira. E eu vi os seus pais também, eles só querem te ver novamente... Todo esse tempo acharam que você estava morto!
—Apu! – Danny apareceu correndo do meu pai e seus olhinhos pararam em Eiri. —Bua!
—Aprendeu uma palavra nova? – Renne sorriu e o menininho sorriu de volta. —O que é isso? – Danny ergueu e balançou o objeto, vi quando Cedrik rapidamente tentou tira-lo da mão de Danny, mas o ruivo gritou de dor antes, assim que o objeto acertou seu braço e uma mancha negra não muito grande apareceu no local.
—Renne! – Eiri segurou os ombros do principe e o puxou para mais perto de si, o abraçando.
—Está amaldiçoado! – Cedrik exclamou, tirando com custo o colar da mão do pequeno. —Will, me ajude a levar ele para dentro!
—Ah! Ai! – Renne esperneava e gritava, lágrimas saiam de seus olhos, Danny também chorava e havia se jogado no chão.
—Tudo bem vamos cuidar de você! – Cedrik murmurou, mas Renne ainda esperneava. —Renne, se acalma! – Ele o segurou com força e o ajudou a levantar devagar.
—Renne você está bem? – Eiri perguntou, se levantando no mesmo instante.
—Fez dodói! – O ruivo resmungou com um bico e voltou a gritar quando meu pai o segurou também.
—Chame o Ás! – Cedrik me pediu, puxando Renne para dentro. —Diga que é urgente!
—Dodói! Dodói! – Renne parecia não querer se acalmar de modo algum, então tive a brilhante ideia de pegar Tupui e ajeitar no colo dele, no mesmo instante os olhinhos dele focaram no coelhinho e ele parou de espernear, deixando-se ser guiado em paz.
Sem pensar muito mais eu corri até a casa de Cedrik também, só que dessa vez atrás de Ás.


~ ~ # ~ ~

 


—Ele vai ficar bem? – Perguntei ao Cedrik, entrando em seu quarto, um lugar com paredes pintadas de azul escuro, com uma enorme janela aberta no centro, Renne estava deitado em uma cama no canto do quarto, olhando para as projeções de núvens do teto enquanto dava carinho a Tupui e mordiscava o dedo de Eiri. Meu amigo havia se sentado em uma ponta da cama e olhava torto para Ás, não com raiva dessa vez, mas um tanto desconfiado.
—Ele vai ficar! – Cedrik bagunçou meu cabelo ao passar por mim. —Ás e eu estamos acostumados a lidar com ferimentos desse tipo, afinal cuidamos do Liam não é?
—Liam? Seu irmão? – Eu me dirigi a Ás e ele assentiu rapidamente, naquele momento ele enrolava um pano no braço de Renne e parecia fingir ignorar o olhar torto que recebia, o negro no braço do ruivo havia se espalhado um pouco, mas Cedrik conseguiu fazer parar com muito custo.
—Ele é um sacerdote com o Renne!
Por um segundo tentei não parecer muito chocado, embora fosse difícil evitar, sacerdotes eram pessoas com dons raros e divinos, que geralmente não usavam magia, mas que serviam aos deuses e a população. Eles eram extremamente poderosos e raros.
—É verdade então? – Renne murmurou, meio manhoso, mas encarando Ás com curiosidade. —Você salvou o Liam de um feitiço quando eram mais novos? E por isso você só enxerga de um olho?
—Eu vou até a cozinha! Dorme um pouco Renne! – Cedrik desviou o assunto quando viu que a expressão de Ás se tornou mais séria, dando um jeito de escapar rapidamente pela porta do quarto. Ás terminou de cobrir o braço de Renne e se levantou, murmurando apenas um sim em resposta.
Eiri e eu sabíamos bem dessa história, Ás lutava sem a visão completa e nos ensinou muita coisa util assim, ele sempre foi o melhor soldado de copas e merecia o mérito.
—Você é incrível! – Eiri murmurou e vi os olhos de Ás brilharem um pouco. —Obrigado... Por cuidar de nós! Por tudo! – Meu amigo parecia extremamente encabulado, Ás se ajoelhou e o encarou chocado, eu me aproximei mais, começando a rir.
—Se abracem logo! – Mandei rindo e os dois sorriram, logo Ás envolveu Eiri em um longo abraço protetor, como o abraço de um pai. Renne sorriu também e me lançou um olhar amistoso.
—Chegou! - Cedrik abriu a porta gritando, o sorriso de ponta a ponta e o chapel quase caindo da cabeça de tão torto, seus olhos passaram por nós e ele pareceu ter a plena consciência do susto que nos deu... Mentira, ele nunca tem. —Chegou! - Às suspirou, apertando a bochecha de Eiri, e lançou um olhar curioso ao amigo. —A resposta do rei! - Ele sorriu de lado, seus olhos pararam sobre Renne. —Ele quer uma reunião urgente! Acho que finalmente vai decidir um lado!
—Isso pode ser perigoso! - Às murmurou, agora tendo suas pernas envolvidas pelos bracinhos de Jas, o pequeno brotou atrás de Cedrik, certamente estava a espera de uma oportunidade para se infiltrar.
—Meu irmão não é perigoso! - Renne enfatizou, começando a se levantar, Tupui parecia perdido naquela cama. —Meu irmão não vai fazer armadilhas e nem nada, ele é honesto!
Ele resmungou de modo ríspido e nos sorrimos.
—Sabemos bem disso, vossa alteza! - Cedrik respondeu, sorridente até demais e tirando o chapel, pobre chapel já estava quase caindo pela milésima vez, não sei como nunca criou vida e fugiu. —Nós ensinamos a Zeck pelo menos metade de tudo o que ele sabe! Apenas nos preocupa a rainha!
—Ora! - Renne parecia ter acabado de ter uma ideia genial. —Me levem então oras!
—Que? -Quem se exaltou agora foi Eiri, os olhos acinzentados firmes no ruivo e uma expressão séria. —Não! Não… Sozinho…. É perigoso! -Ele se encabulou um pouco ao perceber o silêncio que causará. Mas o sorrisinho de Renne foi suficiente para faze-lo suspirar e cruzar os braços, aceitando a derrota.
—Então? - Renne parecia mais animado. —Quer dizer… Estamos do mesmo lado não é mesmo? Eu estou dando abrigo aos rebeldes há meses, Zeck está me ajudando, Mary está tentando dividir o povo, quer extrair mais trabalho dos mais pobres e isso vai mata-los, Zeck deve ter se decidido agora oficialmente, mas já faz muito tempo que ele está do meu lado.
—Porque está ajudando os rebeldes? – Ás perguntou, se dividia em falar e mima o filho.
—Bem… - Pela primeira vez o príncipe parecia nervoso. —Tenho motivos convincentes… Meu irmão é um bom rei, mas tem seu poder sufocado pelo medo que Mary causa. Me levem junto e eu vou fazer vocês chegarem rapidamente até ele!
—Certo! Vamos responder a carta dele e avisar de você. – Ás se dispôs.
—Ah!
—Que foi?
Renne riu baixinho, embora meio nervoso.
—Se possível diga a ele que eu pedi para chamar o Jeremie, sabe… Precaução!
—Certo! Vou avisá-lo! Alli vou levar seu coelhinho para o quarto de Let novamente, está me dando agonia esse animalzinho perdido. Cuida do Jas!
—Tá!
E assim Às saiu com Tupui, não pude negar que senti um aperto no coração quando os pequenos olhinhos de coelho dele me fitaram, parecendo pedir carinho, porém ainda assim Ás o levou para longe de mim. Eiri se sentou novamente na cama e sorriu para Renne, segurando o dedo dele. —Alli finalmente arrumou um animal de estimação? -Ele brincou sorrindo e eu dei de ombros, já sentindo saudades dele.
—Céus! Ainda está inteiro! – Renne exclamou, sorrindo, Jas esperou eu me sentar no chão e correu até mim, se ajeitando em meu colo.
—O que é isso? – O chapeleiro perguntou quando Renne retirou um pequeno pingente de coração prateado do bolso.
O ruivo sorriu e ergueu as mãos, nos mostrando melhor, nele havia algo gravado uma letra: V!
—É do meu amigo, ele me pediu para guardar um dia e esqueceu comigo. – O ruivo riu sem jeito e ouvi um murmurio de concordância vindo de Eiri, Jás havia agarrado meu pescoço e olhava para as projeções de nuvens no teto. —Mas eu sei que é importante pra ele, muito mesmo! Tenho que cuidar bem dele, mas sou um completo desastre!
Cedrik sorriu de lado quando o ruivo montou um bico, mas eu tive que concordar com sua ultima afirmação, definitivamente a ultima coisa que Renne poderia ser é um mestre em coordenação motora... Em qualquer coordenação que fosse.
—Acho que tenho algo... – O chapeleiro se levantou, seus cachos loiros pareciam mais bagunçados que nunca e caiam levemente sobre seus olhos. —Ah! Ali! –Ele correu até uma estante e pegou um pequeno bauzinho. —Isso deve ajudar! Deixe-me guardar o pingente aqui e farei uma proteção para ele. – Renne sorriu animado e, quando Cedrik se ajoelhou a sua frente com o bauzinho aberto, delicadamente encaixou o pingente lá dentro.
—Pelo menos agora eu não corro o risco de destruí-lo e não perceber!
Era certo que o Renne sabia ser sincero sobre si mesmo.
—A letra foi gravada com magia. – Cedrik murmurou encantado. —Seu amigo é detalhista!
—Ele é bom nisso, só não diga isso a ele, é metido de mais pra isso. – Renne sorriu meio tortamente, a cada minuto ele parecia mais uma criança.
—Certo, tenho que identificar agora e depois vou deixar na minha estante... Ela é encantada, só eu a uso! – Cedrik se levantou. —Pode me dizer o nome do seu amigo? Para não me perder.
—Ah! Sim, é Hector!
Imediatamente senti certo incomodo e tive vontade de, acidentalmente, jogar o pingente no rio. Cedrik sorriu de lado e colocou as mãos sobre o bauzinho, fazendo calmamente o nome do engomadinho começar a ser gravado.
—Isso é incrível! – Murmurei e Renne pareceu concordar, Cedrik não pareceu ouvir, ele não mais sorria, seus olhos estavam fixos no bauzinho, mas ele parecia estar com a mente em outro lugar. —Chapeleiro? – Chamei e ele não reagiu. —Chapeleiro? – Chamei de novo e dessa vez ele murmurou um “Já estou acabando” sem me encarar.
—É... – Suspirei, quando ele desligava nada o fazia voltar pra terra. —Acho que o Tupui quer comer algum matinho. – Murmurei e os olhos de Renne brilharam. —Só tente não matar meu coelhinho sufocado! – Pedi e ele assentiu rapidamente, suspirei, sem muita opção. —Certo! Você pode ir brincar com ele! E de uns matinhos gostosos, tem um pote no quarto, ele é sensível, tenha cuidado para não machuca-lo e bem... Só vai!
Renne se levantou quase saltitante e correu atrás de Ás, murmurando baixinho: “coelhinho” a cada dez em dez segundos.
—Céus que dia longo! – Reclamei e abracei Jas, gostava da sensação de tê-lo por perto, ele me acalmava com tanta inocência e gentileza, mesmo que faça birra por quase toda a vida. —Está gostando de ficar com o papai de novo? – Perguntei e ele riu, assentindo. —Lembra do Eiri?
Meu amigo havia se aproximado de nós dois, Cedrik agora olhava para as nuvens e parecia raciocinar algo... Ou não...
—Eiri? – Jas encarava o jovem com curiosidade, parecia tentar desvendar de onde raios ele surgiu.
—Você cresceu tanto! Você era tão pequenino quando te conheci! – Eiri murmurou, se sentando a minha frente e cutucando a bochecha do Jas. —Não lembra de mim né? Você brincava com o meu irmão todo dia, e eu ia buscar ele e você grudava no Mitch até sua mãe te puxar e me deixar levá-lo embora!
Eu comecei a rir, Jas me encarou com o dedinho na boca e eu o abracei de novo.
—Nossa mãe! – Completei, Eiri pareceu pensar, e logo arregalou os olhos. —Eu sei! Eu sei! – Ele abriu a boca para dizer algo, mas a fechou de novo e tornou a refletir. —E essa agora! – Reclamei, emburrado.
—Mas... Alli... O que você disse da sua mãe, sabe, o que me contou! – Ele me olhou nos olhos. —Me pareceu que ele te odiava, que ela nunca quis ter filhos, que ela era horrível... Eu... Imaginei uma bruxa velha!
Montei um pequeno bico, afagando o cabelo do meu irmãozinho. —De certo modo ela é!
—É! – Jas concordou rindo, mas Eiri ainda parecia sério.
—É que... Alli, eu meio que já-
Mas fomos interrompidos pela porta sendo aberta abruptamente e por Renne entrando por ela.
—Tem gente aqui... Rebeldes! Meu Deus eles estão me encarando como se eu fosse um animal desconhecido. – Renne se emburrou e nós rimos.
—Você é só um príncipe. – Resmunguei e vi Erick surgir atrás dele, com manhoso em seu colo.
—É a nossa deixa? – Cedrik perguntou, caminhando até meu primo. —Então Zeck já deve ter respondido. Vou só conversar com os meus companheiros e já volto, se preparem, vamos começar!
—Começar? – Eiri perguntou, se levantando.
—Ah... Jeremie deve ter falado a vocês! Zeck deu o sinal de confirmação. – O chapeleiro sorriu. —Nosso plano nada humilde agora tem força! O rei de Neal ainda vai nos responder, mas já temos força o suficiente para começar a lutar contra a rainha!
Alguma coisa em meu coração pareceu sair do lugar, uma sensação estranha de felicidade, ansiedade, confusão, tudo!
Renne arregalou os olhos, por um momento pensei que ele fosse gritar, surtar, pular, mas somente sorriu de lado, meio cambaleante, em seus olhos pequenas lágrimas se formaram, ele as secou rapidamente e respirou fundo com alguma dificuldade.
—Eu... – Começou, mas se interrompeu e se pôs a apenas sorrir sem parar.
—Então vocês vão até o Zeck? – Erick perguntou, fazendo carinho em manhoso.
—Nós vamos, Zeck quer ver vocês! – Ás apareceu sorrindo. —Cedrik eles estão te esperando. Vou avisar aos outros. – Ele nos encarou e piscou. —Se preparem!


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Notas finais do capítulo

Eu esqueci o que ia falar..
Ahh curti ai a minha pagina qm tiver face, sejam legais :v amu voces: https://www.facebook.com/fernandeszkarol/
Hm, o cap ta enorme, sorry se tiver algum erro besta e bem, qualquer coisa me perguntem pelos comentarios ou pela pagina, até, o 57 vai começar a ser escrito tipo assim q eu postar isso :v Eu ja tenho tudo na cabeça então n se preocupem n vai demorar esse milenio todo... Perdão msm pela demora, isso n pode se repetir!



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